14 de dez. de 2008

Solidariedadezinha natalíciazinha

A Câmara Municipal de Sesimbra aprovou a abertura de três grandes superfícies na Carrasqueira, e uma em Santana, actualmente em pleno funcionamento.

A Câmara Municipal de Sesimbra e a Junta de Freguesia do Castelo estão a promover uma iniciativa que visa dinamizar o comércio local: a Cotovia foi invadida por uns pais Natal que distribuem cupões de desconto em compras nos pequenos estabelecimentos aderentes.

Depois de atarem pedras nos pés dos comerciantes locais e de os atirarem ao mar, imbuída do espírito natalício, a Câmara Municipal de Sesimbra atira agora uma boia de salvação aos pequenos comerciantes.

Com amigos assim...

8 de dez. de 2008

Assim! Se vê! A coerência do PC!

1)

O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, defendeu hoje uma "convergência", "uma alternativa de esquerda" para romper com "a política do PS", incluindo o Bloco de Esquerda.

"Nós não excluímos ninguém", afirmou Jerónimo de Sousa aos jornalistas, afirmando ser necessário que nessa convergência de esquerda estejam também "forças políticas, forças sociais, personalidades que se identifiquem com a necessidade de ruptura".

Expresso On-line Sexta-feira, 3 de Out de 2008


2)

Depois das críticas, no sábado, ao PS, à sua "ala esquerda", de Manuel Alegre, que acusou de travar a subida do PCP, e ao Bloco de Esquerda, apelidado de "socialdemocratizante", estavam fechadas as portas a mais entendimentos à esquerda.

E hoje Jerónimo afirmou, da tribuna do espaço multiusos do Campo Pequeno, em Lisboa, que é pela "luta" dos portugueses, trabalhadores, operários, pequenos e médios empresários, que "se dará a ruptura e a mudança", numa "ampla frente social" liderada pelo PCP.

RTP On-line, 1 de Dezembro

11 de nov. de 2008

Periferias

O presidente da Câmara Municipal de Sesimbra, Augusto Pólvora, está apostado em colocar o concelho na rota dos turistas e, em declarações ao ‘Setúbal na Rede’, defende que os projectos estruturantes para a região, podem, de facto, “impulsionar o desenvolvimento do concelho e a melhoria das condições de vida da população”. Claro que desse lote de projectos estruturantes, Augusto Pólvora sublinha um único: a Mata de Sesimbra. O edil assume que o turismo é a “grande aposta da autarquia”, e, acrescenta: “sem desprezar as actividades tradicionais e a pesca”.

Esta última consideração revela, entre outras coisas, que:

1. Augusto Pólvora considera apostar no turismo não assumindo como fundamental nessa estratégia a promoção das actividades tradicionais e na pesca, o que me parece ser um erro crasso. Ou seja, para o arquitecto uma coisa (turismo) pode existir sem a outra (a pesca e as actividades tradicionais), quando uma e outra coisas deveriam surgir sempre associadas, alavancando-se.

2. O presidente da Câmara Municipal de Sesimbra continua, de forma imperturbável, a assumir o projecto da Mata de Sesimbra como estruturante para o futuro do concelho. É estranho que este tipo e conclusões cheguem numa altura em que a autarquia tem em vista a elaboração de um Plano Estratégico de Desenvolvimento do Turismo no concelho de Sesimbra. Para quê?!


O jornal revela ainda que Augusto Pólvora considera “fundamental” para o concelho o prolongamento do IC21 até Sesimbra, um “itinerário complementar à ponte e que é fundamental para captar mais utentes”. Diz ainda o edil que os “sucessivos governos têm deixado Sesimbra na periferia, sem acesso à auto-estrada”.

Ora bem, o velho sonho do arquitecto de abrir uma auto-estrada que desemboca em Sesimbra está em vias de se tornar numa realidade. Quem viria a ocupar os milhares de casas que a câmara tem deixado que se multipliquem como cogumelos, sem qualquer orientação?

Já agora, alguém consegue explicar-me qual o conceito de periferia do senhor presidente? Segundo a wikipédia, “periferia” quer dizer, num sentido genérico, “tudo o que está em redor”. Afinal estamos em redor do quê? E queremos ser o centro do quê, afinal?

10 de nov. de 2008

Ideias objectivamente desordenadas

O pároco Sílvio Couto dedicou a crónica que mantém no jornal ‘O Sesimbrense’ ao casamento entre homossexuais, sob o sugestivo título “gayatices de certos meninos ricos”. Com o devido respeito que o senhor me merece, julgo que a designação do texto resulta num triste e ofensivo trocadilho, que conhece uma, ainda mais, deplorável explanação ao longo do artigo, onde a homossexualidade é retratada como uma travessura arranjada por gente abastada. Pasmem-se: a homossexualidade é um luxo.


O padre critica, antes de mais, o facto de “uns tantos meninos ricos” discutirem “a questão do casamento de pessoas do mesmo sexo”, como se a resolução deste problema “relativizasse” outros como os das contas públicas e privadas. Escreve o padre que “quem quer viver ‘homem com homem’ e ‘mulher com mulher’ nem precisa de trazer isso para a vi(d)a pública, pois privadamente pode vivê-lo sem esse folclore que tem estado apenso a certas questões do foro privado”. Ora, vamos lá ver; o ser ou não ser, não é a questão. Até se pode ser. Vá lá. Pasmem-se: com jeitinho até se toleram as travessuras, mas tem de ser tudo bem fechado entre 4 paredes. Pior do que ser, é mesmo parecer...


Segundo Sílvio Couto, a defesa do casamento entre pessoas do mesmo sexo tem como intuito “ofender ou trazer à liça do descrédito quem pensar diferentemente das modas mais ou menos aberrantes”. Tenho, sinceramente, sérias dúvidas que os homossexuais, seres suspeitosamente “aberrantes” (valha-nos… alguém ou alguma coisa), estejam realmente interessados em descredibilizar quem nem sequer lhes merece crédito que careça de ser descredibilizado. 


Apesar destas considerações, a igreja católica, defende o padre, assumiu posições “claras”, “na linha da compreensão para com as pessoas que vivem o drama da homossexualidade”. É realmente, para mim, dramático, ser confrontad@ com este tipo de considerações. Citando o catecismo da igreja católica n.º 2358, Sílvio Couto refere-se ainda à homossexualidade como uma “propensão objectivamente desordenada” que deve ser vivida como uma “provação”.

A todo o recente regabofe em torno da homossexualidade, o padre associa ao processo de “neo-paganização do mundo ocidental” e avisa: “o combate é duro”.


Os “objectivamente desordenados” que se cuidem… com esta afirmação de ideias e considerações tão objectivamente desordenadas (para não dizer pior).


5 de nov. de 2008

A realidade supera a ficção

“Normally when you see a black man or a woman president, an asteroid is about to hit the Statue of Liberty.”

Jon Stewart na apresentação dos Óscares 2008.

15 de out. de 2008

A Mata já pinga

Afinal, há que trazer gente para encher a brutalidade de apartamentos que a autarquia já deixou construir e para aqueles que já aprovou para a 'Mata de Sesimbra'. Não tarda muito, Sesimbra será a tal metrópole que, para mal dos nossos pecados, alguém sonhou.

«Prolongamento do IC21 até Sesimbra pode estar concretizada em 2012
O prolongamento do IC21 até ao concelho de Sesimbra é uma intenção do Governo, que pode estar concretizada em 2012, sublinha o comunicado de imprensa enviado pela Câmara Municipal de Sesimbra, que adianta que essa garantia foi dada ao presidente da Câmara Municipal de Sesimbra, Augusto Pólvora, pelo Secretário de Estado das Obras Públicas, durante uma reunião que decorreu em Setembro.
O Comunicado adianta que neste momento está lançado o concurso para a escolha da equipa responsável pelo projecto, que terá um prazo de 6 meses para apresentar uma solução para o traçado. Os trabalhos serão acompanhados por um grupo constituído pela Câmara Municipal de Sesimbra, o Instituto de Estradas de Portugal e os promotores do empreendimento da Mata de Sesimbra. Construção da Via potencia melhoria das acessibilidades a Sesimbra e o descongestionamento da EN 378.
A construção desta via melhoraria significativamente as acessibilidades ao concelho de Sesimbra e contribuiria para descongestionar a EN 378 e a zona da Quinta do Conde. »

in Rostos On-Line

8 de out. de 2008

Contas à vida

«No meio do vendaval financeiro em que vivemos, com as famílias cada vez mais apertadas e a fazer contas à vida, talvez os portugueses não se tenham dado conta de notícias mais discretas, ainda que não menos importantes. Importantes também para as suas bolsas e inquietantes por serem tão brutais. Trata-se da cobrança fiscal das autarquias sobre os munícipes, que, em 2007, subiu quase 26% face ao ano anterior! Não, não é engano. O aumento atingiu precisamente 25,9%, o que signifi ca que se, em 2006, cada português pagou, em média, 186,81 euros em impostos municipais, no ano seguinte esse montante atingiu 235,12 euros. É um escândalo! Como se já não nos bastasse o aperto provocado pelo constante crescimento das taxas de juro, dos preços dos combustíveis e dos bens essenciais, temos agora as autarquias (ainda) mais à rédea solta, esmagando o incauto cidadão mais uma vez obrigado a pagar os desvarios do chamado poder local. (...)»

Crónica de Áurea Sampaio na Visão de 2 de Outubro

7 de out. de 2008

Nunca é tarde demais

«O ex-presidente da Câmara de Setúbal, Carlos de Sousa, desvinculou-se do Partido Comunista. Cerca de dois anos depois de ter deixado a presidência do município setubalense, como resposta à retirada de confiança política do PCP, o antigo autarca abandona agora a militância comunista.»

Notícia do Região de Setúbal On-Line

1 de out. de 2008

Hoje é Dia Mundial da Música

a música

do chão onde me quebro
a música me ergue
a música reúne
meus gestos meus destroços
ela me dá meu ser
minha unidade intacta
ela apaga e dissolve
meu pranto minha ferida
ouvindo-a reconheço
a minha face antiga
e o tempo justo e limpo
a que fui prometida
a música me toma
em si consoladora
caminho em seu poder
e de novo me alegro
eu parte do seu coro
na unidade do ser

Sophia de Mello Breyner Andresen

Porque andamos a comemorar tudo no dia ao lado?

«Os idosos do concelho vão poder divertir-se e dar um pezinho de dança com o mar como pano de fundo no próximo dia 2 de Outubro, a partir das 15, e até às 18.30 horas, na Fortaleza de Santiago. Este Baile de Gala, direccionado à população sénior, é organizado no âmbito das comemorações do Dia Internacional da Pessoa Idosa, 1 de Outubro (...)»

Notícia do site da Câmara Municipal de Sesimbra

30 de set. de 2008

Dia Nacional da Água é sempre que o homem quiser

«Numa altura em que se assinalam cem anos do abastecimento de água à vila de Sesimbra, a Câmara Municipal e a Junta de Freguesia do Castelo decidiram criar um programa comemorativo para assinalar a data, que se prolonga por um ano.
Devido à greve da função pública agendada para o dia 1 de Outubro, Dia Nacional da Água, o lançamento do programa foi adiado para o dia 11, sábado, às 16 horas, no Largo do Calvário, em Sesimbra. (...)»


Notícia do site da Câmara Municipal de Sesimbra

29 de set. de 2008

Párem lá de bater no ceguinho

«O debate feito pela Assembleia Municipal de Sesimbra, no passado dia 11 de Junho, sobre o Estado do Concelho, do qual foi publicado um resumo nas páginas d’O Sesimbrense, revelou uma característica preocupante do debate público: a visão de um Município como se a sua vida se reduzisse à actividade da Câmara Municipal. É verdade que uma das principais competências da Assembleia Municipal é a da fiscalização da actividade do órgão executivo municipal, mas essa função é exercida ao longo de todo ano; o debate sobre o Estado do Concelho deveria abranger também uma reflexão sobre outros aspectos da vida colectiva. Esta visão algo restrita da realidade não é exclusiva da Assembleia Municipal: ela permeia todo o debate público, seja ele veiculado pelos responsáveis políticos, seja por outras entidades, e nomeadamente em artigos de opinião na imprensa. (...)»

Editorial do jornal 'O Sesimbrense'

26 de set. de 2008

O caso do "opinador"

O presidente da Câmara Municipal de Sesimbra, Augusto Pólvora, perdeu umas horas do seu, certamente, precioso tempo para alinhavar uma resposta a um determinado artigo de um certo "opinador" do jornal 'Nova Morada'. Não tecerei grandes considerações sobre o nível do texto de resposta que Augusto Pólvora agora fez publicar no mesmo jornal, mas não posso deixar de aqui reproduzir o primeiro parágrafo dessa pérola, por me parecer tão enternecedor e expressivo do resto: "No último número do Nova Morada, um dos "opinadores" residentes, insinuava com base numa entrevista dada por mim em 2001, a um jornal regional, que a minha prática actual era contraditória com o que afirmava nessa entrevista. Como passarei a demonstrar nas linhas que se seguem, sem recurso a tiradas demagógicas mas apenas com base em números e factos indiscutíveis, penso que os leitores facilmente tirarão a conclusão de que o peixe que morre pela boca afinal não sou eu, e que o "tesourinho deprimente" que vai ficar no baú das memórias será provavelmente o artigo que deu origem a esta resposta."
Que dizer sobre tão saudável forma como a discussão é apresentada?...
Mas é assim, apelando ao bom-senso e julgamento dos leitores que Augusto Pólvora abre a prosa. Mas porque será que o presidente não explanou antes as suas razões no jornal 'Raio de Luz' onde mantém um artigo de opinião, onde frequentemente rebate críticas e defende a sua obra? Será que Augusto Pólvora optou, neste caso, por invocar o direito de resposta?
Não se sabe que razões movem o presidente neste caso em particular. Sobre isso nada nos diz. Sabe-se apenas que, apesar que apontar o dedo, Augusto Pólvora nunca identifica ou nomeia o "opinador" cujas ideias tenta rebater. É assim mesmo que se lhe refere: "opinador". O outro não lhe merece mais do que isso. Expressivo, hã?
É, no entanto, o próprio jornal que em ante-título escreve: "Augusto Polvora responde a Américo Gegoloto". Sim, creio que tenha sido o jornal a escrevê-lo porque "Pólvora" leva acento no primeiro "o" e o "opinador" chama-se "Gegaloto".
Sublinhe-se que esta trica tem direito a chamada de capa e os erros repetem-se.
Oh, meus amigos, chamemos os "opinadores" pelos nomes.

24 de set. de 2008

Iluminação

Apesar da exiguidade do areal da praia de Sesimbra, é já habitual a criação de campos de volei e futebol na área frente ao hotel do Mar. Considerando dispensável e questionável essa utilização, não posso deixar de concordar que, além de ser necessário fomentar a prática desportiva, é também importante delimitar espaços numa praia tão pequena, onde uma bola é capaz, certamente, de incomodar muita gente.
No entanto, e como se compreenderá, a montagem do campo de futebol no local onde está, e apesar das redes de protecção, não impediu que muitos apanhassem umas fortes boladas enquanto descansavam de "papo para o ar" a apanhar banhos de sol durante este Verão. Responderão alguns que "quem está mal que se mude". É verdade... Mas encafuar o campo e respectiva bancada naquela prainha antes do pontão, não foi, de facto, uma grande ideia.
Ouvi dizer que no Verão decorre ali um torneio de futebol de praia. Que, também ouvi dizer, tem sido digno de nota, pela ausência de fairplay, pela prática de outra modalidade que não o futebol dentro das 4 linhas, e pela quase total ausência de assistência.
Mas o abandono a que o torneio está votado por parte do público é extensível a quem promove o campo e o deveria dinamizar. Ora bem, durante todo o Verão os holofotes de iluminação do dito cujo ficam ligados até altas horas da noite a dar luz a um campo de areia vazio. Estamos no final de Setembro e o triste espectáculo de... nada e para ninguém continua amplamente iluminado.

22 de set. de 2008

Esplanadas

A Câmara Municipal tem feito grande alarido sobre as obras de recuperação e reconversão de espaços públicos na vila de Sesimbra. É, no entanto, com grande tristeza que vemos importantes largos, praças, artérias e ruas a serem descaracterizadas. O Largo de Bombaldes transformou-se numa enorme esplanada, de serviço a um restaurante. Como se não bastasse, essa esplanada foi envidraçada e hoje mais não é do que um prolongamento do tal restaurante que se apoderou do espaço público, estendendo-se para o exterior. Como tudo isto ainda tem pouco de caricato, a Câmara decidiu pôr a cereja no topo do bolo, colocando uns bancos de pedra a decorar o largo. Não terão, por acaso, reparado que os bancos ficam virados para a tal esplanada. E assim, como quem não quer a coisa, o pessoal pode abancar ali, a salivar para quem se delicia com os petiscos do restaurante.
Um pouco adiante, na Rua Joaquim Brandão há um outro restaurante com nome de obra de Ernest Hemingway. E isto quer dizer: mais uma esplanada enorme no exterior. Como o passeio que existe diante da esplanada já é curto para deixar passar os transeuntes, ainda fazem o favor de lá colocar uma ardósia onde anunciam as iguarias confeccionadas. Quem anda por ali a pé só tem é ir para o meio da estrada para se desviar do menu exposto, porque ali é espaço de esplanada e nada mais interessa. Nem a segurança, nem a boa circulação de pessoas.
Mas o que é que se passa nesta terra!?
Como um mal nunca vem só e atrai mais alarvidades urbanísticas, no último boletim municipal, a Câmara anuncia mais obras e mais verbas para obras. Nada de novo quando as eleições se aproximam a passos largos. Cheira-me que, por este andar, cada vez teremos menos calçada à portuguesa e mais esplanadas.

28 de ago. de 2008

Afinal, ainda mexe!

«A produção no sector das pescas cresceu 23% no primeiro semestre de 2008, face ao período homólogo do ano anterior, o que permitiu um aumento significativo nas exportações portuguesas, melhorando o défice da balança comercial.
De acordo com a Direcção-Geral das Pescas e Aquicultura, de Janeiro a Abril deste ano o défice da balança comercial no sector registou um decréscimo de 17%, em quantidade, e de 12% em valor, comparativamente ao período homólogo do ano anterior.
Para esta melhoria da balança comercial contribuíram as exportações no sector, que se cifraram em 38.777 toneladas (mais 15,9% que no período homólogo) e renderam 147.922 mil euros (mais 18,5% que nos primeiros quatro meses de 2007).Os portos onde mais aumentaram as descargas de pescado foram os de Matosinhos (+38%), Sesimbra (+34%), Olhão (+90%), que no mesmo período de 2007.»


Expresso On-line (27 de Agosto)

27 de ago. de 2008

Reservas

O facto do jornal ‘O Sesimbrense’ ter um novo director não é novidade para ninguém. Na última edição do quinzenário (que talvez tenha deixado de o ser) que já data de 30 de Julho, primeira em que João Augusto Aldeia assina o editorial, fala-se da responsabilidade não só de herdar a direcção do mais antigo jornal local mas também do comprometimento com a «produção de uma informação isenta, fundamentada, responsabilizável, e também aberta à inovação tecnológica».
A fasquia é, sem dúvida, colocada lá bem no alto: «“O Sesimbrense” terá de reforçar a sua qualidade informativa, em actualidade e também em abrangência, reflectindo nas suas páginas – nas de papel, mas também nas da edição em linha na Internet – as preocupações, anseios e realizações da sociedade sesimbrense. Tratando-se uma sociedade plural, democrática e dialogante, o jornal terá de reflectir essa diversidade e essas qualidades, dentro dos princípios, assumidos desde a primeira edição, de independência e de defesa dos interesses do concelho.»
Todos nos merecem o benefício da dúvida, mas com uma comunicação social local que anda pelas ruas da amargura, é com grandes reservas que vejo o leme do ‘O Sesimbrense’ entregue a um funcionário da Câmara Municipal de Sesimbra, responsável pelo Gabinete de Planeamento Estratégico da autarquia, e que, por acaso, até integra a equipa técnica da revisão do Plano Director Municipal (PDM) em curso.
Infelizmente, ‘O Sesimbrense’ é um jornal que agoniza há já alguns anos, vivendo apenas das memórias de outrora quando soube, de facto, desempenhar o seu papel. Esperemos que a agonia não se prolongue muito mais, transformando o jornal numa pálida sombra daquilo que já foi. O concelho não precisa de duplicações do boletim municipal. A ver vamos...

25 de ago. de 2008

Como poderia dizer o saudoso Badaró: é Turismo!

A noite de Sábado foi, uma vez mais, marcada por tristes episódios de violência e armas brancas em plena marginal de Sesimbra. O desinteresse que este problema, sua origem e consequências, tem suscitado em quem anda ao leme desta barcaça é alarmante.

Foi também na noite de Sábado, mas poderia ter sido em qualquer outra noite da semana, pois passear pela marginal é inspirar sempre um poderoso fedor a lixo. Junto à fortaleza onde decorria um animado concerto cheirava a fossa que tresandava, depois, até à praça da Califórnia o passeio é um desfile de perfumes repugnantes.

Na noite de sexta-feira, a Câmara promoveu um evento interessante: a Camerata Vianna da Motta interpretou as Quatro Estações de Vivaldi acompanhada por fogo-de-artifício. Quem chegava à fortaleza pelas 22 horas, quando o espectáculo deveria começar, dava com o nariz nas grades que impediam a passagem. Quem, como eu, viu o anúncio do espectáculo no site da autarquia e na agenda Sesimbra'Acontece não poderia saber que para assistir teria de desembolsar 5€, comprando o bilhete antecipadamente no Posto de Turismo, como depois estava afixado à entrada. Tarde demais. É para vermos como estas coisas funcionam bem.

Até ao final desta semana é possível visitar, na Sociedade Musical Sesimbrense, o SEA - Sesimbra Encontro de Artes. No site da autarquia dizem que se trata duma "espécie de exposição". Boa forma de definir o que quer que seja.

Ora, eu também poderia dizer que tudo isto é "uma espécie de turismo".

20 de ago. de 2008

Ainda se aceitam inscrições para nadar nos salpicos

Corrida ao banho

«HIDROGINÁSTICA
Duzentas pessoas na Piscina do G.D.S.

A partir de 1 de Outubro mais de 200 pessoas vão frequentar a Piscina do Grupo Desportivo de Sesimbra, apoiadas pela Junta de Freguesia de Santiago.»


In site da Junta de Freguesia de Santiago

As coisas que se aprendem por cá

«– Onde passou férias mais vezes?
– Há anos fixei-me em Porto Covo. Na infância e juventude, repartia as férias entre Sesimbra e a Ericeira.
– Que recordações guarda?
– Férias longas, sol, mar e amigos. De Sesimbra, lembro-me das noites em que ia para o mar nas traineiras com os pescadores.
– Dava-lhes sorte ou azar?
– Sorte. Na ‘Pombinho’, vi óptimas pescarias e aprendi a máxima de que não é quem se queixa quem está pior. Muitas vezes, o barco estava cheio de sardinha e o mestre falava por rádio com as outras embarcações a dizer que não havia peixe em lado algum


Entrevista a Rui Marques, lisboeta, de 45 anos, licenciado em Medicina e mestre em Comunicação, foi alto-comissário para a Imigração e criou o Movimento Esperança Portugal.

Correio da Manhã, 18 de Agosto de 2008

18 de ago. de 2008

Recados

A Câmara Municipal de Sesimbra vem anunciando, alto e bom som, para quem quer ouvir e mesmo para quem não quer, a recuperação do santuário do Cabo Espichel. Em fim-de-semana comprido passei pelo local que, apesar de pejado de turistas, mantém um ar abandonado, enclausurado e perdido. Na Casa da Água, onde não se consegue permanecer mais do que alguns minutos devido ao agressivo odor a urina, entre as dezenas de declarações de amor cravadas na parede, a tinta e a navalha, destaca-se um graffiti que atravessa a parede duma ponta à outra expressando um apelo: «A Câmara Municipal devia preservar este local histórico». Não deixa de ser curioso que a única forma que alguém encontrou de manifestar a sua indignação tenha sido maculando esse mesmo local. É o ponto a que se chega. E mais não dá para "apreciar" porque o cheiro é mesmo insuportável.

14 de ago. de 2008

Xiiii! Prevejo mais carnavais, banquetes e estátuas nas rotundas

Ainda o IMI

«A Associação de Munícipios está num braço-de-ferro com o Governo. Exige ter poder para aumentar o valor patrimonial das casas dos bairros mais caros (...).
A negociação entre autarcas e o Governo já está em curso. Passa por encontrar uma forma de compensar as autarquias pela perda de receitas provocada pela redução da taxa máxima do IMI (Imposto Municipal sobre Imóveis), anunciada em Julho por José Sócrates. (...)
Mas os autarcas reclamam mais: é que o limite para a actualização dos coeficientes de localização já terminou há dez meses. E desde então que esperam a publicação da lista pelo Governo. Neste momento, nem sabem se terão direito à sua aplicação com retroactividade a Janeiro, o que valeria um aumento de receitas importante.»

Jornal de Notícias, 14 de Agosto de 2008

13 de ago. de 2008

Construa-se para encher o mealheiro

«As transferências pagas às autarquias pelo Estado, relativas à cobrança dos impostos locais (IMI, IMT e Imposto sobre Veículos, essencialmente) aumentaram 15% em 2007, revelou o secretário de Estado Eduardo Cabrita.
(...)
Em câmaras com maior número de habitantes, as verbas provenientes dos impostos próprios representam a maior parte das receitas municipais. Ao invés, em câmaras mais pequenas, a dependência das transferências do Orçamento de Estado é maior.
(...)»

Diário de Notícias, 13 de Agosto de 2008

12 de ago. de 2008

Para árvores doentes, o betão

A Quercus interpôs uma providência cautelar com o objectivo de evitar o abate de 1200 sobreiros em Vale da Rosa, para onde está prevista a construção do novo estádio do Vitória de Setúbal e duma mega-urbanização denominada de Nova Setúbal, que abrangerá cerca de 7.500 apartamentos, para cerca de trinta mil habitantes. O jornal digital ‘Região de Setúbal On-line’, refere que cerca de uma centena de sócios vitorianos afirmam-se «dispostos a dar a cara pelo futuro do clube e da cidade», questionando «as verdadeiras motivações» da associação ambientalista. «Queremos saber o que estes homens querem fazer ao Vitória. Os sobreiros já estão mortos e eles sabem, por isso perguntamos porque é que estão a basear-se em mentiras».

Não consigo perceber esta mentalidade, usada e abusada no caso 'Mata de Sesimbra', de defesa de abate de árvores doentes para lhes construir em cima, sem qualquer respeito pela manutenção de espaços verdes, de recuperação e preservação de determinadas espécies, para já não falar, claro, do respeito pelo ordenamento do território.

De sublinhar que, segundo a Quercus, a construção do estádio municipal será indirectamente financiado pelas urbanizações a desenvolver, cuja gestão seria adjudicada ao Vitória Futebol Clube.

Ele há coisas…

8 de ago. de 2008

A jogar à defesa

As Câmaras de Sesimbra, Setúbal e Palmela vão recorrer para o Tribunal Central Administrativo do Sul com vista a impedir a co-incineração de resíduos industriais perigosos na cimenteira da Secil, em pleno Parque Natural da Arrábida.
Em declarações ao Correio da Manhã, a presidente da Câmara de Setúbal, Maria das Dores Meira, defendeu: "Enquanto estiver em causa a saúde das populações iremos recorrer à justiça para mais tarde não nos poderem acusar de negligência e que não acautelamos o interesse das pessoas".
E eu que pensava que aquilo que movia estes autarcas era uma real e sincera preocupação com os cidadãos.

Insegurança

Ontem à noite muita gente terá seguido, em directo pela televisão, o desfecho do assalto à agência do BES de Campolide, Lisboa. O episódio não acabou nem bem, nem mal. Acabou. Acabou com a libertação dos reféns, que aparentemente não sofreram mazelas físicas. Acabou com um assaltante abatido e outro maltratado. Pelo meio fica uma história de terror para quem a viveu, com pistolas encostadas à cabeça e horas angustiantes de negociações entre sequestradores e polícia, que culminou com a intervenção dos GOE.
Episódios tristes como este são sempre seguidos nos meios de comunicação social por amplos debates sobre a criminalidade e a violência. A questão que habitualmente se coloca é se Portugal deixou de ser um país seguro.
Numa crónica sobre o tema, de Março deste ano, no Diário de Notícias, Fernanda Câncio citou o sociólogo Nelson Lourenço que defende que “quanto menos violenta é uma sociedade, mais percepciona a violência e mais reage a ela". "O Portugal de há 100 anos era muito mais violento que o da actualidade, mas a ressonância dessa violência era muito menor", referiu.

Não tenho uma clara noção de se será uma questão de percepção ou de ressonância mas uma coisa é certa; a violência é também uma preocupação crescente dos sesimbrenses e os actos violentos e episódios de distúrbios têm-se repetido na pacata vila, de forma assustadora e preocupante. Todos os fins-de-semana deixam um rasto de histórias de assaltos e pancadaria, umas, infelizmente, com final trágico. Por outro lado, a alarmante ausência de policiamento cria um crescente sentimento de insegurança.

De facto, como alguém já disse (embora noutro contexto), o “turismo começa a mudar”.

Agora, a questão habitual: Sesimbra deixou de ser um local seguro? Eu não tenho dúvidas na resposta, embora a minha certeza se baseie numa mera percepção ou ressonância. Mas até isso é sinal da insegurança que se respira nestas noites de Verão em Sesimbra.

7 de ago. de 2008

Não lhes perdoem porque, definitivamente, eles não sabem do que falam

"(...) São sinais claros de que a perspectiva com que se encara o turismo em Sesimbra começa a mudar e a seguir o rumo certo."

Presidente da Câmara Municipal de Sesimbra, Augusto Pólvora
Editorial da agenda Sesimbr'Acontece

6 de ago. de 2008

Do avesso

Há dias em que, ao passar de carro pelo centro da vila, me sinto como um hamster de experiências encerrado numa gaiola. Tudo porque a Câmara Municipal de Sesimbra decidiu, a título experimental, como dizem, proceder a várias alterações de trânsito. Sentidos alterados, ruas de sentido único, circulação interdita. Há de tudo um pouco. Quando, finalmente, consigo estacionar o carro e faço o mesmo percurso a pé, sinto-me numa encruzilhada londrina. Os carros aparecem-me sempre do lado contrário àquele de que estou à espera.
Quando decidirem acabar com a brincadeirinha das experiências, será que vão chegar a alguma conclusão que ainda ninguém saiba? Ou vão baralhar e voltar a trocar mais umas voltas para verem como se comportam os hamsters cá em baixo?

5 de ago. de 2008

No fundo

A maior preocupação dos últimos tempos de algumas cabeças iluminadas é fazer entrar muita gente em Sesimbra. Parques de estacionamento a abarrotar, confusões no trânsito, magotes de gente a fazer piscinas na marginal. E disto se faz turismo. No meio deste turbilhão de carnavais de todas as estações, alguém destapou o ralo desta bacia e entrou-se numa vertigem que encaminha tudo e todos para o fundo.

16 de jul. de 2008

A fome e a fartura

A Fortaleza de Santiago acolhe, em 19 e 20 de Julho, o primeiro festival da sardinha de Sesimbra. Como é anunciado no site da Câmara, durante esse fim-de-semana «os visitantes poderão degustar a quantidade de sardinhas que quiserem pelo preço de oito euros, entre as 13 e as 23 horas».
De 12 a 27 de Julho decorre a quinzena gastronómica do peixe-espada preto, durante a qual dezenas de restaurantes vão disponibilizar na ementa pratos confeccionados com esse peixe.
Fraca ideia promoverem iniciativas que envolvem a restauração do concelho para depois lhes roubarem a clientela.

23 de jun. de 2008

Se sabem, porque é que não fazem?

«As zonas que normalmente designamos por espaços públicos – jardins, parques, campos de jogos, miradouros, monumentos ou percursos pedonais, por exemplo – são peças fundamentais na organização do território de um município. Caracterizam-se por serem acessíveis a todos, por terem enquadramentos históricos, arquitectónicos e paisagísticos propícios à prática de actividades de lazer, e pela capacidade de fixar população e atrair visitantes. Por tudo isto, a criação de novos espaços públicos e a requalificação dos existentes deve ser vista como prioridade pelas autarquias.»

Editorial da agenda ‘Sesimbr’Acontece’

O corta-fitas

Há uns tempos, passava eu pela rotunda do ‘Pingo Doce’ (o original e não o reconvertido “Plus”), quando fui surpreendid@ por um enorme aparato de gente engravatada e fardada que testemunhava a inauguração duma estátua no centro da rotunda, com um enfadado ar solene, nada indiferente aos olhares curiosos dos condutores desprevenidos que davam de caras com aquela curiosa cena.
Percebi, entretanto, que cenas parecidas se repetiram um pouco por todo o concelho. No dia 25 de Abril foram inauguradas, com pompa e circunstância, duas outras peças; uma na Avenida João Paulo II, na Cotovia, e outra na Avenida 1.º de Maio, na Quinta do Conde. Em 22 de Maio foi a tal cena junto ao ‘Pingo Doce’ com que me cruzei. E, três dias depois, segundo vim a constatar mais tarde no site da autarquia, houve mais uma festinha de inauguração duma estátua na Avenida 25 de Abril. Por fim, a 1 de Junho, mais uma peça inaugurada no Parque da Vila da Quinta do Conde, também ele inaugurado nesse mesmo dia. Uma estafa. Tudo numa assentada!
Mas não fizeram a coisa por menos. A juntar a este rol de corta-fitas, em 31 de Maio, Dia do Pescador, houve ainda tempo para encaixar mais uma inauguração, desta feita, do monumento do pescador. Sim, sim, esse já existia, mas como foi “relocalizado”, teve também direito a inauguração. Ora pois! Quando não há, inventa-se.

Susto urbanístico

Cada vez que a Câmara Municipal de Sesimbra apresenta um projecto de ordenamento é sinal de que vem aí asneira da grossa. E, a comprovar a regra e toda e qualquer excepção, o projecto de “reconversão” da Avenida da Liberdade é um susto.
No vocabulário comum, a “reconversão” é uma “transformação que visa a adaptação a novas situações decorrentes do progresso”. Mas no dicionário urbanístico da autarquia, “reconverter” é “betonizar”. E “ordenar” é fechar espaços em branco, construindo, ocupando tudo o que ainda resta.
Aquilo que agora pretendem construir numa das principais artérias de entrada na vila de Sesimbra é uma aberração que promete pôr debaixo do chinelo aquilo a que nos habituámos a reconhecer como “o arranha-céus”.

A culpa é dos CTT

Um atraso na distribuição por correio da agenda ‘Sesimbra Acontece’ resulta numa chamada de atenção na página 3 do último boletim municipal. Apesar de sublinharem, e reafirmarem, que a Câmara é completamente alheia ao sucedido, em momento algum pedem desculpa aos leitores e munícipes pelo sucedido. Certamente consideram que não há desculpas a apresentar por um erro que afirmam não ser da sua responsabilidade. Daí não vem grande mal ao mundo, é certo.
Eu, no entanto, considero que seria, certamente, de bom tom, ouvir “apresentamos as nossas desculpas, mas fomos completamente alheios à situação”.
Nesse texto dirigido aos munícipes, a Câmara afirma ainda que não houve “por parte dos CTT qualquer explicação para o sucedido”, concluindo que serão tomadas “as medidas necessárias para que a situação não se repita”.
Como em qualquer serviço aberto ao público, os CTT devem ter livro de reclamações, e a autarquia deverá ter os seus meios próprios de fazer chegar, pela via que entender, a reclamação a quem de direito.
Era escusado apresentar queixinhas em praça pública. Não fica bem e é de mau tom. Mas também daí não vem ao mundo. Afinal quem erra até são só os outros.

19 de fev. de 2008

Esclarecimentos

As buscas levadas a cabo pela Polícia Judiciária na Câmara Municipal de Sesimbra levantaram uma sombra de suspeição em relação ao projecto da Mata de Sesimbra. Ainda assim, as bancadas da CDU e do PSD na Assembleia Municipal, último órgão a ter uma palavra sobre o projecto, não aceitaram adiar a deliberação sobre o Plano de Pormenor e aprovaram-no.

A Câmara Municipal de Sesimbra divulga agora, no seu site, um “esclarecimento aos munícipes” sobre as buscas de que foi alvo por parte da Policiária Judiciária. Nesse texto é dito que nessa operação «foram levadas cópias de documentos relacionados com o Plano de Pormenor da Mata de Sesimbra (PPMS), nomeadamente uma cópia da versão final do mesmo, e uma cópia da versão submetida à discussão pública, para além dos pareceres de diversas entidades que se pronunciaram sobre o processo».
Não deixa de ser interessante tentar perceber o motivo que leva CDU e PSD a terem garantido, segundo o jornal ‘Notícias da Zona’, que o «conteúdo do projecto da Mata nada tem a ver com as investigações» policiais em curso.
Ou a minha cabeça anda muito baralhada, ou «documentos relacionados com o PPMS» e cópias das suas versões e o «conteúdo do projecto da Mata» são uma e a mesma coisa, ou não?...

Já agora... O “esclarecimento” é muito claro quando diz expressamente: «Recorde-se que a decisão de elaborar um Plano de Pormenor para a Mata de Sesimbra está associada ao chamado acordo do Meco, datado de 2003 e proposto pelo Governo à Câmara Municipal de Sesimbra». No entanto, mais adiante, diz ainda o “esclarecimento” que «a versão final do Plano de Pormenor não contempla qualquer carga construtiva proveniente do alvará 5/99 da Aldeia do Meco, no seguimento da orientação expressa do Ministro do Ambiente, transmitida em Setembro de 2007 e aceite pela Câmara, não havendo assim, neste momento, qualquer relação directa entre o Plano de Pormenor e o Acordo do Meco».

Então mas afinal em que ficamos?

18 de fev. de 2008

Finalmente Mata

CDU e PSD viabilizaram, na madrugada de sexta-feira, o mega-projecto imobiliário da Mata de Sesimbra. O PS abandonou a sala alegando não estarem reunidas condições para deliberar sobre um projecto tão gigantesco e sobre o qual decorre uma investigação judicial. O Bloco de Esquerda, por seu lado, que sempre se afirmou contra este projecto, manteve-se na luta desferindo duras críticas contra o projecto e contra a forma apressada e atabalhoada como a coligação CDU-PSD pretenderam aprovar a cidade da Mata.
Acusando a oposição de “mentirosa”, o presidente da Câmara Augusto Pólvora não se cansou de apregoar as vantagens do empreendimento, repetindo, em tom sempre afinado, a cantilena que sabe de cor. Em coro, a bancada social-democrata, acompanhava o autarca quando este entoava o refrão. Já a bancada da CDU seguia pelas cábulas a cantiga que deveria acompanhar.
Na última edição do jornal ‘Notícias da Zona’, Augusto Pólvora reconhece que o projecto da Mata é a sua «grande aposta para o desenvolvimento económico do concelho». Esta posição de considerar fundamental para o futuro do concelho um projecto imobiliário privado só pode gerar dúvidas. É colocar nas mãos de privados, ou melhor, nas mãos da empresa Pelicano, cujo currículo de credibilidade deixa muito a desejar, o futuro de Sesimbra, sem que tenham sido asseguradas quaisquer garantias. Nem económicas (construir uma cidade à beira das vilas de Sesimbra e Quinta do Conde e das aldeias do Castelo implicará um investimento brutal da autarquia, que inevitavelmente a breve prazo negligenciará o resto do concelho, como se os problemas actuais já não fossem suficientes), nem sociais (o projecto duplicará a população do concelho e a esse total juntar-se-ão os milhares de pessoas que visitam Sesimbra no Verão e aos fins-de-semana), nem ambientais.
Para que este projecto avançasse, CDU e PSD alteraram o Plano Director Municipal (PDM), um documento soberano de ordenamento do território. Ora, como o próprio presidente da Câmara afirmou na reunião da Assembleia Municipal, se já defende a urbanização da Mata há muitos anos, não se compreende que não tenha considerado essa possibilidade logo no PDM inicial em cuja elaboração participou. É que o PDM elaborado e aprovado em executivo de maioria CDU, e que (ainda) vigora, limita inequivocamente a construção concentrada e a carga construtiva na Mata. Tudo isto foi, porém, subvertido na última reunião da Assembleia Municipal.
Quatro dias depois de Sesimbra abrir noticiários e encher páginas de jornais pelas piores razões, CDU e PSD aprovaram um projecto que parece esconder mais do que aquilo que mostra.
Insuflados de certezas, no entanto, CDU e PSD defendem, segundo noticía o jornal ‘Notícias da Zona’, que «o conteúdo do projecto da Mata nada tem a ver com as investigações» policiais em curso.
As coisas que eles sabem... Ou será que esta parte também estava na cábula?

15 de fev. de 2008

Dia D

Depois da segunda-feira negra - com a divulgação de que a Câmara Municipal de Sesimbra (nomeadamente o gabinete do próprio presidente da Câmara e o departamento do planeamento urbanístico) estava a ser alvo de buscas por parte da Policía Judiciária - que colocou Sesimbra, aos olhos da opinião pública, ao nível de Felgueiras, Marco de Canaveses, Oeiras ou Gondomar, o concelho volta hoje a estar no centro das atenções. A Assembleia Municipal de Sesimbra delibera hoje sobre o "suspeito" Plano de Pormenor da Zona Sul da Mata de Sesimbra.
Sobre este projecto que, desde o seu início, levantou grandes e fortes suspeições, gerou um coro de críticas e sobre o qual paira agora, mais do que nunca, uma sombra de acusação de alegadas e graves irregularidades, CDU e PSD já confirmaram que votarão a favor (ver aqui).

3 de fev. de 2008

Adiado para o resto do ano

Hoje, Domingo, o desfile de Carnaval não saiu à rua devido ao meu tempo que se anunciava mas que mal deu um ar de sua graça durante a tarde. A organização não controla o tempo que faz, mas em início de Fevereiro, uma situação do género tinha grandes probabilidades de acontecer. Criticável é que a organização não tenha ponderado esta hipótese e engendrado um plano B. Perderam os visitantes que fizeram a viagem em vão e perderam os "desfilantes". A restante população de Sesimbra não perde porque continua a ter a promessa de "Carnaval todo o ano". É que, enquanto para uns o Carnaval são três dias, para os que aqui votam, o Carnaval são trezentos e sessenta e cinco.

O que parece é

Esta semana, um comunicado de imprensa da concelhia do PSD, noticiado nos órgãos de comunicação social locais, dava eco da ampla concordância e apoio que este partido dá ao mega-projecto imobiliário da Mata de Sesimbra.
A posição não é nova. Afinal foi um ministro laranja, na altura Isaltino Morais, que subscreveu, pelo Estado, um duvidoso acordo que permitiria viabilizar a construção da mega-cidade no pulmão verde da Área Metropolitana de Lisboa.
Um projecto da dimensão deste, poderia e deveria suscitar enormes dúvidas, receios e atitudes prudentes por parte dos políticos. Alguns têm essa consciência. Outros nem tanto. Às certezas inquestionáveis em relação a este projecto do presidente da Câmara comunista, Augusto Pólvora, somam-se agora as certezas dos sociais-democratas, pela voz do líder laranja Francisco Luís.
No seu comunicado de imprensa, além de confirmar o apoio «a 100%» ao projecto, Francisco Luís vai ao ponto de acusar a bancada da CDU na Assembleia Municipal de «brandura» em todo este processo, como noticia o jornal ‘Nova Morada’. Para o PSD, a CDU «apesar de ser a força maioritária, encolhe-se e é incapaz de assumir a liderança, como lhe compete, em processos com a envergadura do Plano de Pormenor da Zona Sul da Mata de Sesimbra». Foi esta posição de «brandura» que, segundo o PSD, permitiu que a votação do projecto neste órgão autárquico fosse adiada.
Que o PSD já assumiu a defesa das posições da CDU na Câmara já se tinha percebido. A forma como decorreu o debate sobre a criação duma Associação Municipal para estudar a gestão da água foi expressivo, com o social-democrata Francisco Luís a defender com unhas e dentes a proposta do comunista Augusto Pólvora, dando-se ao luxo de dar resposta às questões que a oposição, leia-se Bloco de Esquerda e Partido Socialista, dirigiam ao presidente da Câmara.
Agora, Francisco Luís manda recados para dentro de outro partido, sublinhando que até tem de ser ele próprio a assumir a defesa da gestão CDU porque os comunistas não sabem desempenhar esse papel.
Ele há coisas…

Já agora, alguém me explique, qual é a pressa?!

30 de jan. de 2008

Mais uma...

O último 'Sesimbra Município' revela que o mega-projecto imobiliário previsto para a 'Mata de Sesimbra' foi declarado "Projecto de Interesse Nacional" (PIN), ao qual foi atribuído o n.º 41.
Mas afinal, o que é um PIN e o que conseguem autarquia e promotores imobiliários com esta classificação?

«E o que é um ‘Projecto PIN’, em matéria imobiliária? É aquele através do qual alguém que pretende construir em zona vedada à construção apresenta um projecto megalómano, invariavelmente definido como ‘amigo do ambiente’ e cheio de ‘zonas verdes’ que são campos de golfe, prometendo ainda criar uns milhares de postos de trabalho (...)».
Miguel Sousa Tavares, Expresso, 03-03-2007

«Recentemente elevado ao estatuto de PIN (Projecto de Interesse Nacional), regime expedito especial concedido a projectos endinheirados, que sucedeu aos Projectos Estruturantes, o projecto Verdelago (Altura - Castro Marim) prepara-se para dar a "machadada" final num dos últimos troços livres do litoral sotaventino.»
www.algarvepress.net - 04.01.07

«No essencial, os PIN têm servido para facultar à especulação imobiliária a possibilidade de ocupação de solos protegidos, adquiridos a custos baixíssimos, porque se encontram muitas vezes incluídos em áreas protegidas.
São estes procedimentos que agora se pretendem mais céleres e dignificantes dos instrumentos de excelência para intervir no território, subvertendo atribuições e competências dos órgãos das autarquias locais em desrespeito pelos planos municipais e mesmo por planos especiais e sectoriais de âmbito regional ou nacional.»

www.pcp.pt - Intervenção de Miguel Tiago na AR em Sexta, 21 Dezembro 2007

«A Quercus denunciou, junto do procurador-geral da República, acordos público-privados de “legalidade duvidosa” ao abrigo do conceito de Projecto de Interesse Nacional, solicitando a intervenção do Ministério Público. “Apresentámos vários casos concretos e, inclusive, chamámos a atenção para alguns acordos público-privados na definição do próprio ordenamento do território que são, no mínimo, de legalidade duvidosa”, disse o presidente da associação ambientalista, Hélder Spínola, no final de uma audiência com o PGR, Pinto Monteiro.»
O Primeiro de Janeiro

«Pese embora o (louvável) empenho na construção eficiente, na poupança de recursos e na circulação sustentável, é o projecto em si próprio que parece um absurdo: por mais voltas que se dêem, 8 mil novos fogos para 30 mil pessoas, duplicando a população de Sesimbra, é um excesso insustentável numa região já sobrecarregada. Espera-se que o Governo, à semelhança do que fez no PROT Algarve, acautele estas e outras situações - como o Litoral Alentejano, o Alqueva, o Litoral Oeste. Tanto mais que estão a ser feitos novos planos regionais para estas zonas e o imobiliário, que não olha a meios, já começou a arrombar as decisões pela «via rápida PIN» (projecto de interesse nacional)...»
Luísa Schmidt (Referindo-se à «eco-cidade» Mata de Sesimbra), Expresso

«No mesmo dia, José Sócrates declarou publicamente o seu apoio a um conjunto de 10 novos projectos turísticos, aprovados ao abrigo do expediente burocrático intitulado Projecto de Interesse Nacional (PIN), defendendo que os mesmos se destinam à reconversão da oferta turística para uma qualidade superior. A LPN considera escandaloso apresentar a construção de empreendimentos de mais de 400 camas como se se tratasse de uma estratégia de reconversão para um turismo de qualidade, quando os mesmos são construídos e adicionados aos já existentes, à custa da destruição de mais áreas naturais, e não pela remoção das construções de má qualidade que enxameiam o Algarve e que, essas sim, deveriam ser efectivamente reconvertidas.
Será que esta massificação encapotada da oferta turística, com aumento da carga urbana e dos campos de golfe, aliada à intensificação agrícola, bem acima da capacidade biofísica do território, é compatível com um turismo de qualidade e que se afirma como sustentável, isto para não referir as questões relativas aos ganhos imorais e insuficientemente esclarecidos decorrentes das mais-valias urbanísticas?»
Liga para a Protecção da Natureza, Comunicado de Imprensa de 1 de Agosto de 2007

29 de jan. de 2008

Pérolas no ‘Raio de Luz’

Que o Raio de Luz está a construir um Centro Cultural e Assistencial não é novidade para ninguém. Que há muito surgem expressos nas páginas do jornal diversos pedidos de “apoio financeiro” para a obra também não. Da mesma forma que não é novidade a forma quase agressiva com que o fazem. O último número não é excepção. Vejamos:

«Oxalá, a consciência dos que nos lêem, sejam “mãos abertas” para que não caiam no desânimo de tudo virem a perder.
Poderia contar exemplos vivos. Não o faço para não criar constrangimentos.
Que cada um se interrogue e tome a decisão acertada.»
In Editorial

Na última página, sob um quadro onde surge uma listagem dos donativos, contribuições e afins para esta obra questinam, de forma dramática, o leitor:
Será a solidariedade, palavra vã?!
Num contexto menos economico-financeiro, o editorial do jornal alerta ainda para os perigos que ameaçam a imprensa regional:
«Um povo que não está com os seus jornais, será a médio prazo, um povo amordaçado. A história já nos demonstrou esse facto. Será que estamos a chegar ao fim? Quem nos quer liquidar?»
«Um povo que não está com os seus jornais»?! Valha-nos... alguém.

24 de jan. de 2008

E esta hein?!

“Vamos lá cambada, todos à molhada!”. Foi desta forma, dando expressão à cantiga que Herman José popularizou durante a sua faceta de artista da rádio, TV, disco e da cassete pirata, que o presidente da Câmara Municipal de Sesimbra, Augusto Pólvora, compareceu na terça-feira, numa reunião das comissões da Assembleia Municipal de Sesimbra que pretendiam conhecer e discutir a última versão do Plano de Pormenor da Zona Sul da Mata de Sesimbra, sobre o qual este órgão autárquico terá de se pronunciar em sessão que deverá ocorrer em meados de Fevereiro.
O caso “Mata de Sesimbra” tem sido um festim de imbróglios e para não destoar deste tom Augusto Pólvora decidiu “convocar” para uma reunião - para a qual ele próprio tinha sido convidado -, um vasto leque de representantes do promotor imobiliário, desde arquitectos a técnicos e, claro, juristas. Perdendo toda e qualquer compostura que ainda lhe pudesse restar neste caso, Augusto Pólvora pegou na “cambada” e “todos à molhada” lá foram juntinhos tentar vender, impor e dispôr aquilo que bem lhes apetecia aos deputados municipais.
A Assembleia é, por excelência, um órgão fiscalizador da acção da Câmara e será a última instância municipal a deliberar sobre um mega-projecto imobiliário que tem suscitado muitas e fundamentadas dúvidas e críticas. Que cabecinha iluminada poderá ter imaginado semelhante festival de se apresentar na reunião com funcionários do promotor imobiliário? Do ponto de vista político este tipo de atitudes são inaceitáveis e, do ponto de vista ético é inconcebível.
Mas afinal onde é que acaba a Câmara e começa o promotor, e vice-versa? Como é que conseguimos separar esta "molhada"?
Como se pode ler aqui e aqui, os deputados do Bloco de Esquerda (BE) e do Partido Socialista (PS) na Assembleia Municipal desafinaram do tom dominante, fizeram questão de se descolarem deste tipo de atitudes e abandonaram a sala alegando que a reunião se destinava a ouvir a Câmara e não o promotor imobiliário. CDU e PSD ficaram.

Arquivo do blog