27 de set. de 2006

Hermana Sesimbra

Durante dois dias, operadores turísticos e jornalistas, nacionais e internacionais, "foram tratados como turistas" em Sesimbra. Como foi divulgado pelos meios de comunicação social, a iniciativa visou provar que o concelho pode assumir-se "como um destino turístico de referência durante 365 dias por ano".
Nesse sentido, os "turistas" improvisados tiveram oportunidade de participar em actividades como: o mergulho, massagens, mostras de produtos tradicionais, canoagem, rappel, surf, windsurf, vela e 4X4, entre outros.

Esta foi a receita encontrada para “dar a conhecer as potencialidades de Sesimbra”.
Como sesimbrense tenho pena que mostrar o que Sesimbra tem de bom se resuma à prática de desporto e às massagens. Mas é uma perspectiva. Pobre e fraca, há que admitir... Mas é uma perspectiva...
A ideia, ao que parece, partiu do Turiforum, um grupo de trabalho que inclui a Câmara e um conjunto de empresários, que se propõem a "delinear uma estratégia para o desenvolvimento turístico local" e para que Sesimbra "apareça turisticamente no mapa português e espanhol", disse o vereador das Actividades Económicas, José Polido.
("Aparecer turisticamente"... é uma expressão curiosa)
Seria interessante que esse grupo de trabalho integrasse outros representantes da sociedade civil e não apenas a autarquia, os empresários e as associações de comerciantes. Importava incluir no grupo, elementos que contrabalançassem alguns interesses instalados que, muitas vezes, podem ser contrários a um crescimento saudável e ponderado, com fins delineados, tendo como objectivo único a defesa da terra. Parece-me pouco coerente, e até preocupante, entregar o futuro do turismo de Sesimbra a um grupo que rema em uníssono para o mesmo lado. Mas, lá está, é uma perspectiva...
Segundo o coordenador da FAMTour, Aleixo Terra-da-Motta "a ideia é encontrar uma plataforma com poder político e privado que teça um plano estratégico para o desenvolvimento sustentável do concelho".
Ora, assentar o desenvolvimento sustentável do concelho numa plataforma que reúne no mesmo prato da balança o político e o privado em defesa da coisa pública e do futuro da terra é, por si só, uma estratégia pouco... coerente (para não dizer outra coisa).

Para ajudar à festa, os responsáveis apontam como público-alvo desta promoção de Sesimbra o mercado espanhol, “em crescimento”.
E as minhas preocupações em relação a este tipo de iniciativas aumentam. Ora, vejam bem o slogan desta iniciativa: “Estremadura espanhola, a vossa praia é Sesimbra!”. De facto, ela não é minha, nem nossa (dos residentes), nem tão pouco dos pescadores. Mas ver esta praia atribuída a outros, assim de bandeja… doi. Não é minha, não é nossa, mas muito menos será deles.
E, como se não bastasse, Aleixo Terra-da-Motta adianta ainda que um dos projectos do grupo passa também por “estudar os grandes investimentos previstos para a região”, como Tróia ou a Mata de Sesimbra, de modo a “identificar possíveis sinergias, pontos positivos e pontos negativos a serem melhorados”.
Mata de Sesimbra? Está tudo dito...

19 de set. de 2006

Alguém andou a fazer contas

Na edição de Setembro do ‘Sesimbra Município’ é impossível ficar indiferente aos números:

«As sessões públicas de esclarecimento contaram com a participação de 310 munícipes, dos quais 26 intervieram. Por escrito, foram entregues 27 participações.»
‘Relatório da discussão pública aprovado por unanimidade’, pág. 3

«Este ano lectivo a verba ronda os 540 mil euros para apoio a 1200 alunos. Um valor que traduz um aumento na ordem dos 30 por cento em relação a 2005/2006.»
‘Autarquia investe 540 mil euros’, pág.5

«O Centro de Recursos Educativos da Câmara Municipal de Sesimbra (…) abriu as portas em Junho de 2005 e desde então já fez 1146 atendimentos.»
‘Centro de Recursos Educativos, Um espaço aberto à comunidade’, pág. 7

«A festa, que em 2005 recebeu 400 pessoas, é uma homenagem a todos os idosos do concelho.»
‘Dia Internacional do Idosos, Festa no Parque de Campismo’, pág. 9

«As actividades de Educação Ambiental destinadas a crianças (…) tiveram este ano mais de 250 participantes.»
‘Educação Ambiental, Ateliês de Verão muito participados’, pág. 13

«Cerca de duas mil pessoas visitaram as exposições Mundo Subterrâneo da Arrábida e Reino dos Minerais, que estiveram patentes no Espaço Atlântico e na Galeria Arte e Mar.»
‘NECA trouxe à superfície o maravilhoso mundo subterrâneo da Arrábida’, pág.14

«Desde que o projecto Prove teve início, no final de Junho, já foram vendidos 1600 quilos de frutas e legumes cultivados em Sesimbra.»
‘Promoção da agricultura regional, Prove que é da terra!’, pág. 16

Tanta conta, será influência do início das aulas e duma aposta na promoção da matemática... Ou a necessidade de apresentar contas tem outras razões que a própria razão do munícipe desconhece?

Três vezes?!

O boletim da Câmara Municipal de Sesimbra está diferente. Tenho, por isso, que admitir que o ‘Sesimbra Município’ melhorou em, pelo menos, três aspectos:
a) O Presidente da Câmara já não aparece em todas as fotografias;
b) Nas notícias, o leitor deixa de ser constantemente bombardeado com as declarações do arquitecto, que também é presidente, ou dos vereadores. Da mesma forma optaram (e bem) por não transformar as notícias em meros relatos sobre os eventos onde o presidente ou os vereadores tinham estado presentes (até porque, na grande maioria das vezes, essa presença não era realmente relevante para a notícia ou para o munícipe mas apenas porque tinha de ser noticiado que eles lá tinham estado... e a comprovar lá estava a fotografia).
c) Os erros ortográficos e gramaticais que antes se atropelavam, agora diminuíram consideravelmente.
Mas, e como não há bela sem senão, nalguma esquina do ‘Sesimbra Município’ tinha de pulsar uma certa veia. Numa edição dedicada ao ‘Regresso às Aulas’, como anuncia a capa, era de prever uma forte presença de notícias no âmbito da Educação. Nas páginas 4 e 5, por exemplo, fala-se de obras. Fala-se e fala-se e fala-se. Isto porque não basta dizer as coisas uma vez. Ora, façamos contas às letras…
1) No texto ‘Tudo pronto para o início do ano escolar’ (página 4), é referido no segundo parágrafo: «Este ano, durante o Verão, foram feitas obras em várias escolas básicas do primeiro ciclo, de forma a melhorar as suas condições de conforto e funcionamento. De salientar as intervenções nas escolas do Zambujal, na Boa Água e em Santana onde foram criados quatro novos refeitórios.».
2) Logo na página seguinte, o 1.º parágrafo da notícia ‘Quatro novos refeitórios nas EB1’ diz: «A Câmara Municipal criou mais quatro refeitórios nas escolas básicas do primeiro ciclo do Zambujal 1 e 2, da Boa Água, na Quinta do Conde e de Santana».
3) Como se não bastasse, e para aqueles (duh!) que ainda assim não captaram aquela parte dos quatro refeitórios, a página 5 integra ainda uma coluna onde são sintetizadas as ‘Intervenções nas escolas’. Aí o leitor re-re-re-lê que para EB1/JI da Quinta do Conde foi adquirido «equipamento para o refeitório» ou que na EB1 de Santana foi criada «uma sala de refeições» e adquiridos os «respectivos equipamentos»…
Há obra… e há obra… e esta triplica-se!

15 de set. de 2006

Lestes

Concluo que Sesimbra está a leste do resto do mundo. Num dia em que os professores estão de luto, em sinal de protesto e em manifestação pelo seu descontentamento... Por cá, a "comunidade educativa", como alguém a entende, é desafiada a brincar aos sixties.

14 de set. de 2006

Um início de mês... que já lá vai

Segundo o 'Jornal de Sesimbra', na reunião ordinária de Câmara de 16 de Agosto, foi anunciada, para o início de Setembro, a apresentação do Plano de Pormenor da Zona Sul da Mata de Sesimbra. Ora, o início de Setembro já lá vai. Estamos em meados do mês e a partir da próxima semana entramos no seu final.
A ver vamos se se enganaram na parte do mês em questão, ou no mês propriamente dito.
A minha ansiedade deve-se à curiosidade de saber quais as propostas apresentadas durante o período de discussão pública que foram acatadas pela equipa que elaborou o documento.
É importante daí tirar conclusões até porque o Plano de Pormenor da Zona Norte da Mata de Sesimbra ainda está no segredo dos deuses. E sobre esse, ninguém se atreveu a conjecturar uma data de finalização. Talvez no dia anterior ao início dessa discussão pública, alguém se digne a avisar...

12 de set. de 2006

Contas

A edição de Setembro da “agenda de acontecimentos do concelho de Sesimbra”, a ‘sesimbr’acontece’, anuncia na página 17 um evento de que já nos habituámos a ouvir falar, raras vezes por bons motivos: a recepção à comunidade educativa. Desta feita, em vez do tradicional e concorrido repasto oferecido aos funcionários das escolas do concelho, a revista anuncia-nos um programa que começa na próxima sexta-feira e se estende até 5 de Outubro. As actividades destinadas à comunidade educativa, no entanto, estão assinaladas com um asterisco. Ou seja, das 19 actividades previstas, apenas três têm o dito asterisco.
São diversas as críticas que tenho ouvido em relação a este evento que, todos os anos, dá um valente desbaste no orçamento municipal. Mas, há que compreender a pertinência da festa, que este ano aparece camuflada entre diversos outros eventos. Por um lado, o pessoal precisa de festas. Por outro, calam-se as bocas às vozes críticas, tapando o sol com a peneira, isto é, integrando neste “acontecimento” actividades como a observação das estrelas no Monte dos Vendavais, alguns passeios pedestres e conferências (tudo sem asterisco).
Apesar destes contorcionismos, o ponto alto continua a ser, sem dúvida, o dia da recepção que inclui o (já tradicional) repasto temático, desta vez dedicado à ‘Época que mudou o Mundo – anos 60’ (note-se que os convidados têm de adequar as vestes à época retratada… uma forma de dar expressão ao anunciado Carnaval-todo-o-ano, claro está), que terá lugar na Fortaleza de Santiago. Tendo em consideração que, como referido no texto ‘O início do ano lectivo’, existem cerca de 700 professores e educadores no concelho… é fazer as contas!

11 de set. de 2006

Curtinhas

1) Não se percebe porque insistem em anunciar a criação de mais lugares de estacionamento. Os condutores não precisam que lhes criem lugares porque eles inventam-nos. Basta ver o estado em que esteve a marginal nas noites de sexta e sábado.
2) Não se percebe porque é que depois de dezenas, senão mesmo centenas, ou milhares de infracções cometidas em frente à entrada superior do novo "Sesimbra Hotel & Spa" a sinalização continua insuficiente e a criar situações de trânsito insólitas.
3) Decorreu, este fim-de-semana, o XI Encontro de Limpeza Subaquática na Praia do Ouro, em Sesimbra, organizado pelo Núcleo de Actividades Subaquáticas da Associação de Estudantes do Instituto Superior Técnico (NASAEIST) em colaboração com a Câmara Municipal de Sesimbra. Em declarações ao 'Setúbal na Rede', o presidente do NASAEIST anunciou que o objectivo da edição de 2006 era retirar uma tonelada de lixo do mar de Sesimbra: «no ano passado 50 participantes retiraram 800 quilos de lixo e há dois anos 600 quilos, pelo que este ano acredita-se conseguir alcançar a tonelada».
Curiosamente, uma iniciativa deste género deveria ter como objectivo retirar cada vez menos lixo do mar, ou não?
4) Atenção à navegação... Está quase aí a festarola do ano! Preparem-se porque a festa de recepção à comunidade educativa não tarda!

6 de set. de 2006

Mais à borda era impossível

Este fim-de-semana, à semelhança do que tem acontecido ultimamente, junto à praia, uma moça simpática estendia revistas aos veraneantes. A revista “Happy Woman”, de Julho de 2006, puxa para capa alguns títulos sugestivos: “Vestida para ser magra”; “Troca de casais, uma nova tendência”; ou, “Como conseguir um aumento”. Além destes temas atractivos, houve um que, por motivos óbvios, me chamou a atenção: “Hóteis em cima do mar com preços happy”. A parte dos “hotéis em cima do mar” deixou-me a pulga atrás da orelha, mas quando abri a revista desfiz as dúvidas. Lá estava ele. O “Sesimbra Hotel & Spa” no seu melhor. Ora vejamos o que diz a reportagem:

«Percorro a marginal da vila piscatória e sou surpreendida por um edifício imponente de linhas contemporâneas, situado mesmo em frente ao oceano».
«Imponente» é… comedimento. E «situado mesmo em frente ao oceano» é dizer pouco dum edifício que está plantado à borda de água.
Se assim não fosse, a jornalista não escreveria mais adiante o seguinte:
«Com um sol radioso dispenso a piscina interior aquecida e o ginásio, preferindo exercitar-me na piscina exterior. Saboreio esses momentos na água doce e aquecida, com a sensação de que me basta esticar o braço para tocar o oceano».
Pois, neste hotel, sensação e realidade confundem-se. Ora, experimente lá esticar o bracito!

5 de set. de 2006

Lido

«Hoje, todas as escolas e instituições culturais têm padrinhos. Uns são mecenas, como o Jumbo, os Rotários ou os Lyon e outros dão apoio social. Mourinho, por exemplo, apadrinha a escola secundária do Bocage.»
Maria das Dores, que na quinta-feira toma posse como presidente da Câmara Municipal de Setúbal revela, ao 'Expresso' de 2 de Setembro, a sua obra de 5 anos à frente do pelouro da Cultura e Desporto.

«Os militantes comunistas têm então (mais) esta diferença: para nós, também os cargos públicos são para exercer num quadro de trabalho colectivo, em que a equipa vale mais do que um somatório de valores individuais.»
Bruno Dias, Membro da Direcção Regional de Setúbal e do Comité Central do PCP, em crónica de opinião publicada no 'Setúbal na Rede'.

«Nos restaurantes também há os que não se poupam e gostam de comer “do bom e do melhor”, como há aqueles que escolhem o mais barato que há na ementa. Vê-se de tudo um pouco, desde grandes pratos de marisco, com lagosta, camarão tigre e ostras, até pratos de sardinhas e carapaus.»
'O Sesimbrense', notícia sobre o turismo na Aldeia do Meco.

«(...) Há cerca de três anos o livro estava praticamente pronto mas foi nessa altura que Sesimbra sofreu uma transformação tal que me fez pensar que dentro de poucos meses as fotos estariam completamente desactualizadas. Então decidi esperar (…) Por exemplo, posso adiantar que a primeira foto constante no livro tem oito anos e a última foi tirada duas semanas antes do lançamento. Por entre gruas e guindastes era difícil encontrar uma boa perspectiva de fotografia e, por isso, esperei tanto tempo.»
Carlos Sargedas em entrevista ao ‘Jornal de Sesimbra’ sobre o seu novo livro “Vertigem Azul”.