30 de out. de 2006

Sesimbra, a leste (como sempre)

As escolas básicas portuguesas estão a dar um novo sentido ao ditado "o barato sai caro". A prática de fazer cobranças indevidas no acto da matrícula aos encarregados de educação generalizou-se. As associações de pais começam a questionar-se: "O que aconteceu ao ensino público gratuito?"

Notícia de hoje, no Diário de Notícias

As escolas do concelho de Sesimbra não são excepção. Mas aqui tira-se com uma mão e dá-se com a outra. Enquanto, por um lado, se pede a contribuição para material de desgaste, como giz e papel higiénico aquando da matrícula, por outro, oferecem-se banquetes de recepção à comunidade educativa que fazem disparar o orçamento gasto com o sector da educação.
São prioridades...

27 de out. de 2006

Negócios do Espírito Santo

A Polícia Judiciária (PJ) recolheu, ontem, na sede do CDS/PP, no Largo do Caldas, em Lisboa, documentação sobre o financiamento da campanha eleitoral para as legislativas de 2005. A diligência foi efectuada no âmbito do chamado processo "Portucale", no qual se investigam alegadas práticas de tráfico de influências na aprovação de um empreendimento turístico do Grupo Espírito Santo (GES) na Herdade da Vargem Fresca, em Benavente.

26 de out. de 2006

Pano para mangas

Já está disponível o novo site da Junta de Freguesia da Quinta do Conde. Apesar de que quem acede a este espaço tenha de aguardar longos "instantes" antes de conseguir navegar na página, e do facto de muitos dos menus ainda não disponibilizarem qualquer informação, já dá para adivinhar que ali a "Sopa" poderá encontrar muito assunto.
Basta ler o editorial do presidente da Junta, Augusto Duarte:
«Muito se fala, bem e principalmente mal, porque os que se opõem ao nosso esforço desejam que cada Quinta Condense não se aperceba dos valores que temos e do que fazemos. Mas não cedemos. Nunca o fizemos, não é agora que vamos baixar os braços! (…) Mostramos o crescimento que temos tido mesmo quando temos de remar contra a maré e, às vezes, contra alguns marinheiros.»

Não quero esgotar o assunto num único post mas, nas “novidades”, não pude deixar de reparar na promessa de compra de um… palco. Neste novíssimo site queixam-se de que a Câmara Municipal de Sesimbra nem sempre consegue disponibilizar um palco adequado para a realização de determinadas actividades e eventos. E, porque «é preciso ter em conta que os Quinta Condenses merecem ser apoiados para que a [sua] cultura e o que de bom se faz [na] Vila seja divulgado», a junta compromete-se a «construir um palco totalmente em estrutura de ferro com as dimensões de 9mX8m».

Ora… eu até diria que para apoiar os sesimbrenses da Quinta do Conde… ups, desculpem, os «Quinta Condenses» na área cultural, não é tão importante o palco, mas aquilo que lá se mete em cima.
Mas essa é… a minha opinião.

Já agora… alguém consegue encontrar no site alguma referência ao facto de a Quinta do Conde ser uma freguesia do concelho de Sesimbra?

25 de out. de 2006

Previsível

É inadmissível.
O ‘Sesimbra Município’ de Outubro já está nas ruas e o ‘Sopa de Pelim’ ainda não tinha, como seria de prever, comentado esse facto. Há que ser previsível!
É claro que, como seria de prever, há algumas notas a escrever sobre este boletim. Sobretudo porque, depois de ter traçado alguns elogios à anterior edição desta publicação (pela ausência de erros ortográficos e gramaticais e a diminuição do número de referências aos nomes do presidente da Câmara e alguns vereadores) há situações neste novo boletim que Sopa que é Sopa não podia deixar passar em branco.
Ora, neste boletim de Outubro, lá ressurgem, aqui e ali, referências desnecessárias aos mesmos vereadores. Senão vejamos:

«No âmbito do Orçamento Participativo, a Câmara Municipal organizou uma reunião com as associações juvenis, em que estiveram a vereadora do Pelouro da Juventude, Felícia Costa, e técnicos desta área
‘Associações juvenis discutiram orçamento para 2007’, p. 3

«O Centro Local de Apoio à Integração de Imigrantes, localizado na Quinta do Condem foi inaugurado em Setembro, numa cerimónia que contou com a presença (…) do presidente da Câmara Municipal, Augusto Pólvora
‘Inaugurado o Centro de Apoio a Imigrantes’, p. 5

«O acontecimento contou com a presença da vereadora do Pelouro da Acção Social, Felícia Costa, e de representantes de várias instituições que integram a Comissão Municipal do Idoso (…).»
‘Dia Internacional do Idoso’, pág. 8

«De regresso a Sesimbra, foram recebidos pelo vereador das Actividades Económicas, José Polido que, em nome da autarquia, deu as boas vindas ao grupo.»
‘Agentes turísticos e autarquia mostraram o “outro lado” de Sesimbra’, pág. 11

«Os participantes foram recebidos pelo vereador das actividades económicas, José Polido, que realçou a importância do projecto (…).»
‘Parceiros do projecto Watertour estiveram em Sesimbra’, pág. 12

Daqui se conclui que alguns vereadores são notícia no boletim municipal não por terem dito ou feito alguma coisa que justifique a referência que lhes é feita, mas apenas porque se limitaram a estar… ou a receber.
Pergunto-me o que andarão a fazer os outros vereadores, que por acaso até são de outras cores políticas, para nem sequer merecerem estas honras.

Mas, nem tudo é tão tendencial neste boletim como possa parecer à primeira leitura. Há, de facto, referência a outros autarcas.

Na notícia intitulada ‘Assembleia Municipal solidariza-se com Professor Jorge Rato’ (pág. 9) é afirmado que «a recomendação foi apresentada pelo deputado municipal Francisco Jesus e foi aprovada por unanimidade». Não ficamos a saber de que bancada é o deputado mas isso para o caso também não interessa. O que não é dito, é facilmente deduzido pela amostra junta. Ah, e por falar em junta… É de salientar o rasgado elogio que este boletim faz à junta de freguesia do Castelo que «está a dinamizar um importante trabalho de recuperação e valorização do património histórico-cultural».

Há que ser previsível! Venha o próximo boletim!

24 de out. de 2006

Eu é que sou o…

Os vendedores que habitualmente participam na ‘Zimbr’Antiga’ e a Câmara Municipal de Sesimbra não conseguem conciliar vontades. A autarquia quer transferir a realização da feira para o interior da “recém-pseudo-conquistada” Fortaleza de Santiago. Mas os vendedores torcem o nariz e querem manter a iniciativa no Largo da Marinha, onde decorre desde 2003. Tudo porque… na fortaleza, como é sabido, os comerciantes não podem estacionar.
Ao que parece, devido ao diferendo, em causa está a continuidade da própria feira.
Sobre este caso, o vereador das actividades económicas avisou, em declarações ao ‘Setúbal na Rede’, que «a autarquia é que decide o que é melhor para Sesimbra» e defendeu que os comerciantes têm de ser «mais compreensivos».
Resumindo...
Uns estranham o facto de um espaço que serviu durante três anos, subitamente, tivesse deixado de ser «bom para Sesimbra». Ainda por cima, a alternativa que lhes é oferecida sonega-lhes a regalia do estacionamento que é, como todos bem sabemos, um bem precioso no centro da vila.
Outros… enfim, com uma sensibilidade para lidar com estas questões semelhante a um elefante numa loja de porcelanas acham que ou é à sua maneira ou não é de maneira nenhuma, arrogando-se do poder de decisão sobre «o que é melhor para Sesimbra».
Eu, que não quero, não posso, nem mando… acho que, com bom senso, tudo tem uma solução.

18 de out. de 2006

Em cima do joelho

Já se encontram, aqui e ali, anúncios às reuniões que a Câmara Municipal de Sesimbra quer realizar com a população com o objectivo de elaborar um orçamento participativo. A iniciativa é, de facto, meritória, porque permitirá à Câmara delinear a sua acção indo ao encontro das prioridades definidas e necessidades sentidas pela população, mas (e porque há sempre um “mas”) a forma como está a ser conduzida levanta-me algumas dúvidas.
A elaboração de um orçamento participativo tinha sido prometida pelo PCP nas autárquicas de há um ano. Nesse final de 2005, no entanto, o novo executivo camarário liderado pelos comunistas, apresentou um orçamento elaborado entre quatro paredes que pouco tinha de participativo. Segundo notícias publicadas na altura, quando confrontados com o não cumprimento dessa promessa eleitoral, justificaram-se com a limitação temporal. E até se percebe… Tendo esse novo executivo assumido funções há pouco tempo era impossível conseguir realizar, em escassos três meses, os encontros e reuniões com a população que estariam na base da elaboração de um orçamento participativo. Até aqui, tudo bem. Considero que é uma justificação perfeitamente aceitável.
Mas é precisamente por isso que não percebo a razão de a Câmara anunciar agora reuniões com a população para debate do orçamento para o final de Outubro e Novembro. Afinal os três meses que em 2005 não eram suficientes agora já chegam e sobram?... Fazer em cima do joelho agora, ou tê-lo feito antes, vai dar no mesmo!
Já se percebeu que estratégia não é o ponto forte deste executivo, mas julgo que é relativamente simples de perceber que, numa época em que a população está arredada dos processos de tomada de decisão, não se pode apelar à sua participação apenas colocando muppies a anunciar as datas das reuniões. Um orçamento participativo implicaria, a meu ver, um processo pedagógico e mobilizador que precedesse as reuniões. Só dessa forma seria possível recolher depois os frutos do processo. Nada disso foi feito. Criam-se os espaços de debate mas não se prepara as pessoas para esse debate. Como tal, qualquer discussão feita nestes moldes corre o sério risco de resultar... em nada.

Coreias

O novo embaixador da Coreia do Sul em Portugal esteve há poucos dias perto de Sesimbra para um piquenique que reuniu mais de meia centena de sul-coreanos residentes em Portugal.
Como é óbvio, não foi por ter passado por Sesimbra que o embaixador Eui-min Chung foi notícia. Julgo até que essa visita terá passado despercebida à maior parte das pessoas. Mas a chegada do diplomata ao nosso país ocorre numa altura em que as Coreias andam nas bocas do mundo. Por um lado, o sul-coreano Ban Ki-Moon foi eleito para secretário-geral nas Nações Unidas. Por outro, a Coreia do Norte anunciou ao mundo a realização de testes nucleares tendo sido logo depois severamente criticada por diversos países, nomeadamente, a China, que muito tem contribuído para a sobrevivência do país.
Entre a boa e a má notícia abre-se espaço para pensar este território desunido há 60 anos.
Há pouco tempo vi um filme impróprio para cardíacos (julgo que já estará em DVD) intitulado “Irmãos de Guerra” (Tae Guk Gi, no original) que retrata, com uma perfeição incómoda e cruel, essa guerra atroz entre as duas Coreias, onde o actor principal começa num lado da barricada e termina no outro. Pelo caminho perde muito e perde-se a si próprio. É um filme onde não há bons nem maus. Não há heróis e vilões. Apenas coreanos. E a história da guerra, no filme, não tem final. Nunca se saberá quem saiu vencedor. Até porque, para o efeito, isso, na verdade, não importa.
Mas, pelos vistos, ainda há quem não tenha tirado ilações do seu próprio passado.

17 de out. de 2006

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O ‘Sopa de Pelim’ prolongou a pausa por mais tempo do que considera desejável. Não foi, acreditem, por falta de assunto.
Muito haveria para dizer, por exemplo, sobre o editorial da vereadora da Cultura, Felícia Costa, no Sesimbr’Acontece.
Mais uma pérola, como, de resto, já vimos sendo habituados. Não resisto, no entanto, a salientar duas partes, para abrir o apetite. Conclui, a certa altura, a autarca que «nesta época começam a aparecer os produtos regionais próprios do Outono». Duh! É certo que é usual acusarmos as estações do ano de andarem trocadas mas, por enquanto, nesta época do ano ainda aparecem produtos regionais próprios do Outono!
Mais brilhante ainda é o momento em que a vereadora afirma que «para desgastar as calorias de uma boa refeição nada melhor que um pouco de desporto». «Desgastar as calorias»? Ai minha mãezinha… Ler estes editoriais é que nos “desgasta” a paciência…
Mas enfim, não são só as publicações municipais que nos brindam com bons momentos de leitura da mais fina prosa. Foi, igualmente, com curiosidade que li o jornal “Nova Morada” de 29 de Setembro que teve a (in)feliz ideia de abreviar “Comissão de Utentes” para “CU” na notícia intitulada ‘Contra o “mau olhado e esconjura”’. Como seria de esperar, essa opção resultou em tiradas tão curiosas como: «(…) e dado não vislumbrar a CU a desejada “luz ao fundo do túnel» ou «apelando CU a “uma resposta firme dos quintacondenses a esta provocação (…)».
As coisas que nos dão para ler…