29 de jun. de 2007

Acontece!

No editorial da edição de Julho da agenda Sesimbr’Acontece, a vereadora da cultura, Felícia Costa, começa por dizer que durante muitos anos se cultivou a ideia «de que os espaços museológicos e os monumentos eram lugares para investigadores e eruditos», para acabar por salientar a democratização do uso destes espaços através da realização de diversos espectáculos e eventos nalgumas salas de visita nobres do concelho: o castelo, a Capela do Espírito Santo, a Fortaleza de Santiago. Pelo meio, Felícia Costa refere as alterações nas «estratégias de gestão» que conduziram à criação de «formas alternativas de olhar o património» e à «abertura de espaços à comunidade».
Por acaso, há uns anos atrás, o Castelo era um espaço restrito, sim senhor. Mas não por ser dominado por uma elite. Apenas porque o seu estado de abandono propiciou alguns furtos e assaltos aos que ousavam subir a encosta.
A fortaleza, de facto, sempre foi um espaço fechado, não devido aos «investigadores e eruditos», mas sim por causa de colónias de férias.
Por seu lado, a Capela do Espírito Santo também não esteve entregue a «investigadores e eruditos». Apenas esteve encerrada durante anos a fio, votada ao abandono.
Entretanto fizeram-se obras. No castelo e na capela... porque a fortaleza continua a definhar escondida atrás de placas identificativas e de cartazes de divulgação.
Depois temos os outros monumentos e espaços museológicos que ainda não foram abertos à comunidade como a Casa do Bispo, o Cabo Espichel, todo o património geológico e arqueológico e (ainda) temos as lojas de companha e muitos outros. Será que afinal é aí que se escondem os «investigadores e os eruditos».

25 de jun. de 2007

Bom silêncio

A última edição do jornal ‘Notícias da Zona’ apresenta um balanço sobre o encontro ’30 Anos de Poder Local Democrático’, titulando sugestivamente a notícia: ‘Protagonismo não se exige, conquista-se’. O texto, assinado pela direcção do jornal critica a organização do evento, pela desorganização das intervenções e pela consequente redução do tempo que tinha sido atribuído a este jornal para falar sobre o tema ‘Turismo e Acessibilidades’. O desnorte no alinhamento, ao que parece, foi motivado por algumas intervenções dum ex-ex-presidente da Câmara Municipal de Sesimbra, Ezequiel Lino. O ‘Notícias da Zona’ ficou chateado. Pois claro que ficou chateado. E isso está desde logo patente na legenda da foto que ilustra a página: “Os presidentes da Câmara que, supostamente, fizeram história no que hoje é o Concelho de Sesimbra”. O “supostamente” é... significativo. Não diz... dizendo. Resta perceber qual dos cinco autarcas fotografados nos suscita mais suposições.
O texto da notícia, em si, não começa bem, dizendo que o evento teve lugar na “magnífica sala Carlos Sargedas”. Ora bem... é mais... “magnífica sala Mário Sargedas”. Mas eu própri@ não tenho grande memória para nomes. E, na generalidade do texto, sou forçad@ a concordar com o seu autor. Talvez se tenha errado no modelo de debate, na escolha ou disposição dos convidados, na organização do evento... Enfim, alguma coisa falhou. E, por causa disso, alguns oradores foram prejudicados pois não tiveram oportunidade de expôr a sua ideia, com princípio, meio e fim. Foi o que aconteceu ao ‘Notícias da Zona’ que utiliza este artigo para acrescentar o que ficou por dizer na sessão realçando as práticas turísticas que devemos aprender com os espanhóis, como a constante animação diurna e nocturna, e elogiando o projecto da ‘Mata de Sesimbra’, entre outras questões.
Quanto aos espanhóis e à forma como vendem o seu sol e constante animação diurna e nocturna, julgo que não temos, de facto, grande coisa a aprender. Sesimbra possui valores culturais próprios e não precisa de se transformar numa Benidorme, numa Marbelha, ou outros destinos que tais, porque com esses não tem sequer hipótese de rivalizar. Sesimbra tem de aprender a vender-se como Sesimbra e ponto final. Aprender com os outros não me parece uma má política, até porque o benchmarking está na moda. Mas no caso da costa espanhola na sua generalidade, a única coisa que devemos, é aprender com os seus erros.
Quanto a fazer depender o desenvolvimento turístico e económico de Sesimbra do mega-projecto imobiliário da Mata de Sesimbra é uma monumental asneirada.
Estou solidári@ com o ‘Notícias da Zona’ porque todos devem ter o direito de expressar a sua opinião, por muito idiota que ela seja. Mas não se arrelie muito com isso porque, pelos vistos, assim até ganhou uma boa oportunidade de estar calado. O poder local democrático também é feito de bons silêncios.

18 de jun. de 2007

(in)compatibilidades?

É impressão minha ou temos uma (ex?) assessora da Câmara Municipal de Sesimbra a assinar textos no ‘Nova Morada’ constando já na ficha técnica do jornal?

Das três, uma: ou a assessora e a jornalista são homónimas; ou há alguém a exercer funções eticamente incompatíveis; ou a Câmara perdeu uma assessora, o que talvez já lhe permita angariar mais uns trocos para trazer mais uma “truta” ao João Mota.

13 de jun. de 2007

Flops: não há dois sem três

Em 2005, depois de ter sido eleito, o actual executivo da Câmara Municipal de Sesimbra não cumpriu uma das suas promessas eleitorais: elaborar um orçamento participativo. Justificaram-se com a falta de tempo. Os três escassos meses que distavam da tomada de posse até ao final do ano não eram suficientes, isto apesar de a composição do executivo se ter mantido duma forma geral, com excepção da alteração das cadeiras onde cada um se sentava.

Em 2006, este mesmo executivo alterou substancialmente o seu conceito de prazos temporais e considerou que três meses era mais que suficiente para dar cumprimento à promessa. À pressa, de forma atabalhoada, promoveram-se debates com a população que tiveram lugar entre o final de Outubro e Novembro. Essas reuniões foram um desastre, os documentos de apoio só desajudavam. Das reuniões nada saiu e, findo o processo, o “orçamento participativo”... não era.

Em 2007, a autarquia apresenta um novo formato com o qual promete ultrapassar as falhas verificadas no ano anterior; «um modelo mais adequado às necessidades do concelho», dizem. Como tal, foi fixada para este Orçamento Participativo a verba de 500 mil euros do orçamento total da Câmara, distribuída com base na extensão territorial das freguesias e do número de eleitores. Segundo o presidente da Câmara tem anunciado, esta verba destina-se a «obras de pequena envergadura», ou seja, aquilo que a população é chamada a debater não é o orçamento, mas este “orçamentinho” para tapar buracos. Cada um é convidado a participar na reunião agendada para o local onde exerce o seu direito de voto e onde explica o que faria com o dinheirinho que a Câmara caridosamente lhe disponibiliza. Não é por acaso que os debates realizados, 12 no total (coisa pouca), não têm mobilizado a população. O processo é complexo e desmotivador. A par disto lançaram a campanha “Eu também decido”, pouco eficaz embora bastante panfletária, que de pedagógico tem muito pouco.Parece-me que depois das justas críticas com que este executivo foi confrontado em 2005 e 2006 quis, desta feita, montar um esquema tão certinho, tão quadrado, que se esqueceu do principal: criar um modelo adequado às necessidades e características do concelho e que de “Orçamento Participativo” tem muito pouco. A população é agora convidada a debater “peanuts”, com o mealheirinho que a Câmara entrega a cada área territorial. Infelizmente, é este o entendimento que a maioria que gere a autarquia tem de “orçamento participativo”.

12 de jun. de 2007

Site CMS

Visitei pela primeira vez o site da Câmara Municipal de Sesimbra que está ainda em fase experimental, como fazem questão de anunciar logo na homepage. Mas, depois de tanto aguardar a inauguração deste espaço há muito anunciado, aquilo que nos oferecem é... uma navegação turbulenta e enjoativa. Não me refiro, como é óbvio, a aspectos técnicos, mas sim informativos. Este é... e algo que me diz que continuará a ser, o calcanhar de Aquiles do actual executivo.

Ora vejamos...
Comecemos pelo que escrevem sobre a Carta Educativa do concelho: « (...) a Câmara Municipal de Sesimbra avançou para a elaboração da primeira Carta Educativa do Concelho. Contou para isso com a parceria do Conselho Municipal de Educação e com o trabalho dos técnicos da Autarquia». Não se estarão a esquecer aqui de ninguém? Ou melhor, duma certa e determinada empresa? Omitir não é mentir. Omitir, neste caso, é desinformar.
Noutra área do site é feita uma breve descrição dos diversos espaços culturais existentes no concelho. Não pude deixar de estranhar o facto de referirem que o ‘Espaço Atlântico’ «foi inaugurado a 25 de Junho de 2007». Algo que «foi» em data que ainda há-de vir é... curioso.
O site refere ainda os principais acontecimentos culturais. E pegando numa barbaridade que já uma vereadora tinha escrito algures, repetem que a ‘Exposição Internacional de Artes Plásticas’ cumpre o objectivo de «globalizar a expressão cultural e contrariar o obstáculo da interioridade». Dizer isto uma vez é mau, mas voltar a repetir é... asnice! «Globalizar a expressão cultural»?! «Interioridade»?! Deve ter sido nesta tirada brilhante que um certo e determinado ministro se inspirou para dizer que a margem sul é um deserto.

Bom, pela amostra junta, o melhor é não ir mais longe na exploração deste site. Continuem a mandar postais pois pode ser que dia acertem.