26 de jun. de 2006

Maus exemplos

«Almada quer "abrir" castelo
A Câmara de Almada defende a adaptação do castelo, actualmente ocupado pela GNR, a uma função turístico-cultural, mas continua sem uma resposta concreta por parte do Governo. O monumento acolhe há décadas o comando do Grupo Territorial de Almada, impedindo a população de usufruir dos valores arquitectónicos e patrimoniais que tem para oferecer. »
Afinal há mais fortalezas por esse país fora.
Porque não perguntam ao presidente da Câmara de Sesimbra como resolveu o problema da "sua" fortaleza?
Talvez porque aprenderam com os erros dos outros.
Os maus exemplos não se copiam!

22 de jun. de 2006

Favor com favor se paga

«A Comissão de Utentes da Saúde da Quinta do Conde [promoveu ontem] uma concentração popular contra a intenção do governo de trocar o projecto da nova extensão de saúde por outro de menor dimensão.
A actual extensão de saúde da Quinta do Conde funciona há mais de 20 anos em instalações provisórias muito exíguas e tem apenas quatro médicos, havendo cerca de 10 mil utentes registados sem médico de família.
(…) “Na nossa opinião, o abandono do primeiro projecto representa uma desperdício de dinheiros públicos”, acrescentou Helena Cordeiro [da Comissão de Utentes], lembrando que a Câmara Municipal de Sesimbra também investiu muito dinheiro para adquirir 14 lotes de terreno que eram necessários para a construção do projecto.
“O novo projecto é insuficiente para dar resposta às necessidades de uma população de cerca de 25.000 habitantes e representa mais um atraso na construção da nova unidade de saúde”, frisou Helena Cordeiro. (…)
Por tudo isto, a Comissão de Utentes [apelou] a uma grande participação da população na concentração marcada para quarta-feira, pelas 17:00, junto à actual extensão de saúde da Quinta do Conde. (…)»
Notícia da Agência Lusa.

Será que os presidentes das autarquias de Almada e Seixal se juntaram ao protesto?

21 de jun. de 2006

Revista desportiva

Hoje, o assunto não podia ser outro.

«Desafiar o leitor para qualquer tema estranho ao acontecimento do dia - antes ou depois do jogo - não parece ter, assim, qualquer utilidade prática, como se pode ver pelos jornais e pelas televisões, já para não falar no Parlamento, que adaptou o hemiciclo ao formato rectangular de um relvado alemão.
(...) Se hoje vencermos o México ou, em todo o caso, ficarmos em primeiro lugar no nosso grupo e, por um golpe do destino, ultrapassarmos a barreira seguinte, quem nos pára? Mas se nem uma coisa ou outra conseguirmos, quem nos consola? A verdade é que, praticamente sem darmos por isso, estamos outra vez suspensos do que outros (neste caso a nossa selecção - ou a selecção de Scolari?) poderão fazer por nós.»
Vicente Jorge Silva, in Diário de Notícias (21 Junho 2006)

«Se Portugal chegar à final, não vou abrir a boca de espanto e, se for eliminado nos oitavos-de-final, também não.»
José Mourinho, treinador português do Chelsea, sobre o Mundial de Futebol.

«Uma sondagem recente feita na Alemanha concluiu que das 2000 pessoas entrevistadas, 34% das mulheres e 21% dos homens não estão de todo interessados no maior evento desportivo do ano. É evidente que se trata de uma minoria, mas, sem dúvida, de um número relevante de consumidores disponíveis para algo completamente diferente. Ainda na Alemanha, por exemplo, já há restaurantes que se auto-intitulam de 'World Cup free'.»
Rui Camarinha, in Portugal Diário

«Cristiano Ronaldo é o jogador de futebol preferido da comunidade gay holandesa. A edição online da revista De Gay Krant publicou uma lista com a equipa de sonho escolhida pelos leitores, liderada pelo internacional português. »
in Diário Digital

«Os comentadores da imprensa internacional foram unânimes em considerar que Cristiano Ronaldo exagerou nos efeitos sem qualquer utilidade prática. O mesmo que dizer que o melhor de um quadro de Picasso é tapar o buraco na parede. Toda a arte é inútil. É um fim em si mesmo. Qualquer jogador, à excepção do Secretário, pode atrasar uma bola. Só os da estirpe de Ronaldo podem fazê-lo depois de fintar dois adversários. Não podemos louvá-lo por ele se cansar só para nos divertir? Quantos o fazem? (...)»
Bruno Vieira do Amaral no blogue 'Origem das Espécies'

«Uma promoção da Sport TV ao jogo Portugal-México de amanhã que usa a voz do falecido Jorge Perestrelo aos gritos "Portugal! Portugal!", enquanto surge a seguinte legenda no ecrã: "O chili vai ser cozido à portuguesa."»
Pedro Correia no blogue 'Corta Fitas'


«Duas vitórias consecutivas de Portugal e o acesso antecipado aos oitavos-de-final (antes ainda do jogo contra o México) não lhes bastaram para reconhecer o mérito da selecção e do seleccionador. Esta semana lá desfiaram os habituais argumentos contra Scolari, amontoando críticas à turma portuguesa. Destaco algumas:
Rui Moreira:
- "Neste momento não há rotinas de jogo [na Selecção]."
- "Há algumas lacunas a nível de banco."
António-Pedro Vasconcelos:
- "O problema mais grave de Portugal é a defesa. Miguel não me dá a mesma segurança que o Paulo Ferreira."
- "Pauleta é a grande vítima da falta de velocidade [da Selecção]."
- "A Selecção ainda não foi verdadeiramente posta à prova."Jorge Gabriel:- "Falta velocidade ao futebol português."
- "Acho preocupante o momento de forma de Cristiano Ronaldo."
- "Se o Cristiano Ronaldo falha aquela grande penalidade não tínhamos mais Cristiano Ronaldo."
O moderador do debate, Carlos Daniel, bem tentava chamá-los à realidade. Mas eles continuavam a falar como se Portugal tivesse perdido contra Angola e contra o Irão, em vez de ter ganho. Quem sabe se um deles ainda chega a seleccionador nacional para mostrar a Scolari como se conquista um Campeonato do Mundo?»
Idem

20 de jun. de 2006

Erros - A Saga

A propósito do post de ontem, alguém comentou comigo que a vereadora da Cultura da Câmara Municipal de Sesimbra oferece à população a música que ouve e em que se revê.
Depois de ler o texto com que a autarca abre a brochura dedicada à 3.ª exposição internacional de artes plásticas, pergunto-me sobre o que anda a vereadora a ler. Talvez os boletins municipais… Digo eu. Senão vejamos:

«Globalizar o sentido da palavra arte é a intenção primordial deste projecto que atinge, este ano, a 3ª edição. Ultrapassar obstáculos, principalmente, o da "interioridade", é uma tarefa corajosa e de certa forma hercúlea, que os organizadores deste projecto tem sabido enfrentar, ultrapassando obstáculos e reunindo forças para, em cada nova edição, fazer melhor.»

Em tão pouca prosa há muito a apontar:

1. O sujeito da frase (os organizadores) deveria estar de acordo com o verbo (é ‘têm’ e não ‘tem’ como está escrito).
2. «Ultrapassar obstáculos»«ultrapassando obstáculos» é bem capaz de ser uma ideia redundante. Mas há que dar um desconto. Foram mesmo MUITOS os obstáculos a ultrapassar.

3. A palavra «interioridade» está entre aspas. Mas mesmo assim não consigo perceber, o segundo, terceiro ou mesmo o quarto sentido de «interioridade» associado a uma terra à beira-mar plantada, paredes meias com Lisboa, Setúbal, Almada ou Seixal. Parece-me bem que esta “interioridade” só existe na cabeça de alguns. E combatê-la, isso sim, é uma tarefa hercúlea! Mas são obstáculos que temos de ultrapassar… De que forma? Ultrapassando-os!

Ups… Isto pega-se!

19 de jun. de 2006

Viva a «cultura popular»

Terminou, há dias, a ‘Feira Festa’ na Quinta do Conde. Em declarações ao jornal ‘Notícias da Zona’ a vereadora da Cultura, Felícia Costa, defendeu que este é «um evento que traduz a cultura popular, a linguagem do povo, tudo o que vem dele e da sua alma». Poético, ah?
Marcaram presença na Feira «que traduz a cultura popular» nomes como ‘Tina T’, ‘Manolo’, ‘Axel’, ‘Melão’, ‘Hugo Leal’ (que tem um CD novo intitulado ‘É muita areia para esta camioneta’), a inconfundível ex-Doce Ágata, a boys band os ‘Santos’, as ‘Pop 21’, o João Marcelo (que, atenção, está a gravar um CD com 'o melhor de João Marcelo'), o João Magalhães, o José Carlos, o Jorge Paulo e o Alex (autor do sucesso Mister Gay), entre muitos outros. Gostos, não se discutem, é verdade. Pessoalmente dispenso este tipo actuações mas sei que há quem goste e só tenho de respeitar. Mas tenho dúvidas que a música que passou pela Quinta do Conde possa, de alguma forma, traduzir a «linguagem do povo» e a sua «alma».
A vereadora diz ainda que a ‘Feira Festa’ permite reafirmar «os laços sociais e raízes que aproximam os homens». A edição de 2006, no entanto, esteve longe de gerar todo este ‘aconchego’. Sublinhe-se que, no fecho da festa, o presidente da Junta de Freguesia da Quinta do Conde retirou, publicamente, pelouros que tinha delegado nalguns membros do seu executivo e, na imprensa, Augusto Duarte referiu-se à ‘Feira’ como um «poço de irregularidades». À parte de todas essas tricas, a noite dedicada ao rock não se realizou, porque dificuldades na actuação das escolas da freguesia e atrasos no espectáculo geraram a ira de populares que arremessaram pedras para o palco.

Tivemos ainda o ‘Assalto à Fortaleza’, uma reedição pexita do ‘Assalto ao Castelo’, este último com origens camponesas. Não reconheci nesse evento nenhuma lição de história como aquela a que assisti no Castelo, com a reconstituição da conquista do castelo pelos cristãos aos mouros, mas a recriação de uma ficção que metia piratas. Nada contra. Foi um momento com alguma piada. Entretenimento.

Do rol de eventos dos últimos dias consta ainda mais uma edição da, já habitual, exposição internacional de artes plásticas. Um evento que, este ano, nasceu torto, com duas peças vandalizadas em plena marginal de Sesimbra. Faltou, julgo eu, bom senso dos dois lados. Do lado dos que destruíram as peças, porque nunca foram educados a respeitar este tipo de obras. Do outro, alguma falta de cautela e caldos de galinha (Como diz a publicidade… Porque os acidentes acontecem e os seguros também…), pois coisas destas, infelizmente, acontecem e não ter sequer ponderado esta possibilidade fez com que o evento ficasse manchado antes mesmo da sua inauguração, independentemente do sucesso que venha ainda a conhecer.

No meio de tudo isto, continuo a achar inconcebível que não haja uma estratégia cultural em Sesimbra. Apenas se reconhecem eventos avulsos, sem jeito nem amanho. ‘Entretenimentozinhos’. Enchem-se os olhos da população com inúmeros acontecimentos apenas com meio, sem princípio nem fim. A cultura sesimbrense continua escondida. Não se ensina nada a ninguém. Por isso, infelizmente, muitos continuarão a não querer aprender. É que a cultura também passa por aí.

9 de jun. de 2006

Sem surpresas

«O presidente da Câmara de Sesimbra está «indignado» com a decisão do Ministério da Saúde de reduzir, para cerca de metade da área, o futuro Centro de Saúde da Quinta do Conde. Numa reunião com a secretária de Estado Carmen Pignatelli, Augusto Pólvora ficou a saber que as «restrições orçamentais» e a «nova filosofia de unidades de saúde familiares» levaram o Governo a reequacionar o projecto previsto para aquela freguesia.»

Será que ainda consideram que o importante é fazer um cordão humano para reivindicar a construção de um hospital no Seixal?... Duh!

2 de jun. de 2006

Dias com sentido

Todos os dias são dias.
Dias de alguma coisa.
Ontem foi ‘Dia Mundial da Criança’. Anteontem foi ‘Dia do Pescador’. Depois também temos o ‘Dia da Mãe’, o ‘Dia do Pai’, o ‘Dia Internacional da Mulher’, o ‘Dia dos Namorados’, o ‘Dia da Árvore’, o ‘Dia da ‘Água’, o ‘Dia da Floresta', e… e… enfim, um leque alargado de homenagens. O PSD propôs a criação do ‘Dia do Cão’. Porque não?
Embalado nesta atribuição de sentido e razão de existir aos dias, a Câmara de Setúbal aprovou, na quarta-feira, por unanimidade, a criação do ‘Dia Municipal da Arrábida’, que será assinalado a 5 de Junho de cada ano, a partir de 2007. A iniciativa visa sensibilizar a população local para a importância e preservação do património natural, arqueológico, arquitectónico, histórico e tradicional da zona.
Um dos vereadores sadinos propôs que a actual maioria da Câmara de Setúbal desenvolvesse esforços para que o Dia Municipal da Arrábida seja também instituído nas autarquias vizinhas de Sesimbra e Palmela, porque os três concelhos têm parte do território integrado na área protegida do Parque Natural da Arrábida.
Será que aqui o pessoal vai alinhar? Precisamos mesmo de atribuir a razão de existir deste dia à Arrábida?
Vamos crer que sim... Então, a partir de agora, todos os '5 de Junho', vamos ser originais e dizer: como seria bom se todos os dias fossem dias da Arrábida.
Mantendo a originalidade podemos mesmo concluir: Mas a Arrábida será sempre que o Homem quiser!
Ou melhor. A Arrábida só o será enquanto o Homem quiser.