Ontem saiu à rua o desfile de Carnaval da vila de Sesimbra. Não há frio, vento, ou chuva que demova os mais foliões. É vê-los a sambar, a abanarem-se, a saltitarem como mais lhe convém e como mais gostam. O Carnaval permite, de resto, a quem gosta da quadra, uma certa liberdade. Expõem-se vontades, expõem-se desejos, expõem-se corpos, expõem-se rabos, expõem-se verdades. Vestem-se máscaras e despem-se os cinismos. Tem uma certa piada podermos dar largas à nossa imaginação e sermos maus actores por alguns dias.
Hoje, mais uma vez, centenas de palhaços vão sair à rua. Este ano, no entanto, há menos palhaçada, até porque, à semelhança do que aconteceu nos anos anteriores, já não nos venderam a promessa de que vão tentar inscrever o evento no livro Guiness dos recordes.
27 de fev. de 2006
16 de fev. de 2006
Mais uma vez... a Arrábida e a obra
A Lusa divulgou, curiosamente, no dia de S. Valentim, o mais recente episódio sobre o Parque Natural da Arrábida. Porque, quando se pensa que, no que ao PNA diz respeito, já nada nos pode surpreender… Chuta-se numa pedra e sai de lá mais uma pérola.
Passa-se que, o presidente da Câmara Municipal de Setúbal, Carlos Sousa, tem vindo, nos últimos tempos, a aprovar alguns projectos para o PNA. Surpreendidos? Pois isto ainda não é nada. Porque, segundo este autarca, «há cerca de meia dúzia de novas construções que beneficiaram do deferimento tácito devido à falta de pareceres técnicos do PNA». Ou seja, «desde há alguns meses que o PNA não está a cumprir a sua função de dar informação técnica em relação aos projectos para aquela zona de paisagem protegida, o que permitiu que alguns proprietários exigissem o deferimento tácito». Segundo a lei, diz a referida notícia, a autarquia é obrigada a aprovar os projectos se o PNA não emitir os pareceres técnicos solicitados no prazo de 30 dias.
Mais há mais! Ora, a actual directora do Parque, Madalena Sampaio admite que a comissão directiva do PNA não se reúne desde o Verão passado, razão pela qual não tem emitido os pareceres solicitados pela autarquia.
Passa-se que, o presidente da Câmara Municipal de Setúbal, Carlos Sousa, tem vindo, nos últimos tempos, a aprovar alguns projectos para o PNA. Surpreendidos? Pois isto ainda não é nada. Porque, segundo este autarca, «há cerca de meia dúzia de novas construções que beneficiaram do deferimento tácito devido à falta de pareceres técnicos do PNA». Ou seja, «desde há alguns meses que o PNA não está a cumprir a sua função de dar informação técnica em relação aos projectos para aquela zona de paisagem protegida, o que permitiu que alguns proprietários exigissem o deferimento tácito». Segundo a lei, diz a referida notícia, a autarquia é obrigada a aprovar os projectos se o PNA não emitir os pareceres técnicos solicitados no prazo de 30 dias.
Mais há mais! Ora, a actual directora do Parque, Madalena Sampaio admite que a comissão directiva do PNA não se reúne desde o Verão passado, razão pela qual não tem emitido os pareceres solicitados pela autarquia.
E agora, passo a citar a notícia:
«Segundo Madalena Sampaio, a Comissão Directiva do PNA tem dois vogais, um nomeado pelo Instituto de Conservação da Natureza (ICN) e outro pelas três autarquias da área do parque - Palmela, Sesimbra e Setúbal -, mas o primeiro deixou de aparecer no principio do ano passado e o segundo desde o último Verão.»
«A directora do parque lembrou que a Comissão Directiva ainda conseguia apreciar alguns processos quando contava com a presença, uma vez por mês, do arquitecto Augusto Pólvora, mas este também deixou de comparecer às reuniões quando começou a campanha eleitoral para as eleições autárquicas, uma vez que era o candidato (e agora presidente eleito) da CDU à da Câmara de Sesimbra, inviabilizando definitivamente as reuniões da Comissão Directiva.»
É preciso dizer mais?
Indirecta ou directamente, deliberadamente ou não, a obra nasce: casas, construções, cimento e betão!
«Segundo Madalena Sampaio, a Comissão Directiva do PNA tem dois vogais, um nomeado pelo Instituto de Conservação da Natureza (ICN) e outro pelas três autarquias da área do parque - Palmela, Sesimbra e Setúbal -, mas o primeiro deixou de aparecer no principio do ano passado e o segundo desde o último Verão.»
«A directora do parque lembrou que a Comissão Directiva ainda conseguia apreciar alguns processos quando contava com a presença, uma vez por mês, do arquitecto Augusto Pólvora, mas este também deixou de comparecer às reuniões quando começou a campanha eleitoral para as eleições autárquicas, uma vez que era o candidato (e agora presidente eleito) da CDU à da Câmara de Sesimbra, inviabilizando definitivamente as reuniões da Comissão Directiva.»
É preciso dizer mais?
Indirecta ou directamente, deliberadamente ou não, a obra nasce: casas, construções, cimento e betão!
12 de fev. de 2006
Arrábida na berlinda
A história do Parque Natural da Arrábida sempre teve, e continua a ter, muitas estórias para contar. Desta vez, a Inspecção-geral do Ambiente afirma ter encontrado diversas irregularidades na gestão do PNA ao longo dos últimos 22 anos. No relatório que elaborou, a Inspecção-Geral identificou “deficiências” e “insuficiências” quando, em 2002, procurou apurar, “os actos praticados ou eventualmente omitidos pelos órgãos de gestão do PNA nos procedimentos de licenciamento e loteamento” de construções no parque, saber quais as razões da prescrição dos processos de contra-ordenação e se as obras ilegais tinham sido demolidas.
Se é que alguém precisava de confirmar alguma coisa, ora aqui está mais um argumento a provar que bastava que se fizesse cumprir a lei, para que o PNA não sofresse atentados àquilo que a define como área protegida. Tão mal na fotografia fica a gestão do parque, como a própria Inspecção-geral que, há muito, deveria atentar a estes incumprimentos visíveis a olho nu, sem carecer de qualquer investigação mais aprofundada.
Depois, corremos o risco de ser confrontados com alguém que teima em ser mais papista que o Papa, querendo corrigir, com um Plano de Ordenamento do Parque Natural da Arrábida (POPNA), duvidoso e altamente questionável, algo com que ninguém soube lidar, nem travar, ao longo de dezenas de anos. Um POPNA onde, por um lado, todos comem por tabela alguns fundamentalismos ambientais e, por outro, não impõe regras claras às pedreiras, como se estas fossem um mal necessário. E este é apenas um aspecto.
É a difícil coexistência entre a economia, a política e o ambiente.
Se é que alguém precisava de confirmar alguma coisa, ora aqui está mais um argumento a provar que bastava que se fizesse cumprir a lei, para que o PNA não sofresse atentados àquilo que a define como área protegida. Tão mal na fotografia fica a gestão do parque, como a própria Inspecção-geral que, há muito, deveria atentar a estes incumprimentos visíveis a olho nu, sem carecer de qualquer investigação mais aprofundada.
Depois, corremos o risco de ser confrontados com alguém que teima em ser mais papista que o Papa, querendo corrigir, com um Plano de Ordenamento do Parque Natural da Arrábida (POPNA), duvidoso e altamente questionável, algo com que ninguém soube lidar, nem travar, ao longo de dezenas de anos. Um POPNA onde, por um lado, todos comem por tabela alguns fundamentalismos ambientais e, por outro, não impõe regras claras às pedreiras, como se estas fossem um mal necessário. E este é apenas um aspecto.
É a difícil coexistência entre a economia, a política e o ambiente.
9 de fev. de 2006
Uma sugestão e mais qualquer coisa
Ora aqui está uma sugestão que bem podia servir a uma qualquer biblioteca. Até à de Sesimbra. Ou mesmo a qualquer colectividade que se interesse. É fundamental que, quem de direito se empenhe em oferecer estas e outras iniciativas. Importa e urge alargar os horizontes da oferta cultural da população.
Já agora, os interessados não devem deixar de visitar o site da Associação Agostinho da Silva. Importa pois, também, que cada um faça o seu bocadinho.
Curso de Introdução ao Pensamento de Agostinho da Silva
No âmbito do Centenário de Agostinho da Silva, a decorrer ao longo do corrente ano de 2006, a Associação Agostinho da Silva disponibiliza-se para ministrar Curso de Introdução ao Pensamento de Agostinho da Silva.
No âmbito do Centenário de Agostinho da Silva, a decorrer ao longo do corrente ano de 2006, a Associação Agostinho da Silva disponibiliza-se para ministrar Curso de Introdução ao Pensamento de Agostinho da Silva.
Regra geral, o curso será dado aos sábados à tarde.Para acertar uma data, solicita-se o contacto directo com Renato Epifânio (967044286).
PLANO DO CURSO
Renato Epifânio: Filosofia da Cultura Luso-BrasileiraObras de Referência: Ensaios sobre Cultura e Literatura Portuguesa e Brasileira, Lisboa, Âncora, 2000/ 2001, 2 vols.
PLANO DO CURSO
Renato Epifânio: Filosofia da Cultura Luso-BrasileiraObras de Referência: Ensaios sobre Cultura e Literatura Portuguesa e Brasileira, Lisboa, Âncora, 2000/ 2001, 2 vols.
Ricardo Ventura: Tradição Clássica e Criação LiteráriaObras de Referência: Estudos sobre Cultura Clássica, Lisboa, Âncora, 2002; Estudos e Obras Literárias, Lisboa, Âncora, 2002.
Rui Lopo: Educação para o Homem Integral Obras de Referência: Textos Pedagógicos, Lisboa, Âncora, 2000, 2 vols.; Biografias, Lisboa, Âncora, 2003, 3 vols.
Paulo Borges: Filosofia, Metafísica e Espiritualidade. Obras de Referência: Textos e Ensaios Filosóficos, Lisboa, Âncora, 1999, 2 vols.; Quadras Inéditas, Lisboa, Ulmeiro, 1990.
8 de fev. de 2006
Agostinho do Silêncio ou o Silêncio por Agostinho
Sesimbra está à margem. Como sempre à margem… Com uma Biblioteca ainda a dar os primeiros passos, não encontro qualquer referência às Comemorações do Centenário de Agostinho da Silva que, por acaso… só por acaso… até foi visitante assíduo e dedicou-nos algumas linhas de extremo interesse e relevância.
Não há silêncio que se compadeça com aquilo que o Agostinho da Silva representa para o pensamento e a filosofia em Portugal.
«No pensamento, não deve haver semáforo nenhum, em nenhum cruzamento. É tocar a direito onde apetece voltar. Acho que, no quotidiano, ainda tem que haver muitos semáforos.»
Só alguns lhe deram ouvidos, é verdade. Mas nunca suscitou apenas silêncio ou indiferença. Porque soube, como poucos, espicaçar e atingir o cerne das ideias instituídas.
Ele sempre acreditou no futuro de Portugal, na era do Espírito Santo, que por cá também foi celebrado. É verdade… O nome da Capela não é inocente.
«Gosto do povo tal como ele é. Acho que é a mesma gente que fez os Descobrimentos. A mesma gente que andou conquistando impérios. A mesma gente que andou em todas essas aventuras. A mesma gente capaz de, para o futuro, renovar um feito desses, fazer algo de semelhante.»
Não há silêncio que se compadeça com aquilo que o Agostinho da Silva representa para o pensamento e a filosofia em Portugal.
«No pensamento, não deve haver semáforo nenhum, em nenhum cruzamento. É tocar a direito onde apetece voltar. Acho que, no quotidiano, ainda tem que haver muitos semáforos.»
Só alguns lhe deram ouvidos, é verdade. Mas nunca suscitou apenas silêncio ou indiferença. Porque soube, como poucos, espicaçar e atingir o cerne das ideias instituídas.
Ele sempre acreditou no futuro de Portugal, na era do Espírito Santo, que por cá também foi celebrado. É verdade… O nome da Capela não é inocente.
«Gosto do povo tal como ele é. Acho que é a mesma gente que fez os Descobrimentos. A mesma gente que andou conquistando impérios. A mesma gente que andou em todas essas aventuras. A mesma gente capaz de, para o futuro, renovar um feito desses, fazer algo de semelhante.»
7 de fev. de 2006
Publicidades duvidosas
Tenho por hábito dizer que a publicidade na imprensa não funciona comigo. Isto porque, além de começar a ver as revistas e jornais do fim para o princípio, já desenvolvi um dispositivo que desliga, automaticamente, quando os olhos passam por páginas e quadrados atraentes. Provavelmente tenho esta convicção mas, inconsciente e inadvertidamente, acabo também por ser influenciad@ pela publicidade. Certamente, menos do que as restantes pessoas. Até porque, muitas vezes, consigo reconhecer uma imagem que vi algures, mas não lhe associo a marca.
Curiosamente, numa das últimas edições do jornal ‘Nova Morada’, os meus olhos pararam numa publicidade. E, contradição das contradições, não havia uma imagem berrante. Era antes uma ‘nota de imprensa’, como anunciava o cabeçalho, com origem na Câmara Municipal de Sesimbra. O texto era uma resposta do presidente da autarquia ao Bloco de Esquerda em relação a um assunto sobre o qual já me pronunciei neste blogue e que, por isso, escuso-me de repeti-lo. Esta atitude parece-me a mim bastante duvidosa e questionável. Não deveria ser através de publicidade paga nos jornais que o executivo camarário responde às acusações de partidos políticos. Há espaços próprios e bem demarcados para desenvolver esse tipo de discussão. Se, alguma das partes não consegue respeitar isso… temos pena. Todos nós perdemos. Aqueles que pagam impostos e vêm o seu dinheiro aplicado desta forma. Os partidos políticos que ousam confrontar a autarquia, porque vêm a discussão reduzida a publicidade paga. E… bom, há sempre alguém a ganhar no meio disto tudo: a imprensa regional. Por este caminho, (e a julgar pela verba que a autarquia tem prevista para aplicar em publicidade no orçamento para 2006), vão terminar as dificuldades que tanto têm atormentado os jornais e rádios do concelho. Pelo menos os que ainda não se tinham vergado ao tesouro Pelicano.
Curiosamente, numa das últimas edições do jornal ‘Nova Morada’, os meus olhos pararam numa publicidade. E, contradição das contradições, não havia uma imagem berrante. Era antes uma ‘nota de imprensa’, como anunciava o cabeçalho, com origem na Câmara Municipal de Sesimbra. O texto era uma resposta do presidente da autarquia ao Bloco de Esquerda em relação a um assunto sobre o qual já me pronunciei neste blogue e que, por isso, escuso-me de repeti-lo. Esta atitude parece-me a mim bastante duvidosa e questionável. Não deveria ser através de publicidade paga nos jornais que o executivo camarário responde às acusações de partidos políticos. Há espaços próprios e bem demarcados para desenvolver esse tipo de discussão. Se, alguma das partes não consegue respeitar isso… temos pena. Todos nós perdemos. Aqueles que pagam impostos e vêm o seu dinheiro aplicado desta forma. Os partidos políticos que ousam confrontar a autarquia, porque vêm a discussão reduzida a publicidade paga. E… bom, há sempre alguém a ganhar no meio disto tudo: a imprensa regional. Por este caminho, (e a julgar pela verba que a autarquia tem prevista para aplicar em publicidade no orçamento para 2006), vão terminar as dificuldades que tanto têm atormentado os jornais e rádios do concelho. Pelo menos os que ainda não se tinham vergado ao tesouro Pelicano.
6 de fev. de 2006
Necessidade de afirmação
Nos últimos anos tem havido uma crispação latente entre as freguesias do concelho de Sesimbra. Não temos muitas, são apenas três, mas as suficientes para desenvolverem algumas dificuldades de entendimento entre si. Neste contexto, podemos reconhecer dois blocos: de um lado Santiago e Castelo, do outro a Quinta do Conde.
Durante algum tempo, algumas figuras associadas a esta última freguesia afirmaram publicamente a sua vontade em desvincular-se do concelho. Esses ímpetos independentistas surgem e desvanecem-se conforme calha. Noutras alturas, sabem levantar a voz para exigir mais alcatrão, mais esgotos, mais serviços e mais-qualquer-coisa com a desculpa de que têm mais população, mais eleitores e, como tal, contribuem mais para os cofres da autarquia. O ex-presidente da Câmara Municipal de Sesimbra, Amadeu Penim, contrapunha um argumento que me parece acertado. Dizia ele que, o desenvolvimento, crescimento e investimento do concelho não podia estar dependente desses indicadores. O concelho deveria antes ser visto como um todo, integrado, não descurando as diferenças assumidas que se reconhecem a cada uma das suas partes. Trata-se de pensar o desenvolvimento do concelho de forma integrada e não de acordo com quem dá mais ou menos. (Até desconfio que, se fizéssemos contas, a Quinta do Conde não saía a ganhar… Mas dou-lhes o benefício da dúvida.)
Não obstante, é claro que nos últimos anos a Quinta do Conde recebeu uma inequívoca atenção especial. Foi, segundo os últimos Censos, a freguesia que mais cresceu a nível nacional. Dar condições de vida a essa população acabou por ser uma prioridade. Quem conheceu a Quinta do Conde há uma dezena de anos e a vê hoje, tem de reconhecer essa aposta. Não quer dizer que todos os problemas estejam resolvidos. Não estão. Mas há diferenças assinaláveis. Diferenças grandes, marcantes e visíveis que, por exemplo, não reconheço no Castelo – onde continua a faltar saneamento básico, serviços ou alcatrão – nem em Santiago.
Mas, para além de todas estas obras, a Quinta do Conde continua a ter uma carência enorme: falta-lhe uma identidade própria. Falta-lhe sentir-se parte integrante do concelho. A sua situação geográfica limítrofe não lhe facilita essa tarefa. E algumas atitudes também não. Esta população, ao invés de procurar integrar-se, prefere afirmar, insistentemente, que existe, que também é capaz de fazer coisas, duma forma quase autista.
Tudo isto para chegar ao Carnaval. Porque, segundo li no jornal ‘Nova Morada’, a vila da Quinta do Conde vai realizar um corso carnavalesco na tarde do domingo gordo. Num concelho onde o Carnaval tem história e é dos mais reconhecidos a nível nacional, não consigo perceber o que ganha a população da Quinta do Conde em fazer um desfile com carros alegóricos e afins no mesmo dia e à mesma hora em que decorre o tradicional desfile na vila de Sesimbra, que atrai ao concelho milhares de pessoas. Como se não bastasse, este ano, o Carnaval na Quinta do Conde terá ainda um novidade: o “enterro do Entrudo” que corresponde, na prática ao tradicional “enterro do bacalhau”. A mudança na denominação poderá ter a ver com a vontade de se descolar daquilo que há anos se faz no resto do concelho, mas também noutras localidades portuguesas.
Segundo parece, a comissão organizadora destas festividades na Quinta do Conde está a considerar representar cegadas, mas, pasmem-se, recorrendo ao que é feito na freguesia do Castelo. Não acredito que estejam a tentar uma aproximação pois deduzo que, no próximo ano, a população da Quinta do Conde já poderá inventar algo diferente a que poderá chamará, quem sabe, “invisuadas”. É uma sugestão.
Já agora, e voltando ao jornal ‘Nova Morada’, houve uma notícia que me intrigou, enfim, há alguns casos interessantes neste jornal que davam para vários posts, mas não os vou desenvolver agora. O título que me chamou a atenção foi o seguinte: “Dia Mundial das Zonas Húmidas com destaque em Sesimbra”. No comments…
Durante algum tempo, algumas figuras associadas a esta última freguesia afirmaram publicamente a sua vontade em desvincular-se do concelho. Esses ímpetos independentistas surgem e desvanecem-se conforme calha. Noutras alturas, sabem levantar a voz para exigir mais alcatrão, mais esgotos, mais serviços e mais-qualquer-coisa com a desculpa de que têm mais população, mais eleitores e, como tal, contribuem mais para os cofres da autarquia. O ex-presidente da Câmara Municipal de Sesimbra, Amadeu Penim, contrapunha um argumento que me parece acertado. Dizia ele que, o desenvolvimento, crescimento e investimento do concelho não podia estar dependente desses indicadores. O concelho deveria antes ser visto como um todo, integrado, não descurando as diferenças assumidas que se reconhecem a cada uma das suas partes. Trata-se de pensar o desenvolvimento do concelho de forma integrada e não de acordo com quem dá mais ou menos. (Até desconfio que, se fizéssemos contas, a Quinta do Conde não saía a ganhar… Mas dou-lhes o benefício da dúvida.)
Não obstante, é claro que nos últimos anos a Quinta do Conde recebeu uma inequívoca atenção especial. Foi, segundo os últimos Censos, a freguesia que mais cresceu a nível nacional. Dar condições de vida a essa população acabou por ser uma prioridade. Quem conheceu a Quinta do Conde há uma dezena de anos e a vê hoje, tem de reconhecer essa aposta. Não quer dizer que todos os problemas estejam resolvidos. Não estão. Mas há diferenças assinaláveis. Diferenças grandes, marcantes e visíveis que, por exemplo, não reconheço no Castelo – onde continua a faltar saneamento básico, serviços ou alcatrão – nem em Santiago.
Mas, para além de todas estas obras, a Quinta do Conde continua a ter uma carência enorme: falta-lhe uma identidade própria. Falta-lhe sentir-se parte integrante do concelho. A sua situação geográfica limítrofe não lhe facilita essa tarefa. E algumas atitudes também não. Esta população, ao invés de procurar integrar-se, prefere afirmar, insistentemente, que existe, que também é capaz de fazer coisas, duma forma quase autista.
Tudo isto para chegar ao Carnaval. Porque, segundo li no jornal ‘Nova Morada’, a vila da Quinta do Conde vai realizar um corso carnavalesco na tarde do domingo gordo. Num concelho onde o Carnaval tem história e é dos mais reconhecidos a nível nacional, não consigo perceber o que ganha a população da Quinta do Conde em fazer um desfile com carros alegóricos e afins no mesmo dia e à mesma hora em que decorre o tradicional desfile na vila de Sesimbra, que atrai ao concelho milhares de pessoas. Como se não bastasse, este ano, o Carnaval na Quinta do Conde terá ainda um novidade: o “enterro do Entrudo” que corresponde, na prática ao tradicional “enterro do bacalhau”. A mudança na denominação poderá ter a ver com a vontade de se descolar daquilo que há anos se faz no resto do concelho, mas também noutras localidades portuguesas.
Segundo parece, a comissão organizadora destas festividades na Quinta do Conde está a considerar representar cegadas, mas, pasmem-se, recorrendo ao que é feito na freguesia do Castelo. Não acredito que estejam a tentar uma aproximação pois deduzo que, no próximo ano, a população da Quinta do Conde já poderá inventar algo diferente a que poderá chamará, quem sabe, “invisuadas”. É uma sugestão.
Já agora, e voltando ao jornal ‘Nova Morada’, houve uma notícia que me intrigou, enfim, há alguns casos interessantes neste jornal que davam para vários posts, mas não os vou desenvolver agora. O título que me chamou a atenção foi o seguinte: “Dia Mundial das Zonas Húmidas com destaque em Sesimbra”. No comments…
1 de fev. de 2006
Nevou em Sesimbra
Dizia o saudoso José Cid que “cai neve em Nova Iorque e faz sol no meu país…”. Só para o contrariar, este domingo nevou no nosso país e … bom… pouco me interessa se terá feito sol em Nova Iorque. Mas, o que é certo é que o mundo está do avesso para o Cid e para todos nós.
Na recordação ficaram as imagens porque, gelo por gelo, frio por frio, já me chega o arrepio que ainda me causa o pensamento da derrota do Benfica frente ao Sporting. Prefiro, no entanto, não me alongar sobre o assunto para evitar que as paixões clubistas tomem conta dos possíveis comentários a este post. Resta-me admitir (Frio! Muito frio!) que a derrota foi merecida.
Depois há ainda o arrepio recorrente que me sobe pela espinha quando vejo a sorridente Maria Cavaco. Sim, porque pior do que ter o primeiro Presidente da República de direita que nunca erra e raras vezes se engana, (quando ousa falar, claro está) é saber que, atrás, à frente, ou ao seu lado, existe uma Maria Cavaco. Até porque, quando ao resto; à efectiva actuação do Presidente da República, prefiro acreditar no prenúncio já anunciado por José Gil: «A coexistência institucional Presidente-primeiro-ministro anuncia-se pacífica, pela força das circunstâncias. Sócrates já fez saber que os resultados das presidenciais não interferem na política do PS. Mário Soares continuará a intervir, apesar do abalo que sofreu. Alegre regressará ao seu lugar de deputado, sem mais. Francisco Louça e Jerónimo de Sousa “continuarão a luta”. Nós voltaremos aos trabalhos e aos dias da vida real, com o sentimento mais forte de que a “política” ideologizada é cada vez mais inútil. E as esperanças, os medos, os anseios, as atenções, concentrar-se-ão novamente nas acções concretas do Governo». Posto isto, resta-nos, de facto, uma Maria com a qual teremos de passar a conviver. (Mais um arrepio.)
Depois, o facto de parecer que acordei e encontrei o concelho do avesso também já não me surpreende. Apenas me causa mais um arrepio. (Frio!) Nos últimos tempos, as reviravoltas que o trânsito e os sentidos de circulação têm sofrido já prepararam os sesimbrenses para qualquer alteração súbita no funcionamento normal das coisas. E por falar em frio, acho que é com enorme frieza que quem manda nestas coisas, trata as pessoas como hamsters de experiências, pequenas cobaias deixadas ao acaso num labirinto onde apenas há um caminho de saída que, depois de várias tentativas, acabamos por descobrir. Neste jogo indecente, no qual não aceitei participar, ainda ando a tentar descobrir as vantagens das alterações ao trânsito na Cotovia e na vila de Sesimbra.
Mas, voltando à neve… é digno de nota o presente com que a natureza decidiu brindar-nos. Sobretudo porque as memórias de acontecimento igual só as que restam duma qualquer fotografia, que remontará a 195-e-qualquer-coisa, que me recordo de ter visto exposta em qualquer local. A tarde deste domingo foi um episódio para mais tarde recordar.
Quanto aos arrepios, realidades do avesso e afins, parece que teremos de os continuar a suportar e, sempre que possível, a espernear.
Na recordação ficaram as imagens porque, gelo por gelo, frio por frio, já me chega o arrepio que ainda me causa o pensamento da derrota do Benfica frente ao Sporting. Prefiro, no entanto, não me alongar sobre o assunto para evitar que as paixões clubistas tomem conta dos possíveis comentários a este post. Resta-me admitir (Frio! Muito frio!) que a derrota foi merecida.
Depois há ainda o arrepio recorrente que me sobe pela espinha quando vejo a sorridente Maria Cavaco. Sim, porque pior do que ter o primeiro Presidente da República de direita que nunca erra e raras vezes se engana, (quando ousa falar, claro está) é saber que, atrás, à frente, ou ao seu lado, existe uma Maria Cavaco. Até porque, quando ao resto; à efectiva actuação do Presidente da República, prefiro acreditar no prenúncio já anunciado por José Gil: «A coexistência institucional Presidente-primeiro-ministro anuncia-se pacífica, pela força das circunstâncias. Sócrates já fez saber que os resultados das presidenciais não interferem na política do PS. Mário Soares continuará a intervir, apesar do abalo que sofreu. Alegre regressará ao seu lugar de deputado, sem mais. Francisco Louça e Jerónimo de Sousa “continuarão a luta”. Nós voltaremos aos trabalhos e aos dias da vida real, com o sentimento mais forte de que a “política” ideologizada é cada vez mais inútil. E as esperanças, os medos, os anseios, as atenções, concentrar-se-ão novamente nas acções concretas do Governo». Posto isto, resta-nos, de facto, uma Maria com a qual teremos de passar a conviver. (Mais um arrepio.)
Depois, o facto de parecer que acordei e encontrei o concelho do avesso também já não me surpreende. Apenas me causa mais um arrepio. (Frio!) Nos últimos tempos, as reviravoltas que o trânsito e os sentidos de circulação têm sofrido já prepararam os sesimbrenses para qualquer alteração súbita no funcionamento normal das coisas. E por falar em frio, acho que é com enorme frieza que quem manda nestas coisas, trata as pessoas como hamsters de experiências, pequenas cobaias deixadas ao acaso num labirinto onde apenas há um caminho de saída que, depois de várias tentativas, acabamos por descobrir. Neste jogo indecente, no qual não aceitei participar, ainda ando a tentar descobrir as vantagens das alterações ao trânsito na Cotovia e na vila de Sesimbra.
Mas, voltando à neve… é digno de nota o presente com que a natureza decidiu brindar-nos. Sobretudo porque as memórias de acontecimento igual só as que restam duma qualquer fotografia, que remontará a 195-e-qualquer-coisa, que me recordo de ter visto exposta em qualquer local. A tarde deste domingo foi um episódio para mais tarde recordar.
Quanto aos arrepios, realidades do avesso e afins, parece que teremos de os continuar a suportar e, sempre que possível, a espernear.
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