Em 2005, depois de ter sido eleito, o actual executivo da Câmara Municipal de Sesimbra não cumpriu uma das suas promessas eleitorais: elaborar um orçamento participativo. Justificaram-se com a falta de tempo. Os três escassos meses que distavam da tomada de posse até ao final do ano não eram suficientes, isto apesar de a composição do executivo se ter mantido duma forma geral, com excepção da alteração das cadeiras onde cada um se sentava.
Em 2006, este mesmo executivo alterou substancialmente o seu conceito de prazos temporais e considerou que três meses era mais que suficiente para dar cumprimento à promessa. À pressa, de forma atabalhoada, promoveram-se debates com a população que tiveram lugar entre o final de Outubro e Novembro. Essas reuniões foram um desastre, os documentos de apoio só desajudavam. Das reuniões nada saiu e, findo o processo, o “orçamento participativo”... não era.
Em 2007, a autarquia apresenta um novo formato com o qual promete ultrapassar as falhas verificadas no ano anterior; «um modelo mais adequado às necessidades do concelho», dizem. Como tal, foi fixada para este Orçamento Participativo a verba de 500 mil euros do orçamento total da Câmara, distribuída com base na extensão territorial das freguesias e do número de eleitores. Segundo o presidente da Câmara tem anunciado, esta verba destina-se a «obras de pequena envergadura», ou seja, aquilo que a população é chamada a debater não é o orçamento, mas este “orçamentinho” para tapar buracos. Cada um é convidado a participar na reunião agendada para o local onde exerce o seu direito de voto e onde explica o que faria com o dinheirinho que a Câmara caridosamente lhe disponibiliza. Não é por acaso que os debates realizados, 12 no total (coisa pouca), não têm mobilizado a população. O processo é complexo e desmotivador. A par disto lançaram a campanha “Eu também decido”, pouco eficaz embora bastante panfletária, que de pedagógico tem muito pouco.Parece-me que depois das justas críticas com que este executivo foi confrontado em 2005 e 2006 quis, desta feita, montar um esquema tão certinho, tão quadrado, que se esqueceu do principal: criar um modelo adequado às necessidades e características do concelho e que de “Orçamento Participativo” tem muito pouco. A população é agora convidada a debater “peanuts”, com o mealheirinho que a Câmara entrega a cada área territorial. Infelizmente, é este o entendimento que a maioria que gere a autarquia tem de “orçamento participativo”.
13 de jun. de 2007
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4 comentários:
Será que a Sopa nos pode explicar melhor a história do presidente da autarquia, num dos posts anteriores? É que parece-me que a Junta de Santiago ainda é uma autarquia e que eu saiba, o Félix Rapaz é o seu presidente. Ou não?
O problema é que os senhores copiam tudo fora mas depois não sabem adaptar à realidade do Concelho....
Nem precisa de ser a sopa, eu proprio explico Sr. Anónimo. A Junta de Santiago é uma freguesia, ou seja, um orgão do poder autárquico. A Camara Municipal é uma autarquia, a autarquia do concelho de Sesimbra.
Ai ai que bela ignorância. Autarquias são: Freguesias, Municípios e Regiões autónomas. Todas estas autarquias têm órgãos: a Junta de Freguesia é um órgão, a Câmara Municipal é também e apenas um órgão, não uma autarquia. Os presidentes são apenas presidentes dos órgãos respectivos (Câmara, Assembleia Municipal, Junta). Dizer que o presidente da Câmara é presidente da autarquia já é uma criatividadezinha mas aceita-se, logo também tem de se aceitar o presidente da Junta de Freguesia como presidente de uma autarquia.
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