A Junta de Freguesia de Santiago tem publicado no seu site entrevistas mensais com algumas personalidades. O mês de Julho, que ainda há pouco abrimos, traz-nos Esequiel Lino. Os últimos acontecimentos relacionados com as comemorações dos 30 anos do poder autárquico espicaçaram-me a curiosidade para perder cerca de 40 minutos do meu dia a ouvir aquele que governou o concelho durante mais de 20 anos.
O entrevistador e presidente da Junta de Freguesia de Santiago, Félix Rapaz, começa por dizer que a conversa decorrerá numa “zona paradisíaca”. Mas a entrevista não decorre nas Maldivas nem nas Seychelles, e sim no bar do Hotel do Mar. Félix Rapaz começa por dizer que, “para o bem e para o mal”, Esequiel Lino marcou Sesimbra, mas a frase não incomoda o interlocutor. A história conta-se depressa, Esequiel Lino é da Maçã, percorria 7 km para ir para a escola, jogou futebol nos juniores do Sesimbra com um cartão falsificado, mais tarde passou pelo teatro de guerra em África, onde descobriu um livro de Fidel Castro que mudaria para sempre a sua vida. Trabalhou na banca e marcou pontos no sindicato do sector. Foram as “circunstâncias da vida” que o conduziram à comissão administrativa que governou o concelho de Sesimbra no pós-25 de Abril. Assume ser um “idealista”, característica que chocou com o aparecimento dos “políticos profissionais” que “tinham uma linguagem pela frente e outra por trás” e mantinham “jogos de poder”, com os quais se confrontou naquele que Esequiel Lino elegeu como o pior momento da sua governação: a polémica que surgiu no Meco aquando da discussão do 1.º Plano Director Municipal. Segundo o ex-presidente, um movimento contestava o excesso de construção prevista para aquela área da freguesia do Castelo. A polémica foi acompanhada pela SIC que surgia na época e que apanhava sempre quem “fazia xixi fora do penico” e pelo “então director da Grande Reportagem, Miguel Sousa Tavares”, que Esequiel chama de “mentiroso” e “indivíduo sem moral”. Esequiel Lino critica ainda a perda de identidade de Sesimbra e defende que o concelho tem de voltar-se para o mar.
Mas Esequiel Lino associa o melhor momento da sua governação ao impulso que foi dado à educação, ao dotar o concelho de infra-estruturas que evitaram que os alunos, terminado o 1.º ciclo, tivessem de sair para os concelhos de Almada e Seixal para prosseguirem estudos. Não deixa de ser curiosa esta constatação, numa altura em que a oferta de ensino secundário no concelho escasseia e não dá resposta às necessidades crescentes. Os jovens da Quinta do Conde são obrigados a sair para os concelhos limítrofes e o problema arrasta-se sem solução há vários anos. Aquilo que agora é visto como um avanço significativo alcançado ontem, foi já largamente ultrapassado pela realidade e dinâmicas demográficas.
Será que andamos de vistas curtas para a educação?
3 de jul. de 2007
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5 comentários:
"penso que o nosso anfitrião merece este espaço"..LLoLoLolOllll
Muito interessante este depoimento!A Junta de Santiago está a realizar um trabalho muito importante para preservar a memória do nosso Concelho.
Quem conheceu o senhor Ezequiel antes dele ir prá Câmara e o vê hoje parece um dotor, tá cheio de orgulho, tá cheio dele tá.
Não sabia que já tinha começado o branqueamento dos políticos. Ainda espero ver anúncios nos jornais com declarações dos comunistas jurando pelas alminhas que não são nem nunca foram comunas. Aguardemos.
O Zequiel é um "zartista", trapezista, malabarista e contorcionista e para terminar em grande, só faltava um toque de palhaçada.
É lindo, profundo e comovente, o triste espectáculo com que sempre nos presenteou, presenteia e quiça pensa ainda vir a presentear ...
Oh home desempare-me a loja, já chega, estamos fartos!
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