O ‘Sesimbra Município’ de Maio é, mais uma vez, exemplo daquilo que não se deve fazer, ou melhor, escrever. Os atentados à língua portuguesa atropelam-se em frases mal construídas e mal estruturadas. Isto para não falar da desinformação e das mentiras publicadas. É de deitar as mãos à cabeça!
Frases demasiado compridas, sem sentido, ausência de vírgulas, vírgulas colocadas onde não fazem falta, palavras mal separadas… Enfim… Um número infindável e vergonhoso de erros, falhas e omissões.
Deixo aqui, mais uma vez, apenas alguns exemplos da arte de mal comunicar.
«A Fortaleza de Santiago, um dos ex-libris de Sesimbra, já está aberta ao público durante os 365 dias do ano, das oito às vinte horas (de 15 de Setembro a 30 de Maio), e das oito à uma hora da madrugada (de 1 de Junho a 15 de Setembro) (…)»
Notícia sobre o acordo assinado em relação à ‘abertura’ da Fortaleza (pág. 3)
Alguém consegue perceber qual o horário que funciona no dia 15 de Setembro? Ou quando chegar o dia atira-se a moeda ao ar?
«O acordo de intenções permitirá à Câmara, utilizar os espaços públicos (…)»
Idem
A Edite Estrela fartou-se de repetir que nunca se separa o sujeito do verbo com vírgulas. Na 'couve' ninguém a ouviu.
«Estão previstas a realização de várias iniciativas durante os próximos meses, sobretudo no Verão.»
Idem
«Está prevista» é a forma correcta, pois refere-se à «realização» e não às «iniciativas». Capice?
«Na Quinta do Conde, a actual ETAR irá ser substituída por outra, completamente nova e adequada às necessidades da população.»
É impressão minha ou esta ETAR já foi inaugurada, ‘à pressão’, pela CDU, em período pré-eleitoral, antes do reinado de Amadeu Penim?
«As obras e investimentos na área da recolha, transporte e tratamento de esgotos vão assistir, nos próximos tempos, a um significativo incremento.»
Notícia sobre as obras de saneamento (pág. 6)
As obras assistem a incrementos… Sim, eu percebo. É a escrita surrealista. Demasiado ‘à frente’ para um(a) comum pexit@, como eu.
«Assim, iniciou-se em Abril a recolha de entulhos e o seu transporte ao aterro sanitário da Amarsul (…)»
Notícia sobre a remoção de entulhos das matas (pág. 7)
Que tal «para o aterro» ou «até ao aterro»?
«Em breve iniciar-se-á a construção de uma nova conduta distribuidora da Maçã/Alto das Vinhas.
A obra estará concluída em Agosto e irá permitir a regularização do abastecimento de água (…).»
Notícia sobre as obras de abastecimento de água (pág. 7)
O correcto seria «na Maçã» e «permitirá». Para quê usar dois verbos se se pode usar um para dizer o mesmo?
«Os trabalhos de regularização e pavimentação da Rua Serra da Arrábida na Boa Água 1, zona nascente, já se iniciaram.»
Notícia sobre as pavimentações na Quinta do Conde (pág. 8)
Será que aquilo não lhes soa mal?!
«A abertura da Lagoa de Albufeira ao mar é [verbo ser, presente] um momento que, no passado, chamava [verbo chamar, pretérito imperfeito], a atenção de dezenas de pessoas que se deslocavam [verbo deslocar, pretérito imperfeito] ao local.»Notícia sobre a abertura da Lagoa de Albufeira ao mar (pág. 8)Anda alguém perdido no tempo (dos verbos)? Vejam lá se percebem: a abertura da Lagoa
é um momento que
chamava pessoas. Será que isto também não lhes soa mal?!
«Este ano, surpreendentemente, esta instituição comunicou à Câmara Municipal de Sesimbra que não iriam desenvolver o processo (…).»Idem
A instituição não «iriam»… Ela é só uma!
«Essa participação deu origem numa primeira fase, à criação da imagem gráfica das comemorações e à exposição ‘Abril Rostos Mil’, que esteve patente durante mais de duas semanas, na Rua da Fortaleza em Sesimbra.»Notícia sobre as comemorações do 25 de Abril (pág. 10)Chamar exposição a uma lona de grandes dimensões… é, convenhamos, um bocadinho exagerado. E dizer que esteve «patente» é, talvez, excessivo. Mas eles lá sabem!
«(…) realçando no final que este encontro é o nosso contributo para que a participação mais a responsabilidade, igual ao desenvolvimento, seja um objectivo a alcançar em cada ano que passa”.»Estas aspas encerram uma citação que não se sabe onde começa… Já para não dizer que o conteúdo é, completamente, imperceptível.
«Seguiram-se os discurso das individualidades presentes na mesa (…)»Notícia sobre o aniversário da Sociedade Musical Sesimbrense (pág. 12)«Sentimento de gratidão partilhado pela Presidente da Assembleia Municipal, por uma colectividade que destacou como “Um espaço de liberdade, de democracia”, e aberto a toda a comunidade.»Idem
Não andava por aí um “se” perdido? E porque é que a citação começa com maiúscula, assim como “presidente”?
E… já agora, o adjectivo «aberto» [masculino] qualifica a colectividade [feminino]? Vamos acreditar que é o «espaço» que é «aberto» porque até a tolice tem limites.
«Entre 2 e 11 de Junho, no recinto da Feira Festa (Rua Sacadura Cabral) decorrerá mais uma edição da Feira-Festa da Quinta do Conde.»(pág. 15)É sempre importante saber que a Feira-Festa decorre no recinto da Feira-Festa. É que, às vezes, isso podia passar despercebido.
A notícia sobre o Dia da Europa é, em si e por si, uma pérola. Aproveito para destacar o desfecho da prosa:
«Também durante o mês de Maio pode visitar uma exposição bibliográfica ligada à questão da Europa e da Cidadania, onde se destaca o “Dicionário de Termos Europeus” cuja obra (o que é que isto faz aqui?!) reúne cerca de 500 definições e aborda diversos temas que têm como denominador comum a Europa e a União Europeia, esclarecendo inúmeros termos utilizados na chamada linguagem Europeia (…).»
Ah! Agora é que percebi! A folha de couve é escrita em “linguagem europeia”!
«A queima do Judas no sábado de Páscoa, pelo meio-dia, recuperou de forma exemplar uma tradição que se estava a perder no tempo.»Notícia sobre a ‘Onda Jovem’ (pág. 16)Ao que parece, há quem não tenha a mesma opinião.
«O torneio, reuniu doze equipas, nos escalões de Escolas e Infantis, entra as quais, os actuais Campeões Distritais de Infantis (…).»Eu entro, tu entras, ele entra. Entramos todos para ficarmos uns entre os outros.
Desta feita, fico-me por aqui. Já chega de maus exemplos. E neste boletim eles multiplicam-se. Este post dá conta de uma pequena, mas significativa, amostra.
Os que já leram o Boletim Municipal perceberam, certamente, que ‘saltei’ as páginas dedicadas à
‘Mata de Sesimbra’. Mas isso merece um novo post. Fica para amanhã.