16 de mar. de 2007

O que foi não volta a ser

Esta noite, o Centro Comunitário da Quinta do Conde será palco para mais um dos debates temáticos que a Câmara Municipal de Sesimbra tem vindo a promover no âmbito do processo de revisão do Plano Director Municipal do Concelho. Em cima da mesa estará hoje o tema ‘Acessibilidades e Infra-Estruturas’.
A última vez que me recordo de ter visto a população do concelho envolvida num debate sobre este assunto ocorreu por altura da apresentação do Plano de Acessibilidades realizado a propósito do processo da Mata da Sesimbra. Curiosamente, na sessão de hoje estará o conceituado professor do Instituto Superior Técnico, Nunes da Silva, responsável por esse documento.
E, mais uma vez, o temível assunto ‘Mata de Sesimbra’ é trazido à baila. Não é possível esquecer que o PDM ainda em vigor, publicado em Diário da República em Fevereiro de 1998, é escandalosamente subvertido pelo Plano de Pormenor da Zona Sul da Mata de Sesimbra que implica a revogação de diversos artigos, nomeadamente no que diz respeito ao uso e ocupação dos solos, índices de construção ou dimensão da intervenção. Como tal, esta revisão do PDM assume particular importância, na medida em que abre uma porta que permite levantar restrições que até aqui têm sido demasiado inconvenientes para os defensores da construção da cidade da Mata.
E, recorde-se, o presidente da Câmara, Augusto Pólvora, já assumiu e reiterou publicamente a defesa do projecto megalómano da Mata de Sesimbra. Assumiu perante todos que este é o “seu” projecto e defendeu-o, o melhor que pôde, ao lado dos promotores imobiliários.
Mas, em nenhuma circunstância, o mais importante instrumento de gestão do território, como o é um PDM, poderá ser subjugado ao betão e aos mais diversos interesses que se movem em relação à Mata de Sesimbra.
A qualidade de vida dos sesimbrenses e a defesa da terra deverão ser superiores a tudo o resto.
No debate da passada sexta-feira, várias foram as vozes que se levantaram pela defesa das tradições e pela revitalização e re-povoamento da vila de Sesimbra e contra a perda de identidade da freguesia rural e a betonização.
Por oposição, da mesa de oradores falou-se duma Sesimbra “de futuro”, preparada para receber o turista, publicitaram-se terrenos, defendeu-se a construção de empreendimentos para defender as zonas verdes.
Será que ainda não perceberam que aquilo que a população do concelho pretende é reaver a Sesimbra que tem vindo a perder e não construir uma nova Sesimbra onde não se reconhecem e que ameaça apagar irremediavelmente os seus traços distintivos?

3 comentários:

Anônimo disse...

Peço desculpa, mas há gente que nunca mais percebe que a vila já não te futuro nenhum; encafuar num autêntico buraco sem acessos todos os serviços é um perfeito escândalo. Até a própria Câmara municipal devia passar para a área da freguesia do Castelo, bem como tribunal e outros serviços, onde há acessos, estacionamento ecapacidade de expansão. Bombeiros, misericordia, finanças, tudo num lugar que, se acontece algum cataclismo, nem a si próprio se ajuda, quanto mais aos outros. Andam os do Castelo - maioritários em termos de população, não nos esqueçamos, relativamente à vila da pexitada - a pagar impostos para beneficiar outros que os servem mal... Isso é que é um escândalo. Querem fazer de Sesimbra a aldeia mais portuguesa de portugal... mas olhem, esse titulo já foi atribuido...

Anônimo disse...

Sesimbra é já uma saudade, uma memória, pois em rigor acabou. Aquilo que ela significou para muitas gerações da sua população irá ser sepultado pela intenção de fazer surgir uma "nova Sesimbra". O método é sempre o mesmo: dar aos promotores imobiliários os lucros que podem servir para financiar a construção de algumas infraestruturas. Desta forma é preciso construir muito para que sobrem umas migalhas e se faça uma ou duas coisas interessantes. O resto, os debates, são exercícios de propaganda do Presidente da Câmara com os seus "homens de mão" (incluindo neles o Professor Nunes da Silva).

Anônimo disse...

Eu gostei mesmo foi dos debates do1º PDM. Isso sim era democracia