12 de mai. de 2006

Milho-mulher

Sou um(a) defensor(a) e atent@ ouvinte/telespectador(a) dos fóruns nos meios de comunicação social. É interessante confrontar as diferentes posições e pontos de vista sobre os mais diversos temas, expostos espontaneamente e sem preconceitos. Além disso, como defende o director de informação da Antena 1, João Barreiros, esses programas são também úteis, na medida em que «funcionam como uma espécie de termómetro social importantíssimo». É, por vezes, no entanto, difícil controlar os participantes mais impetuosos, desbocados, exaltados. Mas isso faz parte do conceito do programa. Tudo pode acontecer. Que o diga a jornalista Marta Atalaya, da SIC Notícias. Na passada quarta-feira, no 'Opinião Pública', esta jornalista, que conduzia o debate sobre o rendimento de inserção social, foi confrontada com o seguinte comentário, do primeiro participante: «Era para dizer que a senhora é boa como o milho e se eu posso bater uma p...... enquanto a senhora fala ao telefone».
Imprevistos acontecem e os fóruns decorrem sem rede. Neste caso, parece-me inaceitável que um participante viole as regras do bom-senso e da boa-educação para fazer descambar um programa sério em ordinarice baixa. O senhor que teve a infeliz ideia de intervir publicamente para dizer tamanho disparate, provavelmente, não saberá o que é o rendimento de inserção social, nem tão pouco está interessado em saber. Há muita gente que pensa da mesma maneira mas ocupa as ideias com coisas mais interessantes do que apenas em “bater uma p…”. É a cabeça, cá em cima, que serve para pensar. A profissional que ele via pela televisão, deixou de ser jornalista ou mulher para ser reduzida a algo bom “como o milho”, no qual ele se quer concentrar para fazer... aquilo que disse. Há gostos e gostos. Mas há gostos que deviam ficar guardados (não recalcados), ou pelo menos, não serem partilhados de forma tão… inqualificável.
Obviamente que, neste, como noutros casos, não se pode generalizar. Mas, tenho de concluir, que, das duas uma, ou ainda há quem não saiba até onde pode ir quando tem liberdade de participar, ou há mesmo quem não saiba o que significa participar em liberdade sem colidir com a liberdade dos outros. De qualquer forma, no triste caso do 'Opinião Pública', o que se passou não foi uma participação, mas antes uma não-participação.

2 comentários:

Anônimo disse...

Pelo menos este participante teve uma particularidade fora do comum. Foi sincero. Foi honesto. Coisa raramente vista e ouvida nas tvs.

Anônimo disse...

Estão em causa a liberdade de opinião, por um lado, e a liberdade associada ao civismo e à responsabilidade, por outro.
Qualquer dia, os programas de opinião pública, na Rádio ou na TV, podem ser forçados a introduzir um exame prévio como acontece em alguns blogues.
É a gente que temos...