28 de abr. de 2006

Irra, que são burros!

Como foi anunciado durante a última discussão pública do Plano de Pormenor da Zona Sul da Mata de Sesimbra, o advogado José Sá Fernandes interpôs uma providência cautelar que ameaça suspender o processo. As declarações do presidente da Câmara Municipal de Sesimbra, Augusto Pólvora, ao ‘Região de Setúbal On-Line’ sobre este facto são sintomáticas do mal-estar que isto causou junto dos promotores da pseudo-ecológica cidade que querem construir na Mata de Sesimbra. O que me leva a concluir isto, é que o edil, ao contrário do que seria expectável, não se afirmou tranquilo em relação aos possíveis desenvolvimentos. Como diria o povo, quem não deve… não teme. Mas, ao invés disso, o autarca optou por pôr em causa as capacidades de análise do referido advogado. Augusto Pólvora declarou ao jornal on-line: «Acho notável que uma pessoa venha consultar o plano no último dia, durante meia hora, e que decida de imediato interpor uma providência cautelar». Até porque, segundo frisou, o Plano de Pormenor em causa «é complexo, tem milhares de páginas e é de difícil análise para quem não tem formação na área urbanística».
Estas afirmações do edil não me espantam. Até porque, durante a última sessão pública, de cada vez que foi confrontado com questões mais incómodas sobre o projecto, o edil concluiu, perante a plateia, de forma muito indelicada, que quem lançava assim críticas ao processo não sabia ler mapas nem tinha capacidade para entender a complexidade do projecto, ao contrário, claro, dele próprio e dos promotores turísticos.
As dúvidas de Augusto Pólvora sobre a actuação de Sá Fernandes suscitam-me ainda mais dúvidas. Afinal, desde o primeiro momento que o plano está disponível num site, acessível em qualquer parte do mundo, por qualquer pessoa, pelo tempo que ela bem entender. Não sei o que advogado fez na meia-hora que esteve na Câmara a consultar o processo, mas isso parece ter apoquentado o edil…
Segundo a referida notícia, Augusto Pólvora salientou a elevada participação verificada nas sessões públicas, lamentando os «poucos contributos escritos» que chegaram à Câmara. Espero, no entanto, que as intervenções da população, durante as sessões, seja tomada em consideração, caso contrário, as dezenas (ou centenas) de cidadãos mobilizados para a discussão estiveram a perder o seu tempo… mesmo, não tendo qualquer conhecimento nem capacidade para ler mapas ou entender a complexidade do plano, apenas perceptível por alguns iluminados. Depois de todo o exposto e das reacções que têm vindo a público, julgo que é legítima a preocupação em relação à possibilidade de o presidente da autarquia fazer orelhas moucas a essas intervenções. Até porque, segundo a mesma notícia, o edil conclui que, durante todo este tempo não se discutiu «o essencial», sendo a providência cautelar interposta comparada a um coelho que alguém resolveu tirar «da cartola».
Anda aqui alguém a menosprezar, escandalosamente, as capacidades dos cidadãos?
Ou, afinal de contas, nunca ninguém percebeu, efectivamente, nada sobre tudo isto. Só Augusto Pólvora sabe de tudo. Nunca tem dúvidas e raramente se engana.

24 de abr. de 2006

A contestação ao Plano de Pormenor da Zona Sul da Mata de Sesimbra já chegou à comunicação social nacional.

Uma véspera importante

Hoje é um dia importante.
Termina hoje a discussão pública do Plano de Pormenor da Zona Sul da Mata de Sesimbra.
24 de Abril é a data limite anunciada para que a população se pronuncie sobre o projecto e, a julgar pelas sessões públicas que a autarquia realizou nas três freguesias do concelho, ao que parece, são numerosas as dúvidas, queixas e críticas sobre um projecto que ameaça mudar, irremediavelmente, e para sempre, o concelho tal como hoje o conhecemos.
Na sessão da passada sexta-feira, a única a que tive oportunidade de assistir, ao vivo e a cores, ouvi, com perplexidade, o presidente da autarquia, Augusto Pólvora, defender o projecto, assumindo-o como seu.
O edil chegou ao ponto de, quando interrogado sobre a possibilidade de se realizar um referendo tendo em conta os enormes impactos previsíveis deste empreendimento-cidade a construir numa extensa zona verde, afirmar, muito seguro de si, que a legitimidade com que defende o projecto lhe foi conferida pela população nas últimas eleições autárquicas. Como se, o resultado desse sufrágio lhe conferisse totais poderes de actuação. Para o bem e para o mal. Neste caso, para o mal. Talvez isso fosse possível noutro contexto social, cultural e político. Neste espaço e neste tempo, essa afirmação parece ser, no mínimo, despropositada.
Será que o edil vai manter a mesma posição quando, se, por algum motivo, a coisa lhe correr mal?

O boletim municipal de Abril dedica a sua primeira página e centrais à Mata de Sesimbra. Foi com especial interesse que li a notícia. No geral, nada de novo em relação ao que tem sido apresentado. Nem outra coisa seria de esperar. Apenas alguns enganos. Enfim… pormenores com a máxima importância. Diz o texto que «o Plano de Pormenor da Zona Sul da Mata de Sesimbra é um instrumento de ordenamento do uso e transformação do território, que desenvolve e concretiza propostas de organização espacial de uma área específica do território municipal, definindo com detalhe, a concepção da forma de ocupação e servindo de base aos projectos de execução das infra-estruturas, da arquitectura dos edifícios e dos espaços exteriores, de acordo com as prioridades estabelecidas nos programas de execução constantes do Plano Director Municipal».
Ora, o Plano de Pormenor foi apresentado, nesta sessão, por oposição ao PDM e nunca de forma integrada neste. Os folhetos que têm sido distribuídos comprovam-no. De um lado, a Mata com PDM, do outro, a Mata com Plano de Pormenor. O ataque ao PDM foi tão cerrado que motivou até a intervenção do ex-presidente Ezequiel Lino.
Afinal em que é que ficamos?...

E, por falar em empreendimentos turísticos construídos em locais duvidosos, hoje é inaugurado o ‘Sesimbra Hotel’. Aquele que nos roubou a falésia. Fiquei a saber, também através do Boletim Municipal, que este empreendimento «está situado num dos locais mais privilegiados de Sesimbra – a Praça da Califórnia». Uma novidade toponímica que desconhecia.

21 de abr. de 2006

Verde mais verde... Não há mesmo. Nem haverá

Afinal já percebo porque andam os promotores do projecto da Mata tão caladinhos. A notícia que abaixo transcrevo foi divulgada hoje pela agência Lusa. Como é possível que um empreendimento tão verde, tão ecológico e tão ambiental, possa ser tão severamente criticado por três organizações ambientalistas portuguesas? Ups! O gato escondido deixou o rabo de fora? Nem o carimbo da empresa ambientalista WWF, amenizou os comentários depreciativos.
É impressão minha ou já anda por aí muita gente nervosa?...
«As três principais organizações ambientalistas portuguesas deram hoje parecer desfavorável ao empreendimento turístico projectado para a Mata de Sesimbra, que propõe seguir princípios de sustentabilidade e é apoiado pelo Fundo de Conservação da Vida Selvagem, WWF.
Depois de analisarem o Plano de Pormenor da Mata de Sesimbra (Zona Sul) onde será implantada esta "eco-cidade", Quercus, Liga para a Protecção da Natureza (LPN) e Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente (GEOTA) assumiram uma posição desfavorável ao projecto, fundamentada na carga turística excessiva e falhas a nível dos instrumentos de planeamento.
Os ambientalistas entendem que, apesar do "selo de qualidade ambiental" da WWF e da intenção de aplicar princípios de construção sustentável, "os problemas apresentados sobrepõem-se às respectivas virtudes" do empreendimento.
O índice de ocupação previsto, por exemplo, (8.196 unidades de alojamento correspondentes a 31 mil camas), "constitui uma pressão humana insuportável e incompatível com os objectivos de sustentabilidade traçados", tendo em conta que existem actualmente cerca de 10 mil camas turísticas em toda a região de turismo da Costa Azul (Alcochete, Alcácer do Sal, Almada, Barreiro, Grândola, Moita, Montijo, Palmela, Santiago do Cacém, Seixal, Sesimbra, Setúbal e Sines).
Com a previsível duplicação da população até 2011 e as deslocações durante o Verão e fins de semana, a carga em causa não é compatível com o usufruto das praias do concelho e da própria vila de Sesimbra, já sobre forte pressão, acrescentam.
As críticas dirigem-se à ausência de garantias.
"Nada para além da intenção permite concluir que o projecto atinja os seus objectivos de sustentabilidade que, no limite, até poderá ter consequências negativas para a região. As projecções contidas nos estudos de mercado podem não se confirmar e o tipo de turismo em causa pode traduzir-se numa ocupação exclusivamente urbana e não turística", escrevem os ambientalistas num comunicado.
Outro aspecto negativo prende-se com a subordinação do Plano Director Municipal (PDM) ao Plano de Pormenor (PP), que não deveria acontecer, e com o facto deste contradizer o PDM em vigor, sendo inclusivamente apresentado como alternativa.
O comunicado enuncia também as virtudes do empreendimento, nomeadamente quanto à intenção de aplicar os princípios inerentes ao Programa One Planet Living: utilização de materiais sustentáveis e de origem local, redução das emissões de dióxido de carbono, mobilidade sustentável, conservação da água, fauna e flora e promoção da qualidade da vida.
A concentração da componente urbanística na zona menos sensível, recuperação de áreas degradadas e qualidade técnica do Plano de Gestão Ambiental são também elogiadas.
(...)
O prazo de discussão pública do Plano de Pormenor da Mata de Sesimbra (Zona Sul) termina na próxima segunda-feira.»
In Lusa, 21 de Abril de 2006

Secos e Molhados

A 21 de Abril de 1989, polícias fardados que se manifestavam em Lisboa foram repelidos por outros polícias com canhões de água. O episódio ficou conhecido pelo título «Secos e Molhados».


O grupo musical brasileiro 'Secos & Molhados' foi criado pelo compositor João Ricardo, em 1971. Músicas do folclore português, como O Vira, misturadas com poesia de Cassiano Ricardo, João Apolinário, Vinícius de Moraes, Fernando Pessoa, entre outros, tornaram os Secos & Molhados num dos maiores fenómenos musicais do Brasil.

- Nos
- fios
- ten
sos
- da

- pauta
- de me-
tal
- as
- an/
do/
ri/
nhas
- gri-
tam
- por
- fal/
ta/
- de u-
ma
- cla-
ve

- de
- sol

'As Andorinhas' de João Ricardo e Cassiano Ricardo

20 de abr. de 2006

Jornais com as contas trocadas

Como disse no post anterior, amanhã, sexta-feira, terá lugar a terceira e última discussão pública sobre o Plano de Pormenor da Zona Sul da Mata de Sesimbra. 'O Sesimbrense' concorda comigo no dia do mês mas não no dia de semana. Alguém anda aqui um bocadinho baralhado... Ou será para despistar o pessoal? Esta noite, à porta do Auditório Conde Ferreira é que se vai perceber quem são os verdeiros leitores d'O Sesimbrense.

Estranho...

Estou a estranhar.
Amanhã, sexta-feira, terá lugar a última sessão pública de discussão do Plano de Pormenor da Zona Sul da Mata de Sesimbra e, até ao momento, ainda não surgiu nenhuma nova notícia na comunicação social a vender o empreendimento. Pensei que tivessem guardado algum trunfo na manga para ser lançado agora na opinião pública sobre os inúmeros benefícios que o empreendimento trará para o concelho de Sesimbra. Das duas, uma. Ou acharam que estavam a dar demasiada bandeira porque já tinham usado a mesma estratégia nas duas anteriores sessões; ou, já não tiveram cabeça para fantasiar. Primeiro anunciaram que iam desenvolver de forma sustentável a Quinta do Conde, depois comunicaram que iam certificar o peixe de Sesimbra. Arranjar melhor agora, seria, de facto, complicado.
Enfim, a atitude está dentro do espírito BES… Optaram pelo ‘plano B’, apesar de terem mesmo pais ricos, e de lhes ter saído a lotaria.

Já agora, isto de andarem a dizer que querem tornar Sesimbra num destino turístico de eleição e competitivo comparando-o com a oferta do Mediterrâneo tem muito que se lhe diga. Não concordo com esta opção. Nem de longe, nem de perto. Essa zona distingue-se por um tipo de turismo muito característico. Aquilo é o Reino Unido, com o calor do sul de Espanha, as águas quentes do norte de África e os preços de Marrocos (a gasolina sem chumbo está a €0,88 e o tabaco a €1,20 o maço). Sesimbra nunca poderá competir com isto. Sesimbra pode ser sim um destino turístico reconhecido e de qualidade, mas ao invés de andar a tentar imitar os outros, deve valorizar aquilo que tem de único. E não é pouco.

Citação

«Esforça-te por distinguir no lixo das políticas o material reciclável.»

Agostinho da Silva

19 de abr. de 2006

Venham mais duas!

Sempre que passo pela Venda Nova espreito para os parques de estacionamento das grandes superfícies que ali existem para ver se a afluência de pessoas justifica, de facto, a sua existência. Até agora nenhuma me convenceu, e mantenho dúvidas que, alguma vez, tamanha oferta se justifique. Sei que está por dias a abertura do ‘SuperSol’ e vou ficar atent@ à inutilidade de mais aquele espaço. Mas, se os dias têm sido negros para as mercearias e outros que tais perante o poderio das grandes superfícies, prepare-se o restante comércio tradicional. Naquelas folhinhas amarelo desmaiado que acompanham o último boletim municipal onde são publicadas as decisões tomadas em reunião de Câmara, percebi que o executivo deu parecer favorável a dois processos de viabilidade de localização de mais dois estabelecimentos na Venda Nova. Vêm aí a ‘Modalfa’ e ‘Worten’!
Mas tenham calma caros pequenos comerciantes! Nem tudo está perdido! Para revigorar as actividades tradicionais, há sempre uma Zimbr’Artesanato, uma ZimbraPrimavera, uma Zimbr’Inverno, ou uma Zimbr’Outono e outras que tais, organizadas pela benevolente e dinamizadora autarquia.

Não é significativo, mas devo realçar que as duas deliberações do executivo acima referidas foram aprovadas por maioria, com um voto contra do vereador do PSD.

Tourada (ou ausência dela) na Quinta do Conde

O quinzenário ‘Notícias da Zona’ associou o seu nome a uma tourada prevista para o domingo de Páscoa.
Há quem lhe chame arte, outros tradição, eu barbárie, mas, gostos à parte, a infelicidade do jornal resultou na felicidade dos animais, os «poderosos toiros da ganadaria Vila Galé» que se safaram desta. Isto porque, como já noticiaram diversos órgãos de comunicação social, a festa acabou por não se realizar porque o organizador, um empresário e ex-forcado, meteu o dinheiro do evento ao bolso e fugiu na véspera.
Em declarações à agência Lusa, o director do jornal, António José Ribeiro, admitiu que tudo se ficou pelo «acordo verbal e na palavra de honra» que foi estabelecido entre as partes. Coisa sempre inteligente de se fazer, mas agora também não vale a pena bater no ceguinho. Ora, o alegado burlão, Paulo Graça, que terá contratado, para montar a ‘arena’, homens originários do leste europeu que alimentou a pão, deixou, atrás de si, um rasto de dívidas. Os lesados, o director do jornal, as pessoas que compraram os bilhetes, entre outros, já apresentaram queixa na GNR.
Foi um balde de água fria, sendo que, o tamanho do balde e a temperatura da água foram proporcionais à magnitude do evento anunciado. Joaquim Bastinhas, Gilberto Filipe, o praticante Marcos Tenório (Bastinhas Jr.), os grupos de forcados amadores de Tomar e Alcochete e respectiva banda musical ficaram “a arder”. A governadora civil de Setúbal, o presidente da Câmara Municipal de Sesimbra, restante vereação e empresários da região, que eram presenças anunciadas, tiveram de arranjar melhor forma de passar o dia de Páscoa.
Sem querer ofender aqueles que saíram prejudicados com esta história, tenho de salientar os que saíram a ganhar, nomeadamente, os animais que conquistaram mais uns dias de vida.
As touradas são… “tradições” sem raízes fortes no concelho e pode ser que assim, continue a sê-lo. O jornal bem que pode canalizar as suas forças para promover verdadeiras actividades culturais que enriqueçam a população ao invés de a embrutecer.

18 de abr. de 2006

Boletim folha de couve

O boletim municipal tem sido, em diversos meios, criticado. Na forma e na aparência, ele é, de facto, em muito semelhante ao já desenvolvido pela anterior maioria socialista que governou os destinos da autarquia até 2005. Mas agora há diferenças. De facto, o novo executivo liderado por comunistas prometeu mudanças, desde logo previsíveis e devidamente contempladas no orçamento. Nota-se, por isso, alguns movimentos, uma nova agenda, acções de charme, e... pouco mais. Não posso, por isso, deixar de expressar a minha insatisfação em relação ao boletim municipal. Não vou debruçar-me sobre a presença do presidente da Câmara, Augusto Pólvora, e da vice-presidente, Felícia Costa, em 99 por cento das fotografias. Não vou debruçar-me sobre as opiniões deliberada e abertamente expressas em textos, supostamente, informativos. Não vou debruçar-me sobre os elogios rasgados, louvores e aplausos ali dedicados à actuação da autarquia, numa atitude claramente narcisista. Não vou debruçar-me sobre a extensa lista de “individualidades” presentes nos eventos que teimam em enumerar em todas as notícias. Mas vou referir alguns trechos de significativa arte de mal escrever, que aqui citarei tal e qual aparecem neste órgão informativo da autarquia.

«(…) As instituições do Concelho poderão associarem-se a esta iniciativa (…).»
Texto sobre a iniciativa ‘Abril Rostos Mil’
É o problema de quem escreve como fala… pexito I.

«(…) O executivo da Junta de Freguesia do Castelo decidiu doar os outros computadores ao várias instituições do concelho.»
Texto sobre a renovação do equipamento informático pela Junta de Freguesia do Castelo
Uma revisão nos textos poderia ter evitado esta chamada de atenção.

«O Carnaval de Sesimbra 2006 foi dos melhores de sempre. E pelo facto, todos os seus intérpretes mereceram os mais rasgados elogios, pela forma como uma vez mais participaram nos festejos desta quadra, que é já uma das maiores referências de Sesimbra e de Portugal.»
Texto sobre o Carnaval em Sesimbra
Intérpretes?! Quem és tu oh máscara intérprete?! “E o intérprete o que é? É um ladrão de mulher!”

«Poucos escaparam às suas piadas, às suas mensagens “corrosivas e às suas criticas, Afinal saudáveis e bem dispostas, deixaram a rir os que tiveram o privilégio de assistir a estas manifestações de cultura popular.»
Idem, referência às cegadas
Nem sei por onde começar…

«Nos últimos anos, o Carnaval sesimbrense ganhou um novo atractivo: o desfile do Grupo de Olodum Femenino “Tripa Mijona” na tarde de sábado. Constituído exclusivamente por elementos do sexo feminino (…)»
Idem
Se é um grupo feminino… deverá ser, digo eu, constituído apenas por elementos do sexo feminino! Ou será “femenino”?

«Apesar da intempérie registada, este grupo encheu as ruas de sensualidade e vida.»
Idem
Não, aqui não há erros ortográficos ou gramaticais. Mas a intempérie referida, foi uma… “chuva molha parvos”. Quanto à sensualidade da Tripa Mijona, deve ter a ver com o facto de integrar apenas elementos do sexo “femenino”. Enfim, são opiniões.

«Não houve atrasos, mas sim, muita alegria e profissionalismo.»
Idem, referência ao desfile de terça-feira.
Não, aqui também não há erros ortográficos ou gramaticais. Existe sim a dúvida de que quem escreveu o texto tenha assistido ao desfile, do início ao fim, em pé como uma grande parte do público.

«Existem sete AUGIS delimitadas: uma nas Courelas da Brava; cinco no Casal do Sapo; uma nas Fontainhas, que poderão nesta fase do processo virem a ser redelimitadas.»
Textos sobre uma visita do executivo camarário à Quinta do Conde.
É o problema de quem escreve como fala… pexito II.
O dicionário de língua portuguesa contemporânea da Academia das Ciências de Lisboa não reconhece o verbo redelimitar mas, certamente, na autarquia há dicionários melhores. Afinal, uma pesquisa no Google, indica que, na web, a palavra aparece referida 7 vezes em páginas de Portugal. É demasiado rebuscado para mim...

«O depósito de água do Casal do Sapo foi outro dos locais visitados, para verificação das alterações a efectuar, de forma a assegurar o seu eficaz funcionamento, que não acontece presentemente e cuja recepção da mesma ainda não foi feita pela Câmara.»
Idem
Recepção do quê?! Que “mesma”?!

«Ainda neste local, foi referido o espaço verde que será construído frente ao PLUS e que será o maior do Concelho, com 2 hectares.»
Idem
É impressão minha ou alguém se está a esquecer da Mata de Sesimbra?! Tem um bocadinho mais que 2 hectares, ou não?! Ah ok, isso para o caso não interessa nada.

«(…) o Presidente informou sobre os recentes desenvolvimentos do processo da construção deste importante equipamento (ver caixa anexa)
Idem, referência à construção da extensão de saúde da Quinta do Conde
Tudo bem… Não fosse o facto de não existir qualquer caixa anexa.

«No dia da abertura, pelas 21 horas, vai ser feita uma animação de rua, onde serão distribuídos flyers com mentiras (…)»
Texto sobre a iniciativa ‘Onda Jovem’
Mentira? Qual mentira? Esta mentira?

Para não maçar muito mais, vou apenas salientar a minha contradição favorita da edição de Março do ‘Sesimbra Município’. Ora, o texto sobre o 100.º aniversário da Sociedade de Recreio Sesimbra começa por elogiar a «bonita idade desta popular colectividade, carinhosamente conhecida por “Refugo”». Pouco adiante no texto, é explicado o surgimento da colectividade, formada por pessoas que se afastaram do Clube Sesimbrense e da Sociedade Impressão Sesimbrense. «O afastamento deveu-se a divergências várias e a polémica em torno da formação da nova colectividade atingiu tais contornos, que deu origem à alcunha depreciativa de “Refugo”, por parte de outras colectividades».
Afinal, é um nome carinhoso ou uma alcunha depreciativa?...

Por fim, tenho ainda da salientar uma referência feita, neste boletim, à «Feira da Festa das Chagas», que estará a funcionar de 24 de Abril a 7 de Maio.
Que é feito do arraial? Alguém sabe? Ou isto agora vai tudo corrido a feiras disto e daquilo? Já houve quem recebesse a alcunha depreciativa de “Paulinho das Feiras”. Será que já tem substituto? Ah sim, mas não será depreciativo, será sim um nome carinhoso…

12 de abr. de 2006

E o Luxemburgo aqui tão perto

Sesimbra está a descobrir a Luxemburgo. É bom saber que alguém, nalgum lugar da Europa, dá valor ao que de bom se faz pelo concelho sem meter, pelo menos aparentemente, hotéis construídos na falésia com praia privativa, ou mega-empreendimentos erigidos em zona verde.

«O Centro Cultural de Recontre Neumunster, no Luxem burgo, vai ser palco de um concerto com músicas de Zeca Afonso, num espectáculo de homenagem ao cantor português por ocasião das comemorações do 25 de Abril.
Promovido pelo Centro Cultural Português do Instituto Camões naquele país, o concerto "Vamos Cantar Zeca Afonso - Trovas e Baladas" vai realizar-se no próximo dia 25 de Abril.
Em palco vai estar Vítor Almeida e Silva, acompanhado por João Balula Cid.
O espectáculo é uma organização conjunta do Instituto Camões no Luxemburgo, do Centro Cultural de Recontre Neumunster e da Associação de Amizade Portugal-Luxemburgo.
Entretanto, em Maio, o Centro Cultural Português do Instituto Camões naquele país e a Câmara Municipal de Sesimbra vão promover uma jornada cultural e gastronómica sobre aquele concelho.
Assim, no dia 5 de Maio terá lugar uma exposição multimédia - vídeo e fotografia - da autoria de António Proença na Mediateca da Caixa Geral de Depósitos , no Luxemburgo.
"A exposição tem como objectivo mostrar todas as potencialidades de um concelho rico culturalmente, onde se enquadram praias, mar, lagoas, serras gastronomias e as suas gentes", indica o IC.
Serão ainda realizados jantares gastronómicos confeccionados por um casal proprietário de um restaurante em Sesimbra.
No dia 5 de Maio, no restaurante "Le Chiringuito" será servida uma massada de tamboril como prato principal, enquanto no dia seguinte o "Bel Canto" vai servir uma caldeirada de Sesimbra.
De acordo com o Centro Cultural do Instituto Camões no Luxemburgo, todos os peixes e mariscos servidos nesses dias são provenientes de Sesimbra.»
in Lusa, 12 de Abril de 2006

10 de abr. de 2006

Mata que se farta

Quem costuma espreitar para dentro da ‘Sopa de Pelim’ sabe que o mega-empreendimento turístico previsto para a Mata de Sesimbra tem merecido aqui um enorme rol de críticas. Há ideias que são tão impensáveis que devia ser intensamente estudado o que comeu o seu autor no dia anterior a as ter vomitado, para que semelhante indisposição não voltasse a acontecer.
De qualquer forma, o projecto tem tido uma óptima imprensa. Não há pasquim que não exalte, promova e apregoe o empreendimento. A última edição do jornal ‘Notícias da Zona’ é, nesse sentido, deprimente. Há já algum tempo que a contra-capa do jornal, custeada pela Pelicano e Banco Espírito Santo, é uma característica sintomática mas, é dever de toda e qualquer publicação elevar um enorme muro entre a publicidade e o conteúdo jornalístico do jornal. Sabemos que, nesse muro, há sempre uma porta entreaberta que liga as duas hortas, mal estaremos quando ela for, totalmente, escancarada.
Ora, na sua última edição, o Notícias da Zona não aproveitou a porta escancarada, apenas derrubou o muro. Na capa, sob o título ‘Reciclar não é só separar’, em grande destaque, pintado de verde (e de que outra cor, poderia ser?) anuncia-se, desde logo, o que de Mata vende o jornal.
As páginas 2 e 3 são ocupadas pelo assunto ‘Mata de Sesimbra’. Primeiro a notícia sobre a primeira discussão pública que teve lugar na Quinta do Conde, depois outra sobre o selo de qualidade com que WWF brindará os produtos tradicionais que existem num raio de 50 km em redor do empreendimento, onde se inclui o concelho. Como a página 4 é totalmente ocupada por publicidade da autarquia ao evento ‘OndaJovem’ a Mata só volta na 5 com a entrevista a Pooran Desai, co-fundador da BioRegional e director técnico da One Planet Living, que esteve em Sesimbra para tratar de assuntos relacionados com... a construção do empreendimento da Mata de Sesimbra. Nas páginas 6 e 7, surge então a opinião de José Manuel Palma, autor do estudo ambiental do projecto e ainda a entrevista com Eduardo Gonçalves da WWF. E, para fechar com chave de ouro, lá está, como sempre, a última página, dedicada ao Palmela Village, do grupo BES, Pelicano e Land and Property.
Ah! Resta dizer que o jornal tem 16 páginas… se destas 7 são dedicadas a dizer da Mata… bom, é fazer as contas!

7 de abr. de 2006

Eu é que sou o presidente da Junta!

O jornal ‘O Sesimbrense’ publicou uma entrevista ao presidente da Junta de Freguesia de Santiago, Félix Rapaz. O que me atraiu no texto foi o título completamente estranho: «Não faço política com os óculos escuros», que me obrigou a ler a entrevista duma ponta à outra, na expectativa de perceber o sentido da afirmação, se é que ele existe de facto, porque não fiquei grandemente elucidad@. Há, no entanto, alguns excertos desta entrevista que tenho de partilhar. Deliciem-se!

«Félix Rapaz assume-se, acima de tudo, como um cidadão que não prescinde dos rituais que cumpria antes de ser presidente da Junta (…).»
Calma! É apenas um presidente de Junta!... Sem querer menosprezar a função, há centenas deles por esse país fora!

«Como se define?
Considero-me uma pessoa muito prática, muito de andar para a frente, e tenho a noção de que não há sociedades perfeitas. A sociedade é feita pelo homem que tem sempre um lado mau, um lado perverso, mas tem também um lado bom e então as sociedades são moldadas à semelhança do homem e eu acredito que a sociedade que fosse harmoniosa, era uma sociedade de tédio e alienação. Temos de ter a noção de guerra e, para tal, temos de conceber também a paz e vice-versa. Temos de conhecer sempre os contrários.»
Qual era a pergunta mesmo?

«Estou envolvido no Desportivo de Sesimbra, na Misericórdia, no ‘Raio de Luz’, na Freguesia e numa série de actividades, mas não deixo de ser cidadão, independentemente de ser Presidente da Junta.»
Desculpem lá, mas não percebo como é que uma coisa invalida a outra.

«Não consigo estar na política sem fazer o meu ritual. De manhã, vou ao café como sempre e brinco.»
Ah bom! Pensei que estivessem a falar de rituais estranhos ou macabros. Fico mais descansad@. Mas… assim sendo, que mal tem ser político e ir ao café?! Duh!

«Costumo dizer que só me sinto o Presidente da Junta quando estou na procissão das Chagas, quando tenho aquele ar formal; tirando isso não me sinto.»
Sem comentários.

«Sou cidadão, não faço política com os óculos escuros. As pessoas até pensar que sou disparatado, mas isso não me interessa porque sou assim.»
Óculos escuros?... Continuo sem perceber… Mas deve ser limitação minha. Não me passa pela cabeça pôr em causa uma afirmação proferida pelo homem que se sente presidente da Junta na procissão das Chagas.

«Sou uma pessoa como as outras, tenho é uma outra forma de ver e fazer as coisas, tal como todos os outros, tenho as minhas cobardias, dúvidas, não sou nenhum super herói.»
Daqui, só se pode concluir que Félix Rapaz é o primeiro a achar que, de facto, não é comum como todos os outros. Eu sou @ segund@. Um homem que não faz política de óculos escuros, que se sente presidente de Junta na procissão das Chagas e mantém o ritual do café pela manhã, é, de facto… diferente.

HOTEL DE SESIMBRA! Nós te adoramos!

A inauguração do ‘Hotel Sesimbra’, agendada para 24 de Abril, mereceu uma curta mas relevante referência num jornal regional. Segundo esse periódico, este não é um hotel qualquer, mas sim «uma magnífica unidade hoteleira», «um empreendimento de qualidade», «um ponto de referência da histórica ‘Piscosa’». Não estou, de maneira nenhuma, a pôr em causa a total e absoluta neutralidade e imparcialidade com que a notícia, pontuada por três adjectivos em cada linha, foi escrita. Porque, se dúvidas persistissem, o(a) autor(a) trata de as dissipar no final da prosa quando conclui: «E dizemos, desde já, enquanto acérrimos defensores dos interesses do Concelho: HOTEL DE SESIMBRA – seja bem vindo!».
Como se não bastasse, o(a) autor(a) do texto não vai sozinho(a) nesta demonstração de imparcialidade jornalística, arrastando consigo os demais colaboradores, redacção e direcção do jornal, quando fala no plural, («dizemos» e «enquanto acérrimos defensores»).
Pela amostra junta, dá para perceber por que caminhos trilha o jornalismo regional… em Sesimbra. Não há objectividade pura, é certo, mas daí a isto...

6 de abr. de 2006

5 de abr. de 2006

Não deixa de ser interessante...

Foi sem surpresa que li a notícia publicada no ‘Setúbal na Rede’ que dá conta que a WWF deu parecer positivo ao Plano de Pormenor (PP) da zona sul da Mata de Sesimbra. Afinal este é, desde o início, um projecto que tem a chancela desta organização ambiental mundial. De qualquer forma, não posso deixar de questionar até que ponto é legítimo ser juiz em causa própria?
Não deixa de ser interessante perceber que esta notícia que, uma vez mais, vem confirmar que este projecto pseudo-turístico, é uma maravilha-bestial-fantástico-estupendo-espantoso-incrível, surge apenas três dias antes da segunda sessão pública de discussão do PP, que terá lugar sexta-feira, na Corredoura.
Não deixa de ser interessante perceber que, no entanto, até ao dia de ontem, se andou a discutir um projecto, usando e abusando do carimbo da WWF, embora esta organização não tivesse ainda dado parecer positivo ao mega-empreendimento.
Não deixa de ser interessante que o director europeu da WWF, Magnus Sylven, assuma que o projecto da Mata de Sesimbra é o primeiro «do género em áreas rurais». Pois… só mesmo em Sesimbra, porque noutros locais seria impensável largar toda essa enorme quantidade de betão, cimento, campos de golfe e pessoas sobre áreas rurais.
Não deixa de ser interessante o facto de voltarem a anunciar que o projecto vai recuperar a Lagoa de Albufeira, quando está prevista a construção, em toda a Mata, de 6 campos de golfe, que para se manterem verdejantes implicam uma utilização massiva de químicos que se infiltram nos solos e contaminam os lençóis freáticos. Fora a pressão humana e todo o lixo produzido. Fora a ausência duma rede de saneamento básico na freguesia do Castelo, até aqui apontado como principal poluente da Lagoa, que continua por construir.
Não deixa de ser interessante que voltem a anunciar que os produtos utilizados na Mata terão de ser oriundos de um raio de 50 km em redor do empreendimento, como se esta fosse uma forma inequívoca de desenvolver a economia sesimbrense. Ora, que eu saiba, Lisboa, Setúbal e tantos outros centros urbanos e produtores de bens situam-se num raio de 50 km.
Não deixa de ser interessante reparar que aquilo que é apregoado como um empreendimento verde e amigo do ambiente contemple uma área de construção de 700 hectares, ou seja, 700 campos de futebol, para quatro estabelecimentos hoteleiros e onze aldeamentos turísticos. Fora os serviços e infra-estruturas. Enfim… Imagine-se a construção de uma cidade ao lado de duas vilas (Sesimbra e Quinta do Conde) e duma mão cheia de aldeiazinhas (na freguesia do Castelo).
Não deixa de ser interessante, voltar a ver promotores e autarquia juntos na defesa do projecto. Não deveria a autarquia assumir uma posição neutra em tudo isto? Às tantas tenho dificuldade em perceber quem é o promotor e… o promotor…

3 de abr. de 2006

Sesimbra em 5.º!

O jornal Correio da Manhã noticia hoje que 20 por cento dos municípios portugueses, ou seja, 57 no total, estão impedidos de contrair empréstimos por terem já atingido o limite máximo previsto na lei. Ora, estas 57 autarquias apenas podem recorrer a empréstimos para a construção de habitação social e para acesso a fundos comunitários.
Não deixa de ser curioso que Sesimbra seja apontado como um caso preocupante no que diz respeito ao aumento da sua percentagem de endividamento, aparecendo num honroso quinto lugar da lista negra dos 57.
«O município de Lisboa, que, de Junho a Dezembro de 2005, aumentou o endividamento em 362 por cento, lidera os executivos municipais que atingiram o limite da capacidade de endividamento, mas o Porto (154 por cento), Vila Nova de Gaia (151 por cento), Vila do Conde (145 por cento), Sesimbra (131 por cento) e Setúbal (129 por cento) são casos igualmente preocupantes (…)», refere o jornal.
Apetece perguntar, como é possível que se deixe chegar a situação a este ponto?
Não admira que depois sejamos confrontados com políticos r(v)endidos a promotores imobiliários.