27 de jan. de 2006

Aqui e ali, já vai cheirando a Carnaval. Os anos passam e, infelizmente, esta quadra vai perdendo cor por esta marginal fora. Tenho alguma dificuldade em compreender o saudosismo que ataca aqueles que, nesta época, recuperam a frase tão batida do “antes é que era bom; com as sociedades a rebentar de gente, mesas marcadas, filas intermináveis para entrar no ginásio”. Dizem eles que o puro espírito do Carnaval pexito se traduz na pergunta que mais se fazia naquelas longas noites: “quem és tu, oh máscara?”. Era o Carnaval pelo Carnaval.
Tenho alguma dificuldade em compreender esse saudosismo porque, na verdade, não vejo ninguém fazer um esforço para recuperar essa preciosa e esquecida tradição. Se a memória não me falha, no ano passado, lá tiveram a feliz ideia de re-pegar nas “cegadas” e “cavalhadas”. Mas pouco mais foi feito. O momento alto, que continua a ser o desfile das escolas de samba, parece acontecer sempre apenas porque alguém está a fazer o tremendo esforço para suportar aquela chatice.
A ideia com que fico é que o Carnaval é sempre uma tremenda chatice para os nossos responsáveis. É aborrecido, implica muita organização, incomoda, dá trabalho.
Aquela que tem sido, para o bem e para o mal, uma das mais fortes tradições do nosso concelho, envolvendo centenas, senão mesmo milhares de jovens, levando-os para a rua, tem sido, sucessivamente, maltratada por aqueles que deviam assumir a responsabilidade de organizar a festa. E quando digo organizar, quero dizer dar condições a todos para fazerem a festa. Não pode ser à maneira de cada um. Porque, há muito, que se tornou claro que o Carnaval não é profícuo em entendimentos ou consensos. Não é possível agradar a gregos e a troianos. Mas seria importante que os principais responsáveis se empenhassem em perpetuar a tradição. Não a tradição antiga porque essa, há muito, foi coberta pela poeira do tempo. Mas sim aquela que, a pouco e pouco, se tem vindo a impor, ao sabor da vontade de uns e de outros, e de ninguém ao certo. A festa pela festa. E já é tempo de alguém lhe tomar o pulso: saber o que se quer oferecer.
O problema é que a vontade tem sido pouca ou nenhuma. Até aqui, tem-se tolerado, a custo, muito custo, o Carnaval.
Se bem se recordam, aqueles de boa memória, (bem sei que a memória dos portugueses é curta como, mais uma vez, me provaram no passado Domingo.) com certeza não esqueceram a alegada pressão que um determinado presidente da Câmara exerceu há alguns anos sobre um determinado grupo de Carnaval. Em causa terá estado uma letra que os jovens compuseram, onde lançavam algumas farpas à forma como os pescadores eram (mal)tratados. “Promessas, promessas, promessas”, gritaram centenas de jovens na avenida para quem quis ouvir. E para quem não quis.
Á vontade de censurar terá prevalecido algum bom-senso imposto.
Para quem critica a importação do Carnaval em Sesimbra, esta é apenas uma prova de que esta época não serve apenas para abanar penachos e lantejoulas, mas também, e sobetudo, para intervir. E não há censura, mais ou menos explícita, mais ou menos encapotada, que deva minimizar a importância do Carnaval. Com ou sem máscara.
Ouvi, o actual presidente da autarquia sesimbrense defender, em época eleitoral, um “Carnaval todo o ano” em Sesimbra, como grande aposta na cultura para o concelho. Não sei se, realmente, terá passado pela cabeça de Augusto Pólvora mobilizar toda esta gente para andar na farra 365 dias no ano. Espero bem que, de facto, a expressão se reduza a uma metáfora… não sei bem para descrever o quê… Mas importa mais que o presidente da Câmara se preocupe em assegurar os 4 dias oficiais de Carnaval. Não se lhe exige mais do que isso.
Por outro lado, seria importante que o espírito de Carnaval que se está a criar, de crítica e participação activa, sejam extensivas aos restantes dias do ano. E há que aprender a viver com isso. Aproveito, já agora, para relembrar a música (quase) censurada na esperança de que ela sirva de mote ou inspire alguns responsáveis autárquicos: “(…) O povo está cansado / e já ninguém faz nada / Sesimbra já está cheia / Está sobrelotada / Os pescadores param por tudo quanto é lado / menos no seu trabalho / pois está parado / A sua sobrevivência está ameaçada / e quem está no poder o que é que faz? / Faz nada! / Promessas, promessas, promessas.”

25 de jan. de 2006

Um sem fim de justificações

Depois de governarem Sesimbra durante dois mandatos, vários militantes, apoiantes ou simpatizantes do Partido Socialista surgem agora a apresentar diversas justificações. No ‘Nova Morada’ de 20 de Janeiro (sexta-feira passada), o “deputado do PS na Assembleia Municipal” (como o identifica o jornal), Carlos Silva, dá continuidade a uma extensa listagem da obra deixada pelo seu partido, após oito anos de gestão do concelho, cujo texto tem início numa edição anterior do jornal. O título diz tudo: “Sesimbra um passado de oito anos, no presente, Parte II”. Consigo aqui descortinar uma saga ‘Rambo’ ou ‘Rocky’. Imaginem as parangonas tipo-‘Alien’: ‘PS, o regresso’, ‘PS, a desforra’, ‘PS, a derrota final’. Isto para ser mais original do que os tradicionais ‘PS I’, ‘PS II’ até esgotar a numeração árabe ou esvaziar a história.
Em quase meia página de jornal, o deputado desfia um colar de pérolas socialistas, nalguns casos até com a descrição dos €uros gastos em cada obra.
No final, diz Carlos Silva, parafraseando John Kennedy: “Não perguntem o que Sesimbra pode fazer por vós, mas o que vocês podem fazer por Sesimbra”. Tenho, sinceramente, as minhas dúvidas de que Kennedy tivesse, alguma vez, sonhado que Sesimbra existe. Provavelmente, o deputado municipal socialista, esqueceu-se de referir que Kennedy ter-se-à referido aos Estados Unidos da América, mas que ele, como é óbvio, tomou a liberdade de adaptar a frase à nossa realidadezinha.
Aqui fica o reparo, caro deputado, para que atente a todos os pormenores. Não vá alguém ler naquilo que escreveu algo que não quis dizer e tomá-lo por aquilo que não é. Há que explicar tudo, como se os outros fossem, realmente, muito burros. (Onde é que eu já ouvi isto?) Que falta de jeito, meu caro!
Mas voltando aos artigos justificativos do PS… No ‘Jornal de Sesimbra’, o ex-vice-presidente da Câmara, Manuel José Pereira, dá início a uma coluna de opinião que intitula ‘Visto de Fora’. Nesta primeira incursão pela prosa opinativa, no entanto, o “militante” (como o define o jornal) não foi muito além do limiar da coisa, ou seja, não conseguiu descolar-se do que fez (ou não fez) para passar para o lado de cá, ou seja, o lado de fora, do povão. Manuel José Pereira, até começou bem, questionando a aposta do novo executivo no departamento de relações públicas e informação, ao contratar, por exemplo, jornalistas profissionais. Escreve ele: “O que importa mais no sector da Educação, Cultura e Lazer no Concelho? Fazer obras, ainda que de pequena ou média dimensão, ou gastar milhares de euros em inaugurações, recepções, lembranças ou distribuição de simpatias?”.
Mas o ex-vereador não resistiu em justificar-se: nas restantes linhas lá vêm a ‘Sesimbra Eventos’, os ‘Livros de Sesimbra’, o ‘Arquivo Histórico Municipal’, blá, blá, blá.
Concluo que está a ser difícil para os socialistas digerirem o enorme sapo que lhes está entalado na garganta desde Outubro. O que não deixa de ser curioso é que, se isso, a uns, deu para o saudosismo, a outros, deu para o consenso e para a passividade.
Ah! Já me esquecia de referir que o artigo do ex-vereador se intitula: “Política Cultural, informação e relações públicas, Parte I”. Soa-me a saga com vários episódios…

24 de jan. de 2006

Espezinhamentos

O novo boletim municipal da era Pólvora é... no mínimo, curioso.
Não tive vontade de passar da 3.ª página. Fala a notícia que ocupa este espaço, da presença de Sesimbra no Congresso da Associação Nacional de Municípios (ANMP). Posso adiantar-vos que o concelho esteve representado “ao mais alto nível”, como diz o texto. Ora, os nossos digníssimos representantes foram, nada mais, nada menos, do que o presidente da Câmara, Augusto Pólvora; a presidente da Assembleia Municipal, Odete Graça; e, o presidente da Junta de Santiago, Félix Rapaz.
Quanto aos representantes, estamos conversados. São os que temos, contra isso batatas. No que diz respeito a uma representação de “alto nível”, há que admitir que já é mais discutível. Mas adiante!
A letras tantas, diz a bela prosa: “O município de Sesimbra marcou de forma relevante a sua presença no Congresso, sendo o único com duas intervenções”. Podemos daqui concluir que, para esta gente, importa bastante a quantidade. Fazer qualquer coisa a mais do que os outros é valorizado, independentemente da sua relevância ou qualidade. Não houve uma, mas sim DUAS intervenções por parte dos “altos” representantes sesimbrenses, o que, inexplicavelmente, é sublinhado na notícia do boletim municipal. E se eles ressalvam, eu acredito que este seja um facto determinante na vida de todo e qualquer sesimbrense. Hoje brindo às DUAS intervenções neste congresso!
Mas, não se pense que a representação de “alto nível” se ficou por aqui. Diz o texto: “Importa salientar que esta, é a primeira vez que um presidente da Câmara Municipal de Sesimbra fez uma intervenção no Congresso da ANMP”. Ora aqui está outro facto de elevada importância. Sesimbra falou, não apenas, por duas vezes, mas, mais importante; abriu a boca pela PRIMEIRA VEZ.
Saudo daqui, a ousadia do presidente Pólvora.
Mas, atentemos, não à quantidade, mas à qualidade do conteúdo do que foi dito (numa das DUAS intervenções e pela PRIMEIRA VEZ) pelo edil. Augusto Pólvora, criticou a “forma descarada como os governos passam por cima de planos directores municipais, que foram objecto de deliberação do Conselho de Ministros num passado recente, e que agora são espezinhados sem conhecimento dos municípios, contrariando-se de forma evidente, uma das propostas das linhas gerais deste congresso, no que diz respeito à prevalência dos PDM sobre os outros instrumentos de gestão do território”.
O presidente sesimbrense referiu-se, esclareça-se, ao Plano de Ordenamento do Parque Natural da Arrábida (POPNA). Mas, não resisto a esboçar um sorriso de tristeza perante a cretinice destas declarações.
Resumindo: Sesimbra falou, não apenas, por DUAS VEZES, mas, mais importante; um presidente da Câmara sesimbrense abriu a boca pela PRIMEIRA VEZ em semelhante ocasião e perdeu uma boa oportunidade de ficar calado. Aquilo que ganhou em elogiada quantidade, perdeu em qualidade de discurso.
O POPNA é, concordamos, um documento incompreensível que pode ferir de morte a tradição e a actividade piscatória em Sesimbra. Nisso, o presidente da autarquia sesimbrense, tem razão.
Mas, os Planos Directores Municipais (PDM’s) são instrumentos fundamentais de gestão do território. E, ainda bem, que sobre eles prevalecem outros, caso contrário, a gestão do território municipal desenvolver-se-ia ao sabor da vontade quadrienal dos governantes, sem visão de longo prazo, sem possibilidade de emenda. O que pode ser especialmente perigoso quando na cadeira do poder municipal se sentar um defensor do betão, do cimento, das estradas, dos empreendimentos turísticos, e afins.
Até porque, não são apenas os governantes nacionais que passam por cima dos PDM’s de forma descarada. Os governos municipais também o fazem.
O edifício ‘Mar da Califórnia’ é um deslize do PDM.
As pedreiras são deslizes do PDM.
O anunciado projecto-bandeira da ‘Mata de Sesimbra’, que Augusto Pólvora agita como solução para os males turísticos do concelho, é mais um deslize do PDM.
Nunca ouvi o presidente da Câmara a pronunciar-se sobre estes “espezinhamentos”. Porque será?

Presidenciais

Não me vou abster de comentar os resultados das eleições deste fim-de-semana. Apetece-me. Mas não o vou fazer. Aproveito apenas para relembrar o que Pedro Rolo Duarte escreveu, há dias, num artigo de opinião, no 'Diário de Notícias'. Dizia ele que, daqui a poucos meses, os portugueses vão comentar de si para si: “se soubesse o que sei hoje… não teria votado em X”. É o voto do arrependimento. Acontece sempre que se vota no candidato ganhador. Resta-me a consolação de que não serei assolad@ por esse pensamento.

20 de jan. de 2006

Obras

Sei, caros leitores, de fonte segura, que o presidente da Câmara Municipal de Sesimbra e demais decisores autárquicos hoje se vão deitar descansados. Há mais obra a nascer. Obra de encher os olhos dos eleitores: surgiu uma nova grande superfície nos limites do nosso concelho!
A população de Sesimbra, que cresce desenfreadamente, há muito que pugnava por mais um espaço do género. O ‘Plus’ e ‘Modelo’ na freguesia da Quinta do Conde, o ‘MiniPreço’ na freguesia de Santiago, o ‘Pingo Doce’, o ‘Lidl’ e o ‘SuperSol’ (que ainda não abriu as portas) na freguesia do Castelo não estavam a conseguir dar resposta aos arrebates e incontroláveis ímpetos consumistas da população sesimbrense. Além disso, a proximidade de um ‘Continente’ no Seixal, e afins, ficam bastante fora de mão.
Atentos a esta reivindicação e necessidade premente da população, os nossos decisores deram o aval à abertura de mais um ‘Plus’, na Carrasqueira, freguesia do Castelo.
Uma obra e peras!
A obra que faltava para devolver aquele espaço ao usufruto da população. Trata-se, segundo consegui apurar, de um ensaio para aquilo que estão a pensar fazer em relação à Fortaleza de Santiago há já alguns anos: devolvê-la ao povo.
Os nossos decisores hoje vão dormir descansados. Obras nascem, porque o homem, um homem, sonhou.
O mesmo não acontecerá, certamente aos pequenos comerciantes.
O sonho de uns pode bem transformar-se no pesadelo de outros.
E, que ninguém ouse criticar esta obra! É que este novo importante centro de consumo no concelho trouxe mais umas dezenas de lugares de estacionamento e um parque infantil! É verdade! A Carrasqueira, tal como Sobral de Monte Agraço, já tem um parque infantil!

18 de jan. de 2006

Demo… Cracia

O executivo camarário aprovou, há dias, por unanimidade (tão amigos que eles estão!), o orçamento e as grandes opções do plano (GOP) para 2006. As notícias publicadas por alguns meios de comunicação social destacam o “equilíbrio” e a “credibilidade” que esta unanimidade confere à adopção destes documentos estratégicos.
Quanto a mim, tudo o que me soe a unanimidade, é tudo menos credível, sobretudo porque vivemos em democracia. Não percebo em que medida é que uma opinião, ou duas, ou três divergentes poderiam manchar o equilíbrio e a credibilidade dos documentos aprovados. Só mesmo na cabeça de alguns iluminados… Uma pobreza… De ideias e de valores democráticos.
É normal que exista divergência! É saudável que não exista consenso! Desde que os discordantes da maioria, ou da minoria, estejam convictos das suas ideias! O respeito mútuo é, por isso, fundamental em democracia.
A “credibilidade” a que alguns se referem, quando falam desta aprovação do orçamento e das GOP, só se justificaria num processo de participação alargado a nível local.
Seria necessário que um movimento comunitário e popular avançasse e influenciasse directamente, apresentando propostas, previamente definidas e discutidas sobre o orçamento. As palavras não são minhas. Mas partilho da ideia de que é necessário aumentar a participação. É preciso democratizar a democracia.
A Câmara Municipal de Palmela ousou experimentar a democracia participativa local, com o orçamento participativo. Ou seja, nem é preciso aos novos governantes municipais sesimbrenses vergarem-se a experiências bem sucedidas de cariz ideológico diferente do seu. Cheguem-se lá e perguntem. Tentem, se possível, fazer melhor.
Durante a sua campanha eleitoral, Augusto Pólvora anunciou, por várias vezes, a intenção de levar a população a participar. Perdeu aqui uma boa oportunidade. Não é apenas com comissões-para-isto-e-para-aquilo que se brinca com a participação da população. Levar a participação a sério, é implicar as pessoas nas tomadas de decisão. É saber quais são as suas prioridades. Saber onde é que elas querem que o orçamento seja investido. Não se trata de retirar legitimidade a quem é eleito mas sim de articular o papel dos representantes eleitos pelo povo com a participação mais directa da população.
O “equilíbrio” e a “credibilidade” de que agora fazem grande gala, não são mais do que enganos. Repito: é preciso democratizar a democracia. Sobretudo em Sesimbra.

17 de jan. de 2006

Penitência

Caros leitores,
O post que coloquei esta manhã induziu-vos em erro. Por isso me penitencio. Afinal o site da autarquia foi actualizado entretanto, o que terá provocado a avalanche de comentários. De qualquer forma, não altero nada do que escrevi. Desleixo é desleixo. E quem se desleixa, arrisca-se a ouvir o que não quer. Desnecessariamente.
Se me tivesse lembrado, mais cedo, de chamar a atenção para este descuido, atrevo-me a acreditar que a informação já teria sido actualizada, como hoje aconteceu. Pois é. Não faço nada para melhorar, a não ser criticar. Mas vejam como criticar até resulta! É o que acontece quando quem critica até tem alguma razão. A minha opinião, é a minha opinião. Como tal, vale o que vale. Só dá importância ao que digo quem quer, ou quem se dá a esse trabalho.
De qualquer forma, já percebi porque não tinham o site actualizado até… há algumas horas. Com tanta comemoração natalícia que anunciavam, até parecia que nesta terra há muito que fazer. Agora que o site está actualizado… percebe-se a pobreza. Volto a repetir: garanto-vos que não vos vai valer de grande coisa espreitarem o site.

Mofo

Desisto.
Ainda há poucos dias elogiei o presidente da autarquia Sesimbra, Augusto Pólvora, pela celeridade com que mandou actualizar a página que a Câmara possui na Internet.
Perdi uma boa oportunidade de ficar calad@.
Desisto.
Desisto de ir ao site da autarquia de Sesimbra para me informar sobre os (poucos) eventos que decorrem nesta terra. Caso tenham curiosidade em espreitar a dita cuja, garanto-vos que não vos vai valer de grande coisa.
Tendo em conta que estamos a 17 de Janeiro… é bom saber que de 18 de Dezembro do ano passado até ao dia 8 de Janeiro esteve patente uma exposição na Galeria Municipal. A exposição de presépios, cujo folheto de inscrição ainda está disponível para download terminou a 6 de Janeiro, data em que os certificados de participação foram entregues durante a cerimónia de saudação à população. Ainda no âmbito das comemorações natalícias… está ainda disponível o programa de animação para os mais jovens. Já agora, quem ainda tiver curiosidade sobre o passado recente da “cultura” no concelho, pode sempre fazer ainda o download do folheto do programa de Natal. Nunca se sabe, pois, mais tarde ou mais cedo, ainda pode vir a fazer falta. Com ele, poderemos informar-nos sobre algum concerto musical que perdemos ou mesmo confirmar o local da exposição que chegámos, de facto, a visitar. Enfim, essas coisas são sempre importantes. Igualmente fundamental, é a informação disponibilizada sobre a ZimbraInverno, que decorreu em 17 e 18 de Dezembro, anunciada pela autarquia como uma iniciativa que «reunirá diversos produtores e fabricantes do concelho». Sim, os tempos verbais estão todos no futuro!
Como se não bastasse, até as datas das inúmeras Zimbra-feiras-qualquer-coisa estão completamente desactualizadas. Deixem ver… Zimbr’Antiga a 18 de Dezembro… Zimbr’Arte a 27 de Novembro.
Algo me diz, caro leitor, que há algo neste novo executivo que ainda cheira, demasiado, a passado…

13 de jan. de 2006

Chafurdar no chiqueiro

Fiquei a saber, através do ‘Setúbal na Rede’, que o Bloco de Esquerda solicitou, em 15 de Novembro de 2005, diversos documentos à Câmara Municipal de Sesimbra, considerando-os indispensáveis para a participação na discussão de documentos fundamentais, nomeadamente as Grandes Opções do Plano e Orçamento de 2006. Até há bem poucos dias, a autarquia não se tinha dignado a responder ao pedido e só o fez quando o BE ameaçou apresentar queixa à Comissão de Acesso aos Documentos Administrativos. Não vou discutir a pertinência ou não do pedido apresentado pelo BE. Não vou pôr em isso em questão, até porque estão no seu direito. Assim como a autarquia tinha o dever de apresentar os documentos solicitados no prazo estipulado por lei. Mas o cumprimento de prazos é algo que a autarquia sesimbrense parece desconhecer. Imaginem a que ponto isto chega para que, em declarações ao ‘Setúbal na Rede’ o actual presidente da Câmara, Augusto Pólvora, se tenha referido a um “atraso ligeiro que não chegou a dois meses”.
Pois é… mas nem que fosse um dia a mais! Se existe um prazo estipulado na lei, ele é para ser cumprido. E é preciso, desculpem-me a franqueza, muita falta de chá para apelidar de “ligeiro” aquilo que é um incumprimento da lei. É, no mínimo… uma tremenda falta de respeito. Não só pelo Bloco mas por todos nós.
Um deslize aqui, uma evasiva acolá, um não cumprimento aqui, outro acolá… e a coisa descamba por ali a baixo.
De facto, estamos todos mal habituados. Nada se cumpre, as leis existem para não ser cumpridas, e se quem tem a obrigação de dar o exemplo não o faz, estamos mal. Continuamos mal.
O presidente da autarquia, insuflado da razão que não tem, acusa ainda o BE de fazer “chiqueiro político”. Mas, afinal, quem é que não cumpriu? Quem é que faltou com as suas obrigações?
E que tal alguém tentar democratizar o “chiqueiro”?
Até alguém conseguir fazer isso, que tal irmos chafurdando no chiqueiro?

12 de jan. de 2006

Abalos

Portugal já tremeu quatro vezes nos últimos quatro dias. Esta madrugada, foi a vez da ilha da Madeira sentir a revolta das entranhas da Terra. Algo me diz que estes abalos são um prenúncio e que têm muito a ver com as eleições presidenciais que se aproximam. De cada vez que Cavaco ganha votos e aparece à frente nas sondagens, algo estremece no interior do planeta, como deveria estremecer no interior de cada português. Não sei se algum leitor já teve oportunidade de ler a Visão que está hoje nas bancas. Se tiverem curiosidade, atentem na capa. A revista confrontou os candidatos (com Garcia Pereira incluído, claro) com 30 perguntas sobre religião, hobbies, gostos e convicções. Todos responderam excepto (pasmem-se) Cavaco Silva que, segundo se justificou, não tem por hábito responder a inquéritos deste tipo. Talvez ele até tenha razão, até porque as suas respostas às questões colocadas pela revista só poderiam ser secas e ocas, tal como o candidato da direita parece ser desinteressante e árido. O Miguel Cadilhe enganou-se. O Cavaco não é um eucalipto que seca tudo à sua volta. Esta comparação deprecia o coitado do eucalipto. O Cavaco é a secura em si.
A SIC realizou, nos últimos dias, entrevistas aos candidatos presidenciais (sem Garcia Pereira?) onde deu a conhecer o lado mais pessoal destes homens. Ficámos a saber que um dos últimos filmes que Cavaco viu foi o “Shrek”, com o neto, porque não tem por hábito ir ao cinema, e que o último livro que leu era sobre o terramoto, tendo-se escusado a identificar o autor da obra porque uma pessoa que pode vir a ser Presidente da República não pode cometer o erro de referir um escritor em detrimento de outros. Desculpem! O que é que é isto?! Quem é este homem?! Eu cá tenho uma desconfiança. O facto de Cavaco ter admitido que andou a ler sobre terramotos, só pode estar relacionado com os abalos sentidos nos últimos dias. Atenção, que o gajo é bruxo!
Já agora… Sem querer fazer publicidade, até porque não recebo nada em troca, se puderem, leiam o artigo de opinião do Ricardo Araújo Pereira na Visão. Está genial!
E, por favor, não andem por aí a contribuir para mais terramotos.

11 de jan. de 2006

Déjà vu

O executivo camarário liderado por Augusto Pólvora teve um cuidado que, há mais de 4 anos, o anterior presidente da Câmara Municipal de Sesimbra (e actual vereador para a área da Saúde) não teve. Mal meteu os pés nos paços do concelho, tratou logo de alterar a composição do executivo que é disponibilizado no site da autarquia. Recordo que, o Penim, cometeu o erro de, durante o seu segundo mandato, manter, o ex-vereador da cultura e ex-polémico assessor, Cristóvão Rodrigues, na composição do executivo. O Pólvora teve mais cuidado. Não é bonito, nem tão pouco fica bem, ser chamado à atenção por estes erros de palmatória.
Mas o Pólvora, fez mais. Outra coisa não seria de esperar. Renovou a equipa que realizava o boletim municipal. Enfim… Detesto repetir-me mas… Outra coisa não seria de esperar. Enfim... Talvez não, desta maneira... Mas passo a explicar.
Ao ler o novíssimo jornal da autarquia tive, no entanto, uma sensação estranha de déjà vu. Por momentos ainda pensei que tivesse a ver com a semelhança com algo que o Ezequiel Lino inventou e que me habituei a ver (tristemente) durante muitos anos: o editorial e a foto. O mesmo formato, as mesmas ideias. Mas não… Continuei a ler o boletim e havia algo na escrita atabalhoada dos textos. Nem parecia uma polvorice. Li, reli, voltei a ler… Por incrível que possa parecer, até o boletim da era Penim, apesar de mais insípido, tinha qualquer coisa a mais que o actual perdeu completamente. Tinha clareza na exposição das ideias. Mas bastou-me fazer conversa com um conhecido para perceber o que tinha acontecido. Provavelmente o leitor até já sabia desta nova assessoria, porque, afinal, não há nada que não se saiba no reino de Sesimbra, mas confesso que essa calhandrice me passou completamente ao lado. Percebi que o déjà vu que senti teve a ver com a qualidade que já reconhecia em jornais regionais.
Então fez-se luz… Será que foi a forma de retribuir alguma coisa?
Eu cá não meto as mãos no lume!

10 de jan. de 2006

A capa do Correio da Manhã de 10 de Janeiro

Sesimbra é hoje motivo de referência no jornal 'Correio da Manhã' pelos piores motivos. Diz o jornal:
DESLEIXO DE MÃE MATA BEBÉ - Família acusa mulher de 20 anos de negligência por ter deixado menino de seis meses asfixiar com leite, em Sesimbra. PJ está a investigar.

Culturalices

Por muito que esprema o cérebro, não consigo dar relevo a qualquer evento cultural que tivesse marcado o ano de 2005 em Sesimbra. Houve algumas tentativas, à semelhança do que aconteceu nos últimos anos da governação Penim, da autoria de grupos de jovens que, suponho eu, ainda sonham em fazer algo pelo dinamismo cultural da terra. Essas tentativas, infelizmente, não passaram disso mesmo. Meras tentativas. Que por um ou outro motivo acabaram por não resultar. Até porque os sesimbrenses, duma maneira geral, não estão para aí virados. Entraram numa cadeia de embrutecimento, potenciada por anos a fio sem um cinema, sem uma peça de teatro, sem um concerto musical de qualidade. O que quer que agora aí venha, concluem eles, não pode vir por bem. Até porque, esses mesmos sesimbrenses, que são muitos, infelizmente, nunca foram habituados a pagar pela cultura.
Nos últimos meses do seu mandato, Amadeu Penim inaugurou uma biblioteca municipal que, até agora, não passa disso mesmo. Uma obra, sem dinamismo, sem ideias, com pouco mais do que centenas de livros. Ah! E uma sala onde o executivo camarário se reúne.
Não podemos esquecer, é claro, da Capela do Espírito Santos dos Mareantes que o Penim chegou a apontar como a obra de referência e o marco do seu governo municipal. Lá está a obra. Mais uma vez. Uma obra apenas. Que foi, há que admiti-lo, inaugurada com pompa e circunstância, mas que carece de ideias.
Resumindo… Não se pode falar em cultura numa terra onde faltam ideias. E onde os nossos políticos, que se julgam uns idiotas (leia-se, produtores de ideias) até têm alguma razão, se atendermos apenas ao sentido pejorativo do termo.
É certo que alguns tiveram umas luzes avulsas, que resultaram em zimbra-feiras-qualquer-coisa avulsas, em exposições avulsas. Tentativas ténues e envergonhadas de servir cultura. Enfim, a tal culturazinha gratuita que o povão agradece.
Ou terão sido tentativas de aculturar? Vou mais por aí.

4 de jan. de 2006

Politiquices

Um pouco por todo o lado, esta é a altura ideal para um balanço de 2005. É sobre isto que me vou debruçar nos próximos dias. Para já, vou começar por pensar na realidade sesimbrense em termos políticos. E o ano que terminou foi, sem dúvida, profícuo em acontecimentos marcantes neste âmbito:
1) A vitória da CDU, nas eleições autárquicas de Outubro;
2) A derrota do PS, ou melhor, de Amadeu Penim, nas eleições autárquicas de Outubro;
3) O aparecimento do Bloco de Esquerda no panorama político sesimbrense.
Não me parece necessário submeter estes três acontecimentos a votos. Não é a importância destes factos para o futuro do concelho que está aqui em causa. Importa-me mais alertar para as consequências que os resultados dumas eleições autárquicas podem vir a ter. Infelizmente, os aspectos mais negativos são já notórios.
Independentemente de Amadeu Penim sacudir a água do capote e imputar a segundos, terceiros ou quartos a derrota nas eleições, a verdade é que ele, mais do que ninguém, foi o grande culpado pelos resultados obtidos pelo PS sesimbrense. Basta ver que o PS reuniu mais votos na soma das três freguesias do que na votação para a Câmara. Bom… É fazer as contas. Seja como for, uma derrota é uma derrota e vale o que vale.
A vitória da CDU, no entanto, vale aquilo que lhe quiserem chamar. Na minha opinião, nem pode ser chamada de “vitória”. Foi mais… uma tangente. Foram mais de 100 votos, que levaram Augusto Pólvora, o Técnico, ao poder. Seja qual for a leitura que se faça deste resultado, uma vitória é, infelizmente, uma vitória. Por um 1 se perde. Por 100 se ganha.
Até agora, o nosso novo presidente da Câmara já conseguiu mostrar que, quando quer, sabe fazer-nos andar a toque de caixa… Sabe fazer-nos conduzir ao sabor da sua vontade. Ora se num dia está sol, Augusto, o Técnico, acha que na Rua X, de sentido único, se deve andar no sentido norte-sul. Durante a manhã, numa curta passagem pelos lavabos, oportuno momento de reflexão, sai a segunda decisão do dia: afinal, na Rua X, o melhor é circular-se de sul para norte. Mais tarde, mais um momento de reflexão e pare-se nova ideia! Um idiota pois então!
Dê lá por onde der, ninguém me tira da minha ideia que Augusto, o Técnico, quer transformar o exíguo e estreito Largo da Câmara no centro da vida sesimbrense. Há já quem considere alterar o ditado, porque afinal de contas, em Sesimbra, “todos os caminhos vão dar ao largo da Câmara”, centro de poder do imperador Augusto.
Por fim, o aparecimento do Bloco de Esquerda tem tido o efeito pretendido. Incomodou. Incomodou durante as eleições autárquicas e continua, sem pudor, a fazê-lo. Ao colocar representantes em todos os órgãos, excepto na Câmara, (para mal dos pecados dos sesimbrenses) o Bloco consegue desestabilizar o sistema instituído, em que PS e CDU governam em coligação, impunemente, até aqui sem uma real oposição do PSD/PP, que está agora completamente subordinado e dormente.
Ainda assim, não me parece que nada disto seja motivo para descansar. Mais do que nunca, a população tem de estar de olhos bem abertos para as Matas, as Pelicanos, os empreendimentos turísticos e afins, os interesses instalados, os conluios e as coligações. Afinal, há um imperador a monte (de cimento e betão!).

3 de jan. de 2006

Certo dia cheguei ao Calhau da Cova (http://calhau-da-cova.blogspot.com/) e decidi ficar por lá. Foi reduzido o tempo em que lá permaneci e, como tal, acabei por perder o interesse pela escrita. Não foi, acreditem, por falta de assunto. Mas, quanto mais se conhece e se vive de perto o que passa em Sesimbra, menos apetece ficar.
Como é em redor de um bom prato que se conversa melhor sobre tudo e mais alguma coisa, assim vos sirvo esta sopa de pelim, de comer e chorar por mais.
E assim está apresentado o propósito deste blogue.