12 de nov. de 2009

Lindo...

No editorial do mais recente 'Sesimbra Municipío', o presidente da Câmara Municipal de Sesimbra, Augusto Pólvora, mostra-se satisfeito e confortável perante os resultados eleitorais que obteve. Nem outra coisa seria de esperar. Se há 4 anos, com uma "maioria eleitoral frágil", como diz, se propôs a ser "presidente de todos os sesimbrenses", agora, perante a maioria absoluta alcançada nas últimas eleições, Pólvora anuncia: "aquilo que podem esperar de nós é governar para todos os sesimbrenses e tratar todos por igual".
Estas afirmações confundem-me... Será que Augusto Pólvora acha que poderia ser de outra forma?! É que isto é tão óbvio que afirmá-lo como se fosse um compromisso é absolutamente inócuo e até constrangedor. Estas são afirmações completamente vazias de sentido e de conteúdo, que só podem incomodar quem as lê. A Augusto Pólvora, talvez lhe tenha parecido uma coisa bonita de dizer.
Da mesma forma que é... bonito... afirmar que aquilo que espera das diversas forças políticas é "cooperação, sentido de responsabilidade e uma postura construtiva em caso de oposição". "Em caso de oposição"?! Pois é, a democracia tem destas coisas. Apenas se não fosse uma democracia, se colocaria o "caso" de haver um "caso" em que uma força política não adoptasse a referida postura determinada por Pólvora "em caso" de oposição.
E será que uma força política que não se assuma como oposição não precisará de adoptar uma posição de "cooperação, sentido de responsabilidade e uma postura construtiva"? Hmmm...
Resumindo, atrevo-me a dizer que este será o editorial menos inspirado de sempre de Augusto Pólvora. A última frase é, sem dúvida, a chave de ouro, que tem a graça e o encanto duma casa de emigrantes na Guarda: "Aquilo que sabemos é que Sesimbra vai continuar a mexer, connosco, convosco, com todos!". Bonito...

Nas páginas 8 e 9 desta publicação é apresentada a constituição dos novos órgãos autárquicos. E aqui já é visível como Augusto Pólvora sabe ser "presidente de todos" por igual. Assim, no que diz respeito ao executivo da Câmara, da mesma forma que enumeram os pelouros atribuídos aos vereadores, poderiam e deveriam afirmar apenas que Américo Gegaloto (PS) não tem pelouros. Mas não. Sobre este vereador é dito: "Não aceitou os pelouros propostos pelo presidente da Câmara". Quase soa a queixinhas que é uma coisa tão feia... Ora, na mesma ordem de ideia deveria ter sido dito, relativamente ao vereador do PSD: "aceitou os seguintes pelouros propostos pelo presidente da Câmara". Certo?

Provavelmente, o que Augusto Pólvora se esqueceu de referir no seu inspirado editorial é que, "em caso de oposição" é uma coisa, e em caso de cooperação é outra.

Em ambos os casos, diria eu, é mesmo determinante "o sentido de responsabilidade". Veremos quem aguenta o barco até ao fim.

3 de nov. de 2009

Portão de escola sem crianças

Há dias, a notícia da queda de um portão que provocou ferimentos ligeiros numa criança de sete anos, na recém-inaugurada escola do Pinhal do General (Quinta do Conde) surgiu em diversos meios de comunicação social. À TSF, a vereadora da Educação, certamente desprevenida, prestou declarações desastrosas. Segundo Felícia Costa, "eventualmente, qualquer equipamento, não pode estar preparado para uma má utilização, nomeadamente, crianças a brincar e a oscilar em cima do portão. (...)". Para a vereadora, "se não tivéssemos crianças penduradas no portão, ele não teria caído".
É claro que, se não andarmos de carro, e não tivermos de fazer uso desse equipamento para acelerar, por exemplo, não sofremos acidentes.
É claro que, só se não passearmos na rua, nunca correremos o risco de levar com um vaso na cabeça, caído duma varanda.
É claro que se não andarmos de bicicleta, nunca cairemos, nem sequer seremos capazes de partir uma perna.
É claro que se não houvesse pedras na rua, nunca nos partiriam a cabeça com um arremesso.
É claro que, só quem não fala, ou seja, quem não faz uma má utilização do aparelho vocal, não corre o risco de dizer asneiras ou de desafinar.
E é claro, que seria muito mais fácil fazer uma escola sem crianças, já que elas são especialmente propensas a fazer uma má utilização dos equipamentos.

2 de nov. de 2009

Nem mais

"(...) Chega a ser confrangedor assistir ao polígono de vícios que condenam a vida autárquica a negar-se a si mesma e a reproduzir indefinidamente os erros que era suposto ter corrigido há muito tempo.
Dois aspectos são particularmente graves. Um, pelas consequências desastrosas que tem no já muito escangalhado ordenamento do território. Outro, pela corrosão que traz aos valores da democracia.
O primeiro decorre da já insuportável perpetuação do financiamento das autarquias a reboque dos negócios do imobiliário, um vício que por toda a Europa já foi praticamente resolvido. Que eficácia pode ter uma política de ordenamento do território quando, ao nível autárquico, a principal fonte de receitas é a compra e venda de casas? E quando as mais-valias geradas por decisão administrativa revertem na sua totalidade para o mediador que conseguiu 'convencer' uma autarquia a tornar urbano um terreno que ele comprou barato - porque era rural - a quem, por vezes, nem a sua própria casa lá conseguia construir? O que vale o ordenamento quando todos os espacinhos livres de uma cidade, incluindo logradouros, são cobiçados para empilhar andares? O que vale o ordenamento do território sem uma lei de solos e sem um cadastro? (...)

Artigo de Luísa Schmidt publicado no Expresso de 31 de Outubro

30 de out. de 2009

Ordenar sem gente

O Plano de Ordenamento do Parque Nacional da Peneda-Gerês, agora em fase de discussão pública, está a merecer uma forte contestação por parte da população local, que exige que sejam retiradas do documento as normas que impedem a sua livre circulação no território. Segundo o jornal 'Público', o presidente da Junta de São João do Campo, António Pires, acusa o Parque de querer impedir a livre deslocação dos moradores, limitando-a aos casos em que existem colmeias ou outras actividades agrícolas, como o pastoreio.
À partida, seria relevante que os contestatários aos planos de ordenamento dos parques naturais e nacionais se reunissem para, em uníssono, conseguir uma posição de força que contrariasse a gestão do território que expulsa as pessoas que usam e se usam da terra, como do mar, desde há centenas de anos.
Neste caso, porém, também sou tentad@ a afirmar que em relação a este assunto, os responsáveis políticos do concelho de Sesimbra pouco, ou nada, terão para lhes ensinar.

29 de out. de 2009

Como é que coisas tão diferentes podem ser tão iguais?

O novo executivo da Câmara Municipal de Sesimbra tomou ontem posse, numa cerimónia com toda a pompa e circunstância, a lembrar a entrega dos óscares, ou melhor, os lusos globos de ouro. Houve de tudo; desfile de gravatas e modelitos, atrapalhações, gaffes, voz off, apresentações, agradecimentos, cumprimentos, cobertura jornalística, fotografias e tudo aquilo a que os eleitos, novos e menos novos, tinham direito. Para já, a vitória da CDU em toda a linha nas últimas autárquicas, reforçou a ideia de que as festas e festarolas vão manter-se ou até mesmo ganhar um outro glamour. Não importa o quê, importa que brilhe. Até a recém-empossada presidente da Assembleia Municipal de Sesimbra, Odete Graça, assumiu irrepreensível e com algum charme, o papel de Catarina Furtado ou Bárbara Guimarães e, garanto, não lhes ficou nada atrás.
No meio do brilho, das luzes, e do arranjo floral que se estendia a todo o palco, ficaram também clarificadas algumas posições políticas. Para começar, Augusto Pólvora, o grande vencedor do Globo, depois de agradecer votos, felicitar derrotados e afirmar humildade, enumerou a distribuição dos pelouros pela vereação.
Ninguém se surpreende que o novo vereador do PSD, Francisco Luís, assuma agora os pelouros da Segurança, Protecção Civil e Ambiente. Não obstante, o programa com que o PSD se apresentou a eleições tinha 5 pontos que cabiam num outdoor, sendo que apenas um deles - a criação de polícia municipal - está relacionado com um dos seus pelouros, e nada mais se sabe das suas posições sobre um tema tão relevante como o "ambiente". Até porque, em declarações ao 'Setúbal na Rede', Francisco Luís, refere algo tão relevante como a "Agenda XXI Local". Sobre o assunto, o jornal escreve o seguinte: "Ao nível do ambiente, o social-democrata promete preparar o concelho 'para ter a sua Agenda XXI Local'". Ora, entre preparar o concelho para ter uma Agenda XXI, e comprometer-se com a execução desse documento, que é urgente, vai um grande passo. Portanto, das duas uma, ou Francisco Luís não faz a mínima ideia do que está a falar, ou não faz a mínima ideia do que está a falar. Era aconselhável alguém articular-lhe umas coisas sobre o assunto.
Entretanto, o site criado pelos sociais-democratas no âmbito das eleições autárquicas continua a anunciar "brevemente on-line"... mas aguardemos. Natal é sempre que o homem quiser, e "brevemente" é sempre que o PSD o entender. Aqui ninguém tem pressa e temos todo o tempo do mundo para perceber o que pensa este PSD. Entretanto, eles até podem ir fazendo umas coisitas, precisamente, para matar tempo. Senão vejamos, o Francisco Luís admite ao 'Setúbal na Rede', que ao assumir pelouros a tempo inteiro, estará em condições de efectuar "uma oposição com responsabilidade e onde se poderia colocar em prática algumas das promessas feitas à população". Ora, a parte importante era conseguir perceber que promessas. Portanto, falando numa língua que apenas o PSD percebe, arriscaria a dizer que "brevemente saberemos quais as promessas eleitorais que agora querem pôr em prática, que constam do programa que apresentarão à população brevemente, relativas a umas eleições que já foram". Confuso?
Bom, convirá ainda esclarecer que a tal "promessa feita à população" relativa à polícia municipal expressa no referido outdoor, não é, afinal, segundo Francisco Luís, uma "promessa", mas sim uma mera possibilidade que carece ainda de confirmação. Isto porque, segundo este vereador o próximo passo é "avançar com estudos para saber se existe possibilidade de se criar uma polícia municipal". Ainda mais confuso? Ah pois é!

O vereador do PS, Américo Gegaloto, por seu lado, decidiu não assumir qualquer pasta. Ainda segundo o 'Setúbal na Rede', Augusto Pólvora propôs-lhe os pelouros da Saúde Pública, Trânsito e Toponímia, mas o socialista apresentou uma contra-proposta, que foi, claro, recusada, e que incluía as pastas da Acção Social, Juventude ou Bibliotecas Municipais. Ora, a biblioteca municipal já foi um pequeno poder duma anterior vereadora do PS, esvaziado sistematicamente nos últimos 4 anos por Felícia Costa que agora o soma ao seu rol de pastas. Acção Social também lhe pertence, enquanto que a Juventude está sob a alçada do vereador José Polido.
Resumindo, assim à partida, até parece que o PS saiu da letargia a que se tinha resignado, e concedeu-se carta de alforria para assumir o papel de oposição. Dê-mos-lhe o benefício da dúvida. Tirando isso, assim à partida, a única coisa que me causa uma ligeira urticária, que se mantém desde o último mandato autárquico, é este arranjinho entre CDU e PSD. (E agora, leia o título.)

24 de ago. de 2009

Vai um mergulho?

Entre quarta e sexta-feira a bandeira vermelha foi hasteada na praia na Sesimbra.
Segundo informa o site da autarquia, "no final da manhã de 19 de Agosto, devido a uma obra particular que está a decorrer na Avenida dos Náufragos, verificou-se a ruptura de uma conduta de saneamento da empresa Simarsul, o que originou uma descarga directa de águas residuais para a via pública e para a Praia do Ouro".

Faz o que eu digo, não faças o que eu faço

"Mas uma outra qualidade é de sublinhar, na imprensa regional, e que o público reconhece: - a sua isenção, o que a torna preferida pela verdade da informação. Raras vezes, nela se poderão verificar as habituais prepotências do capitalismo ou do caciquismo político. Independente e livre, faz gala em não dobrar a cerviz nem a governos, nem a jogos de politiquices oportunistas."

in Raio de Luz, 15 de Agosto de 2009, p.1

31 de jul. de 2009

O Trânsito (parte IV)

Por fim...
E para fechar este triste capítulo, convém sublinhar que, na entrevista que deu à Sesimbra TV sobre o trânsito na vila de Sesimbra, o presidente da Câmara em nenhum momento refere os seus habitantes.
Sim, não há uma única palavra sobre esses que por aí andam... a atravessar-se no caminho dos turistas que são quem realmente importa...

24 de jul. de 2009

Abertura do grande festival 'coltural' deste Verão: 'O Corta Fitas'

Notícia aqui.

O Trânsito (parte III)

Sim, a entrevista não foi brilhante, e tem dado assunto para desdobrar em vários posts, e este não é, certamente, o último que publicarei sobre o tema. Mas, de facto, basta atentar à forma como começou, para perceber que a entrevista não poderia correr bem. O presidente da Câmara fala durante cerca de 20 minutos... O que é muito tempo... e aumenta as probabilidades de dizer muita coisa. Coisas mais certas, e coisas menos certas. Acontece a qualquer um.
Mas basta escutar os primeiros 5 minutos da conversa para perceber que a coisa só podia correr mal. (O que nasce torto...)
Ora bem, o autarca começa por reconhecer que "é óbvio que existe um problema de trânsito em Sesimbra". Até aqui tudo bem. Mas a primeira justificação apontada é, a modos que, estranha. Diz Augusto Pólvora que a vila "não foi dimensionada para o trânsito automóvel", sobretudo porque o seu "núcleo antigo, com centenas de anos" foi criado "numa época em que nem sequer havia carros".

Alguém é capaz de explicar ao senhor que, apesar de parecer estranho, o mundo surgiu primeiro, depois os dinossauros, mais tarde as pessoas, as ruas e as casas e, só muito recentemente apareceram os automóveis?...

23 de jul. de 2009

O Trânsito (parte II)

Durante a entrevista que o presidente da Câmara Municipal de Sesimbra dá à Sesimbra TV sobre a circulação automóvel e o estacionamento nesta vila, Augusto Pólvora expõe o quebra cabeças com que tem andado entretido ao longo dos últimos anos.
Diz o edil que "é conhecida a estratégia" seguida pela autarquia, "de criar vários pontos de estacionamento relativamente próximos do centro da vila, de forma a que as pessoas possam depois deslocar-se a pé". Nesse sentido, sublinha, "está criado, há 4 anos, o parque de estacionamento do Mar da Califórnia, com cerca de 500 lugares", que, conclui, "raramente enche". No entanto, e mantendo a mesma estratégia... de seguir em frente às apalpadelas, "está em construção, neste momento, um outro silo automóvel associado à unidade turística junto ao Hotel do Mar" que o presidente espera que esteja a funcionar no próximo ano, e que permitirá disponibilizar mais 300 lugares de estacionamento. Por outro lado, foi "também adjudicada a requalificação do estádio da Vila Amália, que prevê um parque de estacionamento público com mais 400 lugares".

Sesimbra tem um problema de estacionamento. É verdade.
Sesimbra tem parques de estacionamento pagos. É verdade.
Os parques pagos não enchem. É verdade.
O problema do estacionamento mantém-se. É verdade.
Mas há mais parques de estacionamento na calha (cuja criação depende do surgimento de novos grandes empreendimentos turísticos e/ou projectos imobiliários). Também é verdade.
Se os parques que existem não têm sido solução, ao arranjar mais uns quantos o senhor presidente acha que vai conseguir "ensinar" aos turistas pobretanas que para aqui andam, como devem gastar uns cobres? Ou, pelo contrário, esses parques vão contribuir para agudizar o problema?
Afinal é Sesimbra que está mal, ou são as "estratégias" de desenvolvimento que lhe aplicam em cima que estão a bater todas ao lado?

22 de jul. de 2009

O Trânsito (parte I)

Proletários de todo o mundo...
Não venham para Sesimbra

"A solução para o turismo que queremos; um turismo com capacidade financeira e com capacidade de fazer negócio na vila... o que nos interessa é ter uma capacidade de resposta ao nível dos parques de estacionamento, mas têm de ser pagos.
Não podemos querer uma vila com gente e com capacidade de fazer negócio, para atrair aqui turistas que querem trazer o carro até à borda de água e que ainda reclamam porque têm que pagar por um lugar de estacionamento. Quando as pessoas vão a um centro comercial, uma estação de comboio, ou a qualquer sítio, têm que pagar pelo parque.
Se há um turista que acha que pagar 1 ou 2 Euros para estar estacionado num parque é demais, então eu penso que esse turista não interessa a Sesimbra. Esse turista não interessa ao comércio local de Sesimbra. É óbvio que isto pode ser muito agressivo dito desta maneira, porque a praia é pública e a vila é pública, mas se as pessoas não têm recursos para usar o meio de transporte individual, então há sempre hipótese de utilizar o transporte público e assim já não têm o problema do estacionamento. (...) Se quer trazer o carro, tem de estar preparado para pagar esse estacionamento. Porque esse estacionamento mais perto do centro é um serviço que tem de ser pago porque não há outra forma de resolver este problema."

Comentário do presidente da Câmara, Augusto Pólvora, sobre o problema da circulação automóvel e do estacionamento na vila de Sesimbra na SesimbraTV.

Não acredito em bruxas, mas que as há...


Notícia publicada no Correio da Manhã, a propósito do incêndio no concelho de Sesimbra:

(...)
QUERCUS SUSPEITA DE INTERESSES IMOBILIÁRIOS
A Quercus suspeita de que haja interesses imobiliários por detrás do incêndio que destruiu mais de cem hectares de floresta na Herdade da Apostiça, em Sesimbra. "Sabemos que as zonas ainda verdes de Seixal e Almada são muito apetecidas e há muitos anos que existem interesses de urbanização na zona ardida", diz ao CM Carla Graça, presidente do núcleo de Setúbal da associação ambientalista, frisando não poder "apontar nada de específico". De qualquer forma, o CM sabe que a PJ de Setúbal está atenta aos fogos na Margem Sul.
Recorde-se que em 2003, quando Isaltino Morais era ministro das Cidades, Ordenamento do Território e Ambiente, esteve para nascer na Mata de Sesimbra um megaprojecto imobiliário de 5200 hectares. O projecto da Pelicano previa investimentos de 800 milhões de euros em vários aldeamentos turísticos com capacidade para trinta mil pessoas. Foi o actual Governo que em 2007 chumbou o plano.
Quanto ao impacto ecológico do incêndio, a dirigente da Quercus desdramatiza. "Os incêndios fazem parte do clima mediterrânico e a vegetação regenera-se. Não é um desastre ecológico, mas coloca questões ao nível da gestão florestal", diz, apontando "problemas clássicos" como "perímetros urbanos mal definidos, com o mato a entrar em casas das pessoas".

DISCURSO DIRECTO
"2 FOCOS INDICIAM MÃO CRIMINOSA" (Octávio Machado, Presidente Bombeiros Vol. Palmela)
CM – Há muito tempo que não se via incêndios de tão grande dimensão na Margem Sul.
O.M. – Sim. Já não estava habituado e causa-me algum espanto. As condições meteorológicas ajudam a explicar e o facto de terem aparecido dois focos, o que indicia mão criminosa. Mas há muito a fazer em termos de planeamento florestal. (...)

17 de jul. de 2009

"Contas são contas"

Em artigo de opinião hoje publicado no jornal 'Nova Morada', o candidato do PS à Câmara Municipal de Sesimbra, Américo Gegaloto, mostra-se incomodado com a utilização comum, em documentos oficiais (e nas mais diversas circunstâncias, acrescentaria eu), da expressão "o actual executivo, de maioria CDU". O candidato socialista esclarece que o executivo camarário tem apenas 3 elementos da CDU, outros 3 do PS e um do PSD.
De facto, assim é. Mas a confusão parece ser generalizada e (acrescento eu) justificada. O candidato, bem como os 3 elementos do PS que integram o executivo camarário, deveriam questionar-se a si próprios sobre o porquê desta confusão, que agora tanto os incomoda. Não é de um dia para o outro que se contraria uma ideia que se foi instalando, tranquila e calmamente, desde há 4 anos, certo?
Até em recente entrevista à 'Sesimbra FM' o candidato do Bloco de Esquerda à Câmara, Carlos Macedo, teve de corrigir uma pergunta da jornalista que referia, precisamente, essa "maioria comunista" que governa a Câmara. Estranho? Talvez não.
Como diz, no seu artigo de opinião Américo Gegaloto, "contas são contas". Está certo. E oposição tem sido oposição?

16 de jul. de 2009

Eles já andem aí

É verdade.
Para quem ainda duvidava, Augusto Duarte já assumiu em declarações ao 'Setúbal na Rede' que vai mesmo apresentar candidatos a todos os órgãos autárquicos do concelho, exceptuando a freguesia de Santiago.
Na entrevista, o ainda presidente da Junta da Quinta do Conde, vem exigir "respeito pelo concelho" porque a "população é maltratada" e acusa o actual executivo da Câmara de andar a empregar mal o dinheiro. Augusto Duarte avança já algumas medidas: "baixar o preço da licença de construção no concelho" e "criar um parque industrial".
Medo!

15 de jul. de 2009

Euromilhões

O folclore tem sido tanto que a última edição do jornal 'Notícias da Zona' anuncia que saiu o Euromilhões à Quinta do Conde. Também o mais recente 'Sesimbra Município' escarrapacha nas páginas centrais um 'Plano Integrado de Valorização da Quinta do Conde' que permite aos quintacondenses sonharem com o paraíso à face da terra num estalar de dedos: rede de ciclovias, complexo desportivo municipal, requalificação do polidesportivo do Pinheiro, espaço de desportos radicais, parque dos pinheiros, parque dos eucaliptos, requalificação urbana da Cova dos Vidros e do antigo Largo do Mercado, Pavilhão Municipal Multiusos, Centro de Inovação e Participação Associativa, Comunidade de Inserção, Campo Scout, Biblioteca Municipal, Auditório Municipal, e, e, e... Uff!
De facto, a Quinta do Conde precisa de muita coisa. Todo o concelho precisa de muita coisa. Pena que só se pense nisso a poucos meses de eleições autárquicas e que a imagem do concelho ideal esteja sempre, nestas alturas, a um curto passo de distância, quando todos sabem os anos que demoraram a fazer com que se chegasse até aqui. Está oficialmente declarada aberta a pré-campanha eleitoral. E, pior, é grave que se utilize, uma vez mais, o 'Sesimbra Município' para fins panfletários e propagandísticos.
Como diriam os criativos da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, a propósito do Euromilhões... "CDU, a criar excêntricos desde 2009"!
Já agora, falando dos problemas reais. Ponha o dedo no ar quem ainda não tem saneamento básico. Sim, no nosso concelho, virado para o turismo, isso ainda é uma excentricidade! Esperemos pelo próximo boletim. Pode ser que nos façam sonhar também.

10 de jul. de 2009

Em construção...

Depois das últimas autárquicas, a Junta de Freguesia do Castelo, numa clara aposta na imagem, na divulgação e... na propaganda, claro, lançou um site. Estamos em 2009, e a mesma Junta tem um novo website em construção. Na era das novas tecnologias, uma junta de se preze não deve apenas preocupar-se em estar acessível em qualquer lugar do mundo, mas sim ir fazendo e desfazendo sites. Isso é que é a parte mais engraçada destas coisas! Eu (como muita gente, aposto) era bem capaz de encontrar melhores projectos e mais relevantes onde aplicar o dinheiro.

9 de jul. de 2009

Ainda a Mata de Sesimbra


Consultando nos últimos dias o site da Câmara Municipal de Sesimbra, qualquer munícipe fica inebriado com a quantidade de eventos que vão animar os próximos dias. Ele é concertos, espectáculos, passeios, quinzenas gastronómicas, festivais medievais e outros que tais, e ainda as tão propaladas "opções participadas" ou a campanha do 'oleão'. Por estranho que pareça (ou não) os meios "informativos" (leia-se antes "propagandísticos") de que a Câmara Municipal de Sesimbra dispõe não fazem, no entanto, qualquer alusão ao processo de consulta pública em curso relativa ao empreendimento turístico da Mata de Sesimbra Sul.
São, como dizer... prioridades... às quais nos vieram habituando.
É preferível anunciar a abertura do renovado posto de turismo, ou o saltitante-brilhante-neonizante programa de animação dos próximos dias, a informar os munícipes de que o Estudo de Impacte Ambiental, incluindo o seu Resumo Não Técnico, relativos ao referido mega-projecto imobiliário, estão disponíveis para consulta pública, durante 30 dias úteis (de 3 de Julho de 2009 a 13 de Agosto de 2009) nos seguintes locais:
1) Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo (Rua da Artilharia 1, n.º 33, 1269-145 Lisboa)
2) Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo - Delegação Sub-Regional da Península de Setúbal (Avenida D. João II, 46-B, 2910-549 Setúbal)
3) Agência Portuguesa do Ambiente (Rua da Murgueira, 9/9A - Zambujal, Ap. 7585, 2611-865 Amadora)
4) Câmara Municipal de Sesimbra (Avenida da República, 2970-741 Sesimbra)
O resumo não técnico, pode ainda ser consultado na Junta de Freguesia do Castelo, encontrando-se também disponível no endereço www.ccdr-lvt.pt.

As opiniões e sugestões devem ser apresentadas por escrito e dirigidas ao Presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo.

Segundo o anúncio publicado pela CCDR-LVT, o licenciamento (ou a autorização) do projecto só será concedido após Declaração de Impacte Ambiental Favorável ou Condicionalmente Favorável emitida pelo Senhor Secretário de Estado do Ambiente, ou decorrido o prazo para a sua emissão.
Assim, a Declaração de Impacte Ambiental deverá ser emitida até 22-10-2009.
Ou seja... apenas 10 dias após as eleições autárquicas.

8 de jul. de 2009

E agora onde vão eles botar as belas estátuas dos espadartes?!

Um estudo elaborado por investigadores da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, e que pode ser consultado até final de Agosto, defende a aplicação de novas normas de construção para as rotundas.
Segundo os responsáveis pelo trabalho, "cada vez se associa a rotunda a um monumento" mas a proposta passa pela ausência de elementos rígidos nas ilhas centrais, pelo que deverão ser "evitadas estátuas, fontes, árvores, rochas ou qualquer outro tipo de dispositivo rígido ornamental".
Isto vai ser uma chatice... com tanta nova rotunda a nascer no concelho, ou bem que se apressam a inaugurar, com a pompa e a circunstância que lhes é reconhecida, as estátuas nas rotundas... ou bem que os momentos corta-fitas podem ser substancialmente reduzidos... Enfim, uma dor de cabeça sei eu bem para quem.

7 de jul. de 2009

Perante estas declarações, só podemos rir, para não chorar

"É importante porque, ao nível do emprego, estamos a falar de mais 161 postos de trabalho, e num momento de crise como aquele que vivemos, isto é extremamente importante para o concelho, como é para o país.
É importante também porque é uma loja com uma gama de produtos diferentes em termos de oferta que já tínhamos aqui na zona sul do concelho e, portanto, dá resposta também a algumas necessidades óbvias dos consumidores."
Presidente da Câmara Municipal de Sesimbra, Augusto Pólvora, em declarações à Sesimbra TV, na inauguração do novo 'Modelo' da Venda Nova

"Pelo facto de estarmos a concentrar estas médias superfícies numa única zona e não andarmos a espalhar estas médias superfícies pelo concelho, do nosso ponto de vista, o pequeno comércio está devidamente salvaguardado. Até porque hoje em dia, toda a gente tem carro. Se o concelho de Sesimbra não adoptasse estas médias superfícies, facilmente as pessoas se deslocariam para fora do concelho às médias superfícies contíguas."
Vereador das Actividades Económicas da Câmara Municipal de Sesimbra, José Polido, em declarações à Sesimbra TV, na inauguração do novo 'Modelo' da Venda Nova

1. A grande maioria dos postos de trabalho criados pela nova superfície comercial são precários.
2. Era importante que alguém explicasse aos consumidores do concelho quais são as tais gamas diferentes de produtos com que a nova superfície pode suprir as "necessidades óbvias" que o presidente da Câmara sabe que os consumidores do concelho têm.
3. Convém também explicar o significado da palavra "concentração". Ora, na freguesia de Santiago já temos um Minipreço, e perspectiva-se um Pingo Doce. Na freguesia do Castelo já existem dois Pingos Doces, um Lidl, um SuperSol, e agora a jóia da coroa: o Modelo. Na freguesia da Quinta do Conde, temos também um Modelo, um Pingo Doce, um Lidl e um Feira Nova. Quanto a concentração de grandes superfícies no concelho estamos conversados e não me parece que isto suscite grandes lapsos, certo?... E com tamanha oferta... o senhor vereador ainda receia que a população pegue no carrinho para ir a grandes superfícies nos concelhos das redondezas?...

28 de mai. de 2009

"Vai roubar prá doca, pah!"

Diz o 'Sesimbra Município' sobre a arte xávega em Sesimbra:
"Normalmente os turistas ajudam nesta tarefa e no final são recompensados com um quinhão da pescaria."

Agora, vai ser vê-los a fazer fila...

25 de mai. de 2009

Se uma promessa da pelicano vale muito, muito, muito... muitas promessas da Pelicano valerão muito mais

O jornal 'Sem Mais' desta semana que a Quinta do Anjo terá, a partir de Agosto, mais uma via para descongestionar o trânsito. Nada de anormal, não fosse esta obra uma contra-partida assegurada pela 'Pelicano Investimentos' pela construção do Palmela Village. A obra, que resulta dum protocolo firmado entre a Câmara e a Pelicano em 2001, e que inclui a execução do troço, a criação de 30 lugares de estacionamento e uma intervenção na linha hidráulica, está agora a arrancar, com mais de 7 meses de atraso. Os responsáveis da empresa escusaram-se de revelar ao jornal quais os impedimentos que estiveram na origem do atraso. Por seu lado, o vereador do Urbanismo garante, em declarações ao jornal, que "os desimpedimentos estão feitos há muito tempo". 

29 de abr. de 2009

Afinal foi o gajo que se enganou no botão!

Sem fogo nem artifício
A explicação aqui...

24 de abr. de 2009

Alguém julgava possível?


Pois é... Eles conseguiram: a capa da última edição da agenda Sesimbr'Acontece mostra a baía, com serra, mar... e sem betão, gruas ou andaimes.
Sim, é possível.

Mas vá lá... não lhes dêem ideias. Assim vão perceber que ainda há um espacinho...


20 de mar. de 2009

Felícia opina

A edição de hoje do jornal Nova Morada inclui, no espaço “página do leitor” uma carta que a vereadora da Cultura da Câmara Municipal de Sesimbra, Felícia Costa, dirigiu ao director do jornal, em resposta ao seu último editorial. Vamos então por partes…

1) Felícia Costa considera, segundo escreve, que o direito à opinião é inquestionável, mas lamenta que certas e determinadas “opiniões” surjam descontextualizadas.
Ou seja, a vereadora até nem tem nada contra as opiniões alheias, independentemente do seu sentido, mas opinião que é opinião tem de ter um contexto.
E ninguém melhor do que ela própria para agora vir a público contextualizar a opinião de outros.

2) A vereadora explica, mais adiante, que não quer rebater a opinião expressa no editorial em causa, mas sim “dar a conhecer aquilo que realmente se passa no concelho de Sesimbra e que foi esquecido”… pelo referido “editorial”.
Quem se der ao trabalho de ler a missiva de Felícia Costa constata que a senhora se limita a elencar um conjunto de iniciativas, que ela considera relevantes, como se de uma lista de supermercado se tratasse. Fez, fez, fez, e… fez. Uff, uff, uff e uff e ainda uff!
Julgo que seria bom alguém explicar à senhora que obviamente o chorrilho de eventos, obras e actividades que ela desfia não foi “esquecido” pelo editorial… simplesmente um editorial de um jornal não é o mesmo que um “boletim municipal” ou o “Sesimbra município”. Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. Uma coisa é imprensa partidária e panfletária, outra coisa é um jornal regional, ok?

3)
Depois deste intróito, Felícia Costa explana o rol de coisas, ao melhor nível duma lista de supermercado, cuja leitura é tão enfastiante quanto calculo que seja a leitura duma lista telefónica.
Ora a vereadora deve ter ficado cansada de tanto escrever porque eu, pelo menos, fiquei cansad@ só de ler…
Mas, como explicar a esta alminha que a definição duma política cultural não tem nada, mas mesmo nada, a ver com a quantidade de obras, “obrazinhas” e “obretas” que ela espalha, sem arte nem engenho, pelo concelho?...

4) Sobre o cineteatro municipal diz ainda a vereadora que “com apenas dois anos de funcionamento o equipamento é uma referência regional e começa a conquistar prestígio além fronteiras”.
Eu até acredito que a vereadora goste daquilo. Mas convém alargar horizontes! O Cineteatro que temos é… como dizer… apropriado. Mas não vamos embandeirar em arco. “Uma referência nacional”?! “Conquista prestígio além fronteiras”?! Será que a senhora sonhou de noite para contar de dia? Afinal temos uma casa da música, um centro cultural de Belém, um coliseu, ou uma aula magna, e ninguém reparou?!

5) A vereadora termina a crónica dizendo que “há quem veja nestas acções um conjunto de festas, festinhas e festarolas”. E esta afirmação é, parece-me a mim, a única coisa sensata que Felícia Costa escreve. Mas isso não é uma opinião, com ou sem contexto, é sim, infelizmente, a nossa triste realidade.

6) Ah, e sobre política cultural a vereadora diz… nada.

18 de mar. de 2009

Será burrice, imbecilidade, desconhecimento, estupidez, desequilíbrio, ignorância...

«O Papa Bento XVI defendeu hoje que a solução para o problema da sida não passa pela distribuição de preservativos, horas antes de aterrar na capital dos Camarões para a sua primeira visita ao continente africano.
"Não se pode resolver (o problema da sida) com a distribuição de preservativos", disse o Papa aos jornalistas a bordo do avião da Alitália que o levará até Yaounde, nos Camarões.
Acrescentou que, "pelo contrário, a sua utilização agrava o problema"

In Expresso Online. Continuação da imbecilidade aqui.

10 de mar. de 2009

A importância que a coisa tem... e a importância que se dá à coisa

«Possuindo um relevante valor patrimonial, a Fonte Esquerda apresenta-se como uma das mais antigas do concelho, assumindo-se como marco incontornável na história do abastecimento hídrico da região.»
Excerto de artigo sobre a Fonte Esquerda retirado da publicação Sesimbr'Acontece de Março de 2009

Se assim é, porque a deixam chegar a este estado?...

Foto ilustrativa de artigo sobre a Fonte Esquerda retirado da publicação Sesimbr'Acontece de Março de 2009

8 de mar. de 2009

A sua opinião conta?!

No ano passado, a Câmara Municipal de Sesimbra inundou as ruas com uma campanha de divulgação das "Opções Participadas", desafiando os munícipes a dar a sua opinião sobre a forma como a autarquia deveria gerir uma magra fatia do seu orçamento, disponibilizado para esse efeito. No foro territorial de Alfarim, Caixas e Lagoa de Albufeira, a "meia centena de munícipes" que compareceu na reunião alertou, entre outras coisas, para a falta de um passeio pedonal e o mau estado da estrada de Alfarim.
Entretanto passaram uns meses e a memória, como todos sabemos, é curta para o que lhes convém.
Na última edição do jornal 'Nova Morada', uma notícia relativa à última sessão de Câmara revela que o presidente da autarquia, Augusto Pólvora, submeteu à apreciação da restante vereação, alterações ao orçamento e às grandes opções do plano (GOP) de 2009 devido a uma quebra de 5 milhões de euros no final de 2008. Como consequência, algumas obras "de carácter menos urgente (...) terão de ficar para mais tarde", nomeadamente, a estrada de Alfarim. (Adiados serão também, segundo a mesma notícia, a obra do Jardim de Santana, que já tinha sido anunciada para o 1.º trimestre de 2009, e o canil municipal.)
Afinal aquilo que é urgente para a população não é, necessariamente, urgente para o presidente da Câmara. Mas afinal, de que vale participar se quando chega a hora de fazer, a opinião da população não tem peso. E pior, quem se deu ao trabalho de participar quando a isso foi desafiado, não merece agora uma única palavra ou explicação.
São prioridades, lá está...

6 de mar. de 2009

Antecipação

No editorial do último 'Sesimbra Município', o presidente da Câmara Municipal, Augusto Pólvora, defende que "num momento em que a crise econó­mica domina todas as notícias e começa a tornar-se progressivamente numa crise social à qual o nosso concelho directa ou indirectamente dificilmente escapará, não deixa de ser significativo o facto de estarem em construção na vila de Sesimbra três novas unidades turísticas". Mais adiante no boletim é afirmado que "a partir de 2010, Sesimbra vai poder contar com três complexos turísticos que irão trazer à vila mais emprego, mais investimento, mais turistas e mais atractividade".
O presidente equivocou-se na data. Um destes empreendimentos antecipou-se e já está a ter consequências:
«A circulação automóvel na Rua General Humberto Delgado, entre o Largo Almirante Gago Coutinho e o Monumento aos Combatentes, encontra-se cortada devido ao aluimento de uma parte da via provocado pelos trabalhos de construção do edifício Sesimbra Shell, destinado a empreendimento turístico e silo automóvel. A circulação será retomada assim que o promotor da obra efectue a consolidação dos terrenos.»
Notícia publicada no site da Câmara Municipal de Sesimbra

5 de mar. de 2009

O regresso do... FOLHA DE COUVE

Há muito que não me debruçava sobre o 'folha de couve', a que neste concelho se convencionou chamar 'Sesimbra Município'. Tudo porque ao abrir a revista Visão da semana passada tive uma leve sensação de deja vu. Na secção dedicada às cartas dos leitores desta revista semanal,  dei de caras com uma foto e um texto que tinha visto e lido uns dias antes no... 'folha de couve'. Nada que merecesse referência neste blogue, não fosse o facto de, ao voltar a  abrir o boletim na página 4 para, por mera curiosidade, confirmar esta semelhança, ter percebido que, nessa mesma página, uma notícia sobre o Regulamento de Feiras e Venda Ambulante surge ilustrada com uma foto de uma pessoa a espreitar numa fenda aberta num enorme rochedo. Tudo bons motivos para continuar a desfolhar a couve:

1. Prémio "dizer pouco-ou-nada em muitas palavras"
Diz o boletim (pág.5) que "está em curso a reabilitação de um espaço verde na zona da Cova dos Vidros" o que incluiu a "colocação de terra e sistema de rega" e , além disso, a Câmara "vai também efectuar a plantação de espécies arbóreas".
"Efectuar a plantação" é fazer muita coisa, mas pôr terra, instalar rega e plantar árvores é criar um espaço verde e não reabilitá-lo porque, pelo que daqui se deduz, ele não podia existir.
É que há "espaços verdes", há canteiros, e há terrenos baldios pomposamente apelidados de "espaços verdes" onde se efectuam plantações... 
De espécies arbóreas.

2. Prémio "Concelho prevenido"
Mais adiante (pág. 7) é referido o investimento que a Câmara fez na área da limpeza urbana. A autarquia adquiriu uma viatura de recolha de resíduos sólidos urbanos e uma varredoura. Sobre a primeira é dito que se "destina a efectuar a recolha de contentores nas freguesias de Santiago e Castelo" e que permitirá aumentar "a eficácia do serviço em caso de avaria ou acidente de outras viaturas de recolha".
Esta é uma opção que, de facto, nos deve deixar muito mais tranquilos. Mas como concelho prevenido vale por dois, o melhor é comprar mais um brinquedo destes, não vá este último também avariar ou sofrer um acidente. Nunca se sabe!

3. Prémio "Não podem ver nada!"
Ficamos também a saber que a Câmara propõe a construção duma rotunda junto ao hipermercado Modelo na Quinta do Conde que será, afirmam, "semelhante à que está a ser construída em Picheleiros, em Azeitão, onde o volume de trânsito é substancialmente inferior ao desta entrada na Quinta do Conde".
Ninguém lhes ensinou que é muito feio cobiçar as coisas alheias...

4. Prémio "O mais, o melhor, o maior... parolo"
Na notícia intitulada "Apartamentos qualificam oferta turística", o concelho de Sesimbra é apresentado como "o mais importante destino internacional da Península de Setúbal", na senda da "maior árvore de Natal do mundo", "do maior centro comercial da Europa", etc. etc... exemplos deslumbrantes do parolismo nacional. Claro que por aqui também temos de ser "o mais" em alguma coisa, mesmo sendo este um epíteto duvidoso e questionável.
Depois, o chorrilho de disparates continua: "transpor o atendimento, serviços, comodidade e lazer de um hotel para apartamentos, que proporcionam tendencialmente mais privacidade (já agora, alguém me consegue explicar o que querem dizer com isto?...) foi o principal objectivo das empresas dinamizadoras, que pretendem contribuir para alargar o turismo o sesimbrense ao ano inteiro". Ora pois! Eu também acredito nas boas intenções destes empresários... Tão preocupados connosco, que queridos!
Mas calma que isto não acaba aqui...
"A possibilidade dos apartamentos serem utilizados nas épocas tradicionalmente mais baixas vai proporcionar um novo impulso ao comércio e serviços."
Até parece que só aqui, e só estes apartamentos em particular, é que vão estar abertos fora da época alta. Isto só visto...

(Continua...)

4 de mar. de 2009

Veredicto: Afunde-se!

O fundo do mar de Sesimbra atrai, anualmente, milhares de mergulhadores. De forma, precisamente, a “incentivar ainda mais esta atracção turística”, o presidente da Câmara Municipal de Sesimbra, Augusto Pólvora, está equacionar o “afundamento artificial de um navio” obsoleto, como noticiou o ‘Jornal de Notícias’. O projecto está, segundo o jornal, a ser estudado em conjunto com a Marinha e com o Parque Natural da Arrábida, que abrange toda a zona marítima sul de Sesimbra. O autarca esclarece que pretende desta forma “afirmar cada vez mais Sesimbra como um destino turístico para o mergulho”. “Temos condições únicas e riqueza de fauna e flora", diz. Mas como isso não basta, vamos lá pôr um barquito pró pessoal se entreter… Eu cá tenho ideias de outras coisas bem mais interessantes que deveriam ser afundadas.

2 de mar. de 2009

Pare-se tudo! É Carnaval...

« (...) Convém dizer, aliás, que o Carnaval à portuguesa, inspirado nos corsos brasileiros, está para o Carnaval brasileiro como a água-pé está para a caipirinha. É, seguramente, dos momentos em que mais apetece fugir daqui, de tal maneira a exibição do humor luso se torna ridícula, patética e deprimente. O Carnaval brasileiro, no Rio e não só, é um espectáculo cénico e visual exuberante, preparado durante um ano inteiro, reunindo as melhores escolas de samba, os melhores músicos, os melhores letristas e compositores, unidos num tema que tem sempre que ver com a história do Brasil ou com a História Universal (este ano, por exemplo, uma das escolas do Rio assinalava os 200 anos do nascimento de Darwin). Goste-se ou não, o Carnaval brasileiro é hoje reconhecido como uma manifestação cultural de massas única no mundo. O nosso, espalhado por várias terras de 'tradições carnavalescas', não tem nada que ver com isso: é um corso trapalhão e pindérico, 'abrilhantado' por tristes vedetas, histéricas de alegria contratual, e onde os temas são invariavelmente os mesmos: a piada política demagógica e a ordinarice rasca. Parece que isto traz muitos turistas às terras e anima o comércio local: ainda bem. Desejo-lhes longa vida, mas não me obriguem a confundir isto com humor ou liberdade criativa. (...)»
Miguel Sousa Tavares no jornal Expresso, sobre o Magalhães de Torres Vedras, cujo corso carnavalesco integrou ainda «um falo gigante apontado ao céu em estado de alerta sexual e um boneco enorme do Cristiano Ronaldo com um testículo de fora».

9 de jan. de 2009

Recessão

“Vocês aí que sempre economizaram tanto para os dias piores, podem começar a gastar: os dias piores já chegaram”.

Millôr Fernandes

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