12 de nov. de 2007

Pedinchas

Há uma questão que me tem feito muita comichão. Há uns tempos, o Grupo Desportivo de Sesimbra (GDS) anunciou o cumprimento daquilo que ameaçava ser uma eterna promessa eleitoral: a construção duma piscina. O homem sonhou e a obra está em nascimento. Um parto difícil, diga-se de passagem. Ainda não consegui perceber se homem sonhou demais e deu um passo maior do que permite a perna de um grupo desportivo, ou se surgiram mais imprevistos do que os realisticamente considerados.

Mas, façamos contas… esta obra foi comparticipada pela administração central e pela Câmara Municipal de Sesimbra. Entretanto foi contraído pelo clube um empréstimo no valor de 1.440.000 Euros. Há uns tempos, estacionar o carro no Calvário implicava um pagamento que revertia para o GDS. Hoje, na Rádio Sesimbra FM e no site do clube pedincham-se donativos, assumindo que «as dificuldades financeiras são uma constante quando se inicia um projecto de tal dimensão».

Ninguém ignora as dificuldades porque passa o movimento associativo, essencialmente subsidio-dependente. Mas há obras e obras. O Estado contribuiu para esta, tal como a Câmara o fez. E todos nós contribuímos para o Estado e para a Câmara. Parece-me que há aqui algo de excessivo. Ou é a pedinchice ou é a obra em si.

Nesta onda da pedinchice entrou também o Raio de Luz, que em editorial já tinha acusado de “soberbos e avarentos” os que “têm mostrado insensibilidade na partilha dos seus bens para o benefício dos demais”. Também a obra do Centro de Estudos foi já comparticipada pela administração central, Junta de Freguesia do Castelo e pela Câmara.

Mas que raio de moda é esta agora?!

Funina's Blog

Ninguém pode acusar este homem de falta de persistência.
Segundo consta, tem comparecido em mais reuniões de Câmara e da Assembleia Municipal que os próprios membros destes órgãos.
Agora, ele chegou ao universo dos blogues:
http://arlindofunina.blogspot.com/

Um, dois, três, macaquinho do chinês

Nos últimos tempos, os sesimbrenses têm sido bombardeados com referências a “festivais” gastronómicos. Primeiro foi a Quinzena do Peixe-Espada Preto. A esta seguiu-se, no âmbito do programa ‘Marés de Outono’, a Quinzena do Espadarte. Acabadinhos de sair desta, damos logo de caras com a semana gastronómica dos “Sabores de Outono”.
Não tenho absolutamente nada contra estes sucessivos eventos gastronómicos, mas parece-me que com tanta oferta, acabar-se-á por banalizar algo que poderia, dentro de algumas edições, destacar o concelho conquistando turistas pelo estômago.
Falta (também aqui) orientação a esta política de divulgação das actividades económicas. Ora vejamos: anteontem Sesimbra foi concelho de Espadarte; ontem, pretendeu-se que afinal o conhecessem pelo Peixe-Espada Preto; hoje, valem mais as castanhas, batatas-doces e maçãs camoesas da Azoia.
Ser ou não ser, não é realmente a questão que importa. Ou melhor, importa ser seja o que for. É a loucura.
De facto, não há fome que não dê em fartura. E não há enfartamento ou azia que um Kompensan não resolva.

E, atenção, é preciso ter cuidado por que esta coisa pega-se.
É que, entretanto, para não se ficar atrás, o presidente da Junta de Freguesia de Santiago lançou há dias o Festival Gastronómico de Sopas do Mar que deverá decorrer lá para Abril. Félix Rapaz pretende que esta quinzena (esta é que é!) se torne numa «referência nacional».

Mas, de agora até Abril ainda há muita quinzena pelo meio… e aqui a imaginação é o limite.

Já agora... e antes que alguém tenha outra ideia, declaro desde já as duas próximas semanas como a "Quinzena Gastronómica da Sopa de Pelim".

Movimentações

Dois anos apenas nos separam das próximas eleições autárquicas. Não são, por isso, inocentes as movimentações de candidatos a candidatos (digo eu) aos órgãos autárquicos.
Assim, depois de meio mandato a dizer “ámen”, surgem, pela primeira vez, ecos de divergência no executivo que gere a Câmara Municipal de Sesimbra. Há uns tempos, a palavra “unanimidade” era escrita e reescrita na imprensa local. Agora, o vereador socialista Amadeu Penim já ousa descolar-se, pública e assumidamente, das decisões do presidente comunista Augusto Pólvora.
Noutro palco, a comissão concelhia do Partido Socialista tem agora um novo presidente. A Alberto Gameiro, um dos actuais vereadores socialistas que ainda não ousou descolar da liderança comunista da Câmara, sucedeu João Capítulo.
Noutro palco, surge o também socialista, Félix Rapaz, actual presidente da Junta de Freguesia de Santiago. Também este autarca já assumiu que faria todo o gosto em ser cabeça de lista pelo PS à Câmara. Por enquanto, vai lançando desfiles de moda e um festival gastronómico.
E ainda faltam dois anos… Convém que no meio destas movimentações, alguém faça o favor de se lembrar da terra e das pessoas. Não digo que isto seja uma prioridade, mas entre o admirar o próprio umbigo, o distribuir "papas e bolos" e o propagandear a pedrinha que se ajeitou na calçada, pode ser que se encontre um bocadinho de tempo para ver o resto.

Pelas ruas da amargura

Mais uma vez, a edição do jornal ‘O Sesimbrense’ marca pela sua inutilidade. No editorial, a directora Isabel Peneque retoma o tema do aborto, questionando a opção das mulheres que optam por recorrer à interrupção da gravidez. O tema tem suscitado debates interessantes o que contrasta com o editorial de Peneque que prima pelo banal desinteresse e traduz a indiscrição da senhora que relata uma conversa que ouviu num café de bairro, na mesa do lado. Falar da vida alheia já é mau. Mas publicar conversas escutadas na mesa do lado num café, criticando-as e julgando-as, é mesmo mau demais para ser verdade.

A capa do jornal volta a falar de desporto, desta vez (até que enfim) concelhio. Na foto, o destaque vai para três sorridentes autarcas deste concelho; a presidente da Assembleia Municipal, Odete Graça, o presidente da Câmara Municipal de Sesimbra, Augusto Pólvora, e o presidente da Junta de Freguesia do Castelo, Francisco Jesus. Enfim, uma família da mesma cor política, sorridente e (até parece) unida. Tudo a propósito do 8.º aniversário do Clube Escola de Ténis.

Sobre este acentuado declínio de qualidade informativa em alguma imprensa regional, não posso deixar de referir aquilo que descobri no blogue Rede da Xixa que analisa a edição de 2 de Novembro do jornal ‘Nova Morada’. Aqui, chama-se a atenção para uma entrevista feita ao vereador do desporto, José Polido. Faço minhas as palavras e indignação deste anónimo comentador:

Estas são as perguntas que Vanda Pinto colocou ao vereador José Polido.
1ª Pergunta – Que balanço poderá fazer do Desporto a nível concelhio, nestes dois anos?
2ª Pergunta – Esses resultados também são fruto do apoio dado pela autarquia. Como é visto esse apoio pelos clubes?
3ª Pergunta – Fala-se muitas vezes que a autarquia é o grande suporte financeiro dos Clubes. Concorda com esta afirmação?
4ª Pergunta – Mas sem esta ajuda os Clubes não conseguiriam sobreviver…
5ª Pergunta – Acha que existem muitos clubes no concelho?
6ª Pergunta – Em termos financeiros é um grande esforço para a autarquia?
7ª Pergunta – Quanto custa à Câmara esse apoio?
8ª Pergunta – Sendo da área dos números e dos cifrões o que o levou a aceitar uma área como o desporto?
9ª Pergunta – Já agora, que modalidade praticava o atleta José Polido?
10ª Pergunta – Num futuro que projectos desportivos estão a ser desenvolvidos?
11ª Pergunta – Como gostaria de ver crescer o desporto no concelho?
12ª Pergunta – É portanto um vereador orgulhoso do trabalho desenvolvido na área?
13ª Pergunta – Que mensagem gostaria de deixar à população e aos nossos atletas?

Em nota introdutória ao artigo, Vanda Pinto, a assessora da Câmara de Sesimbra e colaboradora do Nova Morada escreveu: “… o apoio do vereador ao desporto e ao movimento associativo tem sido bem evidente até à data. Não é difícil encontrá-lo nas várias actividades ligadas ao desporto que têm decorrido por todo o concelho”

Isto é Imprensa livre e independente???

Não deixa de ser curioso, e até ridículo, que o director do 'Nova Morada' critique em pleno editorial, cheio de moral, um outro jornal local - o 'Notícias da Zona' - por este último ter debatido, numa das suas últimas edições, o casamento e a união de facto.
Ai os telhados de vidro... Enfim, quanto a mim, entre uns e outros, venha o diabo e escolha, porque esta imprensa local anda mesmo pelas ruas da amargura.