“Sou a cena viva onde passam vários actores representando várias peças.”
Bernardo Soares
27 de mar. de 2007
26 de mar. de 2007
No Sábado à noite
No Sábado à noite, o grupo ‘Corvos’ deu um concerto na fortaleza de Santiago integrado no programa da Câmara Municipal de Sesimbra (CMS) ‘Ond@Jovem 2007’. Apesar do frio o ambiente estava agradável e os artistas são bons artistas. Eis senão quando sou confrontad@ com um inquérito que me pedem encarecidamente que preencha. E pronto, a noite até estava a ser uma boa noite. A música era boa música. Até que surgiu... O inquérito.
Ao que me parece, há alguém na CMS... a modos que... fixado nas bebedeiras da juventude sesimbrense. Vejamos com mais atenção (porque o assunto o exige) o dito inquérito.
Perguntam, a dada altura, com qual das ideias o inquirido concorda ou não concorda:
a) O álcool aquece?
b) O álcool abre o apetite?
c) O álcool dá força?
d) O álcool facilita a digestão?
e) O álcool mata a sede?
f) O álcool é um remédio?
g) O álcool melhora o sexo?
Segundo indicam, esta questão é adaptada de um original do Dr. Luís Patrício, que, julgo ser o conhecido psiquiatra, pioneiro no tratamento das toxicodependências em Portugal.
Independentemente do autor e do “adaptador”, esta questão centra-se nalgumas ideias feitas cuja resposta é, obviamente, negativa para alguém de bom senso. Isto supondo que o inquérito se refere ao consumo excessivo.
Agora há, digo eu, quem passe por burro e bêbedo respondendo também com bom senso: há quem goste do Martini para abrir uma refeição, tomando-o para “abrir o apetite”. Há quem beba o digestivo no final, precisamente para “facilitar a digestão”. Há quem não dispense uma “loira fresquinha” numa tarde de calor para “matar a sede”. Há quem beba um copo de tinto por dia porque os médicos dizem que faz bem ao coração, etc. etc.. Tudo isto podem ser ideias feitas, mas não quer dizer que quem assim pense deva pertencer aos AA (alcoólicos anónimos).
Estamos a falar de um inquérito aplicado, essencialmente, a jovens. E será que poderemos depois acreditar na fiabilidade das respostas? Até porque o contexto em que os inquéritos estão a ser colocados, o timing escolhido, são, em tudo, duvidosos.
Mas vejamos mais algumas questões:
- A sua primeira bebedeira foi quando tinha a idade de ____ anos.
(Não existe a hipótese do inquirido responder que nunca apanhou uma bebedeira. Porque será?)
- A sua última bebedeira foi: há ___ dias; há ___ meses; há ___ anos.
(Continuam a não considerar a hipótese do inquirido responder que nunca apanhou uma bebedeira.)
- Qual foi a quantidade consumida no último dia em que bebeu álcool? Cerveja ___; Vinho ___; Whisky ___; Gin ___; Vodka ___; Licor ___; Shots ___; Outro ___.
(Não consideram a hipótese de o inquirido ser abstémio)
- Está a tomar medicamentos para os nervos?
- No último mês consumiu Pastilhas?
Bom, e chega de perguntas sem jeito nem amanho num inquérito absurdo.
Em nenhum espaço do questionário me explicam qual o fim a que se destina nem porque me perguntam se já pratiquei sexo sob o efeito do álcool, se o fiz com preservativo, ou com que idade tive a minha primeira relação sexual e se, também nessa altura, utilizei preservativo.
Claro que o destino do inquérito só podia ser um: forrar o fundo da gaiola do passarinho.
Ah, mas ouvi dizer que na próxima semana vão promover um debate sobre:
“Bebeu-se muito na noite de Sábado, 24 de Março?”.
Um evento a não perder.
Ao que me parece, há alguém na CMS... a modos que... fixado nas bebedeiras da juventude sesimbrense. Vejamos com mais atenção (porque o assunto o exige) o dito inquérito.
Perguntam, a dada altura, com qual das ideias o inquirido concorda ou não concorda:
a) O álcool aquece?
b) O álcool abre o apetite?
c) O álcool dá força?
d) O álcool facilita a digestão?
e) O álcool mata a sede?
f) O álcool é um remédio?
g) O álcool melhora o sexo?
Segundo indicam, esta questão é adaptada de um original do Dr. Luís Patrício, que, julgo ser o conhecido psiquiatra, pioneiro no tratamento das toxicodependências em Portugal.
Independentemente do autor e do “adaptador”, esta questão centra-se nalgumas ideias feitas cuja resposta é, obviamente, negativa para alguém de bom senso. Isto supondo que o inquérito se refere ao consumo excessivo.
Agora há, digo eu, quem passe por burro e bêbedo respondendo também com bom senso: há quem goste do Martini para abrir uma refeição, tomando-o para “abrir o apetite”. Há quem beba o digestivo no final, precisamente para “facilitar a digestão”. Há quem não dispense uma “loira fresquinha” numa tarde de calor para “matar a sede”. Há quem beba um copo de tinto por dia porque os médicos dizem que faz bem ao coração, etc. etc.. Tudo isto podem ser ideias feitas, mas não quer dizer que quem assim pense deva pertencer aos AA (alcoólicos anónimos).
Estamos a falar de um inquérito aplicado, essencialmente, a jovens. E será que poderemos depois acreditar na fiabilidade das respostas? Até porque o contexto em que os inquéritos estão a ser colocados, o timing escolhido, são, em tudo, duvidosos.
Mas vejamos mais algumas questões:
- A sua primeira bebedeira foi quando tinha a idade de ____ anos.
(Não existe a hipótese do inquirido responder que nunca apanhou uma bebedeira. Porque será?)
- A sua última bebedeira foi: há ___ dias; há ___ meses; há ___ anos.
(Continuam a não considerar a hipótese do inquirido responder que nunca apanhou uma bebedeira.)
- Qual foi a quantidade consumida no último dia em que bebeu álcool? Cerveja ___; Vinho ___; Whisky ___; Gin ___; Vodka ___; Licor ___; Shots ___; Outro ___.
(Não consideram a hipótese de o inquirido ser abstémio)
- Está a tomar medicamentos para os nervos?
- No último mês consumiu Pastilhas?
Bom, e chega de perguntas sem jeito nem amanho num inquérito absurdo.
Em nenhum espaço do questionário me explicam qual o fim a que se destina nem porque me perguntam se já pratiquei sexo sob o efeito do álcool, se o fiz com preservativo, ou com que idade tive a minha primeira relação sexual e se, também nessa altura, utilizei preservativo.
Claro que o destino do inquérito só podia ser um: forrar o fundo da gaiola do passarinho.
Ah, mas ouvi dizer que na próxima semana vão promover um debate sobre:
“Bebeu-se muito na noite de Sábado, 24 de Março?”.
Um evento a não perder.
22 de mar. de 2007
Maus prenúncios
Fui hoje confrontad@ com uma péssima notícia na imprensa regional. A ‘Costa Terra’ recebe amanhã o alvará de construção da Câmara de Grândola que dá luz verde ao início da construção do empreendimento turístico na ‘Aberta Nova’, em Melides. O projecto vai nascer em zona classificada como Rede Natura 2000 e tem sido por isso alvo das mais duras críticas, embora, vá-se lá saber porquê, os ministros do Ambiente e da Economia tenham declararado já o “interesse público” do investimento.
Que mais poderemos esperar de quem impede os pescadores de praticarem a sua actividade em zonas onde laboram há milhares de anos porque constituem um sério atentado à saúde do Parque Natural da Arrábida mas que dá a benção a este tipo de projectos.
Que mais poderemos esperar de quem aconselha aos empresários estrangeiros que invistam em Portugal porque os custos de mão-de-obra são os mais baixos da Europa, ou que anuncia que quer mudar o nome ‘Algarve’ para ‘ALLgarve’ (dito com british accent) de forma a internacionalizar ainda mais a região.
Contente da vida com a notícia sobre a ‘Costa Terra’ ficou, pasmem-se, o presidente da Câmara Municipal de Grândola que insistentemente afirmou que os empreendimentos previstos para o seu concelho «vão cumprir as melhores práticas em termos ambientais».
Onde é que eu já ouvi isto?..
Segundo a notícia do ‘Região de Setúbal On-Line’, o projecto inclui 3 hóteis, 5 aparthoteis, 4 aldeamentos turísticos, 204 moradias de turismo residencial, um campo de glofe, um centro equestre, uma clínica de medicina desportiva, geriatria e talassoterapia, dois clubes de ténis e ginásios, um fórum comercial e, e, e, e...
O ‘Costa Terra’ é o 3.º grande projecto turístico que arranca no concelho de Grândola no espaço de um ano, depois do Tróia Resort e da ‘Herdade do Pinheirinho’, da empresa... Pelicano.
Este último prevê a construção de 2 hóteis, 4 aparthoteis, 3 aldeamentos, 204 moradias e um campo de golfe.
Mas afinal quem são os “litoral killers”?
Que mais poderemos esperar de quem impede os pescadores de praticarem a sua actividade em zonas onde laboram há milhares de anos porque constituem um sério atentado à saúde do Parque Natural da Arrábida mas que dá a benção a este tipo de projectos.
Que mais poderemos esperar de quem aconselha aos empresários estrangeiros que invistam em Portugal porque os custos de mão-de-obra são os mais baixos da Europa, ou que anuncia que quer mudar o nome ‘Algarve’ para ‘ALLgarve’ (dito com british accent) de forma a internacionalizar ainda mais a região.
Contente da vida com a notícia sobre a ‘Costa Terra’ ficou, pasmem-se, o presidente da Câmara Municipal de Grândola que insistentemente afirmou que os empreendimentos previstos para o seu concelho «vão cumprir as melhores práticas em termos ambientais».
Onde é que eu já ouvi isto?..
Segundo a notícia do ‘Região de Setúbal On-Line’, o projecto inclui 3 hóteis, 5 aparthoteis, 4 aldeamentos turísticos, 204 moradias de turismo residencial, um campo de glofe, um centro equestre, uma clínica de medicina desportiva, geriatria e talassoterapia, dois clubes de ténis e ginásios, um fórum comercial e, e, e, e...
O ‘Costa Terra’ é o 3.º grande projecto turístico que arranca no concelho de Grândola no espaço de um ano, depois do Tróia Resort e da ‘Herdade do Pinheirinho’, da empresa... Pelicano.
Este último prevê a construção de 2 hóteis, 4 aparthoteis, 3 aldeamentos, 204 moradias e um campo de golfe.
Mas afinal quem são os “litoral killers”?
21 de mar. de 2007
No Dia Mundial da Poesia ...
No Dia Mundial da Poesia que hoje se comemora, volto a percorrer a agenda municipal ‘Sesimbra’Acontece’ na expectativa de encontrar alguma iniciativa digna de assinalar a efeméride. Folheio a publicação uma e outra vez e a páginas tantas lá descubro um ateliê de escrita criativa intitulado ‘Vamos Fazer... um Poema’, no pólo de leitura da Quinta do Conde, destinado a crianças a partir dos 6 anos. E... mais nada.
Claro que o Represas, o João Gil, a Teresa Salgueiro, o Rui Veloso e companhia vêm a caminho. E isso enche o olho. É também mais interessante promover ‘conversas’ com os jovens sesimbrenses sobre se se bebeu demais no Carnaval. Agora, à poesia não conseguimos pôr penachos nem lantejoulas.
Um poema:
Mar sonoro
Mar sonoro, mar sem fundo, mar sem fim.
A tua beleza aumenta quando estamos sós
E tão fundo intimamente a tua voz
Segue o mais secreto bailar do meu sonho.
Que momentos há em que eu suponho
Seres um milagre criado só para mim.
Sophia de Mello Breyner Andresen
Claro que o Represas, o João Gil, a Teresa Salgueiro, o Rui Veloso e companhia vêm a caminho. E isso enche o olho. É também mais interessante promover ‘conversas’ com os jovens sesimbrenses sobre se se bebeu demais no Carnaval. Agora, à poesia não conseguimos pôr penachos nem lantejoulas.
Um poema:
Mar sonoro
Mar sonoro, mar sem fundo, mar sem fim.
A tua beleza aumenta quando estamos sós
E tão fundo intimamente a tua voz
Segue o mais secreto bailar do meu sonho.
Que momentos há em que eu suponho
Seres um milagre criado só para mim.
Sophia de Mello Breyner Andresen
19 de mar. de 2007
A sorte de uns...
A mais recente edição do boletim municipal anda a dar grande falatório. Finalmente, parece que é desta que o cine-teatro João Mota vai abrir as suas portas e o programa anunciado é dum luxo asiático. Nomes como Teresa Salgueiro, Rui Veloso, Luís Represas e João Gil, entre outros, fazem parte do cardápio de encher o olho.
Estará, neste momento, alguém refastelado no seu gabinete a pensar: - Desta é que os calei. Tomem lá uma mão cheia de ‘coltura’ e fechem, bem fechadinhas, essas bocas maldizentes!
Realmente, nada a dizer em relação à escolha destes nomes sonantes da música portuguesa que vão encher de brilho aquela que será a principal sala do concelho. Mas, na verdade, tudo isto é completamente despropositado. De facto, a população do concelho merece isto e muito mais, mas não se compreende porque é que vão enfiar estes eventos numa sala para 240 pessoas... Tendo por certo que nenhum destes artistas reconhecidos virá a Sesimbra dar uma borla ou actuar em troca de 5 tostões (porque é disto que vivem) ou os preços dos bilhetes terão de ser muito elevados de forma a pagar as actuações, ou então este programa vai sair muito caro ao concelho porque todos teremos de pagar por um luxo a que apenas 240 sortudos poderão assistir de perto.
Até já ouvi dizer que há quem ande a meter cunhas aos funcionários da Câmara para reservar bilhetes! Havia necessidade disto?...
Até aqui, as actuações, como as que agora nos propõem, aconteciam quando o rei fazia anos e em espaços públicos como o ginásio ou a fortaleza de Santiago (que ainda para mais, andam sempre a anunciar que é nossa). Dum dia para o outro, trazem a mais fina flôr da música portuguesa, toda duma vez, e metem-na num espaço limitado... Não para quem quer, mas quem pode assistir. Parece-me que está a ser feito um esforço estúpido em nome de algo... a que chamo populismo. Provavelmente outros chamar-lhe-ão outra coisa qualquer.
Há gente, que ainda por cima tem poder para mandar nalgumas coisas que dizem respeito a todos nós, que não sabe que entre o 8 e o 80 existe um longo caminho chamado meio termo. E para conseguir actuar nessa área basta ter bom senso. Percebe-se que, numa política de Carnaval todo o ano, festa que é festa tem de ter brilho. Muito brilho, muita confusão. Mas é preciso ponderar muito mais coisas.
E por falar em festa... Já se diz por aí que vai haver um Carnaval de Verão...
Estará, neste momento, alguém refastelado no seu gabinete a pensar: - Desta é que os calei. Tomem lá uma mão cheia de ‘coltura’ e fechem, bem fechadinhas, essas bocas maldizentes!
Realmente, nada a dizer em relação à escolha destes nomes sonantes da música portuguesa que vão encher de brilho aquela que será a principal sala do concelho. Mas, na verdade, tudo isto é completamente despropositado. De facto, a população do concelho merece isto e muito mais, mas não se compreende porque é que vão enfiar estes eventos numa sala para 240 pessoas... Tendo por certo que nenhum destes artistas reconhecidos virá a Sesimbra dar uma borla ou actuar em troca de 5 tostões (porque é disto que vivem) ou os preços dos bilhetes terão de ser muito elevados de forma a pagar as actuações, ou então este programa vai sair muito caro ao concelho porque todos teremos de pagar por um luxo a que apenas 240 sortudos poderão assistir de perto.
Até já ouvi dizer que há quem ande a meter cunhas aos funcionários da Câmara para reservar bilhetes! Havia necessidade disto?...
Até aqui, as actuações, como as que agora nos propõem, aconteciam quando o rei fazia anos e em espaços públicos como o ginásio ou a fortaleza de Santiago (que ainda para mais, andam sempre a anunciar que é nossa). Dum dia para o outro, trazem a mais fina flôr da música portuguesa, toda duma vez, e metem-na num espaço limitado... Não para quem quer, mas quem pode assistir. Parece-me que está a ser feito um esforço estúpido em nome de algo... a que chamo populismo. Provavelmente outros chamar-lhe-ão outra coisa qualquer.
Há gente, que ainda por cima tem poder para mandar nalgumas coisas que dizem respeito a todos nós, que não sabe que entre o 8 e o 80 existe um longo caminho chamado meio termo. E para conseguir actuar nessa área basta ter bom senso. Percebe-se que, numa política de Carnaval todo o ano, festa que é festa tem de ter brilho. Muito brilho, muita confusão. Mas é preciso ponderar muito mais coisas.
E por falar em festa... Já se diz por aí que vai haver um Carnaval de Verão...
16 de mar. de 2007
O que foi não volta a ser
Esta noite, o Centro Comunitário da Quinta do Conde será palco para mais um dos debates temáticos que a Câmara Municipal de Sesimbra tem vindo a promover no âmbito do processo de revisão do Plano Director Municipal do Concelho. Em cima da mesa estará hoje o tema ‘Acessibilidades e Infra-Estruturas’.
A última vez que me recordo de ter visto a população do concelho envolvida num debate sobre este assunto ocorreu por altura da apresentação do Plano de Acessibilidades realizado a propósito do processo da Mata da Sesimbra. Curiosamente, na sessão de hoje estará o conceituado professor do Instituto Superior Técnico, Nunes da Silva, responsável por esse documento.
E, mais uma vez, o temível assunto ‘Mata de Sesimbra’ é trazido à baila. Não é possível esquecer que o PDM ainda em vigor, publicado em Diário da República em Fevereiro de 1998, é escandalosamente subvertido pelo Plano de Pormenor da Zona Sul da Mata de Sesimbra que implica a revogação de diversos artigos, nomeadamente no que diz respeito ao uso e ocupação dos solos, índices de construção ou dimensão da intervenção. Como tal, esta revisão do PDM assume particular importância, na medida em que abre uma porta que permite levantar restrições que até aqui têm sido demasiado inconvenientes para os defensores da construção da cidade da Mata.
E, recorde-se, o presidente da Câmara, Augusto Pólvora, já assumiu e reiterou publicamente a defesa do projecto megalómano da Mata de Sesimbra. Assumiu perante todos que este é o “seu” projecto e defendeu-o, o melhor que pôde, ao lado dos promotores imobiliários.
Mas, em nenhuma circunstância, o mais importante instrumento de gestão do território, como o é um PDM, poderá ser subjugado ao betão e aos mais diversos interesses que se movem em relação à Mata de Sesimbra.
A qualidade de vida dos sesimbrenses e a defesa da terra deverão ser superiores a tudo o resto.
No debate da passada sexta-feira, várias foram as vozes que se levantaram pela defesa das tradições e pela revitalização e re-povoamento da vila de Sesimbra e contra a perda de identidade da freguesia rural e a betonização.
Por oposição, da mesa de oradores falou-se duma Sesimbra “de futuro”, preparada para receber o turista, publicitaram-se terrenos, defendeu-se a construção de empreendimentos para defender as zonas verdes.
Será que ainda não perceberam que aquilo que a população do concelho pretende é reaver a Sesimbra que tem vindo a perder e não construir uma nova Sesimbra onde não se reconhecem e que ameaça apagar irremediavelmente os seus traços distintivos?
A última vez que me recordo de ter visto a população do concelho envolvida num debate sobre este assunto ocorreu por altura da apresentação do Plano de Acessibilidades realizado a propósito do processo da Mata da Sesimbra. Curiosamente, na sessão de hoje estará o conceituado professor do Instituto Superior Técnico, Nunes da Silva, responsável por esse documento.
E, mais uma vez, o temível assunto ‘Mata de Sesimbra’ é trazido à baila. Não é possível esquecer que o PDM ainda em vigor, publicado em Diário da República em Fevereiro de 1998, é escandalosamente subvertido pelo Plano de Pormenor da Zona Sul da Mata de Sesimbra que implica a revogação de diversos artigos, nomeadamente no que diz respeito ao uso e ocupação dos solos, índices de construção ou dimensão da intervenção. Como tal, esta revisão do PDM assume particular importância, na medida em que abre uma porta que permite levantar restrições que até aqui têm sido demasiado inconvenientes para os defensores da construção da cidade da Mata.
E, recorde-se, o presidente da Câmara, Augusto Pólvora, já assumiu e reiterou publicamente a defesa do projecto megalómano da Mata de Sesimbra. Assumiu perante todos que este é o “seu” projecto e defendeu-o, o melhor que pôde, ao lado dos promotores imobiliários.
Mas, em nenhuma circunstância, o mais importante instrumento de gestão do território, como o é um PDM, poderá ser subjugado ao betão e aos mais diversos interesses que se movem em relação à Mata de Sesimbra.
A qualidade de vida dos sesimbrenses e a defesa da terra deverão ser superiores a tudo o resto.
No debate da passada sexta-feira, várias foram as vozes que se levantaram pela defesa das tradições e pela revitalização e re-povoamento da vila de Sesimbra e contra a perda de identidade da freguesia rural e a betonização.
Por oposição, da mesa de oradores falou-se duma Sesimbra “de futuro”, preparada para receber o turista, publicitaram-se terrenos, defendeu-se a construção de empreendimentos para defender as zonas verdes.
Será que ainda não perceberam que aquilo que a população do concelho pretende é reaver a Sesimbra que tem vindo a perder e não construir uma nova Sesimbra onde não se reconhecem e que ameaça apagar irremediavelmente os seus traços distintivos?
15 de mar. de 2007
Desengasgo
Os fóruns são uma realidade diária no panorama radiofónico nacional. São conhecidos os da TSF e Antena 1 que todos os dias convidam dezenas de portugueses a opinar sobre os assuntos que marcam a actualidade nacional e até internacional.
Nos últimos dias, no entanto, descobri um novo fórum a que chamam ‘Fale mas não se Engasgue’ que passa, ao que me parece, entre as 9h e as 9.30h na Sesimbra FM (103.9 FM). Ontem debatia-se o facto dos privados considerarem a abertura de clínicas nos locais onde o governo anda a encerrar serviços de atendimento permanente e serviços de urgência. Há que reconhecer, e os autores deste “fórum” sabem com certeza, que a iniciativa não é sequer comparável ao que é feito nas rádios nacionais - até porque no caso da Sesimbra FM o fórum é conduzido por um animador de rádio e não por um jornalista – mas já é qualquer coisa. O que é certo é que as diferenças notam-se mesmo nas pequenas coisas.
Ontem, enquanto se debatia o problema da saúde, um ouvinte elogiava o governo de Oliveira Salazar por comparação com o actual e perante este comentário não houve qualquer tentativa, não de calar o ouvinte-opinador porque como todos os outros tem direito às suas opiniões mesmo que descabidas e insensatas, mas pelo menos de recentrar a discussão no tema em causa: o encerramento de serviço de saúde públicos e consequente abertura de privados. Hoje, apesar de ter apanhado o “fórum” sesimbrense a meio percebi que se falava de futebol. Inicialmente falava-se numa maior atenção que as Finanças atribuirão às contratações de jogadores, mas lá pelo meio comentou-se os automóveis dos jogadores, a construção dos estádios de futebol aquando do Euro 2004, as míseras reformas, o preço dos medicamentos...
A certa altura, o animador queixava-se da falta de participação dos ouvintes no ‘Fale mas não se engasgue’, facto que não, vá-se lá saber porquê, me surpreende.
Entretanto, aproveitei e fiquei a ouvir o noticiário sesimbrense das 9.30h. Não deixei de achar curioso o alinhamento das notícias: primeiro falou-se do programa ‘Onda Jovem’, iniciativa da Câmara Municipal de Sesimbra, e que terá início, se a memória não me falha, a 23 de Março (agora que penso nisso, tenho a clara impressão de que há já vários dias que este importante assunto da actualidade pexita tem vindo a ser noticiado por esta rádio... é que já só faltam 9 dias!); depois, anunciaram que o SAP de Sesimbra amanhã estará sem médico, facto que não afectará os habitantes da “freguesia de Santana” (palavras da jornalista) que podem recorrer à Unidade de Saúde Familiar; por fim, falou-se da acção da ASAE hoje em Setúbal que, curiosamente, está a marcar a actualidade a nível nacional por ser hoje o Dia do Consumidor.
Mas enfim, não vou discutir os critérios de alinhamento. Mas já que se optou por fazer a coisa desta forma, porque não promover um fórum sobre o ‘Onda Jovem’?. Sendo um assunto que merece honras de abertura de noticiário, talvez consiga levar mais pessoas a participarem no... ‘Fale mas não se Engasgue’!
Nos últimos dias, no entanto, descobri um novo fórum a que chamam ‘Fale mas não se Engasgue’ que passa, ao que me parece, entre as 9h e as 9.30h na Sesimbra FM (103.9 FM). Ontem debatia-se o facto dos privados considerarem a abertura de clínicas nos locais onde o governo anda a encerrar serviços de atendimento permanente e serviços de urgência. Há que reconhecer, e os autores deste “fórum” sabem com certeza, que a iniciativa não é sequer comparável ao que é feito nas rádios nacionais - até porque no caso da Sesimbra FM o fórum é conduzido por um animador de rádio e não por um jornalista – mas já é qualquer coisa. O que é certo é que as diferenças notam-se mesmo nas pequenas coisas.
Ontem, enquanto se debatia o problema da saúde, um ouvinte elogiava o governo de Oliveira Salazar por comparação com o actual e perante este comentário não houve qualquer tentativa, não de calar o ouvinte-opinador porque como todos os outros tem direito às suas opiniões mesmo que descabidas e insensatas, mas pelo menos de recentrar a discussão no tema em causa: o encerramento de serviço de saúde públicos e consequente abertura de privados. Hoje, apesar de ter apanhado o “fórum” sesimbrense a meio percebi que se falava de futebol. Inicialmente falava-se numa maior atenção que as Finanças atribuirão às contratações de jogadores, mas lá pelo meio comentou-se os automóveis dos jogadores, a construção dos estádios de futebol aquando do Euro 2004, as míseras reformas, o preço dos medicamentos...
A certa altura, o animador queixava-se da falta de participação dos ouvintes no ‘Fale mas não se engasgue’, facto que não, vá-se lá saber porquê, me surpreende.
Entretanto, aproveitei e fiquei a ouvir o noticiário sesimbrense das 9.30h. Não deixei de achar curioso o alinhamento das notícias: primeiro falou-se do programa ‘Onda Jovem’, iniciativa da Câmara Municipal de Sesimbra, e que terá início, se a memória não me falha, a 23 de Março (agora que penso nisso, tenho a clara impressão de que há já vários dias que este importante assunto da actualidade pexita tem vindo a ser noticiado por esta rádio... é que já só faltam 9 dias!); depois, anunciaram que o SAP de Sesimbra amanhã estará sem médico, facto que não afectará os habitantes da “freguesia de Santana” (palavras da jornalista) que podem recorrer à Unidade de Saúde Familiar; por fim, falou-se da acção da ASAE hoje em Setúbal que, curiosamente, está a marcar a actualidade a nível nacional por ser hoje o Dia do Consumidor.
Mas enfim, não vou discutir os critérios de alinhamento. Mas já que se optou por fazer a coisa desta forma, porque não promover um fórum sobre o ‘Onda Jovem’?. Sendo um assunto que merece honras de abertura de noticiário, talvez consiga levar mais pessoas a participarem no... ‘Fale mas não se Engasgue’!
14 de mar. de 2007
Mas afinal, bebeu-se ou não se bebeu?
Na sexta-feira 2 de Março, a Câmara Municipal de Sesimbra (CMS) e a Cercizimbra promoveram, no auditório Conde de Ferreira, a já tão badalada ‘conversa’ sobre o estimulante tema “Bebeu-se demais no Carnaval?”.
A CMS, que co-organizou esta (segundo consta, pouco concorrida) iniciativa, é, espantem-se, gerida pelos mesmos políticos que anunciaram uma política cultural de Carnaval todo o ano. Será por isso que anda tanta gente por aí em estado de embriaguez aparente? Adiante!
Já agora... o título - “Bebeu-se demais no Carnaval?” -, exposto assim em forma de interrogação não deixa de ser curioso. Seria a iniciativa uma forma de levar os foliões e outros que tais a expiarem os abusos? Que fraca ideia...
O alcoolismo juvenil é um problema concreto. Cada vez se bebe mais e mais cedo. Debater o problema é uma forma de lidar com ele. Mas andar por aí a perguntar se o pessoal acha que se abusou no Carnaval é... uma coisa sem jeito nem amanho. Mas de que cabecinha pensadora saiu esta tontice?
Esta ideia infeliz trouxe-me à lembrança uma outra iniciativa de má memória que, felizmente, alguém de bom senso conseguiu travar. Deve estar a fazer um ano que a Câmara Municipal de Sesimbra (a tal do Carnaval todo o ano e a quer saber das bebedeiras carnavalescas) lançou um concurso em que desafiava os mais jovens a arquitectarem uma mentira. A melhor, a mais original, seria devidamente premiada e divulgada a 1 de Abril.
Resumindo... os mesmos que incitam a mentira são os que agora querem avaliar, moralmente, as atitudes que uns e outros tomaram no Carnaval. Não há aqui qualquer coisa que não cola? Não notam aqui uma grande baralhação nestas cabeças?
Depois de tudo isto fiquei muito preocupad@ com o editorial que a vereadora da cultura e educação, Felícia Costa, escreve na última edição do Sesimbr’Acontece. Segundo ela, prevê-se que em 2011 Sesimbra esteja no grupo dos municípios mais jovens do país, razão pela qual a Câmara «tem vindo a adoptar várias medidas que permitam responder às necessidades e expectativas desta faixa etária».Ai... ai... Pela amostra junta todos temos muitas razões para ficar deveras preocupados.
A CMS, que co-organizou esta (segundo consta, pouco concorrida) iniciativa, é, espantem-se, gerida pelos mesmos políticos que anunciaram uma política cultural de Carnaval todo o ano. Será por isso que anda tanta gente por aí em estado de embriaguez aparente? Adiante!
Já agora... o título - “Bebeu-se demais no Carnaval?” -, exposto assim em forma de interrogação não deixa de ser curioso. Seria a iniciativa uma forma de levar os foliões e outros que tais a expiarem os abusos? Que fraca ideia...
O alcoolismo juvenil é um problema concreto. Cada vez se bebe mais e mais cedo. Debater o problema é uma forma de lidar com ele. Mas andar por aí a perguntar se o pessoal acha que se abusou no Carnaval é... uma coisa sem jeito nem amanho. Mas de que cabecinha pensadora saiu esta tontice?
Esta ideia infeliz trouxe-me à lembrança uma outra iniciativa de má memória que, felizmente, alguém de bom senso conseguiu travar. Deve estar a fazer um ano que a Câmara Municipal de Sesimbra (a tal do Carnaval todo o ano e a quer saber das bebedeiras carnavalescas) lançou um concurso em que desafiava os mais jovens a arquitectarem uma mentira. A melhor, a mais original, seria devidamente premiada e divulgada a 1 de Abril.
Resumindo... os mesmos que incitam a mentira são os que agora querem avaliar, moralmente, as atitudes que uns e outros tomaram no Carnaval. Não há aqui qualquer coisa que não cola? Não notam aqui uma grande baralhação nestas cabeças?
Depois de tudo isto fiquei muito preocupad@ com o editorial que a vereadora da cultura e educação, Felícia Costa, escreve na última edição do Sesimbr’Acontece. Segundo ela, prevê-se que em 2011 Sesimbra esteja no grupo dos municípios mais jovens do país, razão pela qual a Câmara «tem vindo a adoptar várias medidas que permitam responder às necessidades e expectativas desta faixa etária».Ai... ai... Pela amostra junta todos temos muitas razões para ficar deveras preocupados.
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