Aqui e ali, já vai cheirando a Carnaval. Os anos passam e, infelizmente, esta quadra vai perdendo cor por esta marginal fora. Tenho alguma dificuldade em compreender o saudosismo que ataca aqueles que, nesta época, recuperam a frase tão batida do “antes é que era bom; com as sociedades a rebentar de gente, mesas marcadas, filas intermináveis para entrar no ginásio”. Dizem eles que o puro espírito do Carnaval pexito se traduz na pergunta que mais se fazia naquelas longas noites: “quem és tu, oh máscara?”. Era o Carnaval pelo Carnaval.
Tenho alguma dificuldade em compreender esse saudosismo porque, na verdade, não vejo ninguém fazer um esforço para recuperar essa preciosa e esquecida tradição. Se a memória não me falha, no ano passado, lá tiveram a feliz ideia de re-pegar nas “cegadas” e “cavalhadas”. Mas pouco mais foi feito. O momento alto, que continua a ser o desfile das escolas de samba, parece acontecer sempre apenas porque alguém está a fazer o tremendo esforço para suportar aquela chatice.
A ideia com que fico é que o Carnaval é sempre uma tremenda chatice para os nossos responsáveis. É aborrecido, implica muita organização, incomoda, dá trabalho.
Aquela que tem sido, para o bem e para o mal, uma das mais fortes tradições do nosso concelho, envolvendo centenas, senão mesmo milhares de jovens, levando-os para a rua, tem sido, sucessivamente, maltratada por aqueles que deviam assumir a responsabilidade de organizar a festa. E quando digo organizar, quero dizer dar condições a todos para fazerem a festa. Não pode ser à maneira de cada um. Porque, há muito, que se tornou claro que o Carnaval não é profícuo em entendimentos ou consensos. Não é possível agradar a gregos e a troianos. Mas seria importante que os principais responsáveis se empenhassem em perpetuar a tradição. Não a tradição antiga porque essa, há muito, foi coberta pela poeira do tempo. Mas sim aquela que, a pouco e pouco, se tem vindo a impor, ao sabor da vontade de uns e de outros, e de ninguém ao certo. A festa pela festa. E já é tempo de alguém lhe tomar o pulso: saber o que se quer oferecer.
O problema é que a vontade tem sido pouca ou nenhuma. Até aqui, tem-se tolerado, a custo, muito custo, o Carnaval.
Se bem se recordam, aqueles de boa memória, (bem sei que a memória dos portugueses é curta como, mais uma vez, me provaram no passado Domingo.) com certeza não esqueceram a alegada pressão que um determinado presidente da Câmara exerceu há alguns anos sobre um determinado grupo de Carnaval. Em causa terá estado uma letra que os jovens compuseram, onde lançavam algumas farpas à forma como os pescadores eram (mal)tratados. “Promessas, promessas, promessas”, gritaram centenas de jovens na avenida para quem quis ouvir. E para quem não quis.
Á vontade de censurar terá prevalecido algum bom-senso imposto.
Para quem critica a importação do Carnaval em Sesimbra, esta é apenas uma prova de que esta época não serve apenas para abanar penachos e lantejoulas, mas também, e sobetudo, para intervir. E não há censura, mais ou menos explícita, mais ou menos encapotada, que deva minimizar a importância do Carnaval. Com ou sem máscara.
Ouvi, o actual presidente da autarquia sesimbrense defender, em época eleitoral, um “Carnaval todo o ano” em Sesimbra, como grande aposta na cultura para o concelho. Não sei se, realmente, terá passado pela cabeça de Augusto Pólvora mobilizar toda esta gente para andar na farra 365 dias no ano. Espero bem que, de facto, a expressão se reduza a uma metáfora… não sei bem para descrever o quê… Mas importa mais que o presidente da Câmara se preocupe em assegurar os 4 dias oficiais de Carnaval. Não se lhe exige mais do que isso.
Por outro lado, seria importante que o espírito de Carnaval que se está a criar, de crítica e participação activa, sejam extensivas aos restantes dias do ano. E há que aprender a viver com isso. Aproveito, já agora, para relembrar a música (quase) censurada na esperança de que ela sirva de mote ou inspire alguns responsáveis autárquicos: “(…) O povo está cansado / e já ninguém faz nada / Sesimbra já está cheia / Está sobrelotada / Os pescadores param por tudo quanto é lado / menos no seu trabalho / pois está parado / A sua sobrevivência está ameaçada / e quem está no poder o que é que faz? / Faz nada! / Promessas, promessas, promessas.”
Tenho alguma dificuldade em compreender esse saudosismo porque, na verdade, não vejo ninguém fazer um esforço para recuperar essa preciosa e esquecida tradição. Se a memória não me falha, no ano passado, lá tiveram a feliz ideia de re-pegar nas “cegadas” e “cavalhadas”. Mas pouco mais foi feito. O momento alto, que continua a ser o desfile das escolas de samba, parece acontecer sempre apenas porque alguém está a fazer o tremendo esforço para suportar aquela chatice.
A ideia com que fico é que o Carnaval é sempre uma tremenda chatice para os nossos responsáveis. É aborrecido, implica muita organização, incomoda, dá trabalho.
Aquela que tem sido, para o bem e para o mal, uma das mais fortes tradições do nosso concelho, envolvendo centenas, senão mesmo milhares de jovens, levando-os para a rua, tem sido, sucessivamente, maltratada por aqueles que deviam assumir a responsabilidade de organizar a festa. E quando digo organizar, quero dizer dar condições a todos para fazerem a festa. Não pode ser à maneira de cada um. Porque, há muito, que se tornou claro que o Carnaval não é profícuo em entendimentos ou consensos. Não é possível agradar a gregos e a troianos. Mas seria importante que os principais responsáveis se empenhassem em perpetuar a tradição. Não a tradição antiga porque essa, há muito, foi coberta pela poeira do tempo. Mas sim aquela que, a pouco e pouco, se tem vindo a impor, ao sabor da vontade de uns e de outros, e de ninguém ao certo. A festa pela festa. E já é tempo de alguém lhe tomar o pulso: saber o que se quer oferecer.
O problema é que a vontade tem sido pouca ou nenhuma. Até aqui, tem-se tolerado, a custo, muito custo, o Carnaval.
Se bem se recordam, aqueles de boa memória, (bem sei que a memória dos portugueses é curta como, mais uma vez, me provaram no passado Domingo.) com certeza não esqueceram a alegada pressão que um determinado presidente da Câmara exerceu há alguns anos sobre um determinado grupo de Carnaval. Em causa terá estado uma letra que os jovens compuseram, onde lançavam algumas farpas à forma como os pescadores eram (mal)tratados. “Promessas, promessas, promessas”, gritaram centenas de jovens na avenida para quem quis ouvir. E para quem não quis.
Á vontade de censurar terá prevalecido algum bom-senso imposto.
Para quem critica a importação do Carnaval em Sesimbra, esta é apenas uma prova de que esta época não serve apenas para abanar penachos e lantejoulas, mas também, e sobetudo, para intervir. E não há censura, mais ou menos explícita, mais ou menos encapotada, que deva minimizar a importância do Carnaval. Com ou sem máscara.
Ouvi, o actual presidente da autarquia sesimbrense defender, em época eleitoral, um “Carnaval todo o ano” em Sesimbra, como grande aposta na cultura para o concelho. Não sei se, realmente, terá passado pela cabeça de Augusto Pólvora mobilizar toda esta gente para andar na farra 365 dias no ano. Espero bem que, de facto, a expressão se reduza a uma metáfora… não sei bem para descrever o quê… Mas importa mais que o presidente da Câmara se preocupe em assegurar os 4 dias oficiais de Carnaval. Não se lhe exige mais do que isso.
Por outro lado, seria importante que o espírito de Carnaval que se está a criar, de crítica e participação activa, sejam extensivas aos restantes dias do ano. E há que aprender a viver com isso. Aproveito, já agora, para relembrar a música (quase) censurada na esperança de que ela sirva de mote ou inspire alguns responsáveis autárquicos: “(…) O povo está cansado / e já ninguém faz nada / Sesimbra já está cheia / Está sobrelotada / Os pescadores param por tudo quanto é lado / menos no seu trabalho / pois está parado / A sua sobrevivência está ameaçada / e quem está no poder o que é que faz? / Faz nada! / Promessas, promessas, promessas.”
7 comentários:
Agora que deixaste de ser Aiol@ para ser Barco a Remos, estás mais inspirado(a)! Quando fores então Barco a Motor...Ninguèm te apanha!!
A reflexão sobre o Carnaval vem muito a propósito e faz todo o sentido.Espero é que os responsáveis que mensionas sejam OS COMERCIANTES, e não só (Não estou a defender!) a Câmara!! Os comerciantes é quem ganha directamente com o Carnaval, e os meus amigos sesimbrenses lembram-se bem que no malfadado ano do naufrágio do Menino Deus, não houve Carnaval, e houve muitos daqueles comerciantes que dizem que o Carnaval só traz chatices e gente para beber bicas e copos de água, andaram pelos cantos da Câmara a chorar e a implorar "um desfilezinho só!!".
Sabemos também, quem já andou em carnavais, tal como tú meu caro Barco a Remos, que não enganas ninguém com o teu espírito carnavalesco, que sempre houve a "lenda" (acho que merece a classificação)dum café junto à Fortaleza que quando as Escolas de Samba pediam dinheiro para ajudar às fantasias, dava 2$50 ou 5$00. No entanto sempre foi e é dos estabelecimentos que mais lucra!! Enquanto, e aqui responsabilizo a Câmara, a edilidade não capacitar os comerciantes de que o Carnavaldeverá ser exclusivamente pago por eles, excepto, é claro o apoio logístico e organizativo, o Carnaval há-de ser sempre o parente podre de um quadro de animação anual, onde o prório Carnaval é o Ex-libris. E não me venham dizer que é cópia do Brasil!! Ao fim de 30 e tal anos de Samba na Avenida.... Um adulto de 30 anos já costuma ser integro e autónomo.
Se as sociedades acabam, é porque a sua própria organização integra assim o delineou porque sempre se assistiu ao filme "Entra lá, que és meu amigo//Paga lá 30€ que és de fora, ou és da terra e não tens cunha!"
Estipulem um preço médio a todos!! Quando chega o Carnaval se têm de se divertir então têm de pagar!
Viva o Carnaval! Viva quem faz dele um Cartaz turístico de Sesimbra . Bem Hajam mãos de Fada!,bem hajam noites e noites de trabalho de pura dedicação a esta terra!
Urban@
Genial...
Não se podia retratar melhor o nosso carnaval, tal como o fizeram.
Esta é a pura e dura realidade de Sesimbra. Pena é que que estes comentários não chegem a quem devia. Aos comerciantes, à Autarquia e outros mais. Conforme ia lendo, mais me identificava com o descrito e principalmente com o tal que todos os anos só tem os tais "5€" para distribuir por todas as escolas e grupos. Uma vergonha... Lamentável...
Concordo perfeitamente. Haja alguém que tome o Carnaval a sério e lhe dê o devido valor. Todos ganham, menos aqueles que perdem horas, dias, semanas, meses a trabalhar para os que se lastimam encham os bolsos...
Viva o Carnaval, Viva Sesimbra, abaixo os oportunistas...
NÃO PERCEBO, PORQUE É QUE O TOMÉ TÊM K DAR DINHEIRO PARA O CARNAVAL???
SÓ VAI AO CARNAVAL QUEM QUER, PORQUE RAZÃO HÁ-DE O HOMEM DAR DINHEIRO PARA AS VAIDADES DOS OUTROS...
E quem falou em tomé??? Pelos vistos alguém anda muito informado!!
Urbana
Não se trata de vaidades, mas por vezes de oportunismo. Não acho correcto ser a C.M a dispender o dinheiro, quando quem obtém resultados são os comerciantes, não as lojinhas, mas restaurantes como Ribamar, Farol, Pedro Filipe, Toni...e muitos mais. Claro o Tomé também, nesses dias acaba com os lugares sentados e quem quiser consome em pé ou é convidado a sair(...). É lógico também dizer que se sabe de familias que quase passam fome durante o ano, mas para o carnaval tem de haver dinheiro, e tem de ir com os melhores fatos(...), mas isso é em todo o lado. Já agora e falando dos balões de água, por mais que não goste de ouvir, a verdade é que eles estragam o desfile, já não basta as meninas irem despidas, ainda tem de ir molhadas?? Será que é este ano que os palhaços entram para o Guiness? O que é que falta para isso acontecer??? Será má organização?? Finalmente consegumos perceber q o autor deste bloco é da Tripa, e mais descobertas fiz...mas não digo...só deixo um conselho...trabalhe em prol da terra porque só assim poderá colher os frutos dentro de 4 anos....
toma lá esta
Será que este ano vamos ter a vergonha de todos os anos? A última escola chega ás "Sintinas" já de noite? E como podem querer pedir dinheiro ás pessoas para o que quer que seja no Carnaval, se não existem condições minimas para ver o desfile. E se Chove? Levo o chapéu de chuva e espero 3 ou 4 horas á chuva? Primeiro organizem-se e depois começem a pedir dinheiro, que neste pais por tudo e por nada pede-se dinheiro e as obras "é o tá quieto".
Digo eu que sou "Analfabruto"
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