20 de mar. de 2009

Felícia opina

A edição de hoje do jornal Nova Morada inclui, no espaço “página do leitor” uma carta que a vereadora da Cultura da Câmara Municipal de Sesimbra, Felícia Costa, dirigiu ao director do jornal, em resposta ao seu último editorial. Vamos então por partes…

1) Felícia Costa considera, segundo escreve, que o direito à opinião é inquestionável, mas lamenta que certas e determinadas “opiniões” surjam descontextualizadas.
Ou seja, a vereadora até nem tem nada contra as opiniões alheias, independentemente do seu sentido, mas opinião que é opinião tem de ter um contexto.
E ninguém melhor do que ela própria para agora vir a público contextualizar a opinião de outros.

2) A vereadora explica, mais adiante, que não quer rebater a opinião expressa no editorial em causa, mas sim “dar a conhecer aquilo que realmente se passa no concelho de Sesimbra e que foi esquecido”… pelo referido “editorial”.
Quem se der ao trabalho de ler a missiva de Felícia Costa constata que a senhora se limita a elencar um conjunto de iniciativas, que ela considera relevantes, como se de uma lista de supermercado se tratasse. Fez, fez, fez, e… fez. Uff, uff, uff e uff e ainda uff!
Julgo que seria bom alguém explicar à senhora que obviamente o chorrilho de eventos, obras e actividades que ela desfia não foi “esquecido” pelo editorial… simplesmente um editorial de um jornal não é o mesmo que um “boletim municipal” ou o “Sesimbra município”. Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. Uma coisa é imprensa partidária e panfletária, outra coisa é um jornal regional, ok?

3)
Depois deste intróito, Felícia Costa explana o rol de coisas, ao melhor nível duma lista de supermercado, cuja leitura é tão enfastiante quanto calculo que seja a leitura duma lista telefónica.
Ora a vereadora deve ter ficado cansada de tanto escrever porque eu, pelo menos, fiquei cansad@ só de ler…
Mas, como explicar a esta alminha que a definição duma política cultural não tem nada, mas mesmo nada, a ver com a quantidade de obras, “obrazinhas” e “obretas” que ela espalha, sem arte nem engenho, pelo concelho?...

4) Sobre o cineteatro municipal diz ainda a vereadora que “com apenas dois anos de funcionamento o equipamento é uma referência regional e começa a conquistar prestígio além fronteiras”.
Eu até acredito que a vereadora goste daquilo. Mas convém alargar horizontes! O Cineteatro que temos é… como dizer… apropriado. Mas não vamos embandeirar em arco. “Uma referência nacional”?! “Conquista prestígio além fronteiras”?! Será que a senhora sonhou de noite para contar de dia? Afinal temos uma casa da música, um centro cultural de Belém, um coliseu, ou uma aula magna, e ninguém reparou?!

5) A vereadora termina a crónica dizendo que “há quem veja nestas acções um conjunto de festas, festinhas e festarolas”. E esta afirmação é, parece-me a mim, a única coisa sensata que Felícia Costa escreve. Mas isso não é uma opinião, com ou sem contexto, é sim, infelizmente, a nossa triste realidade.

6) Ah, e sobre política cultural a vereadora diz… nada.

18 de mar. de 2009

Será burrice, imbecilidade, desconhecimento, estupidez, desequilíbrio, ignorância...

«O Papa Bento XVI defendeu hoje que a solução para o problema da sida não passa pela distribuição de preservativos, horas antes de aterrar na capital dos Camarões para a sua primeira visita ao continente africano.
"Não se pode resolver (o problema da sida) com a distribuição de preservativos", disse o Papa aos jornalistas a bordo do avião da Alitália que o levará até Yaounde, nos Camarões.
Acrescentou que, "pelo contrário, a sua utilização agrava o problema"

In Expresso Online. Continuação da imbecilidade aqui.

10 de mar. de 2009

A importância que a coisa tem... e a importância que se dá à coisa

«Possuindo um relevante valor patrimonial, a Fonte Esquerda apresenta-se como uma das mais antigas do concelho, assumindo-se como marco incontornável na história do abastecimento hídrico da região.»
Excerto de artigo sobre a Fonte Esquerda retirado da publicação Sesimbr'Acontece de Março de 2009

Se assim é, porque a deixam chegar a este estado?...

Foto ilustrativa de artigo sobre a Fonte Esquerda retirado da publicação Sesimbr'Acontece de Março de 2009

8 de mar. de 2009

A sua opinião conta?!

No ano passado, a Câmara Municipal de Sesimbra inundou as ruas com uma campanha de divulgação das "Opções Participadas", desafiando os munícipes a dar a sua opinião sobre a forma como a autarquia deveria gerir uma magra fatia do seu orçamento, disponibilizado para esse efeito. No foro territorial de Alfarim, Caixas e Lagoa de Albufeira, a "meia centena de munícipes" que compareceu na reunião alertou, entre outras coisas, para a falta de um passeio pedonal e o mau estado da estrada de Alfarim.
Entretanto passaram uns meses e a memória, como todos sabemos, é curta para o que lhes convém.
Na última edição do jornal 'Nova Morada', uma notícia relativa à última sessão de Câmara revela que o presidente da autarquia, Augusto Pólvora, submeteu à apreciação da restante vereação, alterações ao orçamento e às grandes opções do plano (GOP) de 2009 devido a uma quebra de 5 milhões de euros no final de 2008. Como consequência, algumas obras "de carácter menos urgente (...) terão de ficar para mais tarde", nomeadamente, a estrada de Alfarim. (Adiados serão também, segundo a mesma notícia, a obra do Jardim de Santana, que já tinha sido anunciada para o 1.º trimestre de 2009, e o canil municipal.)
Afinal aquilo que é urgente para a população não é, necessariamente, urgente para o presidente da Câmara. Mas afinal, de que vale participar se quando chega a hora de fazer, a opinião da população não tem peso. E pior, quem se deu ao trabalho de participar quando a isso foi desafiado, não merece agora uma única palavra ou explicação.
São prioridades, lá está...

6 de mar. de 2009

Antecipação

No editorial do último 'Sesimbra Município', o presidente da Câmara Municipal, Augusto Pólvora, defende que "num momento em que a crise econó­mica domina todas as notícias e começa a tornar-se progressivamente numa crise social à qual o nosso concelho directa ou indirectamente dificilmente escapará, não deixa de ser significativo o facto de estarem em construção na vila de Sesimbra três novas unidades turísticas". Mais adiante no boletim é afirmado que "a partir de 2010, Sesimbra vai poder contar com três complexos turísticos que irão trazer à vila mais emprego, mais investimento, mais turistas e mais atractividade".
O presidente equivocou-se na data. Um destes empreendimentos antecipou-se e já está a ter consequências:
«A circulação automóvel na Rua General Humberto Delgado, entre o Largo Almirante Gago Coutinho e o Monumento aos Combatentes, encontra-se cortada devido ao aluimento de uma parte da via provocado pelos trabalhos de construção do edifício Sesimbra Shell, destinado a empreendimento turístico e silo automóvel. A circulação será retomada assim que o promotor da obra efectue a consolidação dos terrenos.»
Notícia publicada no site da Câmara Municipal de Sesimbra

5 de mar. de 2009

O regresso do... FOLHA DE COUVE

Há muito que não me debruçava sobre o 'folha de couve', a que neste concelho se convencionou chamar 'Sesimbra Município'. Tudo porque ao abrir a revista Visão da semana passada tive uma leve sensação de deja vu. Na secção dedicada às cartas dos leitores desta revista semanal,  dei de caras com uma foto e um texto que tinha visto e lido uns dias antes no... 'folha de couve'. Nada que merecesse referência neste blogue, não fosse o facto de, ao voltar a  abrir o boletim na página 4 para, por mera curiosidade, confirmar esta semelhança, ter percebido que, nessa mesma página, uma notícia sobre o Regulamento de Feiras e Venda Ambulante surge ilustrada com uma foto de uma pessoa a espreitar numa fenda aberta num enorme rochedo. Tudo bons motivos para continuar a desfolhar a couve:

1. Prémio "dizer pouco-ou-nada em muitas palavras"
Diz o boletim (pág.5) que "está em curso a reabilitação de um espaço verde na zona da Cova dos Vidros" o que incluiu a "colocação de terra e sistema de rega" e , além disso, a Câmara "vai também efectuar a plantação de espécies arbóreas".
"Efectuar a plantação" é fazer muita coisa, mas pôr terra, instalar rega e plantar árvores é criar um espaço verde e não reabilitá-lo porque, pelo que daqui se deduz, ele não podia existir.
É que há "espaços verdes", há canteiros, e há terrenos baldios pomposamente apelidados de "espaços verdes" onde se efectuam plantações... 
De espécies arbóreas.

2. Prémio "Concelho prevenido"
Mais adiante (pág. 7) é referido o investimento que a Câmara fez na área da limpeza urbana. A autarquia adquiriu uma viatura de recolha de resíduos sólidos urbanos e uma varredoura. Sobre a primeira é dito que se "destina a efectuar a recolha de contentores nas freguesias de Santiago e Castelo" e que permitirá aumentar "a eficácia do serviço em caso de avaria ou acidente de outras viaturas de recolha".
Esta é uma opção que, de facto, nos deve deixar muito mais tranquilos. Mas como concelho prevenido vale por dois, o melhor é comprar mais um brinquedo destes, não vá este último também avariar ou sofrer um acidente. Nunca se sabe!

3. Prémio "Não podem ver nada!"
Ficamos também a saber que a Câmara propõe a construção duma rotunda junto ao hipermercado Modelo na Quinta do Conde que será, afirmam, "semelhante à que está a ser construída em Picheleiros, em Azeitão, onde o volume de trânsito é substancialmente inferior ao desta entrada na Quinta do Conde".
Ninguém lhes ensinou que é muito feio cobiçar as coisas alheias...

4. Prémio "O mais, o melhor, o maior... parolo"
Na notícia intitulada "Apartamentos qualificam oferta turística", o concelho de Sesimbra é apresentado como "o mais importante destino internacional da Península de Setúbal", na senda da "maior árvore de Natal do mundo", "do maior centro comercial da Europa", etc. etc... exemplos deslumbrantes do parolismo nacional. Claro que por aqui também temos de ser "o mais" em alguma coisa, mesmo sendo este um epíteto duvidoso e questionável.
Depois, o chorrilho de disparates continua: "transpor o atendimento, serviços, comodidade e lazer de um hotel para apartamentos, que proporcionam tendencialmente mais privacidade (já agora, alguém me consegue explicar o que querem dizer com isto?...) foi o principal objectivo das empresas dinamizadoras, que pretendem contribuir para alargar o turismo o sesimbrense ao ano inteiro". Ora pois! Eu também acredito nas boas intenções destes empresários... Tão preocupados connosco, que queridos!
Mas calma que isto não acaba aqui...
"A possibilidade dos apartamentos serem utilizados nas épocas tradicionalmente mais baixas vai proporcionar um novo impulso ao comércio e serviços."
Até parece que só aqui, e só estes apartamentos em particular, é que vão estar abertos fora da época alta. Isto só visto...

(Continua...)

4 de mar. de 2009

Veredicto: Afunde-se!

O fundo do mar de Sesimbra atrai, anualmente, milhares de mergulhadores. De forma, precisamente, a “incentivar ainda mais esta atracção turística”, o presidente da Câmara Municipal de Sesimbra, Augusto Pólvora, está equacionar o “afundamento artificial de um navio” obsoleto, como noticiou o ‘Jornal de Notícias’. O projecto está, segundo o jornal, a ser estudado em conjunto com a Marinha e com o Parque Natural da Arrábida, que abrange toda a zona marítima sul de Sesimbra. O autarca esclarece que pretende desta forma “afirmar cada vez mais Sesimbra como um destino turístico para o mergulho”. “Temos condições únicas e riqueza de fauna e flora", diz. Mas como isso não basta, vamos lá pôr um barquito pró pessoal se entreter… Eu cá tenho ideias de outras coisas bem mais interessantes que deveriam ser afundadas.

2 de mar. de 2009

Pare-se tudo! É Carnaval...

« (...) Convém dizer, aliás, que o Carnaval à portuguesa, inspirado nos corsos brasileiros, está para o Carnaval brasileiro como a água-pé está para a caipirinha. É, seguramente, dos momentos em que mais apetece fugir daqui, de tal maneira a exibição do humor luso se torna ridícula, patética e deprimente. O Carnaval brasileiro, no Rio e não só, é um espectáculo cénico e visual exuberante, preparado durante um ano inteiro, reunindo as melhores escolas de samba, os melhores músicos, os melhores letristas e compositores, unidos num tema que tem sempre que ver com a história do Brasil ou com a História Universal (este ano, por exemplo, uma das escolas do Rio assinalava os 200 anos do nascimento de Darwin). Goste-se ou não, o Carnaval brasileiro é hoje reconhecido como uma manifestação cultural de massas única no mundo. O nosso, espalhado por várias terras de 'tradições carnavalescas', não tem nada que ver com isso: é um corso trapalhão e pindérico, 'abrilhantado' por tristes vedetas, histéricas de alegria contratual, e onde os temas são invariavelmente os mesmos: a piada política demagógica e a ordinarice rasca. Parece que isto traz muitos turistas às terras e anima o comércio local: ainda bem. Desejo-lhes longa vida, mas não me obriguem a confundir isto com humor ou liberdade criativa. (...)»
Miguel Sousa Tavares no jornal Expresso, sobre o Magalhães de Torres Vedras, cujo corso carnavalesco integrou ainda «um falo gigante apontado ao céu em estado de alerta sexual e um boneco enorme do Cristiano Ronaldo com um testículo de fora».