27 de dez. de 2006

E os candidatos a personagem pexita do ano 2006 são:

Aurélio de Sousa, o (afinal, ainda) ex-provedor
Desempenhou, durante o mandato do partido socialista à frente da Câmara Municipal de Sesimbra, o cargo de provedor municipal. O nome da função é pomposo e parece insuflado de significado democrático, no entanto, durante o tempo que desempenhou essas tarefas, poucos foram os munícipes que souberam, reconheceram ou conheceram o trabalho desenvolvido. Não vale a pena agora procurar culpados. Limitemo-nos aos factos: ninguém ouviu falar do trabalho do provedor e, como tal, poucos lhe reconhecerão pertinência.
O actual executivo camarário voltou a propor Aurélio de Sousa para provedor mas a ideia não passou na Assembleia Municipal, onde o secretismo do voto contrariou o (aparentemente) esperado amén geral à personalidade proposta pela Câmara.
Este episódio serviu para os jornais locais encherem páginas e para os munícipes perceberem que já houve um provedor municipal, o que quer que isso seja. Mais vale tarde do que nunca. Só por isso, Aurélio de Sousa merece esta nomeação.

Felícia Costa, vereadora da Educação
Nos últimos anos têm sido constantes e ferozes as críticas à recepção à comunidade educativa. A festança de boas-vindas que o pelouro da educação organiza está longe de gerar consenso pois, num concelho onde os alunos têm de levar papel higiénico para a escola e onde, no inicio do ano, aquando da inscrição, os encarregados de educação são convidados a “doar” 10€ para material de desgaste, há quem gaste milhares de contos num jantar de encher o olho.
Mesmo quando as colocações de professores são anunciadas para 3 anos, a vereadora mantém a “recepção à comunidade educativa” no seu programa de festas para 2007. Receber quem já cá está… é um conceito novo que vale à vereadora esta honrosa nomeação.

Senhor Doutor Unânime
Esta personalidade habita a Câmara Municipal de Sesimbra e o seu nome tem sido invocado muitas vezes nos últimos tempos. Todas e quaisquer decisões, mesmo as relativas a assuntos controversos, são tomadas, por unanimidade, pelo executivo camarário. Este gajo, mesmo que não passe de mero nomeado, merece uma menção honrosa.

Munícipes 1, 2 e 3
Decidi juntar estas três pessoas na mesma nomeação porque o motivo que me levou a escolhê-las é o mesmo: o facto de, não sendo funcionários da autarquia, nem militantes do PCP, terem participado, como munícipes, nos debates do orçamento participativo.

O assessor que faz a revisão dos textos para o boletim municipal elaborados pelos restantes assessores
Chegou tarde, mas chegou. Há coisas que ainda lhe escapam como o facto de o presidente da Câmara Municipal de Sesimbra escrever “houveram” num artigo de opinião publicado no ‘Jornal de Sesimbra’ ou de a vereadora Felícia Costa dizer que as calorias se “desgastam” num editorial da agenda municipal, mas há que reconhecer alguns méritos ao assessor dos assessores. O boletim municipal tem bem menos erros ortográficos. Já diz o ditado… Há assessores que vêm por bem. Pena que a qualidade do conteúdo da publicação continue a ser tão pobre. Ou melhor, tão rico em propaganda e tão pobre em informação.

26 de dez. de 2006

A Figura do Ano em Sesimbra

Todos os anos é a mesma conversa. O culminar de uma voltinha em redor do sol é sempre pretexto para anunciar figuras e factos que marcaram esse percurso. Mas, afinal, quem escolheríamos para 'figura pexita' do ano 2006? Hmmm...
Não é nada de novo mas parece-me interessante perder algum tempo com isso.
Já volto.

19 de dez. de 2006

Assim se vê, a força...

Na edição do Jornal ‘Raio de Luz’ de 25 de Novembro (que, pasmem-se, não traz na 1.ª página a notícia sobre o andamento da obra do Centro Sócio-Cultural! Diz-me espelho meu, há umbigo maior do que o meu?) o ex-presidente da Câmara Municipal de Sesimbra, Esequiel Lino, assina, como habitual, um artigo de opinião, desta feita intitulado ‘Um ano de Mandato’. O texto é uma «análise crítica sobre o 1.º ano de mandato da maioria relativa da CDU na Câmara Municipal de Sesimbra» e daria para alimentar um blogue durante vários dias. Concentrar-me-ei, no entanto, nas duas últimas colunas do artigo que se centram num assunto polémico: o projecto da Mata de Sesimbra.
Logo agora que o documento final até já está na CCDR e num momento em que o actual presidente da autarquia sesimbrense pensava que a contestação tinha arrefecido… Esequiel Lino saca este coelho da cartola. E não faz a coisa por menos, começando logo por dizer que a Mata de Sesimbra é o «calcanhar de Aquiles do Sr. Presidente da Câmara» porque Augusto Pólvora «não teve a lucidez» de, na apresentação pública do projecto, explicitar que o mesmo se trata de um «projecto privado e não de um projecto da autarquia». O ex-presidente da Câmara acrescenta que o arquitecto deveria ter deixado os privados venderem o seu peixe.
O aviso só peca por tardio.

De facto, há muito tempo que a coisa cheira a esturro, mas agora é tarde demais para a Câmara Municipal se descolar da promotora Pelicano e da solução da construção da cidade ‘Mata de Sesimbra’ no pulmão verde de Sesimbra. Em nenhum momento o presidente da Câmara assumiu uma atitude de ponderação, prudência ou cautela em relação ao projecto, como previne Esequiel Lino. Faltou, lá está, a «lucidez» para perceber que a coisa podia dar para o torto. Augusto Pólvora, pelo contrário, assumiu sempre o projecto como seu, defendeu-o, de forma pouco razoável, com unhas e dentes, e, dessa atitude, só se espera que saiba retirar as devidas consequências.
Para o bem... e para o mal.
É claro que Esequiel Lino desculpa Augusto Pólvora, dizendo que o arquitecto, de facto, acredita piamente que o projecto da Mata de Sesimbra é o remédio para todos os males de que o concelho padece. Mas (e não há forma mais salutar de criticar do que dar uma no cravo e outra na ferradura), Esequiel Lino convida, logo depois, Augusto Pólvora a visitar o Palmela Village, na Quinta do Anjo, dos mesmos promotores: «Compare… e tire daí as suas conclusões. As minhas foram muito desagradáveis e… por isso estou preocupado… como cidadão de Sesimbra…».

Pois é. Mas ser prudente e ter bom senso em relação ao futuro do concelho que se governa e das pessoas que cá vivem, não é uma atitude que deve nascer de crenças, de falsas ingenuidades ou de «lucidez» política. Suponhamos que Augusto Pólvora até acredita que está a fazer o melhor... mas isso não chega, nem lhe serve de desculpa. Seja a ‘Mata de Sesimbra’ a vida ou a morte de Sesimbra, a atitude da Câmara neste processo é, de todo, condenável.
Algo corre mal no reino de Augusto e na sua própria corte.

11 de dez. de 2006

A "ténue" diferença entre o rosa e o vermelho

A junta de freguesia do Castelo vai requalificar, até 2009, 80 abrigos de passageiros. A obra custará 120 mil euros, dos quais 50 por cento são assegurados pela Câmara Municipal de Sesimbra. (Ver notícia aqui.)
Fazer abrigos não é, como dá para perceber, um negócio barato... Mas, no que a isso diz respeito, a diferença, por vezes ténue, entre o rosa e o vermelho, acentua-se. Quando o vermelho da junta coincide com o vermelho da Câmara, o instrumento toca tão afinadinho que dá gosto!
Mas afinal... a obrigação de colocar abrigos não deveria ser competência, única e exclusiva, da Câmara?! Pelo menos essa é a desculpa que têm dado até aqui para os abrigos chegarem ao estado a que chegaram...
É que, se assim for, pior do que ter esta Câmara... é ter uma outra Câmara dentro desta Câmara!

15 de nov. de 2006

É preciso ter lata

Na sua última edição, o Jornal de Sesimbra faz um balanço sobre o 1.º ano de gestão dos novos executivos municipais. O testemunho do presidente da Câmara Municipal de Sesimbra é… difícil de engolir.
Diz o autarca que, durante este ano, o executivo comunista que lidera procurou «incentivar uma vertente importante» seu programa eleitoral: «a democracia participativa com as reuniões de câmara descentralizadas e com a apresentação e discussão pública de projectos de grande importância para Sesimbra». A meu ver, o ponto alto desta democracia plural, foi o orçamento participativo, feito a correr, de forma atamancada, sem a devida sensibilização da população. Enfim, para fazerem assim, mais vale ficarem quietinhos.

Mais adiante, o presidente anuncia o «particular carinho» pelas áreas do planeamento e ordenamento do território. E foi, diz ele, nas acessibilidades que «houveram novidades importantes». «Houveram»?! «Houveram»?! Eu diria que neste executivo faltam acessibilidades a gramáticas e dicionários…

É por estas e por muitas outras que quando o autarca anuncia que «há, ainda ao nível da educação, uma pequena revolução em curso», até tremo.
Mas enfim, uma das novidades é que «já praticamente todas as escolas têm refeitório municipal». Deduzo eu que, por ser um refeitório municipal os funcionários da autarquia possam lá ir fazer os seus repastos… Só pode ser isso…

Depois lá vem a cereja em cima do bolo. Quando fala em cultura e turismo, o presidente da Câmara conclui que é «Sesimbra este ano esteve na berra». Depois seguem-se as justificações para Sesimbra ter estado «na berra»: «investimento e trabalho reconhecidos», «actividade cultural extremamente interessante», «relevo bastante importante». Tudo boas razões para Sesimbra estar «na berra». É bom estar «na berra»! Uau!

Depois, lá está o fardo de palha com que se nos acena. Augusto Pólvora promete muitas e boas acessibilidades; obras de grande envergadura «que vão, com certeza, melhorar substancialmente o acesso a Sesimbra e que poderão estar no terreno durante a execução deste mandato se o Plano de Pormenor da Zona Sul for aprovado».
Claro, o pessoal aqui só tem futuro, estradas, hospitais, escolas… se deixar construir uma cidade chamada ‘Mata de Sesimbra’ aqui ao lado.

Depois… e para quem afirma já ter feito tanto e tão bem, vem a (inesperada) desculpabilização para fechar um balanço dourado: «A grande maioria das decisões foram sempre aprovadas por unanimidade não havendo quase nunca contestações. Dentro da câmara municipal procuramos sempre envolver todos os vereadores de todas as forças políticas nas nossas decisões. Temos trabalhado em equipa e é isso que Sesimbra precisa. Não se nota que há uma maioria relativa e é bom que assim seja e espero que assim continue.».

Como é possível?...

7 de nov. de 2006

Discussões Públicas

A Junta de Freguesia do Castelo promoveu na semana passada “discussões públicas” sobre o seu plano de actividades para 2007. Os promotores desta iniciativa merecem alguma consideração por abrirem espaços de debate com o intuito de ouvir a população para, com base no confronto de ideias, definirem prioridades de actuação. Numa altura em que as pessoas estão arredadas dos processos de decisão, parece-me muito óbvia a falta de motivação ou interesse que a população manifesta em participar neste tipo de iniciativas. Mas isso é justificação mais que suficiente para a urgência de abrir estes espaços de debate. Não sei, tenho de o afirmar, se essas reuniões foram muito ou pouco participadas. Deduzo, pelo exposto, que tenham sido pouco. Até porque, para ajudar à festa, o primeiro debate (27 de Outubro) coincidiu com o jogo Sporting-Beira-Mar (ou deverei antes dizer Sporting-Buba?...) e o segundo (28 de Outubro) com o clássico Benfica-Porto.
Mas, salas vazias ou cheias à parte, o meu único reparo a esta iniciativa vai para o nome que lhe puseram. Parece-me pouco correcto chamarem “discussão pública” a uma mera auscultação da população.
A discussão pública sobre o ‘Plano de Ordenamento do Parque Natural da Arrábida’, ou a discussão pública sobre o ‘Plano de Pormenor da Zona Sul da Mata de Sesimbra’, obrigatórias por lei, são muito diferentes da “discussão pública” do plano de actividades da Junta de Freguesia do Castelo. Cada uma tem importância à sua maneira, mas, nas primeiras, a opinião da população é vinculativa.
Misturar, levianamente, uma e outra, chamando-lhes a mesma coisa, é prestar um péssimo serviço à população e é um atentado à formação cívica. Porque, no momento político que Sesimbra vive, a diferença entre o que é, o que parece ser e o que querem fazer parecer, deve ser muito clara. Há que chamar as coisas pelos nomes. Porque há discussões públicas, das verdadeiras, das que estão consagradas na lei, que não são, não podem, nem devem ser, meras auscultações, como as falsas "discussões públicas" pretendem ser.

30 de out. de 2006

Sesimbra, a leste (como sempre)

As escolas básicas portuguesas estão a dar um novo sentido ao ditado "o barato sai caro". A prática de fazer cobranças indevidas no acto da matrícula aos encarregados de educação generalizou-se. As associações de pais começam a questionar-se: "O que aconteceu ao ensino público gratuito?"

Notícia de hoje, no Diário de Notícias

As escolas do concelho de Sesimbra não são excepção. Mas aqui tira-se com uma mão e dá-se com a outra. Enquanto, por um lado, se pede a contribuição para material de desgaste, como giz e papel higiénico aquando da matrícula, por outro, oferecem-se banquetes de recepção à comunidade educativa que fazem disparar o orçamento gasto com o sector da educação.
São prioridades...

27 de out. de 2006

Negócios do Espírito Santo

A Polícia Judiciária (PJ) recolheu, ontem, na sede do CDS/PP, no Largo do Caldas, em Lisboa, documentação sobre o financiamento da campanha eleitoral para as legislativas de 2005. A diligência foi efectuada no âmbito do chamado processo "Portucale", no qual se investigam alegadas práticas de tráfico de influências na aprovação de um empreendimento turístico do Grupo Espírito Santo (GES) na Herdade da Vargem Fresca, em Benavente.

26 de out. de 2006

Pano para mangas

Já está disponível o novo site da Junta de Freguesia da Quinta do Conde. Apesar de que quem acede a este espaço tenha de aguardar longos "instantes" antes de conseguir navegar na página, e do facto de muitos dos menus ainda não disponibilizarem qualquer informação, já dá para adivinhar que ali a "Sopa" poderá encontrar muito assunto.
Basta ler o editorial do presidente da Junta, Augusto Duarte:
«Muito se fala, bem e principalmente mal, porque os que se opõem ao nosso esforço desejam que cada Quinta Condense não se aperceba dos valores que temos e do que fazemos. Mas não cedemos. Nunca o fizemos, não é agora que vamos baixar os braços! (…) Mostramos o crescimento que temos tido mesmo quando temos de remar contra a maré e, às vezes, contra alguns marinheiros.»

Não quero esgotar o assunto num único post mas, nas “novidades”, não pude deixar de reparar na promessa de compra de um… palco. Neste novíssimo site queixam-se de que a Câmara Municipal de Sesimbra nem sempre consegue disponibilizar um palco adequado para a realização de determinadas actividades e eventos. E, porque «é preciso ter em conta que os Quinta Condenses merecem ser apoiados para que a [sua] cultura e o que de bom se faz [na] Vila seja divulgado», a junta compromete-se a «construir um palco totalmente em estrutura de ferro com as dimensões de 9mX8m».

Ora… eu até diria que para apoiar os sesimbrenses da Quinta do Conde… ups, desculpem, os «Quinta Condenses» na área cultural, não é tão importante o palco, mas aquilo que lá se mete em cima.
Mas essa é… a minha opinião.

Já agora… alguém consegue encontrar no site alguma referência ao facto de a Quinta do Conde ser uma freguesia do concelho de Sesimbra?

25 de out. de 2006

Previsível

É inadmissível.
O ‘Sesimbra Município’ de Outubro já está nas ruas e o ‘Sopa de Pelim’ ainda não tinha, como seria de prever, comentado esse facto. Há que ser previsível!
É claro que, como seria de prever, há algumas notas a escrever sobre este boletim. Sobretudo porque, depois de ter traçado alguns elogios à anterior edição desta publicação (pela ausência de erros ortográficos e gramaticais e a diminuição do número de referências aos nomes do presidente da Câmara e alguns vereadores) há situações neste novo boletim que Sopa que é Sopa não podia deixar passar em branco.
Ora, neste boletim de Outubro, lá ressurgem, aqui e ali, referências desnecessárias aos mesmos vereadores. Senão vejamos:

«No âmbito do Orçamento Participativo, a Câmara Municipal organizou uma reunião com as associações juvenis, em que estiveram a vereadora do Pelouro da Juventude, Felícia Costa, e técnicos desta área
‘Associações juvenis discutiram orçamento para 2007’, p. 3

«O Centro Local de Apoio à Integração de Imigrantes, localizado na Quinta do Condem foi inaugurado em Setembro, numa cerimónia que contou com a presença (…) do presidente da Câmara Municipal, Augusto Pólvora
‘Inaugurado o Centro de Apoio a Imigrantes’, p. 5

«O acontecimento contou com a presença da vereadora do Pelouro da Acção Social, Felícia Costa, e de representantes de várias instituições que integram a Comissão Municipal do Idoso (…).»
‘Dia Internacional do Idoso’, pág. 8

«De regresso a Sesimbra, foram recebidos pelo vereador das Actividades Económicas, José Polido que, em nome da autarquia, deu as boas vindas ao grupo.»
‘Agentes turísticos e autarquia mostraram o “outro lado” de Sesimbra’, pág. 11

«Os participantes foram recebidos pelo vereador das actividades económicas, José Polido, que realçou a importância do projecto (…).»
‘Parceiros do projecto Watertour estiveram em Sesimbra’, pág. 12

Daqui se conclui que alguns vereadores são notícia no boletim municipal não por terem dito ou feito alguma coisa que justifique a referência que lhes é feita, mas apenas porque se limitaram a estar… ou a receber.
Pergunto-me o que andarão a fazer os outros vereadores, que por acaso até são de outras cores políticas, para nem sequer merecerem estas honras.

Mas, nem tudo é tão tendencial neste boletim como possa parecer à primeira leitura. Há, de facto, referência a outros autarcas.

Na notícia intitulada ‘Assembleia Municipal solidariza-se com Professor Jorge Rato’ (pág. 9) é afirmado que «a recomendação foi apresentada pelo deputado municipal Francisco Jesus e foi aprovada por unanimidade». Não ficamos a saber de que bancada é o deputado mas isso para o caso também não interessa. O que não é dito, é facilmente deduzido pela amostra junta. Ah, e por falar em junta… É de salientar o rasgado elogio que este boletim faz à junta de freguesia do Castelo que «está a dinamizar um importante trabalho de recuperação e valorização do património histórico-cultural».

Há que ser previsível! Venha o próximo boletim!

24 de out. de 2006

Eu é que sou o…

Os vendedores que habitualmente participam na ‘Zimbr’Antiga’ e a Câmara Municipal de Sesimbra não conseguem conciliar vontades. A autarquia quer transferir a realização da feira para o interior da “recém-pseudo-conquistada” Fortaleza de Santiago. Mas os vendedores torcem o nariz e querem manter a iniciativa no Largo da Marinha, onde decorre desde 2003. Tudo porque… na fortaleza, como é sabido, os comerciantes não podem estacionar.
Ao que parece, devido ao diferendo, em causa está a continuidade da própria feira.
Sobre este caso, o vereador das actividades económicas avisou, em declarações ao ‘Setúbal na Rede’, que «a autarquia é que decide o que é melhor para Sesimbra» e defendeu que os comerciantes têm de ser «mais compreensivos».
Resumindo...
Uns estranham o facto de um espaço que serviu durante três anos, subitamente, tivesse deixado de ser «bom para Sesimbra». Ainda por cima, a alternativa que lhes é oferecida sonega-lhes a regalia do estacionamento que é, como todos bem sabemos, um bem precioso no centro da vila.
Outros… enfim, com uma sensibilidade para lidar com estas questões semelhante a um elefante numa loja de porcelanas acham que ou é à sua maneira ou não é de maneira nenhuma, arrogando-se do poder de decisão sobre «o que é melhor para Sesimbra».
Eu, que não quero, não posso, nem mando… acho que, com bom senso, tudo tem uma solução.

18 de out. de 2006

Em cima do joelho

Já se encontram, aqui e ali, anúncios às reuniões que a Câmara Municipal de Sesimbra quer realizar com a população com o objectivo de elaborar um orçamento participativo. A iniciativa é, de facto, meritória, porque permitirá à Câmara delinear a sua acção indo ao encontro das prioridades definidas e necessidades sentidas pela população, mas (e porque há sempre um “mas”) a forma como está a ser conduzida levanta-me algumas dúvidas.
A elaboração de um orçamento participativo tinha sido prometida pelo PCP nas autárquicas de há um ano. Nesse final de 2005, no entanto, o novo executivo camarário liderado pelos comunistas, apresentou um orçamento elaborado entre quatro paredes que pouco tinha de participativo. Segundo notícias publicadas na altura, quando confrontados com o não cumprimento dessa promessa eleitoral, justificaram-se com a limitação temporal. E até se percebe… Tendo esse novo executivo assumido funções há pouco tempo era impossível conseguir realizar, em escassos três meses, os encontros e reuniões com a população que estariam na base da elaboração de um orçamento participativo. Até aqui, tudo bem. Considero que é uma justificação perfeitamente aceitável.
Mas é precisamente por isso que não percebo a razão de a Câmara anunciar agora reuniões com a população para debate do orçamento para o final de Outubro e Novembro. Afinal os três meses que em 2005 não eram suficientes agora já chegam e sobram?... Fazer em cima do joelho agora, ou tê-lo feito antes, vai dar no mesmo!
Já se percebeu que estratégia não é o ponto forte deste executivo, mas julgo que é relativamente simples de perceber que, numa época em que a população está arredada dos processos de tomada de decisão, não se pode apelar à sua participação apenas colocando muppies a anunciar as datas das reuniões. Um orçamento participativo implicaria, a meu ver, um processo pedagógico e mobilizador que precedesse as reuniões. Só dessa forma seria possível recolher depois os frutos do processo. Nada disso foi feito. Criam-se os espaços de debate mas não se prepara as pessoas para esse debate. Como tal, qualquer discussão feita nestes moldes corre o sério risco de resultar... em nada.

Coreias

O novo embaixador da Coreia do Sul em Portugal esteve há poucos dias perto de Sesimbra para um piquenique que reuniu mais de meia centena de sul-coreanos residentes em Portugal.
Como é óbvio, não foi por ter passado por Sesimbra que o embaixador Eui-min Chung foi notícia. Julgo até que essa visita terá passado despercebida à maior parte das pessoas. Mas a chegada do diplomata ao nosso país ocorre numa altura em que as Coreias andam nas bocas do mundo. Por um lado, o sul-coreano Ban Ki-Moon foi eleito para secretário-geral nas Nações Unidas. Por outro, a Coreia do Norte anunciou ao mundo a realização de testes nucleares tendo sido logo depois severamente criticada por diversos países, nomeadamente, a China, que muito tem contribuído para a sobrevivência do país.
Entre a boa e a má notícia abre-se espaço para pensar este território desunido há 60 anos.
Há pouco tempo vi um filme impróprio para cardíacos (julgo que já estará em DVD) intitulado “Irmãos de Guerra” (Tae Guk Gi, no original) que retrata, com uma perfeição incómoda e cruel, essa guerra atroz entre as duas Coreias, onde o actor principal começa num lado da barricada e termina no outro. Pelo caminho perde muito e perde-se a si próprio. É um filme onde não há bons nem maus. Não há heróis e vilões. Apenas coreanos. E a história da guerra, no filme, não tem final. Nunca se saberá quem saiu vencedor. Até porque, para o efeito, isso, na verdade, não importa.
Mas, pelos vistos, ainda há quem não tenha tirado ilações do seu próprio passado.

17 de out. de 2006

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O ‘Sopa de Pelim’ prolongou a pausa por mais tempo do que considera desejável. Não foi, acreditem, por falta de assunto.
Muito haveria para dizer, por exemplo, sobre o editorial da vereadora da Cultura, Felícia Costa, no Sesimbr’Acontece.
Mais uma pérola, como, de resto, já vimos sendo habituados. Não resisto, no entanto, a salientar duas partes, para abrir o apetite. Conclui, a certa altura, a autarca que «nesta época começam a aparecer os produtos regionais próprios do Outono». Duh! É certo que é usual acusarmos as estações do ano de andarem trocadas mas, por enquanto, nesta época do ano ainda aparecem produtos regionais próprios do Outono!
Mais brilhante ainda é o momento em que a vereadora afirma que «para desgastar as calorias de uma boa refeição nada melhor que um pouco de desporto». «Desgastar as calorias»? Ai minha mãezinha… Ler estes editoriais é que nos “desgasta” a paciência…
Mas enfim, não são só as publicações municipais que nos brindam com bons momentos de leitura da mais fina prosa. Foi, igualmente, com curiosidade que li o jornal “Nova Morada” de 29 de Setembro que teve a (in)feliz ideia de abreviar “Comissão de Utentes” para “CU” na notícia intitulada ‘Contra o “mau olhado e esconjura”’. Como seria de esperar, essa opção resultou em tiradas tão curiosas como: «(…) e dado não vislumbrar a CU a desejada “luz ao fundo do túnel» ou «apelando CU a “uma resposta firme dos quintacondenses a esta provocação (…)».
As coisas que nos dão para ler…

27 de set. de 2006

Hermana Sesimbra

Durante dois dias, operadores turísticos e jornalistas, nacionais e internacionais, "foram tratados como turistas" em Sesimbra. Como foi divulgado pelos meios de comunicação social, a iniciativa visou provar que o concelho pode assumir-se "como um destino turístico de referência durante 365 dias por ano".
Nesse sentido, os "turistas" improvisados tiveram oportunidade de participar em actividades como: o mergulho, massagens, mostras de produtos tradicionais, canoagem, rappel, surf, windsurf, vela e 4X4, entre outros.

Esta foi a receita encontrada para “dar a conhecer as potencialidades de Sesimbra”.
Como sesimbrense tenho pena que mostrar o que Sesimbra tem de bom se resuma à prática de desporto e às massagens. Mas é uma perspectiva. Pobre e fraca, há que admitir... Mas é uma perspectiva...
A ideia, ao que parece, partiu do Turiforum, um grupo de trabalho que inclui a Câmara e um conjunto de empresários, que se propõem a "delinear uma estratégia para o desenvolvimento turístico local" e para que Sesimbra "apareça turisticamente no mapa português e espanhol", disse o vereador das Actividades Económicas, José Polido.
("Aparecer turisticamente"... é uma expressão curiosa)
Seria interessante que esse grupo de trabalho integrasse outros representantes da sociedade civil e não apenas a autarquia, os empresários e as associações de comerciantes. Importava incluir no grupo, elementos que contrabalançassem alguns interesses instalados que, muitas vezes, podem ser contrários a um crescimento saudável e ponderado, com fins delineados, tendo como objectivo único a defesa da terra. Parece-me pouco coerente, e até preocupante, entregar o futuro do turismo de Sesimbra a um grupo que rema em uníssono para o mesmo lado. Mas, lá está, é uma perspectiva...
Segundo o coordenador da FAMTour, Aleixo Terra-da-Motta "a ideia é encontrar uma plataforma com poder político e privado que teça um plano estratégico para o desenvolvimento sustentável do concelho".
Ora, assentar o desenvolvimento sustentável do concelho numa plataforma que reúne no mesmo prato da balança o político e o privado em defesa da coisa pública e do futuro da terra é, por si só, uma estratégia pouco... coerente (para não dizer outra coisa).

Para ajudar à festa, os responsáveis apontam como público-alvo desta promoção de Sesimbra o mercado espanhol, “em crescimento”.
E as minhas preocupações em relação a este tipo de iniciativas aumentam. Ora, vejam bem o slogan desta iniciativa: “Estremadura espanhola, a vossa praia é Sesimbra!”. De facto, ela não é minha, nem nossa (dos residentes), nem tão pouco dos pescadores. Mas ver esta praia atribuída a outros, assim de bandeja… doi. Não é minha, não é nossa, mas muito menos será deles.
E, como se não bastasse, Aleixo Terra-da-Motta adianta ainda que um dos projectos do grupo passa também por “estudar os grandes investimentos previstos para a região”, como Tróia ou a Mata de Sesimbra, de modo a “identificar possíveis sinergias, pontos positivos e pontos negativos a serem melhorados”.
Mata de Sesimbra? Está tudo dito...

19 de set. de 2006

Alguém andou a fazer contas

Na edição de Setembro do ‘Sesimbra Município’ é impossível ficar indiferente aos números:

«As sessões públicas de esclarecimento contaram com a participação de 310 munícipes, dos quais 26 intervieram. Por escrito, foram entregues 27 participações.»
‘Relatório da discussão pública aprovado por unanimidade’, pág. 3

«Este ano lectivo a verba ronda os 540 mil euros para apoio a 1200 alunos. Um valor que traduz um aumento na ordem dos 30 por cento em relação a 2005/2006.»
‘Autarquia investe 540 mil euros’, pág.5

«O Centro de Recursos Educativos da Câmara Municipal de Sesimbra (…) abriu as portas em Junho de 2005 e desde então já fez 1146 atendimentos.»
‘Centro de Recursos Educativos, Um espaço aberto à comunidade’, pág. 7

«A festa, que em 2005 recebeu 400 pessoas, é uma homenagem a todos os idosos do concelho.»
‘Dia Internacional do Idosos, Festa no Parque de Campismo’, pág. 9

«As actividades de Educação Ambiental destinadas a crianças (…) tiveram este ano mais de 250 participantes.»
‘Educação Ambiental, Ateliês de Verão muito participados’, pág. 13

«Cerca de duas mil pessoas visitaram as exposições Mundo Subterrâneo da Arrábida e Reino dos Minerais, que estiveram patentes no Espaço Atlântico e na Galeria Arte e Mar.»
‘NECA trouxe à superfície o maravilhoso mundo subterrâneo da Arrábida’, pág.14

«Desde que o projecto Prove teve início, no final de Junho, já foram vendidos 1600 quilos de frutas e legumes cultivados em Sesimbra.»
‘Promoção da agricultura regional, Prove que é da terra!’, pág. 16

Tanta conta, será influência do início das aulas e duma aposta na promoção da matemática... Ou a necessidade de apresentar contas tem outras razões que a própria razão do munícipe desconhece?

Três vezes?!

O boletim da Câmara Municipal de Sesimbra está diferente. Tenho, por isso, que admitir que o ‘Sesimbra Município’ melhorou em, pelo menos, três aspectos:
a) O Presidente da Câmara já não aparece em todas as fotografias;
b) Nas notícias, o leitor deixa de ser constantemente bombardeado com as declarações do arquitecto, que também é presidente, ou dos vereadores. Da mesma forma optaram (e bem) por não transformar as notícias em meros relatos sobre os eventos onde o presidente ou os vereadores tinham estado presentes (até porque, na grande maioria das vezes, essa presença não era realmente relevante para a notícia ou para o munícipe mas apenas porque tinha de ser noticiado que eles lá tinham estado... e a comprovar lá estava a fotografia).
c) Os erros ortográficos e gramaticais que antes se atropelavam, agora diminuíram consideravelmente.
Mas, e como não há bela sem senão, nalguma esquina do ‘Sesimbra Município’ tinha de pulsar uma certa veia. Numa edição dedicada ao ‘Regresso às Aulas’, como anuncia a capa, era de prever uma forte presença de notícias no âmbito da Educação. Nas páginas 4 e 5, por exemplo, fala-se de obras. Fala-se e fala-se e fala-se. Isto porque não basta dizer as coisas uma vez. Ora, façamos contas às letras…
1) No texto ‘Tudo pronto para o início do ano escolar’ (página 4), é referido no segundo parágrafo: «Este ano, durante o Verão, foram feitas obras em várias escolas básicas do primeiro ciclo, de forma a melhorar as suas condições de conforto e funcionamento. De salientar as intervenções nas escolas do Zambujal, na Boa Água e em Santana onde foram criados quatro novos refeitórios.».
2) Logo na página seguinte, o 1.º parágrafo da notícia ‘Quatro novos refeitórios nas EB1’ diz: «A Câmara Municipal criou mais quatro refeitórios nas escolas básicas do primeiro ciclo do Zambujal 1 e 2, da Boa Água, na Quinta do Conde e de Santana».
3) Como se não bastasse, e para aqueles (duh!) que ainda assim não captaram aquela parte dos quatro refeitórios, a página 5 integra ainda uma coluna onde são sintetizadas as ‘Intervenções nas escolas’. Aí o leitor re-re-re-lê que para EB1/JI da Quinta do Conde foi adquirido «equipamento para o refeitório» ou que na EB1 de Santana foi criada «uma sala de refeições» e adquiridos os «respectivos equipamentos»…
Há obra… e há obra… e esta triplica-se!

15 de set. de 2006

Lestes

Concluo que Sesimbra está a leste do resto do mundo. Num dia em que os professores estão de luto, em sinal de protesto e em manifestação pelo seu descontentamento... Por cá, a "comunidade educativa", como alguém a entende, é desafiada a brincar aos sixties.

14 de set. de 2006

Um início de mês... que já lá vai

Segundo o 'Jornal de Sesimbra', na reunião ordinária de Câmara de 16 de Agosto, foi anunciada, para o início de Setembro, a apresentação do Plano de Pormenor da Zona Sul da Mata de Sesimbra. Ora, o início de Setembro já lá vai. Estamos em meados do mês e a partir da próxima semana entramos no seu final.
A ver vamos se se enganaram na parte do mês em questão, ou no mês propriamente dito.
A minha ansiedade deve-se à curiosidade de saber quais as propostas apresentadas durante o período de discussão pública que foram acatadas pela equipa que elaborou o documento.
É importante daí tirar conclusões até porque o Plano de Pormenor da Zona Norte da Mata de Sesimbra ainda está no segredo dos deuses. E sobre esse, ninguém se atreveu a conjecturar uma data de finalização. Talvez no dia anterior ao início dessa discussão pública, alguém se digne a avisar...

12 de set. de 2006

Contas

A edição de Setembro da “agenda de acontecimentos do concelho de Sesimbra”, a ‘sesimbr’acontece’, anuncia na página 17 um evento de que já nos habituámos a ouvir falar, raras vezes por bons motivos: a recepção à comunidade educativa. Desta feita, em vez do tradicional e concorrido repasto oferecido aos funcionários das escolas do concelho, a revista anuncia-nos um programa que começa na próxima sexta-feira e se estende até 5 de Outubro. As actividades destinadas à comunidade educativa, no entanto, estão assinaladas com um asterisco. Ou seja, das 19 actividades previstas, apenas três têm o dito asterisco.
São diversas as críticas que tenho ouvido em relação a este evento que, todos os anos, dá um valente desbaste no orçamento municipal. Mas, há que compreender a pertinência da festa, que este ano aparece camuflada entre diversos outros eventos. Por um lado, o pessoal precisa de festas. Por outro, calam-se as bocas às vozes críticas, tapando o sol com a peneira, isto é, integrando neste “acontecimento” actividades como a observação das estrelas no Monte dos Vendavais, alguns passeios pedestres e conferências (tudo sem asterisco).
Apesar destes contorcionismos, o ponto alto continua a ser, sem dúvida, o dia da recepção que inclui o (já tradicional) repasto temático, desta vez dedicado à ‘Época que mudou o Mundo – anos 60’ (note-se que os convidados têm de adequar as vestes à época retratada… uma forma de dar expressão ao anunciado Carnaval-todo-o-ano, claro está), que terá lugar na Fortaleza de Santiago. Tendo em consideração que, como referido no texto ‘O início do ano lectivo’, existem cerca de 700 professores e educadores no concelho… é fazer as contas!

11 de set. de 2006

Curtinhas

1) Não se percebe porque insistem em anunciar a criação de mais lugares de estacionamento. Os condutores não precisam que lhes criem lugares porque eles inventam-nos. Basta ver o estado em que esteve a marginal nas noites de sexta e sábado.
2) Não se percebe porque é que depois de dezenas, senão mesmo centenas, ou milhares de infracções cometidas em frente à entrada superior do novo "Sesimbra Hotel & Spa" a sinalização continua insuficiente e a criar situações de trânsito insólitas.
3) Decorreu, este fim-de-semana, o XI Encontro de Limpeza Subaquática na Praia do Ouro, em Sesimbra, organizado pelo Núcleo de Actividades Subaquáticas da Associação de Estudantes do Instituto Superior Técnico (NASAEIST) em colaboração com a Câmara Municipal de Sesimbra. Em declarações ao 'Setúbal na Rede', o presidente do NASAEIST anunciou que o objectivo da edição de 2006 era retirar uma tonelada de lixo do mar de Sesimbra: «no ano passado 50 participantes retiraram 800 quilos de lixo e há dois anos 600 quilos, pelo que este ano acredita-se conseguir alcançar a tonelada».
Curiosamente, uma iniciativa deste género deveria ter como objectivo retirar cada vez menos lixo do mar, ou não?
4) Atenção à navegação... Está quase aí a festarola do ano! Preparem-se porque a festa de recepção à comunidade educativa não tarda!

6 de set. de 2006

Mais à borda era impossível

Este fim-de-semana, à semelhança do que tem acontecido ultimamente, junto à praia, uma moça simpática estendia revistas aos veraneantes. A revista “Happy Woman”, de Julho de 2006, puxa para capa alguns títulos sugestivos: “Vestida para ser magra”; “Troca de casais, uma nova tendência”; ou, “Como conseguir um aumento”. Além destes temas atractivos, houve um que, por motivos óbvios, me chamou a atenção: “Hóteis em cima do mar com preços happy”. A parte dos “hotéis em cima do mar” deixou-me a pulga atrás da orelha, mas quando abri a revista desfiz as dúvidas. Lá estava ele. O “Sesimbra Hotel & Spa” no seu melhor. Ora vejamos o que diz a reportagem:

«Percorro a marginal da vila piscatória e sou surpreendida por um edifício imponente de linhas contemporâneas, situado mesmo em frente ao oceano».
«Imponente» é… comedimento. E «situado mesmo em frente ao oceano» é dizer pouco dum edifício que está plantado à borda de água.
Se assim não fosse, a jornalista não escreveria mais adiante o seguinte:
«Com um sol radioso dispenso a piscina interior aquecida e o ginásio, preferindo exercitar-me na piscina exterior. Saboreio esses momentos na água doce e aquecida, com a sensação de que me basta esticar o braço para tocar o oceano».
Pois, neste hotel, sensação e realidade confundem-se. Ora, experimente lá esticar o bracito!

5 de set. de 2006

Lido

«Hoje, todas as escolas e instituições culturais têm padrinhos. Uns são mecenas, como o Jumbo, os Rotários ou os Lyon e outros dão apoio social. Mourinho, por exemplo, apadrinha a escola secundária do Bocage.»
Maria das Dores, que na quinta-feira toma posse como presidente da Câmara Municipal de Setúbal revela, ao 'Expresso' de 2 de Setembro, a sua obra de 5 anos à frente do pelouro da Cultura e Desporto.

«Os militantes comunistas têm então (mais) esta diferença: para nós, também os cargos públicos são para exercer num quadro de trabalho colectivo, em que a equipa vale mais do que um somatório de valores individuais.»
Bruno Dias, Membro da Direcção Regional de Setúbal e do Comité Central do PCP, em crónica de opinião publicada no 'Setúbal na Rede'.

«Nos restaurantes também há os que não se poupam e gostam de comer “do bom e do melhor”, como há aqueles que escolhem o mais barato que há na ementa. Vê-se de tudo um pouco, desde grandes pratos de marisco, com lagosta, camarão tigre e ostras, até pratos de sardinhas e carapaus.»
'O Sesimbrense', notícia sobre o turismo na Aldeia do Meco.

«(...) Há cerca de três anos o livro estava praticamente pronto mas foi nessa altura que Sesimbra sofreu uma transformação tal que me fez pensar que dentro de poucos meses as fotos estariam completamente desactualizadas. Então decidi esperar (…) Por exemplo, posso adiantar que a primeira foto constante no livro tem oito anos e a última foi tirada duas semanas antes do lançamento. Por entre gruas e guindastes era difícil encontrar uma boa perspectiva de fotografia e, por isso, esperei tanto tempo.»
Carlos Sargedas em entrevista ao ‘Jornal de Sesimbra’ sobre o seu novo livro “Vertigem Azul”.

30 de ago. de 2006

Dois pesos, duas medidas, um parque natural

No sábado, Sesimbra voltou aos telejornais.
No sábado, Sesimbra voltou a protestar contra o Plano de Ordenamento do Parque Natural da Arrábida (POPNA).
No sábado, o presidente do Clube Naval de Sesimbra, Lino Correia, afirmou que no protesto participaram «cerca de 300 embarcações».
No sábado, a polícia marítima afirmou que no protesto participaram entre «80 a 100 barcos».
No sábado, o capitão do porto de Setúbal, Crispim de Sousa, considerou que o número era «significativo mas não massivo».
No sábado, durante o protesto, foram levantados «alguns autos de notícia por navegação em zona proibida».
No sábado o barco ‘Virgem da Ajuda’ foi autuado durante o protesto por «transportar pessoas sem licença para tal», nomeadamente, os jornalistas que seguiam a bordo.
(Ler a notícia aqui.)


Na sexta, a associação ambientalista Quercus abandonou a Comissão de Acompanhamento Ambiental (CAA) da Secil.
Na sexta, a Quercus justificou a decisão: A Secil não informou, previamente, a CAA da intenção de co-incinerar resíduos industriais perigosos.
Na sexta, a Quercus justificou a decisão: O Ministério do Ambiente dispensou a Secil de realizar a avaliação de impacte ambiental para co-incinerar lamas oleosas, óleos e solventes.
Na sexta, a Quercus denunciou o incumprimento da lei o que poderá gerar uma queixa nas instâncias europeias.
Na sexta, a Quercus sublinhou a «rapidez com que se atribuiu isenção do estudo de impacte ambiental». Um processo que só «demorou três dias», algo «único na administração pública».
(Ler notícia aqui.)

29 de ago. de 2006

«Uma aposta no futuro» do quê ou de quem?

O “arqt.º Augusto Pólvora” assina a página 5 da mais recente edição de ‘O Sesimbrense’. É importante sublinhar a forma como o autor do texto o assina: estamos perante uma redacção do “arqt.º” e não do presidente da Câmara. Caso não soubesse que um e outro são uma e a mesma pessoa, nada, em lugar nenhum do texto me daria essa indicação. Enfim… Ultrapassado o pasmo inicial (sim, porque nenhum outro governante autárquico recebeu tantas honras de cronista em tanto jornal regional junto) seguiu-se o pasmo final pelo conteúdo do texto.
A Avenida da Liberdade é definida pelo presid… ups… pelo “arqt.º” como um «eixo fundamental no equilíbrio urbanístico de Sesimbra». É verdade! Eu não diria melhor, nem de forma tão poética. Mas foi o último parágrafo da prosa do “arqt.º” que me deixou de rastos. Diz ele: «É verdade que nesta operação urbanística surgirão cerca de 30.000 novos m2 de construção para habitação e comércio (…)». Então… Mas em que parte deste filme é que o «estudo de ordenamento da Avenida da Liberdade» (leia-se, do «eixo fundamental no equilíbrio urbanístico de Sesimbra») se transformou numa «operação urbanística»? É que devo ter perdido essa parte!
Justificando esta opção, o “arqt.º” acrescenta: «Estamos a falar de 300 novos fogos numa vila que tem cerca de 6000, ou seja um aumento de 5% num cenário de clara aposta na contenção urbanística futura da vila». Isto é hilariante. Atulhar de betão a principal entrada na vila, com casas para alguém que há-de vir (que não eu ou o comum sesimbrense), a pretexto de construir, entre outras coisas, mais 1000 lugares de estacionamento, para tornar esta vila num caos pior do que já é, e prognosticar que depois se apostará na contenção urbanística, é uma anedota! Sobretudo porque o “arqt.º” ainda explica: «Ou seja vamos aproveitar quase os últimos terrenos urbanizáveis de grande dimensão ainda disponíveis na vila para resolver problemas essenciais ao seu funcionamento». Oh… oh… então mas para que se acena com a bandeira da contenção futura se com esta «operação urbanística» se esgotam os «últimos terrenos urbanizáveis»? Há aqui qualquer coisa que não joga…
Já agora… «contenção urbanística futura». Quem é que garantiria isso? Seria o “arqt.º”? É que, pela amostra junta…

28 de jul. de 2006

Férias

O país pára em Agosto. A sopa também. Boas férias e até ao meu regresso.

21 de jul. de 2006

Descubra os erros

Não, não vou escrever sobre erros ortográficos ou sequer gramaticais. Deixemos a poeira pousar sobre esse assunto que parece enervar muita gente. Os que são corrigidos e... os outros que para o caso não interessam. Adiante!
Num site informativo que dá eco do que se passa na região de Setúbal, descobri algumas informações curiosas.
Espreitem e vejam lá se não tenho razão. Dou apenas uma dica: verifiquem a informação sobre fundo cinza. Não vos cheira a... regresso ao passado?

Ver aqui.

20 de jul. de 2006

Fluir

Talvez em ti acabem hoje todas as nascentes,
e nas rugas que, numa e noutra face,
esculpiram o medo e a sabedoria,
se possa ler em comovido olhar
o princípio, o meio e o fim desse caudaloso
fluir que outrora chamámos vida.
Talvez agora, tal como ontem e sempre,
comece a própria morte,
aquilo que nos devora,
aquilo que nos convoca para o silêncio e para
a mão que escreve, sonâmbula e feroz,
estremecendo.

José Agostinho Baptista
Agora e na Hora da Nossa Morte

19 de jul. de 2006

Uma nova marginal

Curtos passeios pela zona agora apelidada de “nova marginal” têm-me permitido experienciar coisas que até aqui seriam impensáveis.
1) O olhar cruza-se com os bonitos e luzidios caixotes do lixo desenhados pelo Siza Vieira. Pena que o cheiro que deles emana seja nauseabundo. Estes pequenos contentores são utilizados, não só pelos transeuntes, mas também, como seria de esperar, pelos comerciantes das redondezas que não têm outras opções. Certos dias torna-se difícil conseguir apreciar a (tão propalada) beleza arquitectónica dos caixotes do Siza porque estão quase totalmente cobertos de caixotes de papelão e sacos. Só se sabe que eles lá estão… pelo cheiro.
2) Tenho a estranha sensação de que todas as semanas abre um café na “nova marginal”. É sempre uma experiência interessante poder variar na bica com mais frequência do que seria de esperar. Ora, ontem estive num espaço onde paguei 1.20€ por um café (240 escudos por uma bica curta…), ora amanhã vou ao outro onde pago 1.70€ por uma imperial. Por este andar, o melhor é pôr um ponto final nestas experiências senão tenho de abrir falência.
3) Há uns anos, quando a praia de Sesimbra me parecia enorme, ir para o caneiro, para a praia dos amigos, ou para a prainha, eram coisas muito diferentes. Pela praia frequentada era possível adivinhar as companhias. (Diz-me a praia que frequentas, dir-te-ei quem és.) Hoje, ficar em qualquer um destes espaços cujas fronteiras desapareceram há muito, é indiferente. Encontro pessoal do caneiro na pedra alta. Pessoas que estavam na prainha, junto à fortaleza e por aí fora. Ontem decidi ir para o caneiro que não visitava desde o ano passado. Fiquei estupefact@ ao perceber que tinha quase de ficar encostad@ à rocha para poder espetar o chapéu-de-sol na areia, pois até lá é interdito e os toldos ocupam a maior extensão. Realmente, a praia está a ficar cada vez mais pequena.
Os tempos mudam e sinal disso é a incaracterística “nova marginal”.

18 de jul. de 2006

Desmazelos

Há coisas que custam a entender. É conhecida a aposta financeira e em termos humanos que o actual executivo da Câmara Municipal de Sesimbra tem feito na área da comunicação e imagem. Não consigo, por isso, perceber porque raio o site da autarquia é tão fraco e descuidado. Estamos a 18 de Julho de 2006 (9.40 horas) e, num Verão que prometeram recheado de eventos e animação, vejamos o que nos anuncia o site:
- De 22 de Junho a 2 de Julho - Exposição de Maria de Lurdes Brites alusiva aos Santos Populares;
- De 17 de Junho a 15 de Julho – III Exposição Internacional de Artes Plásticas;
- 16 de Julho – Zimbra’Antiga;
- 25 de Junho e 9 de Julho – Zimbr’Arte
Por fim, está ainda disponível para download o ficheiro com a programação alusiva aos Santos Populares que terminou a 1 de Julho.
Tudo completamente ultrapassado!
Confesso que a minha intenção até era boa. Consultei o site na expectativa de descobrir um espectáculo para o fim-de-semana. Como a ‘sesimbr’acontece’ me faz urticária, costumo recorrer ao site onde, normalmente, evitam os textos sem jeito nem amanho. Mas nem assim…
Será que estes senhores percebem que o site pode ser consultado por qualquer pessoa, em qualquer lugar e a qualquer hora?... E que situações deste tipo não abonam a favor da autarquia transmitindo antes uma imagem de alguma incúria? Até porque, provavelmente, o turista que nos vem visitar no próximo fim-de-semana, não virá à procura apenas de sol e mar e não tem acesso à pérola 'sesimbr'acontece'...

A Sopa errou

Agradeço ao anonymous das 5:10PM a correcção. O grupo O'QueStrada é, de facto, composto por 5 músicos: a guitarra à portuguesa, a contra-bacia, a guitarra rítmica, a voz e o acordeão. Não se trata, por isso, de um quarteto como ontem anunciei, mas sim de um quinteto.
Aproveito para recordar que é um espectáculo a não perder!

17 de jul. de 2006

Nada acontece

A mais recente edição da ‘sesimbr’acontece’ não desilude quando comparado com o que tem vindo a ser feito.
A presença dos O’QueStrada na capa desta publicação até poderia induzir o contrário. Os espectáculos que este quarteto tem realizado, às sextas-feiras, no átrio do Teatro Nacional D. Maria II, são imprevistos e boas surpresas. (Atenção que eles vão estar no dia 29 no Largo José António Pereira.)
Por contraposição, pouco de novo nos é oferecido pelo conteúdo de mais esta edição da agenda municipal.
Digo pouco porque, na realidade, notei, com interesse, que o texto que, habitualmente, abre a publicação deixou de ser assinado pela vice-presidente da Câmara Municipal de Sesimbra, Felícia Costa, mas passou a ser assinado pela vereadora do pelouro da Cultura, Felícia Costa. Fico sem perceber se são homónimas ou heterónimos; ora aparece a Felícia-vice, ora aparece a Felícia-vereadora.
Fora isso, os restantes textos continuam insípidos, insonsos e inodoros. A pérola é o texto sobre a Feira do Livro de Sesimbra.
Livros… Haveria tanto para dizer sobre os livros. Mas, na ‘sesimbr’acontece’ só se lembram de afirmar coisas tão interessantes como a necessidade de os livros chegarem «cada vez mais cedo ao contacto com as nossas crianças tornando-se um companheiro do berço tal como o urso e a chupeta».

13 de jul. de 2006

O que a Secil pode e os pescadores não

O professor jubilado do Instituto Superior Técnico, Delgado Domingos, acusou o governo de ter perdido legitimidade política ao eliminar, "ilegalmente", uma cláusula do Plano de Ordenamento do Parque Natural da Arrábida (POPNA) que proibia a co-incineração de resíduos perigosos na cimenteira do Outão.
Durante um debate sobre a co-incineração de resíduos perigosos promovido pelo Movimento de Cidadãos pela Arrábida, o professor catedrático do Instituto Superior Técnico lembrou que um dos maiores riscos da co-incineração de resíduos perigosos está relacionado com os efeitos nefastos das emissões de "dioxinas e furanos" para a saúde pública, que poderão subsistir durante muitos anos.
Delgado Domingos referiu também que não houve nenhum estudo ambiental que justificasse a opção do governo pela co-incineração na Arrábida.

Excerto de notícia da Agência Lusa

11 de jul. de 2006

Nada de misturas

As juntas de Freguesia de Santiago e do Castelo candidataram-se, em conjunto, ao Programa Comunitário de Ajuda Alimentar a Carenciados/2006 (PCAAC). De fora ficou a Quinta do Conde, fenómeno que os dois presidentes (Félix Rapaz, de Santiago, e Francisco Jesus, do Castelo) atribuem à “distância geográfica desta freguesia”.

Ler notícia aqui.

O 'Setúbal na Rede' que publicou a notícia fala num "fenómeno" que poderia ser justificado das mais diversas formas. Parece-me que a "distância geográfica" não é, de longe, a melhor desculpa para discriminar uma parte da população do concelho.

6 de jul. de 2006

Promiscuidades e esmagamentos

Sesimbrenses acusam câmara de “promiscuidade” com promotor

Um grupo de 40 cidadãos, entre os quais se encontram o ex-ministro socialista Eduardo Pereira e o presidente do Geota, Carlos Nunes da Costa, acaba de entregar uma contestação ao Plano de Pormenor da Zona Sul da Mata de Sesimbra (PPZSMS), no âmbito da discussão pública sobre o empreendimento, que acusa a câmara de “promiscuidade” com os promotores imobiliários e exige a elaboração de outro plano de pormenor (PP).
Entre os subscritores do documento estão os sesimbrenses que, há cerca de três meses, ameaçaram interpor uma providência cautelar contra este processo. Na ocasião, contestavam a ausência, durante o período de consulta pública, dos pareceres de entidades como a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR-LVT), Instituto de Conservação da Natureza (ICN) ou Direcção-Geral do Turismo (DGT).
De acordo com Adelino Fortunato, um dos subscritores, a providência acabou por não avançar “porque entretanto o presidente da câmara reconheceu a insuficiência e abriu um novo período de discussão”. (…) Segundo Adelino Fortunato, “todas as entidades levantam problemas e questionam a sustentabilidade económica e social” do empreendimento.
O PPZSMS reporta a um acordo firmado entre o ex-ministro Isaltino Morais, a Câmara de Sesimbra, a imobiliária Pelicano e a promotora Aldeia do Meco – para onde estava previsto um outro empreendimento. “Não resulta, portanto, de uma acção de ordenamento do território patrocinada pelo interesse público”, consideram os signatários da contestação. (…)
Além disso, levantam suspeitas quanto à legitimidade de um PP “encomendado pela autarquia a técnicos que pertencem aos quadros da Pelicano ou são seus assessores”. No seu entender, é “gravíssima a promiscuidade verificada ao longo de todo este processo entre os órgãos de gestão autárquica e os promotores imobiliários”. (…)
Acusações que o presidente da autarquia, Augusto Pólvora, refuta, afirmando que “nada há de ilegal” na nomeação da equipa que elaborou o PP. “A Pelicano propôs uma equipa técnica que a câmara aprovou, em 2003, por unanimidade, ao mesmo tempo que aprovou os termos de referência para a elaboração do plano de pormenor, como a área, os índices e os objectivos”, explica Augusto Pólvora, frisando ainda que “era a empresa que representava os proprietários e que já tinha acordos com eles”, acrescenta o autarca.

População teme “esmagamento” de Sesimbra
O número de camas previsto para a zona sul da mata de Sesimbra – 31 mil – é uma das principais preocupações dos cidadãos que se opõem ao projecto. Aos 37 mil habitantes do concelho vão juntar-se, com as duas fases do empreendimento, “mais 83 mil”. Tendo em conta que, em toda a Costa Azul, existem actualmente dez mil camas, os subscritores da contestação consideram que “não há enquadramento deste projecto no quadro mais geral das necessidades de desenvolvimento regional” e dizem que “nada garante que esta não venha a transformar-se numa área de segunda habitação”. (...)


Excertos da notícia publicada no Público de 5 de Julho

5 de jul. de 2006

Uma citação

«Como sublinha Ladany, um regime comunista assenta em três pilares: a dialéctica, o poder do Partido e a polícia secreta. (Quanto ao marxismo, pouco mais representa do que um elemento facultativo; durante a maior parte do tempo, o regime pode passar perfeitamente sem ele.)
A dialéctica é a gaia ciência que permite ao Líder Máximo ter sempre razão; com efeito, mesmo quando se engana, engana-se no bom momento, de modo que tem razão em se enganar; o inimigo, pelo contrário, mesmo quando tem razão, tem razão no mau momento, o que faz com que se engane ao ter razão.»

LEYS, Simon Ensaios Sobre a China, Ensaio, Livros Cotovia, p.40

4 de jul. de 2006

Como é que foi que disse?

Na penúltima edição do jornal ‘O Sesimbrense’ foi anunciado que a providência cautelar, prometida por alguns contestatários do projecto imobiliário previsto para a mata de Sesimbra, afinal, não seria entregue.
A “notícia” não era confirmada. O(a) seu/sua autor(a) afirmava-o claramente:
«E fizeram-no, ao que julgamos saber, porque houve tácito conhecimento de uma nova decisão da Edilidade, em consequência do teor das críticas das três sessões de discussão pública». E acrescentava ainda: «ao que julgamos saber, o expediente jurídico da providência cautelar não vai avançar».
Tudo mera suposições… que, curiosamente, surgiam na mesma edição em que o presidente da Câmara Municipal de Sesimbra deu uma extensa entrevista sobre o turismo… ou melhor, sobre o projecto previsto para a Mata, suas vantagens e benefícios.
Como diria uma escritora light da nossa praça: não há coincidências.

Na sua última edição, ‘O Sesimbrense’ dá o dito pelo não dito. Ou melhor, é obrigado a precisar as conjecturas avançadas. Afinal, «de facto, o que houve foi a “travagem” sequencial que a noticia deixa perceber, aguardando diversas clarificações solicitadas à Câmara».
Não percebo, por isso, porque continuam a chamar-lhe “notícia”. De qualquer forma, o jornal parece assumir o erro.
Mas assumirá mesmo?
Afinal, o(a) seu/sua autor(a) escreve que até há qualquer coisa de verdadeiro que a 1.ª notícia «deixa perceber». Mas não afirma. Apenas sugere.

Essa 2.ª “notícia” diz ainda: «Expirado em 25 de Junho o prazo estabelecido, os mentores da providência cautelar estão a analisar o que puderam apurar, complementarmente, decidindo então se vão ou não avançar com os propósitos enunciados».
A partir daqui, o leitor supõe que o prazo que expirou diz respeito ao prolongamento da discussão pública. No entanto, esse apenas terminou em 27 de Junho, como tal, não se percebe a que se refere o texto.
Por fim, concluiu-se que «há que aguardar» que os subscritores da providência cautelar analisem os factos. Mas mesmo essa informação é inferida. Diz a “notícia”: «E é isso mesmo que se infere do texto de “Ondulações” que Eduardo Pereira assina nesta mesma página de leitura obrigatória para os muitos interessados».
Com tanto diz que disse, dá vontade de pedir: explique-me lá o que quer dizer, mas como se eu fosse muito burr@.

3 de jul. de 2006

Perfis sem jeito nem amanho

A penúltima edição do jornal O Sesimbrense apresentava-nos, da forma abaixo descrita, o presidente da Câmara Municipal de Sesimbra:

«Augusto Manuel Neto Carapinha Pólvora, autêntico sesimbrense, de raiz, pertencente a típicas famílias pexitas, de par marítimo, de boa memória, é Arquitecto (formado em Paratislava, capital da novíssima Eslováquia) e está a cumprir valiosa carreira autárquica desde 1997 com acesso à Presidência da Câmara pela CDU, em finais de 2005. Enquanto Vereador, tendo a seu cargo importantes Pelouros, exerceu actividade profissional com arquitecto na Câmara do Seixal. Tem 47anos de idade, vive no progressivo reduto habitacional do Pereirinha, muito perto do Espichel, é casado e tem dois filhos. Gosta (e pratica) de Desporto, exibe elevado nível de comunicabilidade e mantém, como seu importante trunfo pessoal, um grande apego a Sesimbra.»

a) Augusto Pólvora é um «Arquitecto» com maiúscula.
b) Formado em «Paratislava»... uma terra que não existe. A capital da «novíssima Eslováquia» chama-se, segundo consta, Bratislava.
c) Está a cumprir «valiosa carreira autárquica», duma forma como nenhum jornalista isento poderia qualificar.
d) Enquanto exerceu a actividade profissional na Câmara do Seixal foi «arquitecto», com minúscula.
e) Vive no «progressivo reduto habitacional do Pereirinha». «Progressivo reduto habitacional»?! «Pereirinha»?! As pereirinhas dão pêras pequeninas. Os pinheirinhos dão pinhas pequeninas. É um bocadinho diferente.
f) «Exibe elevado nível de comunicabilidade», duma forma como nenhum jornalista isento escreve, embora possa, eventualmente, pensar.

Ai, ai... esta imprensa regional...

Curtas

1. Já nos tinham anunciado isso mesmo: Carnaval todo o ano.
Este fim-de-semana cumpriu-se mais um Carnaval fora de tempo, na fortaleza de Santiago. O letreiro da entrada anunciava: «Samba show’s”. Deduzo que tal anúncio se destinava mais a turistas do que a pexitos. Não sei se foi por isso, mas o que é certo é que houve pouca gente a responder ao apelo e a festa no interior da fortaleza não vingou.

2. Com o futuro incerto e nebuloso do hospital de Sesimbra (ou melhor, com fim mais certo que incerto) e com a construção sempre adiada de um novo centro de saúde na Quinta do Conde, é estranho que os responsáveis da Câmara Municipal de Sesimbra reivindiquem um hospital no concelho do Seixal.
Mais estranho ainda é que na imprensa regional se dê eco a essa pretensão desajeitada.

«Vai haver o “nosso” Hospital
Vai ser uma realidade – e tão depressa quanto possível: o novo Hospital que servirá os progressivos Concelhos de Seixal e Sesimbra (mais de 100 mil habitantes) localizar-se-á na zona do Fogueteiro, ocupando um belíssimo espaço de 80 hectares.A hipótese de ampliação do Hospital Garcia da Horta, em Almada, como solução para os problemas de apoio sanitário deficiente observado em Sesimbra e Seixal foi anulada por força da coesão e firmeza de protestos públicos sob a égide das Edilidades dos respectivos Concelhos. Vai, pois, haver um Hospital “nosso” sesimbrense, condigno, super-necessário. Que não tarde!»

In Jornal O Sesimbrense

3. Ontem (domingo) dezenas de motas encheram a marginal de Sesimbra. Todos os motards envergavam t-shirts brancas onde se podia ler: «mentes perigosas». Não me pareceu que aquela gente pudesse trazer grande mal ao mundo. Mas lá que incomodaram, incomodaram. Na falta de melhor espaço para expor os seus veículos, optaram pelo passeio junto ao muro da praia. Já os peões, esses tinham de andar pela estrada. Foi troca por troca.

26 de jun. de 2006

Maus exemplos

«Almada quer "abrir" castelo
A Câmara de Almada defende a adaptação do castelo, actualmente ocupado pela GNR, a uma função turístico-cultural, mas continua sem uma resposta concreta por parte do Governo. O monumento acolhe há décadas o comando do Grupo Territorial de Almada, impedindo a população de usufruir dos valores arquitectónicos e patrimoniais que tem para oferecer. »
Afinal há mais fortalezas por esse país fora.
Porque não perguntam ao presidente da Câmara de Sesimbra como resolveu o problema da "sua" fortaleza?
Talvez porque aprenderam com os erros dos outros.
Os maus exemplos não se copiam!

22 de jun. de 2006

Favor com favor se paga

«A Comissão de Utentes da Saúde da Quinta do Conde [promoveu ontem] uma concentração popular contra a intenção do governo de trocar o projecto da nova extensão de saúde por outro de menor dimensão.
A actual extensão de saúde da Quinta do Conde funciona há mais de 20 anos em instalações provisórias muito exíguas e tem apenas quatro médicos, havendo cerca de 10 mil utentes registados sem médico de família.
(…) “Na nossa opinião, o abandono do primeiro projecto representa uma desperdício de dinheiros públicos”, acrescentou Helena Cordeiro [da Comissão de Utentes], lembrando que a Câmara Municipal de Sesimbra também investiu muito dinheiro para adquirir 14 lotes de terreno que eram necessários para a construção do projecto.
“O novo projecto é insuficiente para dar resposta às necessidades de uma população de cerca de 25.000 habitantes e representa mais um atraso na construção da nova unidade de saúde”, frisou Helena Cordeiro. (…)
Por tudo isto, a Comissão de Utentes [apelou] a uma grande participação da população na concentração marcada para quarta-feira, pelas 17:00, junto à actual extensão de saúde da Quinta do Conde. (…)»
Notícia da Agência Lusa.

Será que os presidentes das autarquias de Almada e Seixal se juntaram ao protesto?

21 de jun. de 2006

Revista desportiva

Hoje, o assunto não podia ser outro.

«Desafiar o leitor para qualquer tema estranho ao acontecimento do dia - antes ou depois do jogo - não parece ter, assim, qualquer utilidade prática, como se pode ver pelos jornais e pelas televisões, já para não falar no Parlamento, que adaptou o hemiciclo ao formato rectangular de um relvado alemão.
(...) Se hoje vencermos o México ou, em todo o caso, ficarmos em primeiro lugar no nosso grupo e, por um golpe do destino, ultrapassarmos a barreira seguinte, quem nos pára? Mas se nem uma coisa ou outra conseguirmos, quem nos consola? A verdade é que, praticamente sem darmos por isso, estamos outra vez suspensos do que outros (neste caso a nossa selecção - ou a selecção de Scolari?) poderão fazer por nós.»
Vicente Jorge Silva, in Diário de Notícias (21 Junho 2006)

«Se Portugal chegar à final, não vou abrir a boca de espanto e, se for eliminado nos oitavos-de-final, também não.»
José Mourinho, treinador português do Chelsea, sobre o Mundial de Futebol.

«Uma sondagem recente feita na Alemanha concluiu que das 2000 pessoas entrevistadas, 34% das mulheres e 21% dos homens não estão de todo interessados no maior evento desportivo do ano. É evidente que se trata de uma minoria, mas, sem dúvida, de um número relevante de consumidores disponíveis para algo completamente diferente. Ainda na Alemanha, por exemplo, já há restaurantes que se auto-intitulam de 'World Cup free'.»
Rui Camarinha, in Portugal Diário

«Cristiano Ronaldo é o jogador de futebol preferido da comunidade gay holandesa. A edição online da revista De Gay Krant publicou uma lista com a equipa de sonho escolhida pelos leitores, liderada pelo internacional português. »
in Diário Digital

«Os comentadores da imprensa internacional foram unânimes em considerar que Cristiano Ronaldo exagerou nos efeitos sem qualquer utilidade prática. O mesmo que dizer que o melhor de um quadro de Picasso é tapar o buraco na parede. Toda a arte é inútil. É um fim em si mesmo. Qualquer jogador, à excepção do Secretário, pode atrasar uma bola. Só os da estirpe de Ronaldo podem fazê-lo depois de fintar dois adversários. Não podemos louvá-lo por ele se cansar só para nos divertir? Quantos o fazem? (...)»
Bruno Vieira do Amaral no blogue 'Origem das Espécies'

«Uma promoção da Sport TV ao jogo Portugal-México de amanhã que usa a voz do falecido Jorge Perestrelo aos gritos "Portugal! Portugal!", enquanto surge a seguinte legenda no ecrã: "O chili vai ser cozido à portuguesa."»
Pedro Correia no blogue 'Corta Fitas'


«Duas vitórias consecutivas de Portugal e o acesso antecipado aos oitavos-de-final (antes ainda do jogo contra o México) não lhes bastaram para reconhecer o mérito da selecção e do seleccionador. Esta semana lá desfiaram os habituais argumentos contra Scolari, amontoando críticas à turma portuguesa. Destaco algumas:
Rui Moreira:
- "Neste momento não há rotinas de jogo [na Selecção]."
- "Há algumas lacunas a nível de banco."
António-Pedro Vasconcelos:
- "O problema mais grave de Portugal é a defesa. Miguel não me dá a mesma segurança que o Paulo Ferreira."
- "Pauleta é a grande vítima da falta de velocidade [da Selecção]."
- "A Selecção ainda não foi verdadeiramente posta à prova."Jorge Gabriel:- "Falta velocidade ao futebol português."
- "Acho preocupante o momento de forma de Cristiano Ronaldo."
- "Se o Cristiano Ronaldo falha aquela grande penalidade não tínhamos mais Cristiano Ronaldo."
O moderador do debate, Carlos Daniel, bem tentava chamá-los à realidade. Mas eles continuavam a falar como se Portugal tivesse perdido contra Angola e contra o Irão, em vez de ter ganho. Quem sabe se um deles ainda chega a seleccionador nacional para mostrar a Scolari como se conquista um Campeonato do Mundo?»
Idem

20 de jun. de 2006

Erros - A Saga

A propósito do post de ontem, alguém comentou comigo que a vereadora da Cultura da Câmara Municipal de Sesimbra oferece à população a música que ouve e em que se revê.
Depois de ler o texto com que a autarca abre a brochura dedicada à 3.ª exposição internacional de artes plásticas, pergunto-me sobre o que anda a vereadora a ler. Talvez os boletins municipais… Digo eu. Senão vejamos:

«Globalizar o sentido da palavra arte é a intenção primordial deste projecto que atinge, este ano, a 3ª edição. Ultrapassar obstáculos, principalmente, o da "interioridade", é uma tarefa corajosa e de certa forma hercúlea, que os organizadores deste projecto tem sabido enfrentar, ultrapassando obstáculos e reunindo forças para, em cada nova edição, fazer melhor.»

Em tão pouca prosa há muito a apontar:

1. O sujeito da frase (os organizadores) deveria estar de acordo com o verbo (é ‘têm’ e não ‘tem’ como está escrito).
2. «Ultrapassar obstáculos»«ultrapassando obstáculos» é bem capaz de ser uma ideia redundante. Mas há que dar um desconto. Foram mesmo MUITOS os obstáculos a ultrapassar.

3. A palavra «interioridade» está entre aspas. Mas mesmo assim não consigo perceber, o segundo, terceiro ou mesmo o quarto sentido de «interioridade» associado a uma terra à beira-mar plantada, paredes meias com Lisboa, Setúbal, Almada ou Seixal. Parece-me bem que esta “interioridade” só existe na cabeça de alguns. E combatê-la, isso sim, é uma tarefa hercúlea! Mas são obstáculos que temos de ultrapassar… De que forma? Ultrapassando-os!

Ups… Isto pega-se!

19 de jun. de 2006

Viva a «cultura popular»

Terminou, há dias, a ‘Feira Festa’ na Quinta do Conde. Em declarações ao jornal ‘Notícias da Zona’ a vereadora da Cultura, Felícia Costa, defendeu que este é «um evento que traduz a cultura popular, a linguagem do povo, tudo o que vem dele e da sua alma». Poético, ah?
Marcaram presença na Feira «que traduz a cultura popular» nomes como ‘Tina T’, ‘Manolo’, ‘Axel’, ‘Melão’, ‘Hugo Leal’ (que tem um CD novo intitulado ‘É muita areia para esta camioneta’), a inconfundível ex-Doce Ágata, a boys band os ‘Santos’, as ‘Pop 21’, o João Marcelo (que, atenção, está a gravar um CD com 'o melhor de João Marcelo'), o João Magalhães, o José Carlos, o Jorge Paulo e o Alex (autor do sucesso Mister Gay), entre muitos outros. Gostos, não se discutem, é verdade. Pessoalmente dispenso este tipo actuações mas sei que há quem goste e só tenho de respeitar. Mas tenho dúvidas que a música que passou pela Quinta do Conde possa, de alguma forma, traduzir a «linguagem do povo» e a sua «alma».
A vereadora diz ainda que a ‘Feira Festa’ permite reafirmar «os laços sociais e raízes que aproximam os homens». A edição de 2006, no entanto, esteve longe de gerar todo este ‘aconchego’. Sublinhe-se que, no fecho da festa, o presidente da Junta de Freguesia da Quinta do Conde retirou, publicamente, pelouros que tinha delegado nalguns membros do seu executivo e, na imprensa, Augusto Duarte referiu-se à ‘Feira’ como um «poço de irregularidades». À parte de todas essas tricas, a noite dedicada ao rock não se realizou, porque dificuldades na actuação das escolas da freguesia e atrasos no espectáculo geraram a ira de populares que arremessaram pedras para o palco.

Tivemos ainda o ‘Assalto à Fortaleza’, uma reedição pexita do ‘Assalto ao Castelo’, este último com origens camponesas. Não reconheci nesse evento nenhuma lição de história como aquela a que assisti no Castelo, com a reconstituição da conquista do castelo pelos cristãos aos mouros, mas a recriação de uma ficção que metia piratas. Nada contra. Foi um momento com alguma piada. Entretenimento.

Do rol de eventos dos últimos dias consta ainda mais uma edição da, já habitual, exposição internacional de artes plásticas. Um evento que, este ano, nasceu torto, com duas peças vandalizadas em plena marginal de Sesimbra. Faltou, julgo eu, bom senso dos dois lados. Do lado dos que destruíram as peças, porque nunca foram educados a respeitar este tipo de obras. Do outro, alguma falta de cautela e caldos de galinha (Como diz a publicidade… Porque os acidentes acontecem e os seguros também…), pois coisas destas, infelizmente, acontecem e não ter sequer ponderado esta possibilidade fez com que o evento ficasse manchado antes mesmo da sua inauguração, independentemente do sucesso que venha ainda a conhecer.

No meio de tudo isto, continuo a achar inconcebível que não haja uma estratégia cultural em Sesimbra. Apenas se reconhecem eventos avulsos, sem jeito nem amanho. ‘Entretenimentozinhos’. Enchem-se os olhos da população com inúmeros acontecimentos apenas com meio, sem princípio nem fim. A cultura sesimbrense continua escondida. Não se ensina nada a ninguém. Por isso, infelizmente, muitos continuarão a não querer aprender. É que a cultura também passa por aí.

9 de jun. de 2006

Sem surpresas

«O presidente da Câmara de Sesimbra está «indignado» com a decisão do Ministério da Saúde de reduzir, para cerca de metade da área, o futuro Centro de Saúde da Quinta do Conde. Numa reunião com a secretária de Estado Carmen Pignatelli, Augusto Pólvora ficou a saber que as «restrições orçamentais» e a «nova filosofia de unidades de saúde familiares» levaram o Governo a reequacionar o projecto previsto para aquela freguesia.»

Será que ainda consideram que o importante é fazer um cordão humano para reivindicar a construção de um hospital no Seixal?... Duh!

2 de jun. de 2006

Dias com sentido

Todos os dias são dias.
Dias de alguma coisa.
Ontem foi ‘Dia Mundial da Criança’. Anteontem foi ‘Dia do Pescador’. Depois também temos o ‘Dia da Mãe’, o ‘Dia do Pai’, o ‘Dia Internacional da Mulher’, o ‘Dia dos Namorados’, o ‘Dia da Árvore’, o ‘Dia da ‘Água’, o ‘Dia da Floresta', e… e… enfim, um leque alargado de homenagens. O PSD propôs a criação do ‘Dia do Cão’. Porque não?
Embalado nesta atribuição de sentido e razão de existir aos dias, a Câmara de Setúbal aprovou, na quarta-feira, por unanimidade, a criação do ‘Dia Municipal da Arrábida’, que será assinalado a 5 de Junho de cada ano, a partir de 2007. A iniciativa visa sensibilizar a população local para a importância e preservação do património natural, arqueológico, arquitectónico, histórico e tradicional da zona.
Um dos vereadores sadinos propôs que a actual maioria da Câmara de Setúbal desenvolvesse esforços para que o Dia Municipal da Arrábida seja também instituído nas autarquias vizinhas de Sesimbra e Palmela, porque os três concelhos têm parte do território integrado na área protegida do Parque Natural da Arrábida.
Será que aqui o pessoal vai alinhar? Precisamos mesmo de atribuir a razão de existir deste dia à Arrábida?
Vamos crer que sim... Então, a partir de agora, todos os '5 de Junho', vamos ser originais e dizer: como seria bom se todos os dias fossem dias da Arrábida.
Mantendo a originalidade podemos mesmo concluir: Mas a Arrábida será sempre que o Homem quiser!
Ou melhor. A Arrábida só o será enquanto o Homem quiser.

31 de mai. de 2006

Dia do Pescador

Mais do que uma coroa de flores, entregue em frente ao "monumento ao pescador".

O primeiro homem

Era como uma árvore da terra nascida
Confundindo com o ardor da terra a sua vida,
E no vasto cantar das marés cheias
Continuava o bater das suas veias.

Criados à medida dos elementos
A alma e os sentimentos
Em si não eram tormentos
Mas graves, grandes, vagos,
Lagos
Reflectindo o mundo,
E o eco sem fundo
Da ascensão da terra nos espaços
Eram os impulsos do seu peito
Florindo num ritmo perfeito
Nos gestos dos seus braços.

Sophia de Mello Breyner Andresen

De taxi

Tal como todas as cartas de amor são ridículas, considero também ridículos os elogios que passam de blogue para blogue. Autores de uns comentam outros elogiando-os. Esses outros sentem-se na obrigação de ir aos blogues dos primeiros agradecer. E assim se vai andando numa troca de mimos. Há qualquer coisa de ridículo em tudo isto.
Apetece-me hoje, no entanto, dar aqui a conhecer um blogue que consulto diariamente: 'O Fogareiro'. O autor é um motorista de taxi em Lisboa que recolhe, nas suas corridas, estórias de breves minutos. É delicioso. (E... no que a elogios diz respeito, fico-me por aqui para não me tornar ridícul@. Cada um que tire as suas próprias conclusões.)
Para trás, na vida desse homem, ficou o 'Escrita em Dia', quando as funções que exercia eram outras. Bem diferentes.

30 de mai. de 2006

Vere a dores

Aproveito a hora mole de almoço, para abrir a "Sesimbr'Acontece". Não, nunca aqui falei desta publicação da Câmara Municipal de Sesimbra porque o Boletim tem-me mantido entretid@, não precisava de mais.
Aberta a agenda deparo com o editorial escrito por uma vereadora que, segundo consta tem nas mãos a pasta da Educação. A primeira frase diz tudo.
Diz que, para os mais pequenos, «Junho é um mês de antecipação do melhor tempo do ano: as férias grandes de Verão». Mas, como esse momento parece tardar, a Câmara Municipal de Sesimbra antecipa a diversão e convívio com amigos, através de um conjunto de eventos... que alguém apelida de culturais.
E eu a julgar que a vereadora da Educação ia dizer que Junho é tempo de estudo, porque se aproxima o final do ano lectivo, o que para muitos significa exames nacionais, provas globais e derradeira tentativa de subir o 2 para um magro e repuxado 3...
Dirão alguns que soo a velho do Restelo, mas confesso que ainda não me habituei a este clima de Carnaval todo o ano, de festas e mais festas. Ainda este fim-de-semana, um concerto dos 'Rádio Macau' encafuado na sala de baixo do Grémio fazia estremecer as redondezas. É a festa a bombar. A bombar até às 3 da matina. Os vizinhos que o digam.

Descubra as diferenças

Em Sesimbra vai ser assinalado o ‘Dia do Pescador’, no âmbito do qual haverá espaço para a ‘Semana do Peixe-Espada Preto’.
Nos Açores vai haver a ‘Semana do Pescador’ e o Dia do Peixe-Espado Preto.

«A cooperativa Porto de Abrigo vai construir dois barcos para a pesca experimental do espada-preto, um investimento de cerca de um milhão de euros no âmbito da reorientação da actividade nos Açores para espécies de maior valor.
O projecto, que vai ser apresentado na Semana do Pescador, que hoje se iniciou na ilha de Santa Maria, conta com financiamentos comunitários e regionais e pretende apostar espécies de maior profundidade com "stocks intactos", em vez de outras que já "estão no limite", adiantou o presidente da Federação das Pescas dos Açores.
Liberato Fernandes, que também preside à organização Porto de Abrigo, adiantou que os dois barcos, de 15 metros cada, serão construídos em fibra-de-vidro e alumínio no continente e, além de açorianos, vão ter tripulações compostas por pescadores de Sesimbra e Madeira, duas regiões com muita experiência neste tipo de pesca. (…)»
in Lusa, 29 de Abril

29 de mai. de 2006

O turismo em português

«Em 15 anos, a área construída no território nacional cresceu 42%. Algarve, Porto e Lisboa foram as regiões que mais contribuíram para este aumento. Um acréscimo que se fez à custa do desaparecimento da vegetação natural e das zonas agrícolas situadas em redor das grandes cidades. As conclusões são de um estudo intitulado Corine Land Cover 2000 - o único retrato actual da ocupação do solo português -, que analisou as transformações entre 1985 e 2000.»

«"Esta ocupação deve-se a uma industrialização tardia do País que se verifica na faixa litoral entre Setúbal e Viana do Castelo", considera Carlos Costa, do Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente (GEOTA).»

E o mau exemplo, a não seguir:
«No Algarve, o crescimento dos territórios artificiais chegou aos 55%, o índice de construção mais elevado do País. Mas o grave é que, devido à pressão turística, o aparecimento de inúmeros empreendimentos turísticos se deu à custa da delapidação do património natural. Os números mostram que nesta região desapareceu 20% da vegetação natural.»

Ler mais.

25 de mai. de 2006

Ainda os pareceres

ICN nega aprovação tácita do Plano de Pormenor da Mata de Sesimbra

«Os promotores do projecto turístico da mata de Sesimbra defenderam (…) [ontem] que o Instituto para a Conservação da Natureza (ICN) já aprovou "tacitamente" o Plano de Pormenor, mas os responsáveis daquele organismo lembram o parecer desfavorável emitido em 2005.
Segundo José Caetano, presidente da Aflops (Associação de Produtores Florestais da Península de Setúbal), entidade promotora do projecto turístico da mata de Sesimbra, as questões invocadas para justificar o parecer desfavorável do ICN em 2005, já foram ultrapassadas através da elaboração de um novo regulamento do Plano de Pormenor.
De acordo com o dirigente da Aflops, o ICN emitiu, em 2005, um parecer desfavorável sobre o Plano de Pormenor da mata de Sesimbra com base numa "desconformidade entre aquilo que era proposto pelo regulamento do plano de pormenor da mata de Sesimbra e aquilo que era o plano de ordenamento em vigor no Parque Natural da Arrábida".
"A proposta de regulamento referia que aquela área seria gerida conforme o Plano de Ordenamento do Parque Natural da Arrábida (POPNA), que se encontrava em discussão pública, mas o ICN, numa visão jurídica que respeitamos, alegou que o que estava em vigor era uma portaria e não o novo regulamento do POPNA", disse José Caetano.
(...)
O dirigente da Aflops considera que as alterações entretanto efectuadas pela autarquia no regulamento do plano de pormenor e a entrada em vigor do novo regulamento do Parque Natural da Arrábida, sanaram as desconformidades que motivaram o parecer desfavorável emitido pelo ICN.
José Caetano alega também que embora tivesse emitido o parecer desfavorável sobre o Plano de Pormenor da Mata de Sesimbra em 2005, o ICN não se pronunciou na fase de concertação sobre a nova proposta de regulamento (com as alterações entretanto efectuadas pela autarquia) do Plano de Pormenor da mata de Sesimbra, aprovando-a tacitamente.
Contactado pela Lusa, o Gabinete de Comunicação do ICN garantiu, no entanto, que a Câmara de Sesimbra ainda não formalizou o pedido para a reunião de concertação e que a segunda versão do regulamento do plano de pormenor também ainda não deu entrada naquele instituto.
Num esclarecimento por escrito, o gabinete salientou que o novo regulamento do plano de pormenor ainda não foi formalmente enviado ao ICN
, admitindo, no entanto, que o instituto já recebeu o texto da nova versão do regulamento.
"No final da semana passada, a presidência do ICN tomou contacto com o texto da nova versão do regulamento, que supostamente incorporará as recomendações indicadas no parecer de 2005. Contudo, trata-se de um documento informal, enviado por e-mail, onde não consta ainda nem a cartografia nem o zonamento", esclareceu.
(…).»

Notícia publicada pela agência Lusa em 24 de Maio de 2006

24 de mai. de 2006

O prometido: A couve III

A notícia sobre a discussão pública do Plano de Pormenor da Zona Sul da Mata de Sesimbra é, em minha opinião, o ponto alto do ‘Sesimbra Município’ de Maio. Aqui, mais grave do que os erros gramaticais e afins, é mesmo, na minha opinião, a tentativa de deturpação/ocultação da verdade.
Quem assistiu às discussões sabe que as dúvidas levantadas pelo público não se prenderam «essencialmente, com questões ambientais, natureza do projecto, volumetria dos edifícios a construir, bem como de número de postos de trabalho, número de camas e utentes dos empreendimentos turísticos», como é referido na notícia. Também se falou nisto tudo, mas a ligeireza com que o texto é escrito, não expressa as preocupações fundamentais da população. Não me cabe a mim fazer o trabalho que a Câmara não faz, mas aproveito para esclarecer que foi abordada ilegalidade inicial deste projecto e transferência de direitos de construção de uma área no Meco para a Mata; falou-se da enorme pressão urbanística que será exercida na Mata, na medida em que o projecto prevê albergar mais camas do que aquelas que actualmente existem em toda a Região de Turismo da Costa Azul; criticou-se o ataque que é feito ao Plano Director Municipal (PDM) em vigor por este Plano de Pormenor; foi questionada a possibilidade de os investimentos futuros serem desviados do concelho para aquela área da Mata uma vez que, segundo a lei, nada impede que 50 por cento do empreendimento seja utilizado como primeira residência; e, muito, muito mais.
Mais à frente no texto, é dito o seguinte: «Quanto à existência do Estudo de Impacte Ambiental sempre foi esclarecido que, apesar de legalmente não existir legislação portuguesa que regule a realização de tal documento, por falta da transposição para o ordenamento jurídico português da directiva comunitária aplicável, foi elaborado um Estudo Ambiental que, apesar da lacuna da lei portuguesa, respeita a mencionada directiva, em todos os seus pontos». A qualidade da prosa é a que se conhece. Contra isso… batatas. Mas o (fraco) conteúdo perceptível, é curioso. Ora bem, logo no início da frase, onde se lê «quanto à existência do Estudo de Impacte Ambiental» deve ler-se «quando à ausência/inexistência do Estudo de Impacte Ambiental». E isso faz toda a diferença. Até porque o Estudo Ambiental referido e apresentado nas sessões de debate não substitui, de maneira nenhuma, o outro. Trata-se antes de um trabalho desenvolvido por José Manuel Palma, pago pelos promotores do projecto imobiliário que não avalia o impacte ambiental de nada. Antes se limita a comparar dois cenários: a Mata com a aplicação do PDM e a Mata com a aplicação do Plano de Pormenor. Sobre esta última, é interessante porque na apresentação de um projecto imobiliário nunca se fala em casas, pessoas, carros e poluição, mas sim de pássaros, reflorestação e paraísos na terra. Ah, sobre a situação actual, nem uma palavra.
Mais à frente no texto conseguem fazer pior: «O Plano mereceu aprovação de uma das maiores associações ambientalistas do mundo: a World Wildlife Fund (WWF) e o elogio de outra – a Greenpeace, tendo a primeira delas já repudiado as posições assumidas por algumas associações ambientalistas portuguesas, em carta aberta à comunicação social».
Ora, essas «algumas» associações ambientalistas são apenas as três principais ONGA’s nacionais (Organizações Não Governamentais Ambientais) – Quercus, Liga para a Protecção da Natureza (LPN) e Geota – que, pela primeira vez, afinaram pelo mesmo diapasão para dizer “não” ao projecto. Mas, sobre a posição destas, nem uma palavra, nem um erro ortográfico, nem uma vírgula mal colocada.
Mas há ainda pior. Uma outra notícia dá ainda conta do prolongamento, por mais 22 dias úteis, do período de discussão pública deste Plano de Pormenor de forma a colmatar uma falha: «a ausência confirmada, em alguns locais de consulta dos pareceres da CCDR e outras entidades». Esses «alguns» locais foram todos, excepto a Câmara Municipal de Sesimbra onde o processo para consulta estava completo. As «outras entidades», são, por exemplo, a Direcção-geral do Turismo ou o Instituto de Conservação da Natureza (ICN) que, por sinal, até são bastante críticos em relação ao projecto da cidade da Mata.
Mas, para que os cidadãos não se sintam defraudados depois destes atropelos naquele que prometia ser um processo exemplar, neste boletim é disponibilizado um parecer! Ou melhor o parecer! O parecer da WWF, aquele de que ninguém quer saber, até porque já toda a gente percebeu o papel dessa entidade neste processo.
Será que alguma vez lhes demos razões para menosprezarem tanto a nossa inteligência?...
The last, but not the least… tenho ainda de salientar a referência feita à participação popular no processo de discussão. Diz a notícia que, no que diz respeito a «participações por escrito recebidas pela Câmara Municipal, os contributos não excederam uma dezena, sendo que, apenas algumas delas apresentam propostas concretas de alteração ao Plano». Será que nesta contagem estão incluídas as notas que o presidente da autarquia tomou sobre as intervenções do público nas sessões públicas?

23 de mai. de 2006

Boletim folha de couve II

O ‘Sesimbra Município’ de Maio é, mais uma vez, exemplo daquilo que não se deve fazer, ou melhor, escrever. Os atentados à língua portuguesa atropelam-se em frases mal construídas e mal estruturadas. Isto para não falar da desinformação e das mentiras publicadas. É de deitar as mãos à cabeça!
Frases demasiado compridas, sem sentido, ausência de vírgulas, vírgulas colocadas onde não fazem falta, palavras mal separadas… Enfim… Um número infindável e vergonhoso de erros, falhas e omissões.
Deixo aqui, mais uma vez, apenas alguns exemplos da arte de mal comunicar.

«A Fortaleza de Santiago, um dos ex-libris de Sesimbra, já está aberta ao público durante os 365 dias do ano, das oito às vinte horas (de 15 de Setembro a 30 de Maio), e das oito à uma hora da madrugada (de 1 de Junho a 15 de Setembro) (…)»
Notícia sobre o acordo assinado em relação à ‘abertura’ da Fortaleza (pág. 3)
Alguém consegue perceber qual o horário que funciona no dia 15 de Setembro? Ou quando chegar o dia atira-se a moeda ao ar?

«O acordo de intenções permitirá à Câmara, utilizar os espaços públicos (…)»

Idem
A Edite Estrela fartou-se de repetir que nunca se separa o sujeito do verbo com vírgulas. Na 'couve' ninguém a ouviu.

«Estão previstas a realização de várias iniciativas durante os próximos meses, sobretudo no Verão.»
Idem
«Está prevista» é a forma correcta, pois refere-se à «realização» e não às «iniciativas». Capice?

«Na Quinta do Conde, a actual ETAR irá ser substituída por outra, completamente nova e adequada às necessidades da população.»
É impressão minha ou esta ETAR já foi inaugurada, ‘à pressão’, pela CDU, em período pré-eleitoral, antes do reinado de Amadeu Penim?

«As obras e investimentos na área da recolha, transporte e tratamento de esgotos vão assistir, nos próximos tempos, a um significativo incremento.»
Notícia sobre as obras de saneamento (pág. 6)
As obras assistem a incrementos… Sim, eu percebo. É a escrita surrealista. Demasiado ‘à frente’ para um(a) comum pexit@, como eu.

«Assim, iniciou-se em Abril a recolha de entulhos e o seu transporte ao aterro sanitário da Amarsul (…)»
Notícia sobre a remoção de entulhos das matas (pág. 7)
Que tal «para o aterro» ou «até ao aterro»?

«Em breve iniciar-se-á a construção de uma nova conduta distribuidora da Maçã/Alto das Vinhas.
A obra estará concluída em Agosto e irá permitir a regularização do abastecimento de água (…).»
Notícia sobre as obras de abastecimento de água (pág. 7)
O correcto seria «na Maçã» e «permitirá». Para quê usar dois verbos se se pode usar um para dizer o mesmo?

«Os trabalhos de regularização e pavimentação da Rua Serra da Arrábida na Boa Água 1, zona nascente, já se iniciaram
Notícia sobre as pavimentações na Quinta do Conde (pág. 8)
Será que aquilo não lhes soa mal?!

«A abertura da Lagoa de Albufeira ao mar é [verbo ser, presente] um momento que, no passado, chamava [verbo chamar, pretérito imperfeito], a atenção de dezenas de pessoas que se deslocavam [verbo deslocar, pretérito imperfeito] ao local.»
Notícia sobre a abertura da Lagoa de Albufeira ao mar (pág. 8)
Anda alguém perdido no tempo (dos verbos)? Vejam lá se percebem: a abertura da Lagoa é um momento que chamava pessoas. Será que isto também não lhes soa mal?!

«Este ano, surpreendentemente, esta instituição comunicou à Câmara Municipal de Sesimbra que não iriam desenvolver o processo (…).»
Idem
A instituição não «iriam»… Ela é só uma!

«Essa participação deu origem numa primeira fase, à criação da imagem gráfica das comemorações e à exposição ‘Abril Rostos Mil’, que esteve patente durante mais de duas semanas, na Rua da Fortaleza em Sesimbra.»
Notícia sobre as comemorações do 25 de Abril (pág. 10)
Chamar exposição a uma lona de grandes dimensões… é, convenhamos, um bocadinho exagerado. E dizer que esteve «patente» é, talvez, excessivo. Mas eles lá sabem!

«(…) realçando no final que este encontro é o nosso contributo para que a participação mais a responsabilidade, igual ao desenvolvimento, seja um objectivo a alcançar em cada ano que passa
Estas aspas encerram uma citação que não se sabe onde começa… Já para não dizer que o conteúdo é, completamente, imperceptível.

«Seguiram-se os discurso das individualidades presentes na mesa (…)»

Notícia sobre o aniversário da Sociedade Musical Sesimbrense (pág. 12)

«Sentimento de gratidão partilhado pela Presidente da Assembleia Municipal, por uma colectividade que destacou como “Um espaço de liberdade, de democracia”, e aberto a toda a comunidade.»
Idem
Não andava por aí um “se” perdido? E porque é que a citação começa com maiúscula, assim como “presidente”?
E… já agora, o adjectivo «aberto» [masculino] qualifica a colectividade [feminino]? Vamos acreditar que é o «espaço» que é «aberto» porque até a tolice tem limites.

«Entre 2 e 11 de Junho, no recinto da Feira Festa (Rua Sacadura Cabral) decorrerá mais uma edição da Feira-Festa da Quinta do Conde.»
(pág. 15)
É sempre importante saber que a Feira-Festa decorre no recinto da Feira-Festa. É que, às vezes, isso podia passar despercebido.

A notícia sobre o Dia da Europa é, em si e por si, uma pérola. Aproveito para destacar o desfecho da prosa:
«Também durante o mês de Maio pode visitar uma exposição bibliográfica ligada à questão da Europa e da Cidadania, onde se destaca o “Dicionário de Termos Europeus” cuja obra (o que é que isto faz aqui?!) reúne cerca de 500 definições e aborda diversos temas que têm como denominador comum a Europa e a União Europeia, esclarecendo inúmeros termos utilizados na chamada linguagem Europeia (…).»
Ah! Agora é que percebi! A folha de couve é escrita em “linguagem europeia”!

«A queima do Judas no sábado de Páscoa, pelo meio-dia, recuperou de forma exemplar uma tradição que se estava a perder no tempo.»
Notícia sobre a ‘Onda Jovem’ (pág. 16)
Ao que parece, há quem não tenha a mesma opinião.

«O torneio, reuniu doze equipas, nos escalões de Escolas e Infantis, entra as quais, os actuais Campeões Distritais de Infantis (…).»
Eu entro, tu entras, ele entra. Entramos todos para ficarmos uns entre os outros.

Desta feita, fico-me por aqui. Já chega de maus exemplos. E neste boletim eles multiplicam-se. Este post dá conta de uma pequena, mas significativa, amostra.

Os que já leram o Boletim Municipal perceberam, certamente, que ‘saltei’ as páginas dedicadas à ‘Mata de Sesimbra’. Mas isso merece um novo post. Fica para amanhã.

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