6 de fev. de 2006

Necessidade de afirmação

Nos últimos anos tem havido uma crispação latente entre as freguesias do concelho de Sesimbra. Não temos muitas, são apenas três, mas as suficientes para desenvolverem algumas dificuldades de entendimento entre si. Neste contexto, podemos reconhecer dois blocos: de um lado Santiago e Castelo, do outro a Quinta do Conde.
Durante algum tempo, algumas figuras associadas a esta última freguesia afirmaram publicamente a sua vontade em desvincular-se do concelho. Esses ímpetos independentistas surgem e desvanecem-se conforme calha. Noutras alturas, sabem levantar a voz para exigir mais alcatrão, mais esgotos, mais serviços e mais-qualquer-coisa com a desculpa de que têm mais população, mais eleitores e, como tal, contribuem mais para os cofres da autarquia. O ex-presidente da Câmara Municipal de Sesimbra, Amadeu Penim, contrapunha um argumento que me parece acertado. Dizia ele que, o desenvolvimento, crescimento e investimento do concelho não podia estar dependente desses indicadores. O concelho deveria antes ser visto como um todo, integrado, não descurando as diferenças assumidas que se reconhecem a cada uma das suas partes. Trata-se de pensar o desenvolvimento do concelho de forma integrada e não de acordo com quem dá mais ou menos. (Até desconfio que, se fizéssemos contas, a Quinta do Conde não saía a ganhar… Mas dou-lhes o benefício da dúvida.)
Não obstante, é claro que nos últimos anos a Quinta do Conde recebeu uma inequívoca atenção especial. Foi, segundo os últimos Censos, a freguesia que mais cresceu a nível nacional. Dar condições de vida a essa população acabou por ser uma prioridade. Quem conheceu a Quinta do Conde há uma dezena de anos e a vê hoje, tem de reconhecer essa aposta. Não quer dizer que todos os problemas estejam resolvidos. Não estão. Mas há diferenças assinaláveis. Diferenças grandes, marcantes e visíveis que, por exemplo, não reconheço no Castelo – onde continua a faltar saneamento básico, serviços ou alcatrão – nem em Santiago.
Mas, para além de todas estas obras, a Quinta do Conde continua a ter uma carência enorme: falta-lhe uma identidade própria. Falta-lhe sentir-se parte integrante do concelho. A sua situação geográfica limítrofe não lhe facilita essa tarefa. E algumas atitudes também não. Esta população, ao invés de procurar integrar-se, prefere afirmar, insistentemente, que existe, que também é capaz de fazer coisas, duma forma quase autista.
Tudo isto para chegar ao Carnaval. Porque, segundo li no jornal ‘Nova Morada’, a vila da Quinta do Conde vai realizar um corso carnavalesco na tarde do domingo gordo. Num concelho onde o Carnaval tem história e é dos mais reconhecidos a nível nacional, não consigo perceber o que ganha a população da Quinta do Conde em fazer um desfile com carros alegóricos e afins no mesmo dia e à mesma hora em que decorre o tradicional desfile na vila de Sesimbra, que atrai ao concelho milhares de pessoas. Como se não bastasse, este ano, o Carnaval na Quinta do Conde terá ainda um novidade: o “enterro do Entrudo” que corresponde, na prática ao tradicional “enterro do bacalhau”. A mudança na denominação poderá ter a ver com a vontade de se descolar daquilo que há anos se faz no resto do concelho, mas também noutras localidades portuguesas.
Segundo parece, a comissão organizadora destas festividades na Quinta do Conde está a considerar representar cegadas, mas, pasmem-se, recorrendo ao que é feito na freguesia do Castelo. Não acredito que estejam a tentar uma aproximação pois deduzo que, no próximo ano, a população da Quinta do Conde já poderá inventar algo diferente a que poderá chamará, quem sabe, “invisuadas”. É uma sugestão.
Já agora, e voltando ao jornal ‘Nova Morada’, houve uma notícia que me intrigou, enfim, há alguns casos interessantes neste jornal que davam para vários posts, mas não os vou desenvolver agora. O título que me chamou a atenção foi o seguinte: “Dia Mundial das Zonas Húmidas com destaque em Sesimbra”. No comments…

9 comentários:

Anônimo disse...

E propostas para isso? Os condenses sempre o quizeram, sempre apregoaram a sua "indepêndência" mas daí a lutarem por isso... Para nós, se calhar e com tanta vontade que têm de se distinguirem, era o melhor. A nível de orçamento é que já não sei! Se a diferença é tão grande porquê imitarem-nos?? Essa do Carnaval ao Domingo, Cegadas e Enterro do Entrudo...impressionante! E nos mesmos dias...não lembra ao diabo!
A Quinta do Conde só luta pela independência quando as ruas estiverem asfaltadas, tiverem mais uns quantos serviços necessários, enfim quanto puderem começar concelho em Grande!! Por enquanto só servem para fazer um rombo no orçamento geral do concelho e tirarem-nos muitas obras que necessitamos. Não quero parecer xenófobo mas quem teve a brilhante ideia de nos juntar àquela gente??

Urban@

Anônimo disse...

Independência p'ra Quinta do Conde JÁ !
Alguem em seu juízo consegue enumerar afinidades entre a população da Quinta do Conde e a do restante concelho ? Criem um novo concelho antes que o graveto se esgote .
Qué ist'atão ?

Anônimo disse...

urbana, concordo contigo,não temos nada a ver com eles.
pexita.

Anônimo disse...

a preciso ser muito burro e ignorante para achar que é "excluindo" a quinta do conde que algo vai melhorar em sesimbra. Quem escreveu os post anteriores quando não gostam de uma pessoa, seja porque razão for, ou a ofendem ou então começam a planear o seu assassinato, porque é isso que querem fazer aos da quinta do conde...não gostam deles...então eles que "desaparecam"!!! Sejam mais inteligentes

zé (pexito com muito orgulho, mas não xenófobo)

Anônimo disse...

O zé não deve saber do que fala ,ou então deve ser mais um desses novos auto denominados "sesimbrenses de adopção" que têm o dom do saber, e gostam mais de Sesimbra que aqueles que cá nasceram .
Criar uma nova povoação sem identidade com a dimensão da Quinta do Conde , capaz de absorver e desvirtuar pela quantidade de gente proveniente das mais diversas zonas do País , pela posição geográfica relativamente ao concelho e por outras razões de vária ordem toda uma cultura com séculos de existência muito própria como é a Sesimbrense tanto na vila (sede concelho) como na zona rural.
NÃO OBRIGADO !

Anônimo disse...

Zé (Pexito), Ó meu amigo...
Você ou é da Quinta do Conde ou então não os conhece. Por mim pertençam ou não ao concelho é-me igual. Agora, se leu o post original, verá que são os próprios a querem-se afastar de Sesimbra. E já agora que nos chamou ignorantes, xenófobos,burros pergunto-lhe eu: Conhece o Orçamento da CMS para 2006?? Se sim então diga-me, diminuiria muito se não tivessemos a Quinta?? Sabia que a maior parte é eleitor nas suas terroas em Cascos-de-Rolha???Sabe porque é que a Quinta do Conde ainda não pediu a separação desta "gente feia de Sesimbra"? Porque sózinha não o consegue e os Brejos de Azeitão (também no limite do Concelho de Setúbal) não se quer separar do JET SET que é Azeitão e unir-se-lhe.

Antes de ofender informe-se porque se calhar nunca viu um condense à frente.E mais, até a praia, as nossas Bandeiras Azuis não servem, vão para a Fonte da Telha!!

Que lá fiquem! Barco-a-Remos tu é que tens razão.

Urban@

Anônimo disse...

Antes de mais, nascido, criado e trabalho em sesimbra e nem sequer é para a câmara..."Conhece o Orçamento da CMS para 2006??" sim também é verdade que grande parte do dinheiro vai ser gasto na quinta do conde, mas não deixa de ser menos verdade que grande parte do dinheiro que chega á câmara também vem da de lá. Não têm afinidades com a poulação da quinta do conde? Que eu saiba sempre houve "rivalidades" entre os pexitos e os camponeses, o melhor é isolar sesimbra do resto do mundo...os pexitos merecem muito mais que aquela gente feia e distante da quinta do conde!!!

Anônimo disse...

Quem diz que a Quinta do Conde não tem identidade própria é porque não conhece a Quinta do Conde, e provavelmente também nem sabe bem o que é essa "coisa" da identidade.

A identidade não é nenhum título que se recebe do rei, como era o de Duque ou Marquês. Nem é um título dado por pexitos ou seja por quem fôr. É algo que vai sendo criado pelos próprios, tal como se está a criar na Quinta do Conde, também com essas iniciativas que aqui se criticam. Então na Quinta do Conde não se pode festejar o Carnaval? Mas porque não? Realmente, não há português que não goste de armar um bocadinho em pide e em censor, é uma herança difícil de deitar fora.

Anônimo disse...

Caros senhores, sei que esta mensagem vem "fora de horas", mas sempre gostei de ler este blog e acabei de encontrar algo que não esperava!

A Quinta do Conde tem uma breve história e os seus habitantes apenas pretendem a qualidade de vida que qualquer freguesia merece. Apesar de derivar de ocupações ilegais, quem aqui tem casa há dezenas de anos trabalhou muito para as edificar e quem as tem há pouco está a pagá-las! Não vos retirámos quaisquer direitos, a necessidade de sobrevivência condigna é comum em todos os mortais!

Considerei este post e respectivos comentários (na sua maioria) bastante intrigantes, não digo xenófobos porque xenofobia não é o termo apropriado.

Os quintacondenses apenas desejam viver tranquilos, à semelhança de qualquer um de vós.

Deixem-se de politiquices baratas! O presidente da Junta quer a independência e logo o vosso grupo de comentadores se prontifica a criticar a população!

Vivo há 27 anos nesta terra e não tenho qualquer interesse em aceitar um corso carnavalesco por aqui, até porque não gosto desse género de palhaçadas! E acredito que mais de 90% da população concorde comigo!

Que havia alguma rivalidade entre a Qta. Conde e Sesimbra sempre soube, mas conhecia-a como sendo uma rivalidade saudável. Pelo que li aqui, escrito por todos vós, concluo que - e atenção que fui uma leitora assídua deste blog - não sendo ignorância é mera dor de cotovelo...

Claro que não têm nada a ver connosco, nós vivemos, vocês vampirizam!

Deviam ter vergonha de assumir tais fundamentalismos em pleno século XXI...