O presidente da Câmara Municipal de Sesimbra, Augusto Pólvora, está apostado em colocar o concelho na rota dos turistas e, em declarações ao ‘Setúbal na Rede’, defende que os projectos estruturantes para a região, podem, de facto, “impulsionar o desenvolvimento do concelho e a melhoria das condições de vida da população”. Claro que desse lote de projectos estruturantes, Augusto Pólvora sublinha um único: a Mata de Sesimbra. O edil assume que o turismo é a “grande aposta da autarquia”, e, acrescenta: “sem desprezar as actividades tradicionais e a pesca”.
Esta última consideração revela, entre outras coisas, que:
1. Augusto Pólvora considera apostar no turismo não assumindo como fundamental nessa estratégia a promoção das actividades tradicionais e na pesca, o que me parece ser um erro crasso. Ou seja, para o arquitecto uma coisa (turismo) pode existir sem a outra (a pesca e as actividades tradicionais), quando uma e outra coisas deveriam surgir sempre associadas, alavancando-se.
2. O presidente da Câmara Municipal de Sesimbra continua, de forma imperturbável, a assumir o projecto da Mata de Sesimbra como estruturante para o futuro do concelho. É estranho que este tipo e conclusões cheguem numa altura em que a autarquia tem em vista a elaboração de um Plano Estratégico de Desenvolvimento do Turismo no concelho de Sesimbra. Para quê?!
O jornal revela ainda que Augusto Pólvora considera “fundamental” para o concelho o prolongamento do IC21 até Sesimbra, um “itinerário complementar à ponte e que é fundamental para captar mais utentes”. Diz ainda o edil que os “sucessivos governos têm deixado Sesimbra na periferia, sem acesso à auto-estrada”.
Ora bem, o velho sonho do arquitecto de abrir uma auto-estrada que desemboca em Sesimbra está em vias de se tornar numa realidade. Quem viria a ocupar os milhares de casas que a câmara tem deixado que se multipliquem como cogumelos, sem qualquer orientação?
Já agora, alguém consegue explicar-me qual o conceito de periferia do senhor presidente? Segundo a wikipédia, “periferia” quer dizer, num sentido genérico, “tudo o que está em redor”. Afinal estamos em redor do quê? E queremos ser o centro do quê, afinal?
19 comentários:
Caro Barco a Remos
Este tipo de comentários só enaltecem o Presidente da Câmara e só demonstram de si um provinciano em que o obscurantismo da pobreza e solidão são o seu oxigénio.
Continuar a vender a ideia de que Sesimbra pode evoluir ou até sobreviver com as pescas e o comércio tradicional é de uma ignorância atroz.
Dizer que a Mata não é estruturante é não ter a mínima percepção do que é o projecto. Ou mais grave, querer esconder da população para poder sobreviver do miserabilismo, o que é típico dos verdadeiros comunistas.
Dizer que o IC21 não é importante para o desenvolvimento do concelho, é inqualificável.
Por tudo isto, acabo por admirar a conduta do Presidente da Câmara e abominar a sua postura e a de mais dois ou três amigos seus que tudo têm feito para que Sesimbra não evolua desta pequenez e deste miserabilismo.
Desculpe as palavras duras que não pretendem ser ofensivas, mas nem sempre é fácil lidar com quem se opõe à evolução e ao desenvolvimento.
De um anti-comunista e apologista de uma democracia social.
De facto este Presidente de Camara tem uma conduta que foge à lógica comunista, mas talvez esses rasgos de modernidade façam dele um homem menos cinzento que a maioria dos pexitos de gema. Pena que de quando em vez seja forçado a ceder aos interesses do Comité Central.
É obvio que o turismo alavanca automáticamente o comércio tradicional.
Caro Barco a Remos,
O desenvolvimento sustentável do Concelho só se pode fazer através do respeito pelas pessoas que nele vivem, da sua cultura e da sua história.
Quaisquer projectos turisticos que se pretendam para Sesimbra deverão ter sempre em conta essas especificidades, até porque o que atrai os turistas com algum poder económico é a vontade de conhecer e conviver com a cultura de diferentes povos.
Assim, só uma preservação do património natural, edificado e humano, das actividades económicas tradicionais e da cultura são capazes de atrair um turismo de qualidade para Sesimbra.
No entanto, o que vemos é que o PCP continua, como acontece desde 1974, a defender um turismo 'pé descalço' para Sesimbra...
Se existisse alguém interessado em desenvolver Sesimbra só com as pescas e o comércio tradicional, seria alguém muito distraído do mundo que nos rodeia. Se existisse alguém que estivesse contra acessibilidades e outras benesses semelhantes, seria alguém que gostaria de cultivar o isolamento. Como não existem pessoas com essas características, as tiradas baseadas na ideia de um suposto progresso e desenvolvimento automaticamente resultantes de um projecto de urbanização, ou na oposição entre obscurantismo (miserabilismo) e as luzes, só servem para revelar o deslumbramento intelectual de alguns perante meia dúzia de chavões. O mesmo deslumbramento que coloca pessoas como o presidente da câmara ao lado de auto-designados anti-comunistas e apologistas de uma democracia social.
Estes sociais democratas são de uma ignorância ofensiva à inteligência de todos os seres pensantes.
A Mata é realmente estruturante para os bolsos dos promotores. Depois da crise resultante da especulação imobiliária, com as quedas dos preços das casas qual é a estruturação que se pretende? A rentabilização da construção de baixa qualidade para manter margens de lucro aos construtores transformando a mata na reboleira da margem sul.
Não conseguem perceber que já não há parvos e que niguém cai nessa cantilena.
Também não percebem que se a evolução do turismo não passar pela matriz identitária do concelho, esse desenvolvimento é igual ao qu poderia ser feito em qualquer lugar do globo. Não tendo por isso nada que o destinguisse ou que o difernciasse.
Uma palavrinha para o peixe-aranha (Amadeu Penim), agora parece que essas preocupações já vem tarde, sobretudo depois de venderem a alma ao Partido Comunista. Vale a intenção mas prevalecem os actos.
Alguns comentadores habituais em blogs continuam a não querer perceber que o Plano da Mata presupõe que 50% das camas são para aluguer dia-a-dia, vulgo hoteis e apartoteis.
Nunca esperei ver em Sesimbra, um presidente de Câmara comunista rendido à força de um PSD ultra-liberal.
Augusto Pólvora e Francisco Luís, PCP de Sesimbra e PSD de Sesimbra, são farinha do mesmo saco.
Outra forma de ver o mesmo problema é: 50% das camas são de imobiliário puro e simples, e esta é aquela parte do projecto que efectivamente se pode concretizar por ter (tinha) alguma viabilidade. O resto é para compor o ramalhete e fazer passar aquilo que seria impossível de aprovar sem o chapeu de projecto turístico. Toda a conversa sobre o arrastamento de infra-estruturas pelo projecto da Mata não pode esquecer esta realidade. O resto é propaganda.
Com um presidente destes, (POLVORA) em Sesimbra a DIREITA chegou ao Poder.
A direita pura e dura.
Oh anónimo das 08:01PM, então não sabe que Deus os fez e Deus os juntou?
Mais palavras para quê? - São dois artistas sesimbrenses da K7 pirata (com as respectivas Bandas), demagogos qb, e juntos, a utilizar os mesmos meios, em torno dos mesmos interesses, para atingir os mesmos fins.
Da parte dos restantes, é preciso participar. Enfim, actuar!
A. Costa Santos.
Caro Barco e Remos e outros participantes,
Não sei se já viram no site da Câmara de Sesimbra, na parte da Revisão do PDM-Relatórios de Fundamentação, um documento chamado Elementos sumários sobre o Concelho, onde se podem ver todos os planos actualmente previstos para o Concelho. Está lá, para todos verem, que Plano de Pormenor da Zona Norte + PP da Zona Sul da Mata de Sesimbra = 46337 novos utilizadores do Concelho (e sim, a maioria vão ser moradores e segundas residências, apesar da designação de empreendimento túrístico!). Portanto, deixem cá ver... Sesimbra tem hoje (2008) 50236 habitantes. Acho que não é preciso muitos estudos para perceber que este projecto vai mudar o Concelho radicalmente. Acho que a questão que aqui está realmente em causa, é que tipo de Concelho é que cada um de nós deseja que Sesimbra seja no futuro? Mais progresso, com mais gente, mais actividades económica, menos natureza (é inevitável, desenganem-se)ou seja, mais parecido com Lisboa, o Algarve e tantos outros sítios, ou um Concelho que seja uma alternativa e que atraia quem quer fugir do que já há aí a pontapé??? Porque é que não se fazem os hoteis, sim senhor, os spas, um ou outro golfe e aldeamento, que cabem muito bem na Mata?? Mas porque é que temos sempre de levar com não sei quantas mil casas para além disso?? Já para não falar de uma mão cheia de campos de golfe (serei só eu que acho um exagero?? - e a aguinha para beber, hã!??) Essa parte é a do interesse privado, não do público.
População de Sesimbra, toca a mexer para exigir um projecto para a Mata que garanta a manutenção do que Sesimbra tem de melhor!!
Cumps.
MJM
Decepcionante argumentação, e que revela desconhecimento do projecto.
Há sempre um funcionário de serviço para defender a verdade oficial e para transmitir a ideia de que os outros são ignorantes ou estão mal informados. E somos todos nós que lhe pagamos!
Oh intelectual das 11:32 dá lá o teu palpite, já que tu conheces o projecto e tudo o resto é ignorância?
Mostra lá esse iluminismo, para ver se nos convences.
Deixem-me só dizer que por ter o máximo interesse por este projecto, li tudo o que havia para ler sobre ele (tudo o que me foi disponibilizado, claro!). Considero que estou bastante por dentro do mesmo, mais do que a média dos Sesimbrenses e outros interessados (perdoem-me a falta de modéstia!)
Tentei transmitir o geral da minha ideia, mas se quiser posso entrar em pormenores!! Posso falar das conclusões do Plano de Acessibilidades do Concelho (que sustentam a viabilidade dos projectos) e que para mim são preocupantes(passo a transcrever: "a manterem-se as expectativas de urbanização já contempladas no actual PDM de Sesimbra dificilmente haverá garantia que o sistema de acessibilidades funcione a níveis aceitáveis a longo prazo"), posso falar do Plano de Gestão Ambiental (quem me garante que no futuro será cumprido, e já agora o que foi disponibilizado ao público é muito pouco para se saber que medidas concretas e onde é que serão realizadas) entre outros...
Mas já agora, dizer que a argumentação é fraca e não explicar porquê, é que é algo decepcionante...
Ficamos á espera de mais esclarecimentos.
Cumprimentos,
MJM
O comentador MJM tem toda a razão. E só tocou ao de leve nas inúmeras razões para se estar, informadamente, contra o projecto da Mata.
O que é realmente assustador é o grau de ignorância de alguns comentários que aparecem nos blogs sesimbrenses a favor da Mata.
Calma que eles andam por aí.
A Justiça está perto.
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